Bueno patrícios, tenho cá me atulhado de coisas para fazer: relatórios, monografias e afins, por esse motivo tenho sido relapso com o Capando. Quando a coisa garrar seu rumo normal volto a postar com a mesma assiduidade. O que posso adiantar e que a formatura está encaminhada e os trabalhos idem.
Como não poderia deixar de deixar de ofertar um regalo, já que meus posts andam pior que mondongo de ontonte, transcrevo este.
Desafio
Aparício da Silva Rillo
Há um potro dentro de mim, pedindo cancha.
Sinto-lhe o bater do coração inquieto
como um tambor a rufar em véspera de peleia braba.
No meu olhar o seu olhar de fogo se confunde
na ânsia de devassar a vastidão de todos os caminhos
que os seus cascos de bronze e asas não pisaram.
Potro de sangue ancestral,
telúrico em seu ímpeto selvagem,
maior porque contido no seu lance
como um cartucho que sente o gatilho pronto para o tiro.
Tudo o que fica além de meu passo de nômade prisioneiro,
tudo o que não alcança o meu braço de músculos dormidos,
tudo o que meu olhar não pressente na distância
- isso tudo a chamá-lo,
tudo a chamá-lo
como um toque de cincerro no silêncio da noite.
Seus ouvidos de animal selvagem
são sensíveis ao apelo da distância,
ao apelo da noite,
ao grito dos que rompem cancelas e aramados
para abrir a golpes de audácia o seu caminho de aventuras.
Há um potro dentro de mim, pedindo cancha...
No laço de chegada,
que fica sempre além,
e ainda mais além,
e sol não se põe nunca,
para vestir de ouro os que tiveram pata
para engolir todo o estirão da raia
que é um desafio de léguas pela frente.
Mas como custa arrebentar o laço
do andarível de partida desta cancha!
Porto Alegre, cheia de junho.
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