sexta-feira, dezembro 16, 2005

Muy Hermosa

Al Otro Lado del Río

Jorge Drexler


Clavo mi remo en el agua
Llevo tu remo en el mío
Creo que he visto una luz al otro lado del río

El día le irá pudiendo poco a poco al frío
Creo que he visto una luz al otro lado del río

Sobre todo creo que no todo está perdido
Tanta lágrima, tanta lágrima y yo, soy un vaso vacío

Oigo una voz que me llama casi un suspiro
Rema, rema, rema-a Rema, rema, rema-a

En esta orilla del mundo lo que no es presa es baldío
Creo que he visto una luz al otro lado del río

Yo muy serio voy remando muy adentro sonrío
Creo que he visto una luz al otro lado del río

Sobre todo creo que no todo está perdido
Tanta lágrima, tanta lágrima y yo, soy un vaso vacío

Oigo una voz que me llama casi un suspiro
Rema, rema, rema-a Rema, rema, rema-a

Clavo mi remo en el agua
Llevo tu remo en el mío
Creo que he visto una luz al otro lado del río

Porto Alegre, nova de dezembro.

quarta-feira, dezembro 14, 2005

Enquanto caminhava pelo trilho que ia dar na estância, pensava na vida: seria a existência uma sucessão de fatos sem propósito, nem finalidade!? Não era sempre que ele peão sem estudos parava e refletia sobre as razões que o botaram neste mundão de meu Deus. No entanto, alguns fatos o levavam para mui longe em um lugar onde via-se e reparava que não era aquilo que julgava ser. Lembrava bem do dia em que a fome maleva levara seu filho menor e com entono e raiva erguera as mãos para o céu gritando: Deus por que ele e não eu? Mas, muito antes disso já havia visto a morte de pertinho. Foi quando seu velho tata fora deixado na porta de casa, com um buraco de bala no peito, sangrando feito um porco. Nos olhos lívidos de seu pai pode contemplar a morte bem de perto, olho no olho, cara a cara. Desde esse dia tornou-se sombrio, com sede de vingança. Agora já velho e despilchado via lá atrás somente um vulto escuro, difuso daquilo que realmente fora. Dura é a sorte daqueles que peleiam solitos. E mais rija ainda é a daqueles que brigam consigo, contra seus medos e inseguranças. Tinha que continuar firme como cerne de pau-ferro, pois tinha a Maria e os guris que de tão pequenos e locos de fome não iam entender as fraquezas do pai. E o trilho cada vez mais estreito da mesma forma as respostas se estreitavam, uma espécie de corredor, mangueira, o levando a pensar na maldita vida. Nunca chegara ao fim dos seus pensamentos, embora chegasse no costado ? via apenas bem distante de si, como que envolta por uma neblina, a morte. Mas não conseguia acreditar que seria ela o fim. De uma idéia fizeram-se muitas e tantas que já pareciam a folharama que as tormentas levantam nos dias de chuva. Só que ao invés de folhas leves pareciam bruacas carregadas de pedras e postas todas nas suas costas. Num repente parou, olhando na volta viu que o seu derredor mudara ? as cores se foram, as plantas murcharam e o sol escureceu ? e por um instante ficou sem saber quem sofria mais ele ou Aquilo que a sua volta condoía-se com sua desgraça. Neste momento pode sentir consolo e, talvez, Aquilo, que tanto sofrera com ele, pudesse se chamar Esperança.

terça-feira, dezembro 13, 2005

Chinoquinha....

Buen, como mis cumpadres do blog, repito: faz tempo que não charlo com ustedes. Dios tem sido bueno com nosotros. Tem posto bóia na mesa, arreglado a alma para junto de si, acolherado este espírito sestroso e caborteiro numa mansidão lobuna. Uma buena nova, minha filhote está chegando. As regras da prenda se foram, e o tempo das esperas é cada vez menor. Que buen poder enxergar a caminhada do tempo...quebra costela, hasta siempre!

segunda-feira, dezembro 12, 2005

Repost

As vezes penso muito sobre determinado assunto sem chegar a conclusão alguma. Noutros a respostas vêm quase que instantaneamente. As primeiras me fazem ficar trocando orelha por dias e dias. Mas, não desisto da empreitada e se a resposta parece agora somente com um vulto, mais tarde pode se tornar como um umbu.
E, patrícios, esse ciclo de dúvidas e respostas não me entediam, ainda paro na beirada de uma sanga e me deixo ficar só por vê-la correr, e que meteia na sobra da figueira grande bombeando o campo, o gado, as ovelha... Se não paramos as vezes para nos fazermos algumas perguntas, e que só nós podemos responder e mais ninguém, talvez passemos por esta campereada sem perceber qual o sentido da vida.
Seguindo nesta sina de andejo, repontado meus pensamentos rumo a estância que me tem preparado o Patrão de nossotros todos que habitamos cá em baixo, troteio com esperança e da esperança tiro o sonho.

Porto Alegre, nova de dezembro.

sexta-feira, novembro 25, 2005

Já faz um tempito

É verdade patrícios já faz um tempito que yo não escrevo no blog. A culpa é minha, somente minha, pois acabei empeçando muita coisa e ficando sem tempo para deixar algum chasque para ustedes. Bueno, mas não resolvi escrever hoje apenas para pedir escusas, não obstante minha culpa. O fato é que as novidades são poucas e por cá ando tentinado embuçalar o tempo, muy maleva por sinal, e este tem me escapado com o laço e tudo. O que fazer!? Hay muito pouco. Pelo menos, não sei se alguma vantagem nisso, o ano está terminando e o tempo talvez me sobre. Como diz o cumpadre Maneador, acho custoso. Enquanto as férias não chegam, bueno, vou tocando do jeito que dá. Peço permisso para escrever apenas essas coisas rasas, o que não é do meu feitio, embora na superfície a maioria delas pareça mais agradável à vista.
Porto Alegre, nova de novembro.
P.S. Que ressolana braba, seu!!!

quarta-feira, novembro 23, 2005

Figueira

Uma das imagens que mais me chama atenção na campanha é a da figueira, plantada no meio da imensidão do campo pela mão do Criador. De como ela se ergue imponente e solitária entre o capim e os trevais. Me impressiona não só porque sua presença solitária casa tão bem com a paisagem, ou porque sirva de ponto de referência, ou abrigo para gaudérios e gado. Mas porque, suscita em mim um pensamento: como a figueira solita no campo - imponente, perene, forte e solitária - me faz lembrar ideais. É como se a figueira fosse uma espécie de arquétipo das esperanças idealizadas que tenho. Só, durante a maioria do tempo e balançada pelo minuano, pelas tormentas. Contudo, firme e singular. Analogia possível para aqueles que lutam por alguma nobre causa. Pois, na maioria das vezes, sentem-se sozinhos peleando contra tudo e todos. Enquanto a maioria cresce rasteira alguns insistem em ir mais alto. O porquê!? As explicações são diversas e não importam agora. O que importa realmente é que poucas são as figueiras plantadas nesta planície grande, que alguns chamam de Terra. Poucos são aqueles que insistem em ver além do que os outros vêem, ou sentem. E quando a figueira é arrancada por alguma ventania, ou queimada por algum raio sempre rebrota. E esse renascer é também chamado de esperança. Como bem disse Aparício da Silva Rillo: "Quem nasce lutando busca a morte por liberdade!" Talvez nossa figueira morra junto conosco, mas como as figueiras "reais" ainda servirão de referência ou vais me dizer que nunca ouviste: "E lá no passo do lageado perto donde ficava a figueira grande."

