quarta-feira, julho 19, 2006

Tche, quem diz que nós não fazemo fandango. Pois é, ontonte reuniu-se extraordinariamente o Capando Touro a Unha, tencionado ir assistir ao Show do César Oliveira e Rogério Mello. Bueno, acabamo se atrasando e decidimos ficar cá pelo rancho do marcador, degustando uma iguaria campeira de fundamento. Discutimos até a politica das meias do Getúlio...foi loco de especial. A foto ao ladoé só para ilustrar a cachorrada no dia dos parabenzo da senhora do marcador. Só para identificar, o gambá de copo na mão é o letrado curador. O japônes de braço cruzado é um indio loco de bueno, é o castrador. O maneador é aquele ao fundo de bege, grudado na Dna. Miriam...é o Maneador. E este indio de barbas e cuia em punho, é este que vos escreve, igual a um analfabeto, o Marcador.
Hasta.

sábado, julho 15, 2006

O Inverno

Segredou-me o vento sul que cabresteia o inverno
Cantando nas casuarinas rompendo folhas e cerne
Lãs que tenho, lenha pouca silêncios de quase um ano
Sabenças que armazenei insuficientes, bem sei
Para enfrentar o tirano

Qual general de campanha vai mandar o minuano
Virá com mil artimanhas intimidar o meu rancho
E eu silente mateando fogo de chão caprichado
No meu pala enrodilhado vou me quedar esperando

Nunca o temi, que o varal de charque era lotado
Cavalo bem amilhado vinho prá cem madrugadas
Erva mansa, quincha buena de Santa Fé, despontada
Violão para as insônias que por amargas e longas
Tinha a alma calejada

Já nem mais canto milongas temendo o embate fatal
Dá pena ver o varal sem a fartura das mantas
Não sei se ri, ou se canta o vento quando ultrapassa
Não estou chorando, senhores é o efeito da fumaça
Não estou chorando, senhores
É o efeito da fumaça

Porto Alegre, cheia de julho.

domingo, julho 09, 2006

Enfim, terminou. Redundante, mas verdadeiro. Depois de seis meses loqueando com semiótica literária e a obra do Jayme Caetano, a monografia foi entregue. Defendo-a na quarta... como diria meu amigo Maneador: "apliques mil". Assim, como prometido, volto a postar com mais assiduidade.
Por cá, ainda hay alguns atropelos por resolver.
Bueno, entonces por hoje é só.

Porto Alegre, cheia de julho.

quarta-feira, julho 05, 2006

Achei este texto no jornal de hoje, muito interessante e, por isso, resolvi compartilhar com os patrícios. No mais ando tocando cavalo... semana próxima, volto a postar com "modos de gente".

Bolinha de gude

Kledir Ramil

Na era paleolítica, quando eu era uma criança caminhando sobre a Terra e ainda não haviam inventado o Play Station, jogava-se bolinha de gude. A palavra gude vem do provençal Gode e quer dizer "pedrinha redonda, lisa". Em geral, as bolinhas de gude eram feitas de vidro transparente, com desenhos variados, uma mais bonita do que a outra.

A Bocha era uma exageradamente grande e proibida nas disputas, pois quebrava as pequenas. Assim como a Esfera de Aço, o terror dos terrenos baldios, onde eram montados os nossos campos de batalha.

Havia também bolinhas de osso, de madeira e até de cobre, mas eram raras. Com o uso, todas elas iam ficando meio lascadas. Perdiam em beleza, mas ganhavam em eficiência.

O jogo, também conhecido como Bulita, consistia basicamente em acertar, com a sua, a bolinha dos outros. A coisa podia ser "às brinca" ou "às ganha". Nesse caso, quem era acertado perdia a bolinha. Por isso, cada guri carregava um saquinho de pano, que ia enchendo ou esvaziando, conforme a destreza pessoal. Ou então o tamanho da mesada. É claro que as bolinhas compradas no armazém da esquina não tinham o mesmo valor daquelas conquistadas em campo. Cada uma dessas era um troféu, com sua história particular, nome do perdedor e algumas mentiras inventadas para valorizar ainda mais o feito.

A técnica usada para jogar era simples. Apoiava-se a bolinha entre os dedos polegar, do meio e indicador. Ou seja, o dedão, o pai de todos e o fura-bolo. Com uma leve pressão do polegar, a bolinha de vidro era arremessada em velocidade na direção do alvo, a coitada da bulita do outro. Quem não tinha muito estilo e elegância no trato do jogo usava uma técnica conhecida como cu-de- galinha. E virava motivo de gozação. Era preciso estar preparado para enfrentar a crueldade das ruas.

Lá em Pelotas, o tipo de jogo mais comum era o Imba. Um buraco cavado na areia, que funcionava como zona neutra, de onde se partia para acertar os concorrentes. O Triângulo era mais sofisticado. Desenhava-se no chão, com um pedaço de pau, um polígono de 3 lados. Em cada vértice era colocada uma bolinha. Quem conseguisse acertar e fazê-la sair para fora dos limites do desenho, levava.

Um dia, eu estava no campinho, jogando com alguns amigos. De repente, surgiu um marmanjo mais velho com cara de marginal e gritou: "Levante!". Roubou todas as bolinhas, botou no bolso e foi embora.

Foi aí que comecei a me dar conta que o mundo era injusto e que viver não ia ser fácil.

Porto Alegre, quarto-crescente de julho.

terça-feira, julho 04, 2006

Jayme Caetano...

"Cruza de um mestre-escola de origem alemã, o Prof. João Aloyzio Braum, e de uma formosa cabocla, crespa e jambo, dos Sete Povos das Missões, Dona Euclides Ramos Caetano, o poeta surgiu na região de Sepé Tiaraju e sugou no leite da infância e no churrasco da juventude, toda essa força telúrica do ancestralismo, com que pode, agora, transmudar em beleza e som e rima os motivos explorados e inexplorados da vida, da luta e do sofrimento do gaúcho.
(...)

Jayme Caetano Braun não é apenas um fazedor de versos. Tem personalidade definida. Encarna, com vigor e determinação a defesa das nossas tradições, seriamente ameaçadas por um processo degenerativo."

Porto Alegre, nova de julho.