Hoje o Rio Grande perdeu mais um dos seus valentes. Faleceu hoje o avô do nosso querido patrício Maneador. E por saber quanto apreço nosso ermão tinha por ele não poderia deixar de fazer esta pequena homenagem. Não o conheci, embora suas histórias - contadas pelo Maneador -- estejam em minha memória. E é isso que levamos daqueles que partem para encilhar as nuvens. Para meu patrício deixo estes versos mui singelos.
O olhar torna-se nevoento.
Torrente de inverno em meu rosto
Tenho um turvo mirar, e uma lembrança
Clara como uma manhã de Maio.
Não são ecos de uma tropiada longínqua
Tampouco, um vulto a sumir na distância.
São sim, como a marca do quente ferro
Como figueira na porta do rancho.
Reponto-as para junto de mim
Tão perto que posso tocá-las.
As redomonas trago a cabresto
As mansas pastam ao meu redor
São parceiras para os dias de festa
E o conforto na solidão.
Lembranças de tempos remotos:
Consolo para os que virão.
Os matizes do entardecer colorem minhas lembranças
E o sentinela do pago em um silvo breve anuncia que elas estão chegando
São cambichos entesourados que habitam em mim
São lembranças de saudades que não tem fim
E na noite sem lua do pago, a única estrela é o rancho
O ponteio da guitarra faz dueto com os grilos, e algum pio de coruja
A perder-se no frio, e a saudade que maltrata este peito bravio
Acolhedoras como meu catre são minhas lembranças
Simples e singelas mas tapadas de esperança.
E a nova manhã que destapa o negror da noite, trazendo raios e luzes.
E neste clarão eu medito, nas minhas lembranças de outrora.
Nas coisas que ainda acredito.
Porto Alegre, minguante de agosto.
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