Porto Alegre, nova de novembro.

quarta-feira, novembro 09, 2005

Regalo

Siento que mi vida
ya me esta dejando
el tiempo ha marcado
huellas de dolor
tal vez en otro mundo
tenga solución.

Siempre fue mi sueño
el darte mi vida
hermosa, mi niña,
yo te doy mi amor
serás tu mi camino
y el ultimo adiós.

No dejaré de amarte
aunque yo me muera
y esta es primavera
si lo quiere Dios
'me llevaré tus ojos
en mi corazón.'


Hojas del otoño
que se van cayendo
yo me estoy muriendo
por verte feliz
he de hacer lo posible
de que sea así.

Sangre de mis venas
corren sin descanso
vos sos el remanso
que me puso Dios
en esta chacarera
que te canto hoy.

Siempre estaré contigo
aunque no lo sepas
porque en esta tierra
ya no sé que hacer
siempre sufrí en silencio
hoy lo se porque.

Porto Alegre, nova de novembro.

domingo, outubro 30, 2005

Melância - Côco Verde

? Vancê pare um bocadinho; componha os seus arreios, que a cincha está muito pra virilha. E vá pitando um cigarro enquanto eu dou dois dedos de prosa àquele andante? que me parece que estou conhecendo? e conheço mesmo!... É o índio Reduzo, que foi posteiro dos Costas, na estância do Ibicui.
? Vancê desculpe a demora: mas quando se encontra um conhecido do outro tempo ? e então do tope deste! ? a gente até sente uma frescura na alma!? Coitado, está meio acalcanhado? mas, bonzão, ainda!

Pois aquele cuerudo que vancê está vendo, teve grito d?armas!... Vou contar-lhe uma alarifagem em que ele andou metido, e que só depois se soube, pelo miúdo, e isso mesmo porque a própria gente do caso é que contava.

O Reduzo foi nascido e criado em casa dos Costas, ainda no tempo do velho, o Costa lunanco, um que foi alferes dos dragões do Rio Pardo. Este Costa lunanco era um pente-fino, que naquele tempo arranjou tirar para ele e para os filhos ? miudagem, ainda ? como quatro sesmarias de campo, sobre o lbicui, pegadas umas nas outras, e com umas divisas largas... como goela de gringo!...

O chiru criou-se junto com os meninos, e desde ninhar e armar urupucas, até botar as vacas, irem aos araçás e pegar mulitas, tudo faziam juntos.

Quando eram já taluditos o velho começou a encostá-los no serviço, também sempre de companheiros; e assim foram aprendendo a campeirear, domando, capando... até saberem apartar boi gordo e tocar uma tropa.

Neste entrementes rebentou outra vez uma gangolina com os castelhanos.

Um dos moços, que era um quebra largado, nomeado por Costinha, esse, foi dos primeiros a se apresentar ao comandante das armas, pra servir. E tais cantigas cantou ao velho Costa, que este deixou o Reduzo ir com ele, de companheiro e ordenança, porque o rapaz era cadete, com estrela, e tinha direito.

O chiru ficou todo ganjento; imagine vancê que colhera, daqueles dois aruás!...

Neste passo porém deu-se uma cousa em que o Costinha nem tinha pensado.

É rabo-de-saia, já se vê...

O cadete tinha uma paixão braba por uma moça lindaça ? a sia Talapa ?, filha dum tal Severo, também fazendeiro dali pertinho, obra de cinco léguas.

O moço Costinha de vez em quando aparecia por lá, matava as saudades; fazia umas agachadas, e vinha-se embora trazendo nos olhos o encantamento dos olhos da namorada.

O velho Severo parece que não queria o casamento dos dois, nem por nada; teimava e berrava que ela havia de casar-se com o sobrinho dele, primo dela, um que tinha uma casa de negócio na Vila.

Esse tal era um ilhéu, mui comedor de verduras, e que para montar a cavalo havia de ser em petiço e isso mesmo o petiço havia de ser podre de manso... e até maceta... e nambi... e porongudo!...

A moça chorava que se secava, quando caçoavam-na com o primo e o casório.

Era mesmo uma pena, lhe digo... casar uma brasileira mimosa com um pé-de-chumbo, como aquele desgraçado daquele ilhéu? só porque ele tinha um boliche em ponto grande!...

O caso é que o Costinha gostava da moça e a moça gostava dele: tem, é que não atavam nem desatavam... e o velho Severo puxava a pêra, torcendo as ventas...

O ilhéu às vezes vinha à estância do tio, em carretinha...; veja vancê como ele era ordinário, que nem se avexava. de aparecer de carretinha, diante da moça!... E era só cama com lençóis de crivo, para o primo; fazia-se sopa de verdura para o meco; e até bacalhau aparecia, só pra ele!...

Que isto das nossas comidas, um churrasco escorrendo sangue e gordura e salmoura?uma tripa grossa assada nas brasas? uma cabeça de vaquilhona... uma paleta de ovelha; e mogango e canjica e coalhada. .. e uns beijus e umas manapanças. .. e um trago de cana e um chimarrão por cima? e para rebater tudo, umas tragadas dum baio, de naco bem cochado e forte... tudo isso, que é do bom. e do melhor, para o ilhéu não valia nem um sabugo!...

Tuuh! diabo!... Até me cuspo todo, quando me lembro daquele excomungado!...

? Vancê está se rindo e fazendo pouco?... E porque vancê não é daquele tempo? quando rompeu a independência lá na Corte do Rio de Janeiro? e depois tivemos que ir pra coxilha fazer a guerra dos Farrapos, com seu general Bento Gonçalves, que foi meu comandante, sim senhor, graças a Deus.. . e mais os outros torenas!...

