quinta-feira, dezembro 30, 2004

O que tem de Novo no ano?

Tche, as veis fico me perguntando o que tem de novo nesse ano que vai entrar amanhã? Pues que além do 5 nos 2000, o resto não tem nada de novo. Bagé continua sendo a rainha da fronteira, Viamão a capital do Rio Grande, Três de Maio a cidade origem do capando touro a unha e por fim, Ijuí continua dominando o mundo. A percanta tá cada vez mais linda com aquelas crinas avermeiadas, mi hermano curador vai casar, o castrador vai cuida do piá que vai nascer, e o maneador, bueno, o maneador é novo chino, um amante latino...
Mas bueno, feliz troca de numerozinho...
Quebra-costela
Do interior do Rio Grande...

terça-feira, dezembro 28, 2004

Já faz um tempito...

Já faz um tempito que o Capando está na Web. O que é mais curioso é que essa iniciativa começou de arreganho, e o pior, é que deu certo. Éramos três, depois quatro qüeras muito interessados na cultura do nosso pago. Cada um com seu estilo acho que fizemos do Capando um mosaico mui capeiro coloriado de pitanga, guabijus, maçanilha... Nossos visitantes, creio que são tão plurais quanto nossotros e isso é bueno uma barbaridade. Se não fossem os chasques dos patrícios, talvez, não postassemos com tanta regularidade. A todos nosso muito obrigado. E aos meus amigos e cumpadres do Capando deixo meu abraço fraterno e a mais sincero sentimento de que esta lida se prolongue por longos anos.

Porto Alegre, cheia de dezembro.

sábado, dezembro 25, 2004

Feliz Natal!

Que neste Natal Jesus possa renascer em nossos galpões trazendo paz, esperança e salvação. Que este menino-Deus nos mostre o sentido da vida verdadeira como somente as crianças podem ensinar. Termino este com alguns versos do D. Jaime. Que Dios os bendiga.


E o Nazareno que vem,
Das bandas de Nazaré,
Chasque divino da fé,
Rastreando a luz de Belém,
Ele que vai morrer também,
Pra cumprir as profecias.
É Natal - nasce o MESSIAS,
Salve o Menino Jesus!
Mas o que fogem da luz,
O matam todos os dias.

Presentes - "Papais Noéis",
Um ano esperando um dia,
Quando a grande maioria,
Sofre destinos cruéis.
O amor pesado a "mil-réis",
E mortos vivos que andam,
Instituições que desandam,
Porque esqueceram JESUS,
O que precisa, é mais luz,
No coração dos que mandam!

Que os anjos digam amém,
Para completar a prece,
Do gaúcho que conhece,
As manhas que o tigre tem.
Não jogo nenhum vintém,
Mesmo sendo carpeteiro,
Mas rezo um Te-Déum campeiro,
Nessa Catedral selvagem,
Pra que faça Boa Viagem,
O enteado do Carpinteiro!

Rio Grande, crescente de dezembro.

domingo, dezembro 19, 2004

Despedida

Que tristeza lhe encheu os olhos naquela manhã em que bombeou o piazito pela última vez. Sabia que era a derradeira, não por planos ou previsão, mas porque o desgraçado destino o tinha traçado assim. O guri acenava com a mesma certeza no semblante e uma lágrima sestrosa veio molhar-lhe o nariz. O dia nem bem raiava, mas este, parecia tão escuro como noite de lua nova. Montando no mouro, as encilhas puídas e uma queixa mui amarga no peito. Porque tinha que partir? Porque!? O restante da gurizada dormia, se não dormia deixaram-se ficar nas camas para não vê-lo partir. Apenas o piazito tivera a coragem de dar-lhe adeus. Sempre que olhava para este o sabia mui valente e se orgulhava. Segurou firme nas rédeas, apertou o barbicacho e cutucou nas ancas do mouro, este saio num trotezito entonado. O taura já não olhava para traz, talvez porque não quisesse ver o filho chorar, talvez por não querer que lhe visse chorar. Assim partiu, rumo as barras do dia novo que lhe preparavam as mais amargas venturas.
Porto Algre, cheia de dezembro.

quinta-feira, dezembro 16, 2004

ARTIGOS DE FÉ DO GAÚCHO

Diretamente de Contos Gauchescos de Simões Lopes Neto, pra provar pros calavera que nóis também somo uns homê de muita fé!

