terça-feira, agosto 31, 2004

Expointer

Domingo eu me minha Florecita fomos a Expointer, uma porque ela não conhecia ainda; outra porque eu queria ver a apresentação do César Oliveira e do Rogério Mello. Um ótimo dia para se passear, sol e um calorsito loco de especial. Bueno, olhemo a bicharada, um pouco do Freio de Ouro, e da rédea do árabe. Mas, o que impressionou foi a largura da bombacha dessa gurizada, não que eu fique reparando em macho, é que tinha cada "gauchinho" com as bombacha estreita que nem colan de ballet. Óia, para mim pouco importa se querem usar bombacha argentina, uruguaia o diabo a quatro, só não vai me faze fiasco e anda com estas calças de fresco. Não me posicionei quanto a estes estrangeirismos na nossa indumentária, mas penso que daqui um poco esses guri vão andar com chapéu de mexicano, bonbacha uruguaia, rastras argentinas... e viva a globalização!!!
Quanto ao espetáculo do Rogério e do César posso dizer que foi lindo. Boa música, boa companhia o que posso dizer a mais é que foi macanudo. Pena é que aqueles gauchinhos estavam brincando de lutinha bem perto donde eu estava com minha prenda, deplorável ver um bando de marmanjo se agarrando. O pior é que quem vem de fora do estado bate o olho nestes tabacudos e sai por aí espalhando que gaúcho é tudo fresco, já que é chegado num agarramento com a gurizada, façam-me o favor pelo menos na frente das visita não me façam fiasco.
Nesta semana talvez o pessoal todo do Capando apareça no show do Mano Lima pra tapa de grito a Expointer.

Porto Alegre, cheia de agosto.

sábado, agosto 28, 2004

Me tapo de quero-quero

Numa terra onde os trajes típicos são partes integrantes da vida cotidiana de muitos gaúchos - eu mesmo a maioria do tempo estou de bombacha - é de se tapar de quero-quero quando se é humilhado, na rua, por certos tabacudos que abusam das suas fardas para fazer gracinhas por aí. Pois foi isso que o ermão Maneador teve que agüentar no osso do peito. Alguns tabacudos de arma em punho suspeitaram dele por estar pilchado, e o revistaram como se fosse um bandido ou foragido da lei. Não acredito que todos os brigadianos, tenham intenções deste tipo. Contudo, é humilhante que em nosso próprio estado se suspeite de um homem de bem somente por ele estar pilchado. Se fosse por isso, batinas nos CTGs seriam comuns. Talvez por ignorância pequem nossos protetores públicos, por isso explico, que a faca é a companheira de muitas das lides gaúchas e não serve apenas para comer churrasco. Fico a pensar, será que nossos combatentes do crime acreditam que um homem de bombacha e lenço no pescoço seria capaz de assaltar um banco, ou mesmo uma velhinha, digamos que esse não seria o melhor "disfarce" neste caso.
Finalmente, além de estar muito contrariado, estou revoltado! Não nos farão abandonar nossas tradições e costumes com desagravos deste tipo. Além do preconceito que essa atitude denota, estão nos condenando mais uma vez ao exílio para fora das cidades onde, por não compreenderem, julgam-nos rudes e brutos demais para o convívio urbano. A esses, por fim, dirijo as palavras do velho Jaime: "não vou matar meus avós para ficar de bem com os netos."

Porto Alegre, crescente de agosto.

quinta-feira, agosto 26, 2004

Trocando Orelha

As vezes penso muito sobre determinado assunto sem chegar a conclusão alguma. Noutros a respostas vêm quase que instantaneamente. As primeiras me fazem ficar trocando orelha por dias e dias. Mas, não desisto da empreitada e se a resposta parece agora somente com um vulto, mais tarde pode se tornar como um umbu.
E, patrícios, esse ciclo de dúvidas e respostas não me entediam, ainda paro na beirada de uma sanga e me deixo ficar só por vê-la correr, e que meteia na sobra da figueira grande bombeando o campo, o gado, as ovelha... Se não paramos as vezes para nos fazermos algumas perguntas, e que só nós podemos responder e mais ninguém, talvez passemos por esta campereada sem perceber qual o sentido da vida.
Seguindo nesta sina de andejo, repontado meus pensamentos rumo a estância que me tem preparado o Patrão de nossotros todos que habitamos cá em baixo, troteio com esperança e da esperança tiro o sonho.