Galego, naquele tempo, era gente, vancê creia! Estância, era dele; negócio, era dele; oficial, era só ele; era arrematante das sisas, ele; surgião, ele; padre-vigário, ele; e pra botar a milicada em cima dos continentistas? era ele!?

E cada presilha!...

Gente da terra não valia nada!...

? Que é que vancê está dizendo?... O que nós somos hoje a eles devemos? Qual! É verdade que uns in-ventaram plantação de trigo? isso enfim, era bom...; sempre era uma fartura; noutras casas plantavam e fiavam linho? também não era mau, isso; noutras cardavam lã... Algum mais vivaracho botava tenda e vendia mechiflarias ou prendas de ouro... Nalguns trocava-se uns quantos couros por um pão de açúcar, e pipote de cana por qualquer meia dúzia de vacas. E sempre corria alguma dobla, de salário, e algum cruzado pela peonada de ajuste.

Mas, como quera... eram mui entonados, os reinóis.

Onde é mesmo que eu estava? Ah!... O Costinha e sia Talapa tinham juramento entre eles, de se casarem, ainda que ela saísse de casa na garupa do namorado, se o carrança do velho Severo não consentisse. Com o ilhéu é que nunca!

Pois foi por estas alturas que os castelhanos bandearam a fronteira e o Costinha assanhou-se.

Foi uma despedida de arrebentar a alma! Ele deixou-lhe de lembrança uma memória e ela deu-lhe um negalho de cabelo. E combinaram que pra qualquer recado ou carta ou aviso, ela teria o nome de Melancia e ele de Coco verde. Só eles, ninguém mais saberia; que era para despistar algum xereta.

E como a despedida foi de noite, e ela veio acompanhá-lo até a porta. .. até a ramada, onde ele montou a cavalo? e como ventava forte, e a vela que um crioulo trazia apagou-se? parece que houve a roubada de uma boquinha... porque ele tocou a trotezito, calado, e ela, ficou como entecada, no mesmo lugar, calada... Quem não soubesse jurava que se despediam enfunados, quando a verdade é que se despediam chorando nos olhos mas tocando música no coração... por causa daquela bicota arreglada no escuro, mas que valeu como um clarão!... Ninguém viu? só o Reduzo.

Nessa madrugada o cadete marchou.

O velho Severo deixou passar um mês ou mais; quando teve notícia de que as forças andavam bem longe, e trançadas com o inimigo, e que ninguém de lá podia sair assim a dois tirões. . . sem falar nos balázios e nos lançaços ? que isso era a boche! ?, quando inteirou-se de tudo, mandou à Vila o capataz para vir acompanhando o sobrinho, a quem escreveu uma carta grande, fechada com mais obreias do que tragos de vinho tem um copo de missa, de padre gordo!...

Oral... daí a uns dias o ilhéu batia na estância, de carretinha e com um carregamento de cousas. E já começaram a aferventar o casamento.

Imagine vancê o cerco em que se viu a pobre da sia Talapa! Eram os pais dela; a parentalha; vizinhos velhos, cancheiros da estância... tudo a dizer, a gabar, a achar até bonito o ilhéu...

E já foram alinhavando papéis, e preparos de vestidos e doçarias, perus na engorda, leitões no chiqueiro, terneiras pros churrascos.

Uma negra que havia lhe dado de mamar era a única criatura que chorava com a moça? mas chorava escondido, a pobre, por medo do laço... De noite, fechadas no quarto as duas abraçavam-se, rezavam e só diziam, no consolo duma esperança:

? Mãe santíssima... valei-me!...

? Nossa Senhora!? manda nhô Costinha aparecer!..

Afinal chegou o dia marcado. Veio o vigário com o sancristão e gentama de toda parte; não digo bem: o velho Costa lunanco nem a família não foram convidados.

Mas assunte vancê como se passaram as cousas.

Pela Vila tinha justamente passado a meia rédea um chasque para as forças em que servia o cadete. O chasque era rapaz novo, alegre, mui relacionado por aqueles meios; enquanto mudava de cavalo tinha ido tomar um refresco no negócio do ilhéu, e aí, pela gente da casa soube a nova do casamento, do dia certo, dos preparos da jantarola, enfim, de tudo, tudo, pelo miúdo.

E mal que apertou os pelegos, montou, ? e se foi ? que o rei manda marchar, não manda chover.

Quando bateu no acampamento e entregou os ofícios que levava, procurou a rapaziada conhecida e portanto o Costinha, para dar a novidade do casório da sia Talapa com o primo.

Como touro de banhado laçado a meia espalda, assim ficou o moço. Amassou o sombreiro sobre a orelha, afivelou a espada e gritou:

? Me vou, e é já! Reduzo!

? Pronto!

? Encilha os nossos cavalos! Já! Vamos embora!... Deserto!... Hei de lonquear aquele galego ordinário!... Deserto... Deserto... acabou-se!

? Encilho? reperguntou o chiru.

? Sim, coos diabos! berrou o desesperado.

Neste momento o clarim deu toque de alarma? e como pra acoquinar o pobre um cabo veio a toda pressa chamar o Costinha, de ordem do comandante... Veja vancê que entaladela!

Pelos altos das coxilhas avistava-se uma partida do inimigo. O comandante então deu ao Costinha uma prova de confiança, pois encarregou-o de uma carga sobre um flanco dos atacantes...

E agora?!...

Filho de tigre é pintado!?

Diante do dever o moço engoliu a tristeza, e mesmo não quis se desmoralizar desertando justamente naquela hora de peleia.

Mas coriscou-lhe um pensamento... e logo montou, formou a gente, tomou a testa do piquete e disse ao Reduzo.

? Procura-me, que te preciso!...

Desembainhou a espada, deu um viva a Sua Majestade! ? e despencou-se, firme nos estribos, com o chapéu caído pra trás, sobre um ombro, preso pelo barbicacho. E a gauchada, reboleando as lanças, carregou, a gritos, fazendo tremer a terra e o ar.

O Reduzo, de pura pabulagem, atou a cola do pingo e logo riscou, escaramuçando, na culatra dos companheiros.

E foi mesmo no meio da carga, entre gritos, juras, palavrões, tiros, pontaços de espadas e coriscos de lanças, pechadas de cavalos, foi nesse berzabum do entrevero que o Costinha industriou o chiru:

? Tu, sai já; vai direito lá em casa, mas não chegues. A Talapa, depois d?amanhã, de noite, se casa, à força, com o ilhéu? Tu, mata cavalos, boleia e monta os que precisares? arrebenta-te, mas chega antes do casamento... Não digas a ninguém, nem lá em casa, que me viste, nem que sabes de mim... Mas vai ao velho Severo, mete-te lá, custe o que custar e acha jeito de dizer, que ela ouça, que o coco verde manda novas à melancia... Ela entende. Compreendes?... Eu sou o Coco Verde, ela é a Melancia... Só nós sabemos isso... e tu, agora. Vai. Tu vais adiante; logo mais eu sigo, se não morrer neste revira. Vai, Reduzo!... Coco verde... Melancia... Não esqueças... Abaixa-te!... abai!...