"Muita gente anda no mundo sem saber pra quê: vivem porque vêem os outros viverem.Alguns aprendem à sua custa, quase sempre já tarde pra um proveito melhor. Eu sou desses.Pra não suceder assim a vancê, eu vou ensinar-lhe o que os doutores nunca hão de ensinar-lhe por mais que queimem as pestanas deletreando nos seus livrões. Vancê note na sua livreta:
1º. Não cries guaxo: mas cria perto do teu olhar o potrilho pro teu andar.
2º. Doma tu mesmo o teu bagual: não enfrenes na lua nova, que fica babão; não arrendes na miguante, que te sai lerdo.
3º. Não guasqueies sem precisão nem grites sem ocasião: e sempre que puderes passa-lhe a mão.
4º. Se és maturrango e chasque de namorado, mancas o teu cavalo, mas chegas; se fores chasque de vida ou morte, matas o teu cavalo e talvez não chegues.
5º. A maior pressa é a que se faz devagar.
6º. Se tens viajada larga não faças pular o teu cavalo; sai ao tranco até o primeiro suor secar; depois ao trote até o segundo; dá-lhe um alce sem terceiro e terás cavalo para o dia inteiro.
7º. Se queres engordar o teu cavalo tira-lhe um pêlo da testa todas as vezes da ração.
8º. Fala ao teu cavalo como se fosse a gente.
9º. Não te fies em tobiano, nem bragado, nem mela-do; pra água, tordilho; pra muito, tapado; mas pra tudo, tostado.
10º. Se topares um andante com os anelos às costas, pergunta-lhe - onde ficou o baio?...
11º. Mulher, arma e cavalo do andar, nada de emprestar.
12º. Mulher, de bom gênio; faca, de bom corte; cavalo de boa boca; onça, de bom peso.
13º. Mulher sardenta e cavalo passarinheiro... alerta, companheiro!...
14º. Se correres eguada xucra, grita; mas com os homens, apresilha a língua.
15º. Quando dois brincam de mão, o diabo cospe vermelho...
16º. Cavalo de olho de porco, cachorro calado e homem de fala fina? sempre de relancina...
17º. Não te apotres, que domadores não faltam...
18º. Na guerra não há esse que nunca ouviu as esporas cantarem de grilo...
19º. Teima, mas não apostes; recebe, e depois assenta; assenta, e depois paga...
20º. Quando 'stiveres pra embrabecer, conta três vezes os botões da tua roupa...
21º. Quando falares com homem, olha-lhe para os olhos, quando falares com mulher, olha-lhe para a boca... e saberás como te haver...
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Que foi?Ah! quebrou-se a ponta do lápis?Amanhã vancê escreve o resto: olhe que dá para encher um par de tarcas!... "

Dos interior da Provincia, dezembro de 2004

Uma mandinga das forte...

Andam nos questionando Rio Grande a fora porque que só o maneador não se arregla com nenhuma china, bueno, depois de muito matuta chegamo a conclusão no último churrasco, o homem tá com olho grande. Entonces, resorvemô "bosteá" uma mandinga das forte pra espantar mal olhado:

MANDINGA CONTRA OLHO-GRANDE
Banhos De Ervas:
- arruda macho (a arruda fêmea tem folhas negativas);- alfavaca-levante.
Pode-se comprar as folhas secas e botar em infusão na água quente. Deixar esfriar para tomar o banho de manhã cedo - da cabeça aos pés.Outro modo de preparar o banho é macerar as folhas com as mãos dentro d'água até a água ficar escura. Deixa-se descansar e toma-se o banho - sempre frio - dá cabeça aos pés - pela manhã.

No caso do Maneador, o negócio é toma banho com água escaldando...quebra-costela, hermano!
Dos interior da Provincia, dezembro de 2004.

Retovando as porvadeiras....

Buenas indiada,

Depois de uns atrasos graças a um capão que se desgarrou, tamo aí de novo pra "bosteá" um chasque de fundamento. Queremo dizer que temo a crença de que o tal de mundo é uma porção de terra ao redor do Rio Grande, mas também arreglamo a idéia de que nasceram alguns gaúchos fora do Rio Grande. Em especial, aquela turma buena lá de Lages..um retovado quebra-costela...pra indiada, em especial pra Dna.Cláudia "Tirana", que aprecia a cachorrada aqui do Capando...
Dos interior da Provincia, Dezembro de 2004.

