quarta-feira, junho 30, 2004

Mas bah

É triste ver o Curador postejando tanta coisa bonita de se lê e deixar o hermano solito no blog, sem a minha presença ou a do Maneador. O Maneador, indio velho, loco de bom nos estudo das história do bicho home pelas suas andanças por essa terra, é meio devagar nos troço de informática, e ainda não domou essa ciência que é postar de um computador.
Quanto a mim, o tal do Castrador (pra quem já se esqueceu), ando mais apurado do que guri rumo as patente. Cheio das lidas e com as mãos mais cheias do que gringo em época de colheita.
Neste fim de semana já devo ter posto a casa em ordem, fica então a promessa, que palavra de gaúcho vale mais do que documento, fica a promessa de voltar logo a essas paragens e largâ um ou dois dedos de prosa com a gurizada.

Inté

terça-feira, junho 29, 2004

Manhanita

Toda manhã quando cevo um amargo pra empeçar a lida do dia sei que mais do que erva, bomba, cuia e chaleira estão envolvidos neste ritual. Digo ritual pois a um quê de sagrado, alguma coisa de ?místico? neste hábito. A solitude que me desperta, a reflexão é como se o galpão interior, cheio de vozes, se tornasse silente para desfrutar do amargo. Há, é claro, na comunhão do chimarrão com os ermãos grande alegria. Mas, o mate sorvido solito traz-nos algo que não existe nas vozes dos outros e que descobrimos só na solidão.
Vejo-me mateando solito, e no vapor que sai da cuia deixo levar meus pensamentos distantes, distantes? até que alguém os possa encontrar.

Porto Alegre, lua crescente de junho.

segunda-feira, junho 28, 2004

Sinuelando

Há muitas coisas que a cidade tirou de mim as quais eu sinto muita falta: o amanhecer na campanha, o grito do quero-quero, o rufar de patas, o relincho do potro... coisas que são minhas por legado dos meus pais e avós. Que faziam-me tão faceiro e das quais sinto tanta falta. E são nestes dias de nuvens quando bombeio pela janela do apartamento e vejo que o cinza do céu e o mesmo dos prédios que fico mais cestroso. Cansei a muito do ronco dos motores de carros e das jaulas que chamamos de casas. Anseio pela liberdade do campo, pelo murmúrio da sanga e tudo o mais que deixei lá fora "quem nasce buscando a sorte por liberdade, mentira a tal igualdade não existe por aqui." Percebo que a realidade se revela mais cruel por essas bandas, que os homens de tanto andarem montados nas máquinas comparam os seus patrícios a elas. Não é isso que quero, não é isso que acredito. Quero uma nova realidade, como a lá de fora, onde o "passe pra diante" é o reflexo natural do "oh de casa!?"; onde amigos são sempre amigos e não só prás percisão. Distante do campo sonho com o dia que o homem citadino não nos veja como "grossos", mas como sábios que vêm sinuelando um futuro de valores melhores.

Mil Gracias!

Depois da churrasqueada de sábado fiquei meio esgualepado. Foi carne prá ninguém botar defeito, mui buena também a companhia dos parceros (as) que estavam conosco naquele dia. Mas buena mesmo é a parceriada que fizemos para que o churrasco acontecesse. E de jeito nenhum eu poderia deixar de agradecer ao Don Irineu que foi o capataz daquela noite, índio véio que fez de um tudo prá que as cosa corressem bem. Também não poderia deixar de mencionar os meus parceros de longa data Maneador e o Castrador que não têm medido esforços para me ajudar nas mais diversas lides que tenho empeçado. A estes ?amigaços? vai os versos do poeta Gujo Teixeira, que ganharam asas na voz de Luiz Marenco:

Pra o Meu Consumo

Têm coisas que tem seu valor
Avaliado em quilates, em cifras e fins
E outras não têm o apreço
Nem pagam o preço que valem pra mim.

Tenho uma velha saudade
Que levo comigo por ser companheira
E que aos olhos dos outros
Parecem desgostos por ser tão caseira.