Porto Alegre, crescente de agosto.

quarta-feira, agosto 25, 2004

Solito no mas

Não falei para os patrícios ainda que eu trabalho em Eldorado do Sul, pois bem, hoje pela manhã eu pude regalar-me com uma das coisas que mais me agrada. A solitude, o silêncio os quais me fazem muita falta depois que vim me aquerenciar aqui na capital dos gaúchos.

Foi uma manhã de mi flor, só ouvi pardais e canários nada de carros ou sirenes. E neste silêncio é mui fácil ouvir aquela vozinha que charla dentro da gente. Contando coisa, que não são novidades, mas que muito me fazem faceiro. Para quem se criou na cidade, no meio deste turumbamba, pode não entender muito bem do que falo: a dádiva do silêncio. E não se trata apenas do silêncio que se faz no ambiente, e sim, aquele que vem de dentro. Quando conseguimos escutar os sussurros da alma, dos recuedor e peçuelos que são só nossos. Patrícios, e como é linda a melodia que embala o silente, não fiquei maluco, é que no silêncio uma coplita mui faceira ilumina as idéias, os sonhos. Se não sabes do que falo, é pena, pois se não a ouviste ainda talvez teus intentos tenham muito do ronco matraqueiro dos motores.

Porto Alegre, lua nova de agosto.


terça-feira, agosto 24, 2004

Esses doutores...

Hoje na universidade descobri que uma das máximas que já me haviam dito é bem verdade: "que a humildade é a virtude dos sábios". Digo isso porque tenho aula com um doutor formado em Harward, pode parecer grade coisa, contudo, o alimal e uma nutria. Desde a primeira aula eu já percebi que ele era um pouco pachola, tudo bem, julguei que o poderia ser. Só que hoje vi que a sua pacholice existe para esconder sua "ignorância". Bueno, um doutor de Harward deveria no mínimo dar uma aula que preste, o que não aconteceu. Além de ficar dando uma de buliçoso o alimal só falou asneira. Minha revolta, patrícios, não é nem porque a aula foi péssima, solamente porque este tabacudo insistiu em dizer sua titulação por várias vezes durante a mesma. Já que, o meu ouvido não é pinico fica aqui o registro: de que adianta o tal título se o pachola é um tongo.
O pior é que alguns nutrem tal admiração por estes "doutores" que a crítica acaba sendo esquecida, ou fica calada pois, afinal de contas, o alimal é um doutor. Patrícios, fico me perguntando até quando vamos olhar primeiro para o quanto de gado que tem o nosso semelhante é só depois, então, vamos dizer o quanto ele vale!?
Prefiro ficar com as palavras do Nazareno, o andarengo, como dizia Aparício da Silva Rillo.

