terça-feira, julho 20, 2004

De minha MARCA

Essa é de minha marca, espero que vos regale...

Bombeando as barras do dia novo
Que por detrás do cerro vem empeçando um clarão,
Do sol claro de setembro
Sabiás e bem-te-vis na copa da pitangueira
Assobiam por inteira as saudades que não tem.
E no galpão alguém a murmurar uma coplita
Facerito da vida, simplesmente por cantar
Embora a vida seja braba e a plata teime sempre em faltar.
Mais um amargo antes da campereada
Bonbeia as encilhas surradas e o baio que lhe mira sestroso
Precavido e melindroso sabido da sua sorte:
Trabalhar, trabalhar e trabalhar.
Não só o baio como ele mesmo
Que foi feito farrapo muito depois da guerra.
Por outro inimigo mui maula
A fome, que o fizera cativo sem precisar de jaula.
Bombachas rotas de brim riscado
Um lenço encarnado não sei de quantos anos
E um rancho que é sua morada bem no tope de uma canhada.
De seu: as encilhas, o baio, a velha chaleira preta
e mais dois ou três viveres herdados não sei de quem.
Da carne gorda bem assada tem só o cheiro na lembrança
Pois, não havia mais gado pra ele cuidar
E se houvessem? Seriam conduzidos por
Piazitos que não sabem nem montar
Que bruta desesperança
Que miséria desgraçada
A vida levou do nada o pouco que ainda tinha
E agora a agonia e a única tropilha que vê pela estrada.



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