sábado, agosto 28, 2004

Me tapo de quero-quero

Numa terra onde os trajes típicos são partes integrantes da vida cotidiana de muitos gaúchos - eu mesmo a maioria do tempo estou de bombacha - é de se tapar de quero-quero quando se é humilhado, na rua, por certos tabacudos que abusam das suas fardas para fazer gracinhas por aí. Pois foi isso que o ermão Maneador teve que agüentar no osso do peito. Alguns tabacudos de arma em punho suspeitaram dele por estar pilchado, e o revistaram como se fosse um bandido ou foragido da lei. Não acredito que todos os brigadianos, tenham intenções deste tipo. Contudo, é humilhante que em nosso próprio estado se suspeite de um homem de bem somente por ele estar pilchado. Se fosse por isso, batinas nos CTGs seriam comuns. Talvez por ignorância pequem nossos protetores públicos, por isso explico, que a faca é a companheira de muitas das lides gaúchas e não serve apenas para comer churrasco. Fico a pensar, será que nossos combatentes do crime acreditam que um homem de bombacha e lenço no pescoço seria capaz de assaltar um banco, ou mesmo uma velhinha, digamos que esse não seria o melhor "disfarce" neste caso.
Finalmente, além de estar muito contrariado, estou revoltado! Não nos farão abandonar nossas tradições e costumes com desagravos deste tipo. Além do preconceito que essa atitude denota, estão nos condenando mais uma vez ao exílio para fora das cidades onde, por não compreenderem, julgam-nos rudes e brutos demais para o convívio urbano. A esses, por fim, dirijo as palavras do velho Jaime: "não vou matar meus avós para ficar de bem com os netos."

Porto Alegre, crescente de agosto.

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