" - Pobres de bens e espírito vos chamam
os poderosos sempoder nenhum...
mas há um reino que é vosso e vos espera
numa terra que herdareis, por nada terdes,
senão, as carnes que vertem vossos ossos
e essa esperança que vos mata a fome...
- a vós pertence essa estância
de léguas de sesmaria.
a braço algum há de faltar serviço,
nem haverá patrão para cobrar-vos
o ouro de vosso suor com que seus bois engordam,
a força de vossas mãos a embandeirar espigas.
- sem que o possais entender, sois venturosos
em vossas aflições, vossas angústias.
e porque a mansitude e a humildade vos reveste,
herdareis outros bens que não aqueles
que vedes nas mãos de garra, da usura...
- vossa fome de igualdade e de justiça
será saciada, como a do faminto
que encontra à mesa posta, vinho e pão...
e por misericordiosos, flui de vós
a água limpa da felicidade
que vos dará mesericórdia por beber.
por puros de coração vereis a deus
e sereis chamados seus filhos,
meus irmãos !...
- porque a pregação da paz é vosso canto,
vossa cordeona de espantar pesares
para reunir irmãos em baile de ramada.
e porque vos persegue a injustiça da justiça,
havereis de reguer um dia vosso rancho
no sítio que escolhereis em sua estância,
essa, que o pai destinou aos ofendidos,
aos caluniados por me acreditarem
e ouvirem minha voz, com a um cincerro
timbrando bronzes pela madrugada...
- imaginai os rincões onde ireis estanciar:
trevais e sombras, sanga cantadeira,
leite de apojo, pão de forno e mate
bordões de brisa a salmodiar toadas,
dessas que falam de ternura e paz !...
- há de ser essa avossa recompensa,
a vós, despionados da fortuna
que nada tendes mais que vosso corpo.
mas sois, sem que o sabais, o sal da terra,
a luz do mundo na chamados candieiros
a iluminar o caminho, porque vindes
a escutar minha palavra, timbre e eco
do verbo de meu pai, de que sois rama !...
- e não vos preocupeis com vossas penas,
nem com vosso exterior, que apenas vale
o que levais no íntimo e por dentro !...
- assim, vos vê meu pai e há de prover-vos
e amar-vos tanto como a mim, - seu filho,-
feito a vossa figura e vosso irmão..."
Porto Alegre, lua nova de agosto.

sábado, agosto 21, 2004

Disse o poeta...


Disse o poeta "fiz um mate mais cumprido porque sei que ela não vem".
Dessas coisas de distância sei bem, mas se mateio solito não quer dizer que esteja solo. Outro poeta disse algo que parafraseio. Porque desesperar na ausência da bem-amada se o mesmo céu que vejo, o mesmo ar que respiro e o mesmo chão que piso são os que ela vê, respira e pisa. Algo une os amantes que não compreende os que não o sentem, não vivem e não sofrem. A saudade sofreno, embuçalo e a tenho junto de mim. Mas, sem desespero. Tenho na saudade minha esperança, meu sonho. De que minha Florecita junto de mim um dia ira matear, por dias e dias de infinda faceirice. E se hoje mateio solito é por pouco tempo, e o tempo num trote chasqueiro vai chegando mais perto das casas. E nas casas me espera aquela que é meu bem querer.
Porto Alegre, lua nova de agosto.

sexta-feira, agosto 20, 2004


Certa vez escrevi para minha Florecita, que escrever era como um dia nublado; nem todos os dias são nublados como nem todos dias são propícios para se escrever. Bueno, esse é um desses dias. Mas como disse o homê das ciência, que a tal inspiração era só uma parte pequenita das coisas que fazemos me atraco a rabiscar.
Lembro do Verso do Mauro Moraes: "eu escrevo com o violão no colo enchendo os olhos de sinuelo."
O que vem sinuelando meus pensamentos de hoje são mesmas e corriqueiras cousas. São os meus peçuelos engarupados um a um, os quais cuido e preservo. Talvez por aporreado que seja teimo em amadrinhar minhas esperanças. E para não discorrer sobre a mesmice atraco um verso que considero flor de especial. Entonces patrícios, quem sabe amanhã se faça nublado, de novo, em meu rancho.