Peçuelos Entesourados


O Sonho do Carreteiro
Luiz Menezes
Carreteou anos a fio.Conhecia palmo a palmoas estradas da querência;Sabia onde dava passo- no tempo das enxurradas -aquele arroio sotretacemitério de carretadisfarçado em água mansaVira nascer muitos ranchosnesse corredor sem fim.Sabia que na picadalogo depois do lagoão,o umbu do enforcadodera lenda prás estóriasdos bolichos, das ramadas.Sabia bem todo o causoda tapera do repecho:A maula traíra o guascae este sem dó nem piedade,cortara junta por juntao belo corpo morenodaquela indiazinha loucaque se engraçara num piá ...Mas além, no Passo-feiovira morrer um tal Juca.Eram três contra o rapaz.E como morrerra lindoaquele guasca sem medo ...A estória ficou em segredopois diz que o tal de mandanteera mui relacionado,e até contraparentede um graudaço do povo.Conhecia palmo a palmoas estradas da querência,sempre fora carreteiro.Envelhecera na lidasem conhecer outra vidasem ter outra ocupação.Tinha por seu ganha-pãoa velha carreta amigacompanheira de cantigadaquele piazinho vivoque era, alegria e motivode seu final de existência.Pois ficaram bem solitosmais amigos do que antesdes?que a finada se fora ...Por isso sempre de noitea meia luz do candieiroficava horas inteirasmostrando prá seu piazinhoas letras do ABC.E o piá com muita memóriadecorava uma por umaas letras que galopeava,ou por outra, engarupavanas palavras do jornal.Como era esperto o guri:Foi duas, três paletadasjá sabia mais que o pai ...E foi numa dessas noitesque o velho e bom carreteiroteve um sonho de repente.E quasi num gesto loucogritou prás quatro paredesenfumaçadas do rancho:Meu filho há de ser doutor!Não há de ser carreteiro,pois estas mãos calejadasdo peso-bruto, da enxada,hão de sangrar no trabalhoprá que este piazinho feioviva melhor do que eu ...Pura e santa ingenuidade!O arroio-sociedadeprá o pobre nunca dá vau!!No outro dia cedinhoenveredou para o povo ...Voltava a velha carretaA resmungar nas estradasna viajada da esperançacarregadinha de sonhos.E o pobre e bom carreteiroia falando de tudocom seu piazinho faceirodentro da bombacha nova.Não esquecia de nadanos seus conselhos de pai:Se lá no povo à tardinhao piá sentisse saudade,bombeasse prá o horizonte,que alguém solito decertomeio tristonho é verdade,mateando assim com saudadeestaria a lhe esperar ...Que importa se demorasse,pois nunca ouvira dizerque a tal saudade matasse.Mas nesse dia por certoQuando voltasse doutortudo havia de mudar.Até o céu com certezamorada das almas purasouviria com ternurauma indiazinha chorar.E as estradas da querênciaque conhecia demais,lhe viram passar felizcom novo brilho no olhar.Mas lá no povo - cuê-puxa! -Bateu em todas as portasclamou por todos os santosrecorreu todos os amigos- muitos dos quais ajudara -andou quase mendigando,Prá dar escola pra o filhomas ninguém quis lhe escutar... E a esperança foi mermandofoi mermando ... e se apagou.Botou a carreta na estradao Piazinho dentro delatocou de volta outra vez.A noite então já chegara.Naquela enrugada carade gigante das estradasuma lágrima teimosaveio molhar-lhe o nariz ...Olhou o filho com carinho,mas com muito mais carinhoCom mais amor do que antese uma queixa derramou:Quem nasce lutando buscaa morte por liberdade!Mentira! A tal de igualdadenão existe por aqui... Que adianta se amar aos outrosse os outros não dão amor?Pega a picana, piazinhoe acorda esse boi manheiro,pois filho de carreteironunca pode ser doutor!!

Porto Alegre, minguante de dezembro.