E enquanto o chiru se deitava no pescoço do cavalo e uma lança de três pontas escorregava-lhe por cima do espinhaço, o Costinha, com um tiro de pistola derrubava um gadelhudo lanceador? e continuava o sermão:

? Olha, não brigues? pra não perder tempo... Olha? é depois d?amanhã... Se dormires, se comeres no caminho, não chegas a tempo!... Sempre a meia rédea, Reduzo! Eu não posso desertar agora... Senão, eu ia... Vou logo? amanhã. Tu, agora!... já sabes: Coco verde manda novas a Melancia... Diz como quem não quer.. . Só ela entende? O que é preciso é que ela ouça...

? Acuda aquele, patrãozinho, que eu tempero estes!? Isso disse o chiru e esporeando o flete atirou-o contra dois desalmados que iam degolar um ferido? emborcou-os a patadas e logo gritou ao moço:

? Já sei tudo! Deus ajude! Lá le espero!...

E riscou campo fora, rumo da querência, ainda batendo na boca, num pouco caso dos castelhanos!

E bateu na marca!... Boleou e mudou cavalos alheios, pediu outros no caminho, tomou um, à força, largou os arreios porque rebentou-se-lhe o travessão e não tinha tempo para remendá-lo, mas com duas braças de sol, na tarde do casamento, veio dar no velho Severo, de em pêlo ? pelego, e freio ?, as boleadeiras na cintura, o facão atravessado no cinto, e sem mais nada; moído, entransilhado, estrompado, varado de fome, com sono, com frio, mas ainda de olho vivo e língua pronta, contando uma rodela mui deslavada.., que vinha de casa, andava campeando umas tambeiras... e uma vaca mocha, que não apareciam no gado manso, havia dois dias!...

O velho Severo pasmou...

? Uê! chiru!... Pois tu não tinhas ido com o seu Costinha?

? Eu?... Não sr., patrão! Fui só levar uns cavalos até o meio do caminho e dei volta. Diz que lá bala é como chuva? e lança, como roseta!... Não vê!... E dele mesmo, nem notícia nenhuma, té agora... Vancê dá licença de campear os alimais?

? Deixa isso pra amanhã. Hoje estamos de festa. Fica aí, pra tomares um copo de vinho e comer uns doces à saúde do noivado... Vai pra o galpão...

? Sim, senhor patrão: Deus lhe pague. Eu hei de fazer uma saúde, sim senhor...

? Pois sim, pois sim; vai!

O sorro entrou no galinheiro...

Quando apeou-se, o chiru estava de pernas duras; agüentou-se como um tigre, pra não dormir.

Daí a pouco pegaram a jantarola. O casamento ia ser de noite, depois da comida; depois, baile. Havia uns quantos cantadores, e violas; dava pra dançar a tirana, o anu e a mancada na casa-grande e no terreiro.

O Reduzo foi se fazendo de sancho rengo... e foi se encostando pra janela da sala de jantar..., e por ali foi comendo e bebendo, como soldado estradeiro, que não se aperta...

A noiva estava como um defunto: branca, esverdeada, de olhos fundos e chorando sem alívio; a negra, ama, atrás dela, muito retinta, só mexia o branco dos olhos, parecia uma alma penada, do purgatório...

O ilhéu é que estava solto!...

Parecia que tinha bicho-carpinteiro, o desgraçado!...

Só estava era meio vendido com o jeito da noiva, mas fingia não se dar por achado, o velhaco...

Um convidado levantou-se e fez uma saúde; depois outro, e outro e outro; cada um fazia o seu verso. Havia risadas, o noivo agradecia.. . a noiva chorava.

Os convidados aplaudiam; moças também botaram versos; os rapazes respondiam; foi se virando tudo numa alegria geral.

Nisto o capataz da estância chegou à porta e pediu licença pra oferecer um verso à saúde do noivado, e botou uma décima bem bonita. Outros, posteiros e agregados, também.

Nesse entrementes o velho Severo perguntou:

? Que é do Reduzo? Oh! Chiru?...

? Pronto, patrão, respondeu o caboclo.

? Então?? e a saúde prometida?

? Já vai, sim senhor!

E amontoando-se para a mesa, bem junto dos que estavam sentados, frente a frente dos noivos, olhando pra sia Talapa o chiru levantou o copo e disse:

Eu venho de lá bem longe,
Da banda do Pau Fincado:
Melancia, coco verde
Te manda muito recado!

E enquanto todos se riram e batiam palmas, enquanto o ilhéu se arreganhava numa gargalhada gostosa, e o velho Severo, mui jocoso, gritava ? gostei, chiru! outra vez! ? e enquanto se fazia uma paradita no barulho, a noiva se punha em pé como uma mola, e com uma mão grudada no braço da ama, já não chorava, tinha um cobreado no rosto e os olhos luziam como duas estrelas pretas!?

Lindaça ficou, como uma Nossa Senhora!

O Reduzo aproveitou o soflagrante e soltou outro verso:

Na polvadeira da estrada
O teu amor vem da guerra:...
Melancia desbotada!...
Coco verde está na terra!?

Amigo! Nem lhe sei contar o resto!...

A noiva atirou-se pra trás e pegou aos gritos.

A gente da mesa levantou-se toda; o mulherio correu, pra acudir...

O padre-vigário benzia pra os lados...

O ilhéu olhou para o Reduzo, viu-lhe o facão atravessado? e tomado dum mau espírito, gritou furioso e escarlate:

? Foi esse negro, com tanta arma, que estarreceu a menina!

Um que estava perto do chiru gritou-lhe na cara:

? Que desaforo é este?...

O Reduzo ? cuê-pucha! índio dente-seco! ? largou-lhe os cinco mandamentos, de em cheio!

Porém caíram-lhe em cima; foi uma desgraceira!

O ilhéu, do outro lado da mesa sampou-lhe com uma botija de bebida, que acertou bem entre o queixo e o ouvido do chiru...

Fechou o salseiro, nem se sabia bem com quem.

Nessa inferneira o Reduzo mergulhou por baixo da mesa e quando surdiu, foi para arriar o braço, dar uma volta na traíra e reiunar o ilhéu?

