domingo, abril 30, 2006

En Blanco y Negro

"Em blanco y negro
Esta cancion
Quedó em blanco y negro
Con el corazón"

Houve um tempo quando escrever para o Capando era muito mais simples: lá se vão quase dois anos, duas centenas de posts e com isso, redigir algo aos patrícios foi ficando complicado, cansativo...
Por já ter pintado, em muitas histórias anteriores, com inúmeras cores, hoy decidi fazê-lo em branco y negro... Simplesmente porque os extremos sempre prendem minha atenção - a tenção, o movimento para ambos os lados, as forças contrárias que perdem o significado na ausência da outra... analogias para tantas coisas... Contudo, a modernidade tardia, como alguns chamam o nosso tempo, não vê nestas cores mais do que monotonia, pois seus olhos já estão encantados pelos êxtases sensoriais provocados por milhares de tons e matizes que encontram todos os dias... bueno, como poderiam perceber duas expressões tão básicas neste universo policromático em que vivem...
Não sei se tem muito fundamento isso que escrevo, tampouco a mim importa se alguém vai achar algo que preste aqui... somente pensei nas possibilidades de repensar a realidade que essas tão desprezadas cores, eu sei que o preto é ausência de cor..., e, por isso, resolvi compartilhar com os patrícios...
"Pero ustes saben, señores, muy bien cómo és esto; No nos falló la intencion, pero si el pressupuesto..."
Inconcluso novamente... meus pensares andam cheios de lacunas, rengos ao caminhar...

Porto Alegre, nova de abril.

sexta-feira, abril 28, 2006

Tio Anastácio

Autoria: Jayme Caetano Braun

Entre a Ponte e o Lajeado
Na venda do Bonifácio
Conheci o tio Anastácio
Negro velho já tordilho;
Diz que mui quebra em potrilho,
Hoje, pobre e despilchado,
De tirador remendado
Num petiço douradilho...

Quem visse o tio Anastácio
Num bolicho de campanha
Golpeando um trago de canha
Oitavado no balcão,
Tinha bem logo a impressão
Que aquele mulato sério
Era o Rio Grande gaudério
Fugindo da evolução!

A tropilha dos invernos
Tinha lhe dado uma estafa,
E aquela meia garrafa
Dentro do cano da bota
Contava a história remota
Do negro velho curtido
Que os anos tinham vencido
Sem diminuir na derrota!

Mulato criado guacho
Nos tempos da escravatura
Aquela estranha figura
Na vida passara tudo;
Ginetaço macanudo
Já desde o primeiro berro
Saia trançando "ferro"
No potro mais colmilhudo!

Carneava uma rês num upa
Com toda calma e perícia!
Reservado e sem maílicia,
Negro de toda a confiança,
Bemquisto na vizinhança,
Dava gosto num rodeio,
De pingo alçado no freio
Pialando de toda a trança.

Tinha cruzado as fronteiras
Da Argentina e do Uruguai;
Andara no Paraguai,
Peleando valentemente,
E voltara humildemente
Como tantos índios tacos
Que foram vingar nos Chacos
A honra de nossa gente.

Caboclo de qualidade
Que não corpeava uma ajuda,
Na encrenca mais peleaguda
Sempre conservava o tino,
Garrucha boca de sino
Carregada com amor
E um facão mais cortador
Do que aspa de boi brasino!

Porém depois que os janeiros
Foram ficando à distancia,
Andou de estância em estância
E foi vivendo de changa:
Repontando bois de canga,
Castrando com muita sorte,
E em tempos de seca forte
Arrastando água da sanga ...

Ficou sendo um desses índios
Que se encontra nos galpões
E ao derredor dos fogões
Fala aos moços com paciência
Do que aprendeu na existência,
Ao longo dos corredores,
Alegrias, dissabores,
Curtidos pela experiência!

Tio Anastácio p'ra aqui;
Tio Anastácio p'ra lá...
Mandado mesmo que piá
Por aquela redondeza;
Nos remendos da pobreza,
Entrava e passava inverno,
Como um tronco, só no cerno,
Pelegueando a natureza!