Não deixo as coisas que eu gosto
Perdida aos olhos de quem procurar
Mas olho o mundo na volta
Achando outra coisa que eu possa gostar.
Tenho amigos que o tempo
Por ser indelével, jamais separou
E ao mesmo tempo revejo
As marcas de ausência que ele me deixou.

Carrego nas costas meu mundo
E junto umas coisas que me fazem bem
Fazendo da minha janela
Imenso horizonte como me convém.

Das vozes dos outros eu levo a palavra
Dos sonhos dos outros eu tiro a razão
Dos olhos dos outros eu vejo meus erros
Das tantas saudades eu guardo a paixão.

Sempre que eu quero, revejo os meus dias
E as coisas que eu posso, eu mudo ou arrumo
Mas deixo bem quietas as boas lembraças
Vidinha que é minha, só pra o meu consumo.

Mil gracias amigos, mil gracias ermãos!

sábado, junho 26, 2004

É hoje indiada!

Bueno, hoje eu o Castrador mais o Maneador vamos fazer uma churrasqueada bem campeira. São mais ou menos uns 50 queras que vamô alimentá. Mais tarde o Castrador vai colocar as fotos no blog, cento por cento campeiro.

sexta-feira, junho 25, 2004

O Gaúcho Não é Mais o Mesmo

Tiago de Mello Cargnin


O gaúcho já não é mais o mesmo
O bater dos casco é um ronco de motor
O tinir das esporas se parecem um pouco
com os das chaves de cadeados
E aos poucos as imagens do passado
Se tornarão apenas figuras de livros
O gaúcho não é mais o mesmo
Valores respeitosos foram substituídos
Por outros menos valentes
Deixou-se de ser hospitaleiro
Para desconfiar de tudo e todos
E da liberdade do campo não ficou nem o cheiro
Atrás das grades das cidades
O gaúcho não é mais o mesmo?
Será que ninguém mais bombeia o passado
Com saudade e melancolia.

Pois, lês digo o gaúcho é o mesmo
Seu desejo por liberdade não sucumbiu
Nos becos das cidades
Mesmo que na mala de garupa
Escassiaram os sonhos;
Algum, por certo, restou.
E mesmo sendo pequena a esperança
Esta é constante como rangir de roda de carreta
E penetrante como o grito do quero-quero

O gaúcho não é mais o mesmo,
Embora seja como sempre foi.



quinta-feira, junho 24, 2004

Peçuelos

"Tem o que é gaúcho da boca para fora, mas também tem o que é do coração para dentro"
Muitos pensam que o gauchismo resume-se a uma bombacha, um belo par de botas, um lenço no pescoço? Não sabem estes que mais do que isto, mais do que uma designação étnica ser gaúcho é uma forma de ver o mundo. Nossos valores, nossas canções, nossos poetas fazem de nós gaúchos. Conheço índios de estirpe que nunca laçaram nem pealaram num rodeio, mas são tão gaúchos como o maior dos ginetes. Contudo, existem outros que vivem em festas campeiras e no entanto, pouco sabem ou vivem do gauchismo. Não conseguiram manear junto consigo o sentimento que envolve o ser gaúcho. Quando vim do campo para a cidade deixei um pouco de mim lá fora, mas nos peçuelos trouxe junto o que sinto pelas coisas daqui e nisto tenho consolo por não estar junto da minha querência. Patrício se ainda não sentes orgulho por este chão saibas que, mais do que tua morada o Rio Grande tem que estar no teu coração!

quarta-feira, junho 23, 2004

E se Fué mesmo...

Brizola velho de guerra... nesse eu votei para presidente. Afinal, podia ter todos os defeitos do mundo, mas era gaúcho dos quatro costados.

Dizem que quando eleito governador do Rio de Janeiro, estava sendo entrevistado por algum veículo de comunicação aqui do RS.
-- O que o sr. acha do Rio governador -- perguntou o reporter

Ao que respondeu olhando com olhar fixo no oceano que se extendia na vista da sua suite:

-- Olhe só esse mar todo... Quanto campo perdido!!

Isso era ser Brizola, isso é ser gaúcho.