E antes que o picassem ? que o picavam! ? pulou por uma janela e se foi ao galpão onde montou no primeiro matungo que encontrou e abriu os panos!?

O resto é simples.

Passados dois dias chegava o Costinha, como bagual com couro na cola; e apresentou-se ao velho Severo, pedindo a mão da moça, O velho teve de desembuchar, contar o compromisso em que estava e que até havia se demorado o casamento por causa dum estropício mui bruto, que tinha havido,.. O Costinha não quis saber de nada? armou banzé...; veio a moça à fala...

Vancê imagina: rebentou o laço pra mais de quatro...

Pra não afrontar o velho Severo, o Reduzo teve de andar escondido. Tempos depois do Costinha já casado, então o chiru tomou conta dum posto; depois passou a capataz.

Era o confiança da casa.

Veja vancê que artes de namorados: Melancia? Coco-verde!?

quarta-feira, outubro 26, 2005

Revendo alguns posts descobri alguns temas recorrentes: nostalgia, uma espécie de desesperança, interferência da ambiente na conduta do indivíduo (isso de forma macro até a natureza corroboram nisto), entre outros. Escrevo isso patrícios não porque tencione criticar meus escritos, tampouco atribuir-lhes juízo de valor, já que acredito na independência dos escritos ante seu criador. Contudo, isso pode ser sintomático. Talvez minha visão de mundo não seja das mais otimistas e aqueles que me conhecem provavelmente concordem. Sem embargo, posso ser tachado de desesperançado, embora algumas réstias desse sentimento possam dizer pouco sobre mim. A verdade é que entre o realismo e o desespero existe uma linha mui tênue e é nesta corda bamba que ando. Por isso, talvez, é que pareça ser pessimista. No entanto, vez por outra sou tomado por sentimentos quase que infantis, dona Priscila que o diga. Aqueles que nos fazem rir de pequenas coisas, banais as vezes. E se não fora tais estios em meio as tormentas da vida, seria impossível a lida cá em baixo. Mas enquanto houver esperança a vida, esse potro maleva que pealamos todos os dias, tem sentido e razão de ser.
Porto Alegre, nova de outubro.

segunda-feira, outubro 24, 2005

Um regalo

Paisagens Perdidas
Jayme Caetano Braun

A tarde recolhe o manto,
carqueja e caraguatá;
na corticeira um sabiá
floreia o último canto!
Alargando o gargarejo,
da sanga que se desmancha,
há um eco pedindo cancha
no primitivo falquejo!

A lua nasce num beijo,
prateando o lombo do cerro
e um grilo acorda um cincerro,
do meu retiro de andejo!

Paisagens de campo e alma
perdidas no vem e vai,
soluços do Uruguai
que bebe lua e se acalma:
a noite passa à mão salva,
com ela vem a saudade,
olfateando a claridade
das brasas da Estrela D?Alva!

Nascem rugas no semblante,
paisagens da natureza
que a força da correnteza
não pode levar por diante;
então exige que eu cante
quando me encontro desperto,
mas sempre que chego perto
meu sonho está mais distante!

Paisagens de sombra e luz,
como é que pude perdê-las?
Ficaram as 5 estrelas
fazendo o "sinal da cruz"!

Porto Alegre, nova de outubro.

quarta-feira, outubro 19, 2005

Cuê pucha!!!

Patrícios, ando mais enrolado que rabo de porco! É por causa de um rablho de Crítica Literária e este desgraçado tem me tirado o sono, julgando a hora que eu posto os amigos devem imaginar que a peleia e braba. Bueno, assim que eu terminar essa empreitada me atraco a escrever de novo, No más, ando tocando cavalo.
Porto Alegre, nova de outubro.

sábado, outubro 15, 2005

Ginete

"Redomonio!", "Agora ele prancha!", "Cuê pucha! O índio paece grudado no lombilho!" Enquanto todos olhavam admirados para a mangueira Tito parecia divertir-se deveras com tudo aquilo. Desde gurizote fora ginete, ginetaço diga-se de passagem. Aquilo tudo para ele era como brincadeira, diversão. O zaino já suado, cortado de soiteira parecia desitir, naquela peleia onde um, invariavelmente, saía vencedor. Tito desmonta, acabara seu trabalho. A rédea à mão direita que se entendia para entregar a fera, agora mansa, para um dos peões. Um trago canha, alguns cumprimentos e um sentimento de dever terminado. Entre gritos e exclamações de espanto, ele se sentia distante em um lugar onde os pensamentos é que retouçavam. Nestes desvarios se via perdido de si, da sua ocupação se via mas fera do que aquela domada a pouco. Não há o que fazer quando uma idéia sotreta vem ocupar a cabeça. Quem o vise assim, perdido neste pensar bárbaro e xucro, não o reconheceria, por certo. Menos mal que já encontrava-se solito, recostado num moirão olhando para dentro de si apenas. E quando este laçasso lhe ardia nas paleta, ele o mais quebra dos tauras, sentia-se pequeno demais. Remoía lembranças de outras gineteadas onde não fora o ganhador, quando não recebera exaltação alguma por parte dos seus patrícios, somente risos e mofa. "Não sou tão buenaço como todos dizem." E uma dúvida ligeira como petiço de careira vinha incomodar, tirar-lhe o sossego. Ficava ali, duvidando da vida e das capacidades que julgava possuir. Os olhos perdidos num horizonte distante, longe de si e dos seus. Deixava ficar silente, por minutos que eram como anos e, somente, com um esforço muito maior do que empreendera minutos antes conseguia sair desse martírio, para uma garrafa de pura e um palheiro. Não sabia por quanto tempo ainda conseguiria montar. Muito menos se quando grudado no lombo de algum clinudo não seria ele a vítima. Vinham imagens de patas lhe esmagando a cabeça e aqueles que prezavam por sua vida a chorar. O que é do homem? O que é da vida? E uma lágrima teimosa salgando-lhe a fronte mostrando que um taura, na feição de um angico, pode um dia cair e não levantar.

terça-feira, outubro 04, 2005

Sobre tormenta e viveres

Não sei se os patrícios já tiveram idéias como tormenta, mas é exatamente o que tem me acontecido nos últimos tempos. Elas vêm num rompante de ventania, derrubam árvores, destelham casas e por vezes, não poucas, deixam desabrigados: nesse caso eu. Quando passa a ventania e chega a bonança só me restam escombros do que foi outrora uma idéia. Me sobra apenas, neste caso, juntar os cacos tentando identificar algo que já fora meu anteriormente. La pucha! E não pensem que é fácil, pois alguns se encontram a quilômetros de distância do lugar original e, o pior, irreconhecíveis. Pedaço cá, outro acolá num quebra-cabeça pouco prazeroso de resolver. Mas o que fazer? Afinal de contas são meus e se posso reaver algum, mesmo quebrado, vale a pena a procura. Metafórico, ou não, esse post diz bem o que estou sentindo nestes últimos tempos e se o rancho continua em pé é porque o esteio é firme.
Agradeço muito se os patrícios encontrarem por aí algum dos meus víveres, não peço que me restituam, apenas que façam bom uso, talvez melhor do que eu mesmo faria.