Por isso é que nos bolichos
Só se alegrava bebendo,
Como se cada remendo
Da velha roupa gaudéria
Fosse uma sangria séria
Por onde o sangue do pago
Se esvaísse, trago a trago,
Por ver tamanha miséria!

E até parece mentira
- Negro velho de valor -
Morreste no corredor
Como matungo sem dono;
Não tendo nesse abandono
Ao menos um companheiro
Que te estendesse o baixeiro
Para o derradeiro sono!

E agora que estás vivendo
Na Estância grande do Céu
Engraxando algum sovéu
P'ra o Patrão velho buenacho,
Não te esquece aqui de baixo
Onde a 'lo largo- inda existe
Muito xiru velho triste
Como tu, criado guacho!


Porto Alegre, nova de abril.

terça-feira, abril 25, 2006

Bueno, outro dia fui tachado de urbano por tentar fazer uns versos rimados, pois agora entonces: nada de versos. Tenho pouco a dizer - a lida anda bruta e os remédio cada vez mais caros... Estou trabalhando em algo que a tempos queria fazer: uns versos pro Capando, acho que vão ficar de mi flor...
No mais ando tocando cavalo.
Novidades!? Nenhuma. Fora a vontade que eu tenho de mandar tudo para longe, mas isso faz dias.
Patrícios, este post é mais para constar do que qualquer outra cosa, entonces buenas noches y hasta la vueta.

Porto Alegre, nova abril.

segunda-feira, abril 24, 2006

Verso antigo

Bueno patrícios, estes versos têm uns 4 ou 5 anos, acabaram se tornando música. Espero que gostem, pois a mim agradam bastante.

Acolherando as loncas do pensamento
Todo verso galdério há de ser lamento
A china foi-se embora
E saio campo fora para lida retomar

O ferro a marca em brasa deixa um sinal perene
Embora só o couro queime o cicatriz é no coração

Nem a brisa que agora acaricia
A tez curtida do guapo
Que sussura desvelo e afeto
Acalma o peito caborteiro e inquieto

Porto Alegre, nova de abril.

domingo, abril 23, 2006

Heranças

Um dia já fui um "desgarrado do pago", já trilhei "mil caminhos" e um desses me levou para longe, por muito tempo, do Rio Grande querido.
Naqueles dias de tardes sombrias e manhãs tristes, uma música me ajudou a manter vivo esse tigre charrua que eu, assim como todo gaúcho, carrega dentro do peito.
Já se passaram 15 anos desde que pela primeira vez soei essa canção no mais distante rincão que um quéra pode chegar, e não me lembro o autor, nem o nome da música, mas a letra trago marcada a ferro no meu coração desde então. Hoje ela ainda me ajuda a lembrar do que é importante, e gostaria de partilhar-lha com vocês.

Meus cabelos têm a cor
dos gelos das madrugadas.
Meus pés que quebraram geadas
mal conseguem me apoiar.

Sei que Deus vai me chamar
em seguida pro seu lado.
Vou feliz por ter deixado
uma herança à partilhar.

Não tenho um palmo de terra
Criação só o cusco amigo
que talvez siga comigo
até a última morada.

O rancho à beira da estrada
não é meu é do patrão
os arreios também são.
Na guaiaca fica nada.

*Quem quiser ser meu herdeiro
que siga a sina de peão
Não vai viver com dinheiro
mas vai morrer com a razão.

Mas deixo a marca das mãos
no couro gasto do laço.
Deixo a força do meu braço
nos arames que estiquei.

Deixo as cordas que trancei
deixo aberto mil caminhos.
Deixo o gosto dos carinhos
nos lábios de quem amei.

Deixo eu sangue no sangue
de algum piazito atrevido.
Deixo meu suor espremido
fertilizando este chão.

Deixo a sombra do galpão
prá algum andejo cansado.
E deixo o açude para o gado
matar sede no verão.

Sobre angústias...

