sábado, novembro 06, 2004

Que bicho...

A chuva mansa que molha o campo refazendo esperança. O berro do terneiro de lombo molhado ao lado da rês. E o quero-quero que se esconde sestroso n'alguma tronqueira esperando que a chuva matreira vá mermando até se acabar. Num clarão de algum relâmpago uma perdiz assustada bate asas na direção da ramada. Encostado no oitão o cusco também mira a chuva, não só mira como sente na pele seus respingos que insistem em fazê-lo passar frio. Não vê luzes no rancho e nos ouvidos atentos só o tilintar das gotas batendo no chão. Vez por outra um berro de touro ou um estrondo de relâmpago corta a quietude. A colita entre as pernas, os tremores que o assaltavam e uma queixa no olhar. Que bicho é esse chamado homem que deixa seu amigo na chuva morrendo de frio? Que bicho é esse chamado homem que faz dos amigos mais chegados distantes na hora do aperto? Que bicho que é esse chamado homem? Que bicho...

Porto Alegre, minguante de novembro.

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