Porto Algre, nova de outubro.

domingo, outubro 02, 2005

Briga no Bolicho

Essa é loca de especial! Espero que gostem se quiserem ver o original está no livro "Rapa de Tacho" do Aparicio da Silva Rillo.

"Tavam uns quinze home tomando umas que outras - foi contando o gaúcho - uns mascando salame pra enganar o bucho, quando chegou o Faca Feia. O senhor sabe, o índio é mais metido que dedo em nariz de piá. Deu um planchaço de adaga no balcão e perguntou se havia home no bolicho. Todo mundo coçou as bola. Home tem bola, o senhor sabe. O Lautério - que não é flor de cheirar com pouca venta - disse que era com ele mesmo, deu de mão numa tranca e rachou a cabeça do Faca Feia. Um contraparente do Faca não gostou do brinquedo e sentou a argola do mango no Lautério. Pegou no olho - lá nele - e o Lautério saiu ganiçando como cusco que levou água fervendo pelo lombo. Um amigo do Lautério se botou no contraparente do Faca - que já tava batendo a perninha - e enfiou palmo e meio de ferro branco no sovaco do cujo, que lo chamam Pé de Sarna. Um irmão do Sarna, acho que chateado com aquilo, pegou um peso de cinco quilos da balança e achatou a cabeça do homem que faqueou o Sarna. Os óio saltaram, seu doutor. E eu só olhando, achando tudo aquilo um tempo perdido. Um primo do homem do ferro branco rebuscou um machado no galpão e golpeou o irmão do Sarna. Errou a cabeça, só conseguiu atorar o braço do vivente. Aí eu fui ficando nervoso, puxei meu berro pro mole da barriga, pronto para um quero. Meu bolicho é casa de respeito, seu delegado, e a brincadeira já tava ficando pesada. Mas Bueno, foi entonces que o Miguelão se alevantou do banco, palmeou uma carneadura, chegou por trás do homem do machado, pé que te pé, grudou ele pelas melena e degolou o vivente com um talho a coisa mais linda. O sangue jorrou longe como mijada de colhudo. Aí eu e mais uns outros - tudo home de respeito - se arrevoltemo com aquilo. Brinquedo tem hora, o senhor não acha?
- Acho sim, mas e aí? - insistiu o delegado.
- Pois, como lhe disse - prosseguiu o bolicheiro - nós se arrevoltemo. Saquemos os talher... E foi aí que começou a briga!"

Porto Alegre, nova de outubro.

quinta-feira, setembro 29, 2005

Existe uma máxima que não sei de quem é: um homem deve fazer três coisas na vida - plantar uma árvore, escrever um livro e ter um filho para sua existência ter sentido. Questiono-a as vezes, mas acho que tem um fundo se verdade. Não pela exatidão da letra, mas do princípio: de que devemos deixar nossa marca na história. Pensando dessa forma, creio que consegui algo de meus filhos vão se lembrar no futuro. O fato é que uma das minhas letras foi finalista de um festival e, portanto, está gravada em um CD. Isso me enche de orgulho, pois não somente eu participei desta conquista mais o cumpadre Marcador que estava junto tocando seu legüero. O disco sai em breve. E como tudo aconteceu tão rápido, só agora que me dei conta do fato e da dimensão disso tudo. E, por isso, queria deixar registrado aqui no Capando meus sinceros agradecimentos a todos que colaboraram: Geisa, excelente musicista que compôs aranjo e melodia, Casso guitarrero bueno, Vinicius companheiro de dessa e de tantas outras empreitadas e Renato por seu baixo que marcou, com certeza, o compasso da música como, também, o dos nossos corações. Muchas gracias hermanos e hasta la vuelta.

Porto Alegre, nova de setembro.

sexta-feira, setembro 16, 2005

Nuvem

O compasso marcado da chuva miúda no telhado de zinco, dava àquela manhã de junho um jeito dormido de inverno. No fogão à lenha as chamas já fracas, agora em brasa vermelha. Da cuia de mate saiam vapores que lembravam as nuvens do céu. A mão que a segurava era a mesma que trazia o palheiro apagado e na outra um graveto para revirar o braseiro. Chinelas nos pés, um ponchito roto que mal-e-mal o protegia do frio que entrava pelas frestas do rancho. Não prestava atenção ou berro do gado solto no pasto, nem ao cacarejar das galinhas no pátio de chão batido, ficava, assim, solito consigo a trançar lembranças e desatinos. Ronca o amargo, relincha o potrilho azulego e a cambona recostada no fogão chia, mais uma cuia e mais um tento de lembranças: nesses dias de não trabalhar quando era obrigado a montar guarda no rancho é que se sentia pequeno demais para tanta imensidão de campo, da vida, de lembranças... Acendido o palheiro é mais uma nuvem que sai, levando torrentes de pensamentos. Havia muitos motivos para desesperar, contudo preferia ficar ali sem tentar buscar resposta para tanta desventura. E se ele fosse uma nuvem também. Estaria agora n'algum canto do pago molhando o varzedo trazendo de volta aquilo que dele mesmo saiu, água. Queria ser nuvem e voar,voar para onde nem homem, tampouco bicho ele iria encontrar. E quem sabe, neste lugar, encontrar a paz que tanto sonhara.

Porto Alegre, nova de setembro.

domingo, setembro 11, 2005

De volta pra bailanta

Pôs, lhes falo patrícios depois de um mês sem postar já estava com coceira nos dedos. Agora de computador novo o Curador aqui vai voltar a chasquear mais seguidamente. Gracias por não nos terem abandonado. Para ustedes entonces um regalo. ESte música é do Chaqueño Paladecino.
Hasta patrícios.

La sin Corazon

Me tiene encadenado a su corazon de piedra,
de su indiferencia prisionero yo soy.
No hay jaula que la resista,
es pajaro libre al viento,
solita sin dueño siempre quiere volar.

Arisca como ninguna la sin corazon le llaman
como un picaflor revoloteando se escapa.

Bien sabe que es arroyito
y muero de sed por ella.
Su curso me aleja cuando pido su amor.

Como agua entre los dedos
se escapa de mi y se aleja.
Dejandome apenas gotas de su sabor.

Arisca como ninguna....