Com as duas patas do potro no peito,
A garganta é o freio que ele mastiga
Seus olhos injetados de sangue
Há ódio, dor...

Sem reação, inerte
Entregue ao triste destino...
Sorvendo um último gole
Do tinto vinho
No sangue das minhas artérias...

Porto Alegre, nova de abril.

sábado, abril 22, 2006

Sobre Distâncias...

Por que um reencontro não é como uma despedida?
Por que as cicatrizes não são como as feridas?
É porque o perto nunca foi tão longe...
E a as marcas não doem mais...

Porto Alegre, nova de abril.

sexta-feira, abril 21, 2006

Discussão à Quatro Mãos

Ontem, em um dos jornais gaúchos, noticiou-se o desligamento do primeiro CTG, dentre os 1.456 filiados ao MTG, por razões "disciplinares". O motivo alegado pelo então presidente do movimento, Manoelito Savaris, é o descumprimento da carta de princípios da entidade tradicionalista. Bueno, em resumo, a gurizada ficou se atracando no maxixe, naquele esfrega-esfrega dos inferno e o MTG, que é mais conservador que embalagem de Maizena, mandou que parassem - segundo o noticioso foram várias advertências verbais, uma por escrito para, por fim, concretizar-se no desligamento junto a entidade.
Conversando com o compadre Marcador decidimos por fazer uma pequena discussão, apontando nossas opiniões - nem tão divergentes assim - sobre o assunto.

Curador: Bueno, do que eu penso sobre maxixes e afins todos sabem, mas não custa nada reforçar, a saber, uma bosta. Quanto ao assunto do desligamento do CTG em Canoas, acredito que a atitude do MTG não é a mais adequada, justamente por pensar que a cultura, não somente a nossa, deve ser inclusiva e não excludente. Uma atitude tão rígida e extrema parece a mim um autoritarismo desmedido. O MTG não pode continuar se comportando como um pai-carrasco que se prende a uma cartilha, que de original e histórica tem muito pouco, fazendo dela sua bíblia. Será que tanta normatização, tantos preceitos e regras não engessaram nossa cultura? Não fomos sempre livres? Não pechamos todos aqueles que quiseram nos aprisionar? Enquanto a entidade que é o sumo pontífice da tradição expulsa seus fiéis maxixeros, por serem hereges, importa carnavalescos do Rio de Janeiro para produzir carros alegóricos no 20 de setembro... se isso não é um contra-senso, então não sei o que é.

Marcador: Bueno... ao contrário do meu nobre amigo, eu discordo. Creio que cada caso é um caso e vice-versa. O fato é o seguinte, a maioria dos CTGs se tornaram clubinhos de tradicionalistas. Cada um a revelia faz o curso de formação e deseja abrir o "seu" CTG. Depois da abertura das portas descobrem que custa caro manter uma entidade cultural. Entretanto para mantê-las resolvem sacrificar o que ela tem de mais importante, seus princípios folclóricos e tradicionais em prol do sustento. É bem verdade que o MTG e seu "ordenamento jurídico" não buscou auxiliar o CTG em suas necessidades, mas pelo que vejo está se importando não com a sobrevivência da entidade, mas sim com a quantidade de jovens pagantes que vão ouvir o baile do maxixe. A que custo, a que preço...

Curador: Não posso deixar de concordar com o compadre, essas questões de sustento dos CTGs e a sua relação com a música comercial é muitas vezes, senão na maioria, um dos motivos que faz com que nossos bailes se tornem uma pouca vergonha. Contudo, hoje são os maxixeros, amanhã os boleteros e assim por diante: a questão é simples, por que não admitimos que a cultura gaúcha é plural, por exemplo eu não ouço vaneiras, e aceitamos os reboladores de salão, ou, então, continuamos trancando o pé e querendo viver numa época que nem certeza que existiu temos. Patrícios, não estou cá a defender os que gostam de dar uma requebrada, somente quero refletir uma outra possibilidade que não seja tão extrema quanto uma exclusão.

