domingo, março 20, 2005

Euclides da Cunha


"O gaúcho do sul, ao encontrá-lo nesse instante, sobreolhá-lo-ia comiserado." É assim que Euclides da Cunha começa seu relato sobre este habitante do Sul no seu livros Os Sertões.
"As suas vestes são um traje de festa, ante a vestimenta rústica do vaqueiro. As bombachas , adrede talhadas para a movimentação fácil sobre os baguais, no galope fechado ou no corcovear raivoso, (...) O seu poncho vistoso jamais fica perdido, embaraçado nos esgalhos das árvores garrachentas. E, rompendo pelas coxilhas, arrebatadamente na ,archa do redomão desensodrido, calçando as largas botas russilhonas, em que retinem as rosetas das esporas de prata; lenço de seda , encarnado, ao pescoço; coberto pelo sombreiro de enormes abas flexíveis e tendo à cinta, rebrilhando, presas pela guaiaca, a pistola e a faca ? é um vitorioso jovial e forte. O cavalo, sócio inseparável desta existência algo romanesca, é quase objeto de luxo. Demonstra-o arreamento complicado e espetaculoso. O gaúcho andrajoso sobre um pingo bem aperado, está decente, está corretíssimo. Pode atravessar sem vexames os vilarejos em festa."
Bueno, o texto deixa algumas coisas em suspenso, mas é belo apesar disso.

Porto Alegre, nova de março.

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