Porto Alegre, nova de setrembro.

quarta-feira, julho 20, 2005

Um Regalo

Para os patrícios um regalo depois de tanto tempo ausente.
Todos los dias um poco
León Gieco

Si una estrella más cayó
Este cielo llora
Si nadie reclama luna y luz
Este mar ya se secó.

Si un beso es uno más
Esta boca espera
Si una campana no suena
Ela silencio se durmió.

Llaman y llaman
Las flores al sol
Juegan y juegan
Todos los días al amor
Si o me llamás
Como hace la flor
Te iré olvidando
Todos los días un poco

Si otro árbol desnudó
El verano muere
Si nadie le exige al viento
Esta nube aqui paro.

Si un año más pasó
La vida es más corta
Si no sacudes al tiempo
Ni un intento queda en vos.


Porto Alegre, cheia de julho.

P.S. Que friozito bem bueno.

sábado, julho 02, 2005

Meus mais sinceros desejos

Aconteceu novamente: meu PC pifou e, por isso, patrícios, é que eu não tenho postado nos últimos dias. As novidades são poucas e boas o cumpadre Marcador casou-se ontem e Doña Camila espera, e eu garanto, um gurizito. Entonces, escrevo para dizer com o mais sincero desejo: que ustedes sejam mui felizes e que Dios os bendiga. Deixo este refrâo como homenagem singela deste amigo e irmão:

Mariano Luna nem cabia em seu sorriso
Tomou um mate e mais outro sem notar
Passou a mão sobre o ventre da sua prenda
E viu que o tempo tinha esperas para entregar
Toda poesia resumiu-se num abraço
E num silêncio igual a calma do rincão
Que se ouviu o campo alto de um barreiro,
Moldando rancho na janela d galpão.

Porto Alegre, nova de julho.

P.S. Que calor bem brabo!

domingo, junho 26, 2005

Insano

Sexta-feira foi aniversário da minha irmã. Até aí tudo bem, o problema é que a tal da festa foi em um bolicho chamado INSANO. Bueno, muita maguinhagem a bebida cara uma charla bem mais ou menos. Eu que fui de bombacha era o mais undergrond ali dentro. Mas foi para dar um parabéns atrasado e contar umas que outras que eu comecei a escrever, como o índio véio aqui anda sestroso nos últimos dias, me despeço. Quebra-costela patrícios.
Sei que o post não está lógico e nem reflexivo. Talvez seja efeito de sexta, ainda.

quarta-feira, junho 22, 2005

O "seu" São Borja

Buenas indiada,
despues de um tempo escrevinha, tamo aqui de novo bosteando. Mas antes forte quebra-costela, para os patricios Maneador, Castrador e Curador q faz tempo q não charlamos.
E não é que o cuiudo deu problema. Tava num trotear campeiro e engasgou. Tche, me apavorei, é véio mas é meu. Parceiro pra toda lida, fico esgualepado.
Bueno, me indicaram um veterinário para o cuiudo, o tal do "seu" São Borja. Lá pras estancias da Azenha... Um taura taludo, com uns bombachão dos tipo de lavras, largo uma barbaridade...me deu uma olhada, olhou para o cuiudo e disse : -é? tche te abanca no más, vai demorar para arrumar, enquanto isso bamo toma um mate...
Mas tche, especial de primeira, meu mecânico era lá da fronteira, gente boa cento porcento. Taura de valor... Um quebra-costela, "seu"sérgio são borja.
Quem quiser conhecer esta lenda viva do Rio Grande aqui em Porto Alegre, é só dá uma passada na Rua Prof.Freitas de Castro, 288, ali na estância da Azenha.
Marcador
P.s.: Cuiudo tá bem...um pouco lento, mas tá bem!

Festivais

Já fazem alguns dias que meu computador empeçou a não querer funcionar, desde então, deixei de postar. Embora tivesse algumas novidades para contar que ahora, nem mais novidades são, talvez história, mas quem gosta de história mesmo é o hermano Maneador deixo passar essa.
Bueno patrícios, durante toda a semana passada corri em função da faculdade e nesta semana as coisas já estão mais tranqüilas. Contudo o que eu queria charlar é sobre o programa que ouvi hoje na Rural: alguns músicos e interpretes dos festivais nativistas estavam discutindo sobre a renovação destes. Bueno, a prosa girou em torno de novas temáticas, de inserir novos contextos e da má qualidade das composições dos últimos tempos, o que é verdade. Sobre isso falávamos outro dia eu e o compadre Marcador, de como as composições, da linha campeira principalmente, eram vazias de conteúdo. Será que o campo é feito apenas de cavalo, estrivo e laço? Creio que não. Foi interessante o debate, ainda que um que outro participante advogasse em causa própria. Penso que o movimento dos festivais é muito importante para nossa cultura musical. E que a partir desse tão belo movimento, muitos acabam por conhecer a alma gaúcha, para então, apaixonarem-se por ela, por esse estilo de vida e jeitão de ser.

Porto Alegre, cheia de junho.

P.S. Finalmente o frio chegou!

domingo, junho 19, 2005

Maldita Maquina

Oigale, indiada. sinto muito informar aos patricios que meu computador não para de incomodar. Entoces, por isso que não estou postando. Gracias por não deixarem de nos visitar. Assim que ele ficar bom eu volto a produzir normalmente. Quebra-costela.
Porto alegre, nova de junho.