"É meu vizinho de porta
Um casal de quero-quero,
Por isso, embora índio pobre,
Bem rico me considero:
Tendo china, pingo e cusco
Do mundo nada mais quero!"
Jayme Caetano Braum

Porto Alegre, lua nova de agosto.

quinta-feira, agosto 19, 2004

Laçador

Hoje conheci o Laçador. Não pensem patrícios que somente hoje depois de quatro anos em Porto Alegre eu me fui pros lado do Aeroporto. Eu conheci o Laçador de carne e osso. Isso mesmo: Paixão Cortes e proseie com o homê e tudo. Foi uma experiência mui vaqueana, pois conhecer aquele que junto com mais uma gauchada lançaram os alicerces da normatização de nosso cultura é sempre uma honra. Este será um dia que com certeza meus filhos e netos tomarão conhecimento.
Não só porque foi a Paixão Cortes que cumprimentei mas, porque este homem traz um ideal antes de si mesmo. O ideal de não entregar-se culturalmente quando as pressões externas ditam quais são as modas que prestam. O ideal de ter um rumo, um norte que conduzirá aos que vem de atras. O ideal de que aquilo que é nosso, terunho, deve ser preservado e cultivado pelas gerações vindouras.
O Laçador não morreu, não morrerá porque ele é sinônimo de um ideal, de uma cultura, de um povo.

Porto Alegre, Lua Nova de Agosto.

quarta-feira, agosto 18, 2004

Hospitalidade

Ontem a noite estive no CTG Raízes do Sul e pude ver um belo ensaio de uma das invernadas. Foi uma noite muito agradável, principalmente porque fui recebido por todos os patrícios com muita cordialidade. E compreendi um pouco mais da hospitalidade gaúcha. Como dizem os versos do imortal Jaime "Mas porém sintetizada num traste de uso machaço, a hopitalidade é um laço bem grosso e de armada grande que Deus trançou pra que ande. Enrudilhado no cinchão nos tentos do coração dos gaúchos do Rio Grande."
Rudes nunca foi sinônimo de ignorância. O gaúcho é rude, pois sim, contudo é sincero e hospitaleiro e lhe agrada muito receber amigos numa roda de mate ao pé do fogo de chão.
Foi assim que me senti lá no Raízes, como um amigo recém chegado que num grito de passe pra diante, já recebe a cuia e um aperto de mão.
Mil gracias, patrícios. Mil gracias meus ermão.

Porto Alegre, minguante de agosto.

segunda-feira, agosto 16, 2004

Peçuelos

Pois bem que essa tal de "tequinologia" é caborteira e redomona de nascência... Estoy desde sábado tentando mudar o template do Capando, e colocar os papel de parede na coluna do lado para simplificar os hermanos que visitam o blog a pegar a sua cópia... mas o Blogguer se recusa a aceitar o template novo...

se acalmem gurizada medonha, que logo tem novidade despontando.

domingo, agosto 15, 2004

Amigos

A três anos atrás um grande amigo meu teve que deixar o pago. Hoje o revi, e as aguadas do tempo levam muita coisa só não levam as nossas grandes amizades. Agradeço muito ao Patrão de todos os que cá embaixo habitam pelos bons amigos que tenho.Não somente bons, mas verdadeiros. Daqueles que parcereiam a lida mais curnilhuda, que são companheiros para o que der e vir. Não se achicam nem refugam a parada. Estes são os meus amigos e pra eles este poste. Em especial ao ermão Chris Harbim, mil gracias.

Porto Alegre, minguante de agosto.

sexta-feira, agosto 13, 2004

Aquerenciar

Muitos dos que se aquerenciam por aqui, vivem alheios a cultura do pago. Não sabem nem o porquê do feriado do dia 20 de setembro. Duas explicações são possíveis neste caso. Primeira, é que estes indivíduos que cambiam para cá têm raízes culturais tão fortes que uma cultura alienígena a sua, não prescinde .A segunda é o oposto desta, que os indivíduos que cá vieram habitar não possuem laço cultural algum e por isso pensam não precisar de raízes.
Conheço muitas paisanos que trocaram de pago e sentem-se mui bem aqui no estado, só que o fato de eles morarem aqui não os torna gaúchos (pelo menos de nascimento) assim como há muito gaúcho de nascimento que não poderia ser considerado como tal.
Mas o que é ser gaúcho então!?
Pouco se fala em ideologia em nossos tempos, nos anos 80 foi muito comum o seu uso, hoje comumente fala-se em estilo de vida. E é isso, exatamente que é ser gaúcho um estilo de vida; que tem pouco a ver com pilchas e fandangos, mas tudo com valores e princípios. E isso tenho tentado transmitir através destes pequenitos chasques que regalo a ustedes. Campeio na alma do paisano seus peçuelos, suas amarguras e curo. Por isso Curador.
Lembro de um verso que parcereia bem o que escrevo: "tem o que é gaúcho da boca prá fora; mas tem o que é do coração prá dentro". A cultura vem de lambuja pois, somos o que somos pela evolução e preservação cultural.

Porto Alegre, minguante de agosto.

quinta-feira, agosto 12, 2004

Se foi com Deus pra outra campereada!

Hoje o Rio Grande perdeu mais um dos seus valentes. Faleceu hoje o avô do nosso querido patrício Maneador. E por saber quanto apreço nosso ermão tinha por ele não poderia deixar de fazer esta pequena homenagem. Não o conheci, embora suas histórias - contadas pelo Maneador -- estejam em minha memória. E é isso que levamos daqueles que partem para encilhar as nuvens. Para meu patrício deixo estes versos mui singelos.

O olhar torna-se nevoento.
Torrente de inverno em meu rosto
Tenho um turvo mirar, e uma lembrança
Clara como uma manhã de Maio.
Não são ecos de uma tropiada longínqua
Tampouco, um vulto a sumir na distância.
São sim, como a marca do quente ferro
Como figueira na porta do rancho.
Reponto-as para junto de mim
Tão perto que posso tocá-las.
As redomonas trago a cabresto
As mansas pastam ao meu redor
São parceiras para os dias de festa
E o conforto na solidão.
Lembranças de tempos remotos:
Consolo para os que virão.
Os matizes do entardecer colorem minhas lembranças
E o sentinela do pago em um silvo breve anuncia que elas estão chegando
São cambichos entesourados que habitam em mim
São lembranças de saudades que não tem fim
E na noite sem lua do pago, a única estrela é o rancho
O ponteio da guitarra faz dueto com os grilos, e algum pio de coruja
A perder-se no frio, e a saudade que maltrata este peito bravio
Acolhedoras como meu catre são minhas lembranças
Simples e singelas mas tapadas de esperança.
E a nova manhã que destapa o negror da noite, trazendo raios e luzes.
E neste clarão eu medito, nas minhas lembranças de outrora.
Nas coisas que ainda acredito.

Porto Alegre, minguante de agosto.

quarta-feira, agosto 11, 2004

Sem sonhos não há esperança!

Foram três meses de correria, andava mais concorrido que parteira na campanha. O fato é que hoje, enfim, entreguei minha primeira versão da monografia. Fico curta que nem coice de porco, mas acho que de fundamento.
Mas isso não deve importar para a maioria das pessoas que lêem nuestro blogle.
Hoje recebi um cartão, mui lindo, de dia dos pais. Embora, eu mesmo ainda não o seja, explico, é que para algumas crianças tenho sido como um pai, talvez não tão pai assim, mas um bom amigo posso vos garantir. E o que mais me faz ficar trocando orelha é que essa gurizada cresce em um ambiente tão ruim que o menor sinal de bondade os faz tão faceiros.
Quero continuar soltando pandorga, e pião, e bulita brincando com estes meus pequenos. Porque vejo que um futuro melhor pode apontar lá onde a boieira se esconde no final da manhã.
Sem sonhos não há esperança. Não me canso de repetir.
Porto Alegre, minguante de agosto.

segunda-feira, agosto 09, 2004

Meu Rancho

Mais um verso de minha marca, espero que lhes regale

Meu rancho cidadino não é meu com certeza
E na aspereza destas palavras é que residem meus sentimentos
Que no recondido de meu peito
Sonham verdes e terrunos momentos.
O momento da volta é este que anseio
Quando eu avistarei a mangueira , o rancho
As coisas d eminha infância
A sanga e o quero-quero
Relinchos e potros na pampeana estância
Ah, meu rancho quantos segredos tu tens
Segredos que só minh'alma campeira sabem bem.
Que desejam de fato recordar o passado.