Marcador: O meu questionamento, cumpadre, é se de fato foi a decisão mais certa excluí-los. Creio que o mais correto seria manter o referido CTG mais dias de suspensão, com a ressalva dos mesmos perderem os direito de associado ao MTG. Isto é, suspender suas participações em regionais, eliminatórias, etc. A idéia seria abrir mais tempo para o diálogo, para a conversa com fins de buscar uma resolução de conflito de uma forma mais serena. Não basta enviar cartas, nem fazer reprimendas em público, há que ser mais dialogal, mais compreensivo. Quanto à música, eu sou contra por razões de lógica musical. Mas isso é outra discussão.

quarta-feira, abril 19, 2006

Pensamentos Guachos

Hoje tive a tentação de postar algo que já tinha escrito, primeiro por preguiça e, segundo, por pensar que algumas coisas que já escrevi antanho são deveras interessantes. Bueno, mas não o faço, já que sou mais teimoso que nem gringo quando empeça a discutir. Certamente não trarei nenhuma novidade, fora a vontade louca que eu ando de me largar a la cria para algum fundão de campo, embora isso, para aqueles que me conhecem, não tenha nada de novo.
Parei agora, reli o que escrevi acima, percebendo que mais uma vez a tal da novidade vêm me espezinhar... que fazer se sou nostálgico!? Se tenho um dos pés fincados num tempo que nem sequer vivi... Poderia muito bem recorrer as páginas dos jornais e trazer para ustedes essas coisas que o noticioso apresenta todos os dias: morte, assalto, corrupção... acho importantíssimo que eles o façam, contudo neste pequeno espaço que tenho aqui, prefiro ficar alheio a tanta desgraças e, confesso, que não é nem um pouco fácil fazê-lo. Muitas vezes tive vontade de esmurrar, gritar, espernear ante tanto banditismo e, se não o fiz abertamente, realizei de forma velada, simbolicamente.
E a roda de carreta da existência continua girando e ringindo, para que não nos esqueçamos de que ela está a passar. E como corre ligeira às vezes, cuê pucha! Passo os olhos por essa folha, descubro que, apesar das letras, ela está vazia, provavelmente, um reflexo de minha figura nos últimos dias. Penso que talvez o poeta tenha razão "a vida é um poço de mágoa onde cada pingo d'agua só faz sofrer e sofre."

Porto Alegre, cheia de abril.

terça-feira, abril 18, 2006

POTREIRO VAZIO



Lembrei dessa música hoje à tarde e, até, tenteie pontear na guitarra seus acordes. Muy linda! Uma ótima metáfora, com uma melodia muito bem construída. Meus mais sinceros cumprimentos aos autores.


(Túlio Urach / Duca Duarte)
Int. Ângelo Franco

Domador de ofício
Pela vida veio
Fosse o potro mais chucro
Ele amansava pro freio
Tinha tanto ensinamento
Guardado em seu abandono
Cavalo feito por ele
Pedia bênção pro dono

Diz que falava com bicho
Que domava só com prosa
Mas nunca podo domar
O coração da Maria Rosa
Bebeu da desilusão
Nunca mais olhou pra outra
Escolheu a solidão
Pra amansar a vida potra

(Arde o peito
Potreiro vazio
Há no vento um relincho
Que nunca se ouviu
Nos olhos de um domador
Há um amor aporreado
Com nome de flor.)

P.S. No mais, ando tocando cavalo.

Porto Alegre, cheia de abril.

segunda-feira, abril 17, 2006

O mais difícil de tudo é parar e sentar em frente ao computador para redigir algo. É nesse momento que as idéias tomam caminho bem diferentes daqueles que eu quero - umas se prancham contra a cerca, outras se largam em direção ao açude, outras, ainda, se bandeiam para o capão de mato, o pior é sempre estas que são as melhores... as que ficam na minha volta tenteando um afago já são velhas conhecidas e de tão antigas e tão íntimas, já nem mais as percebo, sei que, simplesmente, estão ali e pronto. Bueno, mas também por não as notar volto sempre a elas como se fossem novidade: como aquela bugiganga que encontramos depois de anos perdida. O jeito é vez por outra tomar o laço, enrodilhar no lombo do maula e se largar a la cria para ver se encontro àquelas que fugiram, contudo enquanto não as acho, bueno, continuo com as minha companheiras que, imagino eu, já são de vós também.

