Ontem ao chegar descogonado da lida, me atirei nos pelegos e adormeci com as idéias mergulhadas em preocupações. De vereda, passei ao sonho que creio ser coisa do Patrão Velho. Estava na estância, atirado na varanda da casa, quando vinha a trotezito bem compassado um guri, de pés descalços, bombachas remangadas e sem camisa, com uma tez branca e olhos verdes, loiro como o sol que refulge e com um sorriso matreiro, ao tapear com graça e carinho, as fuças do cusco que vinha pealando e acoando nos seus garrões. Vinha se aproximando de mim e gritando: "Pai, pai, olha como pula o gavião".... De certo era este o nome do cusco. Mas o sonho só fez completo, depois que ouvi a melodia daquela voz meiga e serena aos meus ouvidos, chegando como uma cantilena por detrás dos umbrais das casa: "Oi, cheguei"... Era ela, minha D.Caetana, a Sra. da estância que estava lá pras bandas de Pelotas, pois afinal ela é uma percanta douta e tem o hábito de ensiná os outros índios a pensar, e por isso tem que muito viajar. "Senta aqui pertinho, minha prenda, o amargo já tá vindo e logo, logo o almoço tá na mesa. - Josefa, põe mais um prato que a Dona da Casa chegou.." Saltou a negrinha, loca de facera, dizendo:"Tá bueno patrão, é pra já" Minha prenda, cabelos ruivos e tez branca como a do piá, sentou-se ao meu lado e se atracamo a charla das novidades de sua viagem e estada em Pelotas....Depois disso acordei, com uma sede de camelo e botei um milongão, pra iniciar a lida...
Porto Alegre, 14 de Outubro de 2004
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