domingo, junho 26, 2005

Insano

Sexta-feira foi aniversário da minha irmã. Até aí tudo bem, o problema é que a tal da festa foi em um bolicho chamado INSANO. Bueno, muita maguinhagem a bebida cara uma charla bem mais ou menos. Eu que fui de bombacha era o mais undergrond ali dentro. Mas foi para dar um parabéns atrasado e contar umas que outras que eu comecei a escrever, como o índio véio aqui anda sestroso nos últimos dias, me despeço. Quebra-costela patrícios.
Sei que o post não está lógico e nem reflexivo. Talvez seja efeito de sexta, ainda.

quarta-feira, junho 22, 2005

O "seu" São Borja

Buenas indiada,
despues de um tempo escrevinha, tamo aqui de novo bosteando. Mas antes forte quebra-costela, para os patricios Maneador, Castrador e Curador q faz tempo q não charlamos.
E não é que o cuiudo deu problema. Tava num trotear campeiro e engasgou. Tche, me apavorei, é véio mas é meu. Parceiro pra toda lida, fico esgualepado.
Bueno, me indicaram um veterinário para o cuiudo, o tal do "seu" São Borja. Lá pras estancias da Azenha... Um taura taludo, com uns bombachão dos tipo de lavras, largo uma barbaridade...me deu uma olhada, olhou para o cuiudo e disse : -é? tche te abanca no más, vai demorar para arrumar, enquanto isso bamo toma um mate...
Mas tche, especial de primeira, meu mecânico era lá da fronteira, gente boa cento porcento. Taura de valor... Um quebra-costela, "seu"sérgio são borja.
Quem quiser conhecer esta lenda viva do Rio Grande aqui em Porto Alegre, é só dá uma passada na Rua Prof.Freitas de Castro, 288, ali na estância da Azenha.
Marcador
P.s.: Cuiudo tá bem...um pouco lento, mas tá bem!

Festivais

Já fazem alguns dias que meu computador empeçou a não querer funcionar, desde então, deixei de postar. Embora tivesse algumas novidades para contar que ahora, nem mais novidades são, talvez história, mas quem gosta de história mesmo é o hermano Maneador deixo passar essa.
Bueno patrícios, durante toda a semana passada corri em função da faculdade e nesta semana as coisas já estão mais tranqüilas. Contudo o que eu queria charlar é sobre o programa que ouvi hoje na Rural: alguns músicos e interpretes dos festivais nativistas estavam discutindo sobre a renovação destes. Bueno, a prosa girou em torno de novas temáticas, de inserir novos contextos e da má qualidade das composições dos últimos tempos, o que é verdade. Sobre isso falávamos outro dia eu e o compadre Marcador, de como as composições, da linha campeira principalmente, eram vazias de conteúdo. Será que o campo é feito apenas de cavalo, estrivo e laço? Creio que não. Foi interessante o debate, ainda que um que outro participante advogasse em causa própria. Penso que o movimento dos festivais é muito importante para nossa cultura musical. E que a partir desse tão belo movimento, muitos acabam por conhecer a alma gaúcha, para então, apaixonarem-se por ela, por esse estilo de vida e jeitão de ser.

Porto Alegre, cheia de junho.

P.S. Finalmente o frio chegou!

domingo, junho 19, 2005

Maldita Maquina

Oigale, indiada. sinto muito informar aos patricios que meu computador não para de incomodar. Entoces, por isso que não estou postando. Gracias por não deixarem de nos visitar. Assim que ele ficar bom eu volto a produzir normalmente. Quebra-costela.
Porto alegre, nova de junho.