terça-feira, dezembro 14, 2004

Ginete

"Cutuca na picanha!", gritava junto ao alambrado o patrão. Homem mui sério, dono de um vasto bigode, um corpanzil que apesar da idade inda se mostrava forte e um vozeirão, que num rompante, fazia a peonada tremer. "Dá-lhe rédea.", "esporeia" bradava eufórico o patrão. E o pobre ginete se via apertado. O vermelho corcoveava, escarciava e mudava de direção abruptamente e o homem, como que feito de mola, ia de um lado ao outro sem cair do lombo do maula. Que polvadeira levantou. Parecia até que eram dezenas de cavalos e não apenas um que corcoveava. Eram dois tauras peleando. Cada qual com seus objetivos: um pela liberdade; outro pelo soldo, pelo nome, pelo patrão. Quando estava no alto, no ápice do corcovo, o índio bombeava e via lá longe a estância e perdia-se num pensamento: Maria Rita. A filha linda daquele patrão que ralhava e gritava com ele. Estaria agora com o terço na mão, desfiando lentamente numa lamúria, pedindo a Virgem que protegesse aquele peão. Ah, Maria Rita, quanto desvelo, quanto afeto para te dedicar! E o ventena não desiste em seu entono de redomão. O ginete que por mirar a estância se perdera num sonho, volta a grudar-se nas rédeas e trata de fincar as esporar neste infame.
Com a cara vermelha, lambuzada pela terra que os corcovos levantavam e que no rosto se misturaram ao suor, parece até um índio ancestral. Desses que habitavam estes rincões antes de qualquer outro. Parecia que as gotas de suor que escorriam da testa e desprendiam-se do corpo na ponta do queixo eram sangue da terra, do homem e do cavalo. Foi quando num repente, o maula atracou-se na cerca da mangueira. Cuê Pucha! E o ginete olhos esbugalhados, veias saltadas pela força que empreendia, vira o malino atracar-se na cerca em desespero vira, também, o chão, a terra... e quando tentava levantar vira duas patas erguidas no ar, olhos como de um demônio e uma estocada na fronte. O céu tingiu-se de rubro e em meio a este rubror pode ver Maria Rita, na frente do oratório terço na mão, mãos mui brancas e delicadas, que virava para ele e lhe estendia os braços em abraço.
Desfaleceu sorrindo, os olhos abertos enquanto o patrão e a peonada se benziam.
Porto Alegre, nova de dezembro.

segunda-feira, dezembro 13, 2004

Bonito umas quantas veis...

Tche, agora sim tá bueno, o chinaredo tá alvoraçado de agarra nosotros pelas ruas a fora...Bendita hora que "bostearam" esta foto no blog. Tamo facero, unas quantas veis, também uns tauras destes...mas bah...
Se preparem que para o ano de 2005 teremos unas novidades...e entonces, hasta la vuelta, hermanos....

quinta-feira, dezembro 09, 2004

Retrato dos Bunitos

Suspiro de muié é um som lindo por demás, para incentivar tal ato, coloco essa foto dos quatro macanudos que escrevem nesse blog campeiro pra mais de metro.


quarta-feira, dezembro 08, 2004

Envaretado

Tchê, hoje é um daqueles dias que o índio acorda de guampa torcida e, Deus o livre, de alguém se atravessar na frente. Isso é potencializado quando se é um qüera mui tranqüilo, como yo. Bueno, depois de uma manhã de calmaria, a tarde foi de descogatar qualquer um e da noite nem se fala: um filmezinho holywodiano desses com uma moral puritana e pra arrematar, avaliação. Fico pensando que a faculdade me faz, as vezes, perder ulgumas faculdades importantes, principalmente a calma. Mas, o que fazer!? O jeito é agüentar, já que, o ano está terminando. Patrícios, peço escusas pelo envaretamento é que de vez em quando o saco é pequeno para tanta baboseira. Faço votos que amanhã seja um pouquito melhor.

Porto Alegre, minguante de dezembro.

quarta-feira, dezembro 01, 2004

Letraiada Redonona

Hoje as letras estão redomonas. Não hay quem as embuçale. Se largaram a la cria, e eu cá neste petiço cansado já não as trago no laço como antes. Como o campo idéia é mui largo se bandearam pro rumo do capão e não tem vivente que tire essa tropilha de letras daí de dentro. O petiço é sestroso e já vem esgualepado de um dia de lida. Que fazer? Desencilho na beirada do capão e espero que saiam. Enquanto não vêm, cevo um mate faço um foguito e pito para espantar a musquitama que se alvorota. Que lida bem braba seu! Ficar embretado por causa de umas letrinhas. Como não hay solução o jeito é esperar, quem sabe a sorte mude e depois da sesteada essa tropa marvada pra mangueira consiga levar. Me lembro certito de cada uma delas: as malhadas são "us", as salinas "as" e assim por diante todo o "abc". Mas de que adianta lembrar se esse praguedo se toco no mato e não há quem tire. Como não ideio nada, é melhor encilhar tocar pro rumo das casa e amanhã madrugadita volto pra, de novo, tentar engarupar uma a uma essa tropilha de letras
.
Porto Alegre, cheia de dezembro.