domingo, outubro 02, 2005

Briga no Bolicho

Essa é loca de especial! Espero que gostem se quiserem ver o original está no livro "Rapa de Tacho" do Aparicio da Silva Rillo.

"Tavam uns quinze home tomando umas que outras - foi contando o gaúcho - uns mascando salame pra enganar o bucho, quando chegou o Faca Feia. O senhor sabe, o índio é mais metido que dedo em nariz de piá. Deu um planchaço de adaga no balcão e perguntou se havia home no bolicho. Todo mundo coçou as bola. Home tem bola, o senhor sabe. O Lautério - que não é flor de cheirar com pouca venta - disse que era com ele mesmo, deu de mão numa tranca e rachou a cabeça do Faca Feia. Um contraparente do Faca não gostou do brinquedo e sentou a argola do mango no Lautério. Pegou no olho - lá nele - e o Lautério saiu ganiçando como cusco que levou água fervendo pelo lombo. Um amigo do Lautério se botou no contraparente do Faca - que já tava batendo a perninha - e enfiou palmo e meio de ferro branco no sovaco do cujo, que lo chamam Pé de Sarna. Um irmão do Sarna, acho que chateado com aquilo, pegou um peso de cinco quilos da balança e achatou a cabeça do homem que faqueou o Sarna. Os óio saltaram, seu doutor. E eu só olhando, achando tudo aquilo um tempo perdido. Um primo do homem do ferro branco rebuscou um machado no galpão e golpeou o irmão do Sarna. Errou a cabeça, só conseguiu atorar o braço do vivente. Aí eu fui ficando nervoso, puxei meu berro pro mole da barriga, pronto para um quero. Meu bolicho é casa de respeito, seu delegado, e a brincadeira já tava ficando pesada. Mas Bueno, foi entonces que o Miguelão se alevantou do banco, palmeou uma carneadura, chegou por trás do homem do machado, pé que te pé, grudou ele pelas melena e degolou o vivente com um talho a coisa mais linda. O sangue jorrou longe como mijada de colhudo. Aí eu e mais uns outros - tudo home de respeito - se arrevoltemo com aquilo. Brinquedo tem hora, o senhor não acha?
- Acho sim, mas e aí? - insistiu o delegado.
- Pois, como lhe disse - prosseguiu o bolicheiro - nós se arrevoltemo. Saquemos os talher... E foi aí que começou a briga!"

Porto Alegre, nova de outubro.

Nenhum comentário: