quinta-feira, agosto 05, 2004

Um Mate Recém Cevado...

Conversando ontem a noite com um dos meus ermãos - Binni - eu tive um estalo.
Este ermão está escrevendo seu trabalho de conclusão de curso sobre o gaúcho, suas origens valores e outras cositas más. E nesta buena charla chegamos ao mate, sua importância e simbolismo dentro do gauchismo.
E dessa conversa surgiu o seguinte: que há no mate um forte aspecto relacional e este se divide em três formas: o relacionamento intra-pessoal, o extra-pessoal: este se subdivide em fraterno e amoroso.
O intra-pessoal é aquele de quem mateia sólito, é o momento de solitude de bombear para dentro de si mesmo e deixar que o pensamento, sem rédeas nem cabresto, galope longe onde só consigo mesmo nós podemos chegar.
O extra-pessoal fraternal se dá quando junto com os amigos numa roda fraternal trocamos de mão em mão ao cuia, não só a cuia mas nossos sonhos, frustrações, desejos e esperanças. É quando miramos para o lado e vemos que a mão que está estendida não busca só a cuia mas o abraço, a ajuda o companheirismo. "Um mate recém cevado silencia o galpão grande".
Quanto ao amoroso... vários versos vem a minha mente: "na bomba do mate ficaram teus lábios" ou ainda "Antes de te abraçá Erondina com a mais crioula emoção. Vou sorver teu beijo doce na bomba de chimarrão" e mais "o amargo representa uma saudade e o doce coração que ela não tem." Só quem teve um amargo cevado pela bem amada entende o que digo, pois o mais doce dos mates não é o de mel ou o de leite. Mas, aquele que é feito por aquela que bem queremos.
Alcançar um mate é mais que um hábito ou um ritual, é um símbolo de nossos diferentes relacionamentos. Queira Deus que nossos mates nunca sejam só amargos ou lavados, mas sempre novos e encilhado a preceito.

Porto Alegre, lua cheia de agosto.

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