Porto Algre, cheia de abril.

domingo, abril 16, 2006

Prelúdio de um Beija-Flor

Prelúdio de um Beija-Flor, uma obra musical de tamanha sensibilidade e telurismo que não posso deixar de dizer das impressões que tenho quando a escuto.
A suavidade dos acordes, o manso ronronar da gaita: um dia frio n´algum lugar da campanha, um entardecer muy rubro... quero-queros, algum brasino ao longe a mugir solitário, no fogo puro cerne de angico a crepitar. Mate, amigos y uma guitarrita muy sola a chorar. Uma milonga, um cusco amigo y um borreguito guacho... Sou tirado de dentro desse apartamento no centro da capital, graças a Gilberto Monteiro e sua música. Gracias patrício por me devolveres o campo enquanto tu tocas.

Porto Alegre, cheia de abril.

sexta-feira, abril 14, 2006

"A cruz? onde já foi!... mas a roseira baguala, lá está! Roseira que nasceu do talo da rosa que ficou boiando no lodaçal no dia daquele cardume de estropícios?
Vancê está vendo bem, agora?
Pois é... coloreando, sempre! Até parece que as raízes, lá no fundo do manantial, estão ainda bebendo sangue vivo no coração da Maria Altina..." (Simões Lopes Neto, Contos Gauchescos
)

Tentei lembrar de algo na literatura gaúcha que lembrasse esse dia sacrífico... Maria Altina não é a analogia que quero, mas a roseira. Pois foi daquela rosa já morta que nasceu uma nova planta viva, cheia de viço: da desgraça brotou um renovo, da miséria algo que enfeita e trás beleza.
É assim que eu quero lembrar esse dia, mas não somente hoje....

Porto Alegre, cheia de abril.

terça-feira, abril 11, 2006

E a Lua cheia voltou. Pode parecer um contra-senso, mas sempre que ela volta para mim é como novidade. Sempre a miro novamente com um olhar de quem a nunca vira antes. Por isso, quem sabe, que nestes dias em que Ella se encontra redonda me atrevo a empeçar a recoluta dos viveres que tenho, saboreando cada lembrança com a mesma gana com que comia moganga com leite quando piá. Os patrícios que lêem o Capando a mais tempo devem pensar: "que diacho sempre a mesma coisa, passado, Lua, lembrança", eu mesmo me pergunto se não seria mais prudente olhar para diante apenas, como cavalo posto em charrete... exatamente porque tem viseiras não sei assusta e não perde o rumo, assim sendo, vejo que estas em mim não cabem. Sou desconfiado, cabuloso e difícil de embuçalar. Se tenho comigo algo de bom, ainda, é o fato de que consigo me surpreender com as coisas do cotidiano, como se fossem novas ? da mesma que forma faço com a Lua cheia.
Ficam mais perguntas que respostas, no ar é verdade e, ustedes já devem estar acostumados, meus posts têm a tendência de deixarem grandes lacunas de pensamento. Provavelmente para que os lendo ustedes tenham a sensação de algo ainda precisa ser escrito, dito... bueno, e isso, fica justamente a cargo de cada um de vós.

Porto Alegre, cheia de abril.

segunda-feira, abril 10, 2006

Ala pucha...

Bueno, patricios hoy estivemos eu mais o cumpadre Marcador e o Maneador no Teatro Dante Barone da assembléia legislativa para assistir o show do César Oliveira e do Rogério Mello. Cosa linda, de mi flor... além da boa música campeira, podemos ver o quanto a arte, principalmente a música, pode transportar a alma do índio para longe, nalgum fundão de campo.
Sapucais a parte, e foram muitos, mando um forte abraço para esses grande músicos do Rio Grande.