Porto Alegre, minguante de agosto.

sábado, agosto 07, 2004

Nosotros

Como vocês já devem tem percebido, são três as figuras que compõe este bogue: Maneador, Castrador e Curador.
Bueno, e não é por acaso que usamos estes pseudônimos - apelidos. A princípio a idéia surgiu de uma das músicas do Mano Lima, mas pensando um pouco mais sobre o assunto percebo que há alguma coisa de nossas personalidades em cada uma das alcunhas. E com permiso de meus ermãos tranço um pouquito deste tento hoje tentado explicar o porquê de tais apelativos.
De primeiro, o nosso ilustre Maneador. Como é sabido de todos que convivem com as lides gaudérias o maneador é quem põe as maneias quando de uma castração, ou doma. Pois bem, nosso companheiro Maneador é assim, quem sempre empeça a lida por seu temperamento mais explosivo - poderia se apelidar espoleta - dono de um pavio curto não se achica frente ao potro mais maleva e cabresteador. É também aquele que por primeiro sai em defesa do que acredita e presa.
Do Castrador posso afirmar que possui a ciência de "castrar" sem provocar sangria. Menos espraiado que o Maneador possui a fibra guerreira dos que lidam com a adaga. Nem tão ao norte, nem tão ao sul é o ponto de equilíbrio entre o Maneador e o Curador. Sempre bem disposto e faceiro é o Castrador que, como disse, tem a ciência no tal dos computador.
E yo, Curador é aquele que por último se chega na castração para tratar da ferida do alimal. E é assim que me sinto, por perceber um pouco das desgraças da alma dos outros ajoujadas com as minhas eu as medico. Sal grosso, creolina e um bocado de charla podem resolver muita coisa.
É rasa como sanga minha descrição e carece matutar mais sobre isto, quis apenas fazer um breve relato prá mode não haver mais confusão. Se não clareou nada, bueno, aí fica pra próxima.

Porto Alegre, lua cheia de agosto.

sexta-feira, agosto 06, 2004

Sexta-feira...que fandango que nada

Não sei se todo mundo viu, mas o Castrador andou fazendo um Desktop não sei o que, o que eu sei é que ficou lindo que nem laranja de amostra. Todavia, não foi por isso que empecei o post, a menção é por motivos de alarde.
Sexta-feira é um dos dias mais esperados pela humanidade. Ou pelo menos por aqueles que não lidam no sábado. Bueno, é que na sexta o pessoal atracá uma água de chero no pescoço e se tocá pros bailão. Só que aí esta o problema, antigamente e não tão antigamente assim , arrumar-se para um baile gaúcho era botar a melhor pilcha, o melhor vestido ou a pilcha e o vestido que tivesse. Ouvi outro dia da boca de um patrício, que em certos lugares de baile na capital onde figuram os famigerados maxixeiros o entrar vestido à gaúcha é motivo de mofina. O que me impressiona nestes indivíduos é a sua capacidade de cambiar de um modismo para o outro como se trocassem de cueca. Ora, eu sou partidário da tradição, sei que muita vezes ela engessa, mas "não matar meus avós para ficar de bem com os netos." Modismos nunca, uma reflexão responsável e dialógica entre velhos e moços creio que é importantíssima. Agora, pelo amor de Deus, não façam voltar a Porto Alegre o preconceito besta que existia quando o MTG começou que a bombacha e o belo vestido da prenda são vestimentas de groceirões. Sem história não se faz um povo forte.
Porto Alegre, lua cheia de agosto.

quinta-feira, agosto 05, 2004

Um Mate Recém Cevado...