OBS. Enquanto postava, passava do lado do prédio onde trabalho, o cortejo fúnebre carregando o corpo do velho guerreiro, e pude dar um último adeus.

E se foi...

Um buenas pra toda a indiada que têm acompanhado nossos chasques. Ontem foi um dia de grande tristeza para os sulinos, perdemos uma grande figura para a invernada lá de cima. Leonel Brizola nos deixa rumo a outra campereada. Grande político e estadista deixa uma lacuna ainda não preenchida na história da política brasileira.
Partidarismos a parte, Leonel Brizola, foi um grande gaúcho e nos deixa saudades.

terça-feira, junho 22, 2004

Um gênio!

Para mim Gujo Teixeira é um dos maiores letristas de nosso estado ,na atualidade, consegue sintetizar valores e transforma-os em poesia como poucos.
Esta para mim é uma das mais bonitas que já conheci.

Senhor das manhãs de Maio


Meu galpão de alma tranqüila
Ressuscita todo o dia
Cada vez que o sol destapa
Sua silhueta sombria
E desenha cinamomos
Na minha querência vazia

- Senhor das manhãs de maio
Ceva este mate pra mim
Que eu venho a tempos de lua
Minguando sonhos assim:
- Os que eu posso, sonho aos poucos
os que eu não posso, dou fim
Silencio quando posso
Quando quero sou estrada
Diviso as coisas do tempo
Bem antes da madrugada.
Numa prece que bem lembro
Refaço minhas orações:
- Pai nosso que estais no céu
precisai vir aos galpões!

No descaso dos galpões
- solito quando me vejo -
é que se achega a saudade
com seus olhos de desejo.
Pondo estrelas madrugueiras
Neste céu de picumã
Parecendo que se adentra
Pra contemplar minha manhã.

Meus sonhos domei pra lida
Pra minha rédea, ao meu gosto
Pras dores de minha alma
Se ela cruzar esse agosto.
-Por favor Senhor dos mates
não deixe a manhã tão triste
mateia junto comigo
que eu sei que tu ainda existe.

segunda-feira, junho 21, 2004

Todos têm um sonho

E aqui no Sul não é diferente.
Sonhamos com as mesmíssimas coisas que outros tantos já sonharam. E não é por que somos sulistas, riograndenses de alma e coração, que nossas esperanças sejam tão diversas das dos outros. Então o que nos faz especiais? Ah, o que nos faz tão especiais são nossas singulariadades culturais. Não é a nossa renda per capita, nem nosso clima, nem, nem, nem? Reafirmo, o que nos torna diferentes é o que nos faz especiais. E quando digo especiais não estou dizendo melhores, mas sim, singulares. É o nosso amor a terra, as coisas que agora são nossas e que foram de nossos antepassados e que nos despertam para um sonho, para uma esperança. Bravos combates do passado dão-nos desejo do lutar pelo que é nosso embora, genocídios, degolas e injustiça marquem a nossa trajetória. O guri, a prenda, o rancho e o churrasco, quem é que não sente aquela pontinha de orgulho quando vê pela vez primeira seu piazito bem pilchado. E as prendinhas faceiras com seus vestidos rendados parecem pequenas flores enchendo de primavera e perfume os campos deste estado. Sinto tanto por tão pouco, pode alguns julgar. Mas sinto tudo isso porque pelo Rio Grande aprendi a sonhar.

Curador

domingo, junho 20, 2004

Os Bunito desse blogue



A pedido de umas tais de fã, coloquemo esse nosso retrato aqui no blogue, como qualquer vivente pode vê, somo tudo bunito uma barbaridade, indío de tira cria.

PS.: só pedimo que nenhuma china use essa foto pra faze mandinga.

Buenas

Buenas tigrada macanuda, queremo manda uns chasque pra todos os hermanos e hermanas que visitam o nosso blog, é com muita satisfação que nos coloquemo a disposição para qualquer pregunta ou duvida, desejamos a todos que possam desfruitar com muita alegria daquilo que dispomos. No mas é isso gurizada, que o patrão velho do céu vos conceda a paz!
Quem vos falou agora ? o maneador, um dos três xiru que escrivinha nesse blog.