Neste ano que passou por diversas vezes tentei perscrutar a alma do gaúcho, tentando saber dos seus sonhos, suas angústias e outros temas que pensava serem relevantes. Embora muitos na academia tentem dizer que o gaúcho como tal é concebido não passa de um conceito mítico. Citam, por exemplo, Cyro Martins e sua "triologia do gaúcho a pé" Érico Veríssimo e o seu conhecido romance "O tempo e o vento" como expressões dessa demitologização. O fato é que existem idealizações do gaúcho, de seus valores e da sua identidade, mas esse não é padrão que adotei durante o decurso deste ano. Intentei examinar minha identidade, primeiramente, para depois traçar um paralelo com as dos meus patrícios. Como não me concebo sendo um ser mítico, nem tão pouco um ideal percebo que a tarefa foi um tanto histórica, quanto real. Dizer que o gaúcho se descaracterizou por morar nas cidades é uma falácia, argumentar que as tradições e a cultura são produtos dela, também é uma inverdade. O fato é que nossa personalidade foi formada por fatores externos e internos: a situação de fronteira, a economia voltada para o modelo agropastoril, a imigração de livre (alemães, italianos, polacos entre outros) e a cativa (africanos principalmente), nosso forte vínculo com a América Latina, todos esses fatores foram formadores importantes dos fundamentos gaúchos. Daí dizer que o gaúcho perdeu sua identidade não pode ser possível. Mesmo aqueles que não tiveram suas vidas ligadas ao campo foram influenciados por ele, ainda que não sejam descendentes de imigrantes tiveram marcas da imigração. Por isso é que são nossos fundamentos. Não estou de forma alguma fazendo nenhum tipo de apologia a uma raça superior, apenas destacando nossas singularidades. Desses fatos expostos de forma bastante sintética concluo que o gaúcho existe, é real. Cabe ainda refletir sobre as idealizações do gaúcho, mas isso é matéria para outro post.
Porto Alegre, nova de maio.
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