terça-feira, junho 07, 2005

Tormenta

"Maria, chama os guris que vem tormenta!" gritou Nicácio da porta do rancho para Maria que estava no pátio recolhendo a roupa. Ela voltou o olhar por cima do ombro e continuou sua tarefa despreocupadamente. O esposo, ao ver que mulher não dera importância para o seu conselho, saiu a procurar a gurizada. "Esses malevas! Devem estar por aí fazendo arte e eu aqui me importando com eles." Enquanto Nicácio campeava pelos filhos, uma barra negra e densa vinha mui ligeira do lado chovedor. "La pucha! Ou eu encotro logo esse piazedo, ou tomo essa chuva no lombo." Pensava contrariado. Preferia estar em casa meteando, onde já se viu ele o homem da casa ter que correr atrás dessa piralhada, o pior é que Maria nem fizera causo do que dissera. "Essa mulher!" "De uns tempos para cá finge que não me ouve. Primeiro aquelas rusguinhas por minhas idas ao comércio de carreira, agora esse silêncio que as vezes me tira do sério. Qualquer dia eu perco a paciência e, aí, ela vai ver o que é bom prá tosse." E o tempo véio fechando, tronando alto, fazendo da meia tarde, tardezinha. "Onde se meteram aquelas pragas!" "Quando é para ir à escola é aquela ladainha, mas pro retouço não tem ruim." Nicácio ia nesse passo, um pouco praguejava, outro pouco bombeava as nuvens gordas sobre sua cabeça. "O pior é que saí sem chapéu, agora essa maldita tormenta empeça e eu quero vê." "Fulano!, Betrano!" "Quem sabe quando eu voltar a mulher esteja mais mansa. Pode ser que até me regale com algum carinho por ter ido atrás dos guris." "Bah! Já faz um tempito que ela nem me olha. Se deita vira pro lado e pronto. E eu loco de brabo. Tenteio ainda algum carinho, mas a bicha faz que tá dormindo e fico chupando o dedo." De repente, um clarão dali a pouco um estrondo. "Esse foi perto!" "Melhor eu achar os piás loguito" Apertou o paço rumo ao capão, gotas pesadas e mornas já lhe batiam no rosto. Parou, chamou e nada dos filhos. "Já devem ter voltado pra casa, numa altura dessas." Vez meia volta e a trotezito garrou o rumo do rancho. "De hoje a Maria não passa, ou ela cumpre com seu papel de esposa, ou me mudo pra zona." Por um instante parou, silente, e reparou na bobagem que pensara. Onde já se viu ele um homem de bem ir morar na zona...
Quando chegou perto da morada, os meninos já estavam coma mãe à porta. Entrou, cabeça baixa, tirou a roupa encharcada tomou um trago e foi se deitar. Enquanto, lá fora a tormenta já tinha cruzado e, agora, uma chuva mansinha caia.

Porto Alegre, minguante de junho.

domingo, junho 05, 2005

RANCHO QUE A ÁGUA LEVOU

No rastro da boieira
Fiz estradas pro coração
Ergui despassito o rancho
De "santa fé" e ilusão
Fui juntando a gadaria
Lombilhado no gateado
De erva buena cevei mate
Pra tomar bem sossegado
De manhã o quero-quero
Clarinando a alvorada
À noite o chiar da cambona
Pra aquecer a madrugada
Vida buenacha de campo
De rotinas tão serenas
E o meu sorriso estampado
No lustre das minhas chilenas
Tempestade deu no campo
Quando eu menos esperava
Água sem pedir licença
Levou tudo que eu prezava
E eu que me tinha por taura
Me vi berrando feito guacho
Implorei, realidade nova,
Ali dobrou-se o meu penacho
Foi um grito dado ao vento
Retumbando na imensidão
Como que pedindo vaza
No rodeio da solidão
Tentei domar as lágrimas
Envidei mas perdi de mão
O choro desembretou-se
Por não ver mais solução
E o rastro daquela boieira
Há muito em mim se apagou
Hay quem fale de esperança
Mas a mim, ninguém falou
Eu sou mais um desgarrado
Campeando a tal felicidade
Por favor, alguém me diga
Se ela existe de verdade!

Porto Alegre, minguante de junho.

P.S. Se alguém souber onde se escondeu frio por favor me avisa.

quinta-feira, junho 02, 2005

Herança

De que o gaúcho é nostálgico ninguém tem dúvida alguma, mas não se trata de um sentimento ruim que nos fixa no passado fazendo-nos esquecidos do presente e deleixados do futuro. Antes é saudade e fundamento de quem somos e, portanto, não se trata apenas de nostalgia, mas herança, saudosa e feliz herança. Creio que Silva Rillo em seu poema Herança retrata, melhor do que eu, esse sentimento. Por isso transcrevo abaixo um fragmento seu para deleite dos patrícios:

Por isso um berro de boi nos toca tanto
e tão profundamente.
Por isso somos guardiões de casas velhas,
almas de sesmarias e de estâncias,
paredes que suportam seus retratos.

O músculo do boi na força que nos leva.
A barba dos avós como um selo no queixo.
O doce das avós na memória da boca
e nela este responso:

- Naqueles tempos, sim, naqueles tempos...

Porto Alegre, minguante de junho.