quarta-feira, março 22, 2006

Tenho sentido saudades de coisas que nunca tive. Paradoxal!? Sim, mas é a única forma de descrever essa ausência que sinto. O nunca pode parecer trágico e a posse egoísta, contudo esse nunca prescinde um sempre, chama por essa constância, já a posse, não a conjugo num ter aprisionante, mas, em outro repleto de ausências, vazios... como aquela imagem refletida nalguma sanga que está lá, para dali a pouco não estar mais ao ser dissipada pelo vento, ou folha que venha a movimentar a espelho d'água. Todavia, patrícios, não julguem complexo de mais eu meu sentir, esse meu pensar, pois não são de palavras complexas, idéias extraordinários que são feitas as saudades: mas de singelas esperanças e medos pueris. "Tenho uma velha saudade que guardo comigo por ser companheira" diria o poeta e, já que falamos em simplicidade, lembro daquelas coisas que só um guri, ou uma guria guardam e escondem, apesar da relutância dos adultos a isso. São esses "tesouros" que trazem a melhor das analogias ao que eu chamo de saudade. Pois só quem consegue observar além da forma, onde essa se ausenta e ao mesmo tempo trás o distante de volta em forma de símbolo, entende o que é bem-querença.
Tenho saudades de coisas que nunca tive... embora as tenha guardadas numa caixa de quinquilharias.

Porto Alegre, nova de março.

Nenhum comentário: