sexta-feira, setembro 10, 2004

Como figueira

Uma das imagens que mais me chama atenção na campanha é a da figueira, plantada no meio da imensidão do campo pela mão do Criador. De como ela se ergue imponente e solitária entre o capim e os trevais. Me impressiona não só porque sua presença solitária casa tão bem com a paisagem, ou porque sirva de ponto de referência, ou abrigo para gaudérios e gado. Mas porque, suscita em mim um pensamento: como a figueira solita no campo - imponente, perene, forte e solitária - me faz lembrar ideais. É como se a figueira fosse uma espécie de arquétipo das esperanças idealizadas que tenho. Só, durante a maioria do tempo e balançada pelo minuano, pelas tormentas. Contudo, firme e singular. Analogia possível para aqueles que lutam por alguma nobre causa. Pois, na maioria das vezes, sentem-se sozinhos peleando contra tudo e todos. Enquanto a maioria cresce rasteira alguns insistem em ir mais alto. O porquê!? As explicações são diversas e não importam agora. O que importa realmente é que poucas são as figueiras plantadas nesta planície grande, que alguns chamam de Terra. Poucos são aqueles que insistem em ver além do que os outros vêem, ou sentem. E quando a figueira é arrancada por alguma ventania, ou queimada por algum raio sempre rebrota. E esse renascer é também chamado de esperança. Como bem disse Aparício da Silva Rillo: "Quem nasce lutando busca a morte por liberdade!" Talvez nossa figueira morra junto conosco, mas como as figueiras "reais" ainda servirão de referência ou vais me dizer que nunca ouviste: "E lá no passo do lageado perto donde ficava a figueira grande."

Porto Alegre, minguante de setembro.

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