Conversando ontem a noite com um dos meus ermãos - Binni - eu tive um estalo.
Este ermão está escrevendo seu trabalho de conclusão de curso sobre o gaúcho, suas origens valores e outras cositas más. E nesta buena charla chegamos ao mate, sua importância e simbolismo dentro do gauchismo.
E dessa conversa surgiu o seguinte: que há no mate um forte aspecto relacional e este se divide em três formas: o relacionamento intra-pessoal, o extra-pessoal: este se subdivide em fraterno e amoroso.
O intra-pessoal é aquele de quem mateia sólito, é o momento de solitude de bombear para dentro de si mesmo e deixar que o pensamento, sem rédeas nem cabresto, galope longe onde só consigo mesmo nós podemos chegar.
O extra-pessoal fraternal se dá quando junto com os amigos numa roda fraternal trocamos de mão em mão ao cuia, não só a cuia mas nossos sonhos, frustrações, desejos e esperanças. É quando miramos para o lado e vemos que a mão que está estendida não busca só a cuia mas o abraço, a ajuda o companheirismo. "Um mate recém cevado silencia o galpão grande".
Quanto ao amoroso... vários versos vem a minha mente: "na bomba do mate ficaram teus lábios" ou ainda "Antes de te abraçá Erondina com a mais crioula emoção. Vou sorver teu beijo doce na bomba de chimarrão" e mais "o amargo representa uma saudade e o doce coração que ela não tem." Só quem teve um amargo cevado pela bem amada entende o que digo, pois o mais doce dos mates não é o de mel ou o de leite. Mas, aquele que é feito por aquela que bem queremos.
Alcançar um mate é mais que um hábito ou um ritual, é um símbolo de nossos diferentes relacionamentos. Queira Deus que nossos mates nunca sejam só amargos ou lavados, mas sempre novos e encilhado a preceito.

Porto Alegre, lua cheia de agosto.

quarta-feira, agosto 04, 2004

Peçuelos Antigos por Demais

Esta é a segunda estrofe de algo postado por mim a algum tempo.

Abraços com calor de mate e beijos doces como mel de mirim
Senti, como sentem os príncipes
Imaginei, como o fazem as crianças
Aquele era o meu castelo e a china minha rainha
Num reino cercado pelo mais verde dos verdes
Dádiva do Eterno
Calados tentado ouvir os pensamentos um do outro
Bombeando na volta a chuva a empeçar
Gotas de vida renovada, crescendo ao passo da mansa garoa

Pra minha Florecita, "china linda que é meu bem-querer".

Porto Alegre, lua cheia de agosto.

terça-feira, agosto 03, 2004

Que semana bem braba!

Bueno moçada, essa semana a tônica do Maneador vale para mim: "ou troteia ou sai da estrada". Tenho agora menos de sete dias para entregar meu trabalho de conclusão de curso, o que tem metirado o sono, e haja pestana para queimar.
Por esso, postarei alguns peçuelos esta semana.

Minha pandorga, meu saco de bulitas
A boneca de sabugo e a bruxinha de panos
São minhas coisas queridas bunititas
Que carrego neste tenros anos
Correr atrás dos meus amigos no pega-pega
Subir na árvore, comer pitanga
Correr descalço brincando de cabra-cega
Fazer com ossos pequenos boizitos de canga
Brinquedos do passado que ficaram na lembrança
Dos meus avós e dos meus pais
Que eu não guardei por herança
O que foi ontem hoje não é mais
Hoje não me "interto" como eles faziam
Dos brinquedos do passado não ficou nem o cheiro
O vídeo game e os desenho que na TV se animam
São as coisas que me fazem faceiro