Foi quando a tarde se estendeu lenta e solita
Que o fim do dia entregou toda a sua luz
E se acendeu uma luz escassa, e seus candeeiros
Clareando o rancho, e os dois braços de uma cruz.
Ficaram inquietas e tão móveis sobras velhas
Deixando tudo num silêncio de lamentos
Que a luz da lua percorreu o rancho inteiro
Por rasgos claros, desquinchados pelos ventos.
Ficou a sombra habitando, e seus fantasmas
Qual vultos negros, nas paredes, lentamente
Se escondendo frente aos olhos assustados
De um menino, que fui eu, antigamente!
Assim por tudo a uma sobra transponível
Que só o tempo a decifra, por seus trilhos...
Por isso a cruz abriu seus braços ao menino
Feito um abraço, de uma mãe, cuidando o filho.
Então o rancho foi ganhando claridade
Que iluminou-se pela fé que nos traz calma
E explicou aos olhos claros, que um menino:
Não teme a sombra, quem tem luz dentro da alma!
Porto Alegre, nova de outubro.
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