terça-feira, janeiro 17, 2006

Dúvidas

Vago é meu pago.
Este que trago,
Cicatrizes em mim.
Raiz de minhas íntimas origens,
Veio subterrâneo de onde vim.

Vago é meu pago.
Este que trago,
Em músculos e ossos.
Inteiro como foi porque é memória,
Flor de perenidade entre destroços.

Vago é meu pago.
Este que trago,
como sombra e manto.
É meu destino a cruz de sustentá-lo
Nos alicerces de vento do meu canto.

Raízes e identidade. Passado e futuro. Ambos extremos se pertence e se perdem no tempo e no espaço. Talvez seja por isso que o gaúcho tente firmar o garrão, segurando na ponta do laço o potrilho que puxa do outro lado e esse animalito, que alguns chamam de evolução ou modernidade, tenta, de todos meios, ganhar espaço. A luta é desigual e, creio, não seja justa, pois o maleva é mais novo e forte. No entanto, será essa peleia necessária? Será o futuro tão ameaçador? Essas perguntas que nem não ousamos fazer em nome de ortodoxias que, provavelmente, nem existam. Afinal, quem sustenta tais ?ideais? os mantém por quais interesses? A resposta não é simples, embora saibamos que muitos ganham, e não pouco, com tudo isso. Não questiono nesses devaneios nossa origem, tampouco a identidade que nos custa tanto, mas o fato que me incomoda são as arbitrariedades cometidas pelos papas da tradição, figuras marcadas e que sustentam-na por motivos não muito elevados na maioria das vezes. Classifico este post como devaneio, pois não embretar-se é insanidade para muitos, ainda que, a liberdade seja uma de nossas bandeiras. Não tenho respostas, patrícios, bem que queria tê-las, mas a dúvida e o questionamento são passos no trilho que conduz a essas e ainda que elas não sejam plenas, penso que assim é melhor, caminhamos por ela [a verdade] e não em busca dela.

Porto Alegre, cheia de janeiro.

P.S. Que inverno brabo seu!!!

domingo, janeiro 08, 2006

Recuerdos

Esse foi um e-mail que eu mandei a algum tempo para a minha Florecita, achei interessante e resolvi postar.
"quando o cavalo tristeza fica a pastar ao derredor da égua solidão é difícil não pensar em não encilhar. Mesmo porque a égua esperança se largou a la cria para um fundão de campo e não laço que a sofrene, não hay petiço que a alcance. Ainda assim, sentado na porta do rancho, tenteando um mate, bombeio o poente e penso que o novo dia trará melhor sorte. Pois como diz o velho Jayme: a tava que bota culo, é a mesma que bota suerte."

Porto Alegre, crescente de janeiro.

quinta-feira, janeiro 05, 2006

Apesar de tudo, um feliz ano novo

Eu bem que poderia postar apenas um texto do Jayme e é claro que isso não seria apenas mais um texto, pois se trata de um dos do grande payador gaúcho. Também poderia continuar algum tema antes começado e não desenvolvido as últimas conseqüências. O fato é que não sei direito o que engarupar neste dia. A minha vida tem sido bastante corrida e o tempo escasseia. Quero parar e sentar ao computador para rebiscar alguma notícia que seja, mas não sai nada da minha pena, pouca coisa com sentimento, com inspiração. Depois que a gente se emaranha em um monte de conceitos, teses e teorias parece que a alma seca. Tudo tem que ser exato e frio, as analises bem embasadas e pragmáticas, mas há alguma virtude nisso. Creio que sim, por um lado e por outro tenho certeza que não. O tal rigor acadêmico nos torna analíticos demais. Bueno, patrícios e por isso que tenho passado. E o ano ainda nem bem começou, aliás não desejei a nenhum dos que nos visitam um buenaço ano novo e acho que essa é a melhor forma de terminar.
Que todos tenham um ano cheio de campo, aguada e sobra farta e que as cercas de arame não venham a embretar vossos sonhos e anseios.

Porto Alegre, crescente de janeiro.