Porto Alegre, quarto-crescente de abril.

sábado, abril 08, 2006

"Es tan igual a mim que soy llevado a creer que sueña mis proprios suemos."

Prima, bordão, terça... arranjo simples, sem dissonâncias, ritmo forte e marcado, cheio de vigor, sangue e alma. Não se via o rosto do tocador, pois tinha a cabeça baixa bem próxima a guitarra, creio que ali havia algo que somente ele ouvia. As mãos rudes convertidas em pássaros, bordoneavam. Pernas alçadas, o corpo caído por sobre bojo do pinho e a noite longa e aquele rosto que não se via... Não posso dizer a vós que a Lua e as estrelas pararam a escutar, pois intuíam que nada daquele canto lhes era dirigido, mas a uma outra que muy longe também estava, tanto quanto as outras, talvez. Digo-vos que não vemos a sua face porque não a mais possuí. Sim, a perdera, ou melhor, a doara àquela Dona que para longe se foi. Desde esse dia suas feições perderam a cor, o brilho, até que se tornaram como que transparentes, inexistentes. Todos os seus sorrisos, os seus prantos se foram junto com aquela Dona. É provável que ela não os tenha guardado e se o fez, devem estar tão abandonados que é possível considerá-los perdidos. Pobre e vil guitarreiro... enamorar-se por quem não devia. A beleza, o garbo daquela Dona... ah! Como poderia evitar! Ele que embora rude, sabia que o amor é o mais puro dos sentimentos, fez versos, teceu suspiros e de tanto seus olhos implorarem aquela Dona, ela consentiu, contudo não o queria-bem. Veio o inverno e a geada secou o campo, numa noite ela dormiu na estância para no outro dia não estar mais ali... partiu esquecendo de devolver ao nosso guitarreiro o que ele lhe tinha dado...
Quando chega a noite cumpre com seu ritual: um cepo, uma guampa de canha, a guitarra e um rosto vazio.
Prima, bordão, terça... e um rosto vazio, somente.


Porto Alegre, quarto-crescente de abril.

quinta-feira, abril 06, 2006

Hoje lembrei dum verso....

Hoje lembrei dum verso. Não o transcrevo aqui, pois fala de distâncias largas, de saudades imensas... Hoje lembrei dum verso. Tão longo e curto, cheio de metáforas e imagens que confundiram e elucidaram muita coisa... Hoje lembrei dum verso. Falava de amor e ódio, de guerra e paz, de amantes e inimigos... Hoje lembrei dum verso. De tanto que falou acabou dizendo só de mim... das saudades que tenho... que seria impossível transcrever, já que fala de mim somente. Hoje lembrei dum verso. Mas era só um verso, apenas...

Porto Alegre, quarto-crescente de abril.

terça-feira, abril 04, 2006

Podcast nº 1

O Capando Touro a Unha já possui sua página própria de Podcast que vai ser adicionada nos links desse blog. No ar o segundo episódio do 'Pode Castrá" do Capando Touro a Unha, se tiver boa conexão, e souber a diferença entre um cavalo baio e um lobuno não perca, clique no link.

PodCast bagual barbaridade!

segunda-feira, abril 03, 2006

Sumo de Mim

Túlio Urach e Ângelo Franco / Pirisca Grecco

Eu sou escravo das patas do meu cavalo
Onde elas batem também bate o meu destino
Vou feito a luz rompendo auroras do futuro
Meu canto é puro, meu galope um desatino.

A fé que trago embandeirada no peito
Torna meu jeito abagualado mais sereno
E o meu sorriso se concebe a cada passo
Quando me alço e de horizontes me enveneno

E hei, vida vê, que sina de louco
Eu falo pouco, paro tanto, que conheço
E tenho visto tanta coisa nesse mundo
Que sei ao fundo o que sou e o que pareço

Pareço o vento sem saber pra onde vou,
Mas chego sempre onde preciso me achegar,
Talvez por força de algum Deus
Peregrino como eu
Ou pelo tino, sumo e volto a me encontrar

Porto Alegre, nova de abril.