terça-feira, junho 07, 2005

Tormenta

"Maria, chama os guris que vem tormenta!" gritou Nicácio da porta do rancho para Maria que estava no pátio recolhendo a roupa. Ela voltou o olhar por cima do ombro e continuou sua tarefa despreocupadamente. O esposo, ao ver que mulher não dera importância para o seu conselho, saiu a procurar a gurizada. "Esses malevas! Devem estar por aí fazendo arte e eu aqui me importando com eles." Enquanto Nicácio campeava pelos filhos, uma barra negra e densa vinha mui ligeira do lado chovedor. "La pucha! Ou eu encotro logo esse piazedo, ou tomo essa chuva no lombo." Pensava contrariado. Preferia estar em casa meteando, onde já se viu ele o homem da casa ter que correr atrás dessa piralhada, o pior é que Maria nem fizera causo do que dissera. "Essa mulher!" "De uns tempos para cá finge que não me ouve. Primeiro aquelas rusguinhas por minhas idas ao comércio de carreira, agora esse silêncio que as vezes me tira do sério. Qualquer dia eu perco a paciência e, aí, ela vai ver o que é bom prá tosse." E o tempo véio fechando, tronando alto, fazendo da meia tarde, tardezinha. "Onde se meteram aquelas pragas!" "Quando é para ir à escola é aquela ladainha, mas pro retouço não tem ruim." Nicácio ia nesse passo, um pouco praguejava, outro pouco bombeava as nuvens gordas sobre sua cabeça. "O pior é que saí sem chapéu, agora essa maldita tormenta empeça e eu quero vê." "Fulano!, Betrano!" "Quem sabe quando eu voltar a mulher esteja mais mansa. Pode ser que até me regale com algum carinho por ter ido atrás dos guris." "Bah! Já faz um tempito que ela nem me olha. Se deita vira pro lado e pronto. E eu loco de brabo. Tenteio ainda algum carinho, mas a bicha faz que tá dormindo e fico chupando o dedo." De repente, um clarão dali a pouco um estrondo. "Esse foi perto!" "Melhor eu achar os piás loguito" Apertou o paço rumo ao capão, gotas pesadas e mornas já lhe batiam no rosto. Parou, chamou e nada dos filhos. "Já devem ter voltado pra casa, numa altura dessas." Vez meia volta e a trotezito garrou o rumo do rancho. "De hoje a Maria não passa, ou ela cumpre com seu papel de esposa, ou me mudo pra zona." Por um instante parou, silente, e reparou na bobagem que pensara. Onde já se viu ele um homem de bem ir morar na zona...
Quando chegou perto da morada, os meninos já estavam coma mãe à porta. Entrou, cabeça baixa, tirou a roupa encharcada tomou um trago e foi se deitar. Enquanto, lá fora a tormenta já tinha cruzado e, agora, uma chuva mansinha caia.

Porto Alegre, minguante de junho.

domingo, junho 05, 2005

RANCHO QUE A ÁGUA LEVOU

No rastro da boieira
Fiz estradas pro coração
Ergui despassito o rancho
De "santa fé" e ilusão
Fui juntando a gadaria
Lombilhado no gateado
De erva buena cevei mate
Pra tomar bem sossegado
De manhã o quero-quero
Clarinando a alvorada
À noite o chiar da cambona
Pra aquecer a madrugada
Vida buenacha de campo
De rotinas tão serenas
E o meu sorriso estampado
No lustre das minhas chilenas
Tempestade deu no campo
Quando eu menos esperava
Água sem pedir licença
Levou tudo que eu prezava
E eu que me tinha por taura
Me vi berrando feito guacho
Implorei, realidade nova,
Ali dobrou-se o meu penacho
Foi um grito dado ao vento
Retumbando na imensidão
Como que pedindo vaza
No rodeio da solidão
Tentei domar as lágrimas
Envidei mas perdi de mão
O choro desembretou-se
Por não ver mais solução
E o rastro daquela boieira
Há muito em mim se apagou
Hay quem fale de esperança
Mas a mim, ninguém falou
Eu sou mais um desgarrado
Campeando a tal felicidade
Por favor, alguém me diga
Se ela existe de verdade!

Porto Alegre, minguante de junho.

P.S. Se alguém souber onde se escondeu frio por favor me avisa.

quinta-feira, junho 02, 2005

Herança

De que o gaúcho é nostálgico ninguém tem dúvida alguma, mas não se trata de um sentimento ruim que nos fixa no passado fazendo-nos esquecidos do presente e deleixados do futuro. Antes é saudade e fundamento de quem somos e, portanto, não se trata apenas de nostalgia, mas herança, saudosa e feliz herança. Creio que Silva Rillo em seu poema Herança retrata, melhor do que eu, esse sentimento. Por isso transcrevo abaixo um fragmento seu para deleite dos patrícios:

Por isso um berro de boi nos toca tanto
e tão profundamente.
Por isso somos guardiões de casas velhas,
almas de sesmarias e de estâncias,
paredes que suportam seus retratos.

O músculo do boi na força que nos leva.
A barba dos avós como um selo no queixo.
O doce das avós na memória da boca
e nela este responso:

- Naqueles tempos, sim, naqueles tempos...

Porto Alegre, minguante de junho.

terça-feira, maio 31, 2005

Entono de Taita

Patrícios, o tempo por cá anda escasseando, a escapar por entre os dedos, como areia a fugir por seus vãos. É o trabalho daqui, estágio de lá e a vida acaba se transformando numa corrida para um destino que ainda não sei o final. Digo isso porque nesse muito fazer, acabo por tornar o lida irrefletida. Ando quase embuçalado tocado para um lado e outro pelo patrão chamado ativismo. Cuê pucha! Que saudade da campanha, dos tempos onde entre as tarefas sempre tinha um mate, uma prosa. Agora o que faço é botar o buçal, sentar em frente a máquina e tocar ficha. O pior patrícios é que esse estado gera insensibilidade fazendo do mundo, da vida, teclas, programas e labor sem serventia. Ando ensimesmado com isso. Até do Capando, meu local de reflexão, ando desleixado. Contudo, não frouxo o garão e sigo tocando cavalo e quando me percebo embuçalar, redomoneio num entono de taita querendo ser livre, pelo menos para sonhar.

Porto Alegre, minguante de maio.

P.S. Abraço para os cumpadres Maneador, Castrador e Marcador què Dios os bendiga hermanos.

sábado, maio 21, 2005

Já sinto saudade

Hoje um dos comodos aqui de casa ficou vazio. Hoje uma voz calou-se dentro do meu rancho. Meu companheiro Quincas partiu, deixando um silêncio que não sei se vou acustumar. Não sei o que vou fazer nas manhãs quando cevo o mate e não mais ouvirei sua alegria manheira. Se foi, não porque quisesse, mas partiu. A mim ficou o sentimento de tristeza de pelo menos poder ter dito adeus, ou um hasta luego hermano. Imagino que esteja em um lugar mui lindo com campo, aguada farta e lindas manhãs de sol. Quem conheceu o Quincas sabe do que falo. Até um dia amigo em que nos escontraremos e, de novo, vou oyir tuyo cantar. Hasta luego.

Porto Alegre, nova de maio.

domingo, maio 15, 2005

Buenas Muchachos



Sou que nem um desses parentes que moram nalgum rincão distante. Quase nunca aparecem, mas quando dão as caras, sempre trazem algum agrado, uma lembrança, um mimo, como chamavam antigamente, como que para compensar a desfeita de não estar sempre presente, ou mesmo para se fazer sempre presente através do objeto.
Nesse aniversário do Capando, presenteio tanto os amigos e patrícios que nos visitam assim como aos compadres e hermanos desse blog.

Aqui está, entonce, para todos que se apetecem, mais um papel de parede do blog mais campeiro desse universo e de todos os outros.
Basta clicar na imagem acima, baixar a imagem grandota que aparecer, e usá-la para enfeitar o fundo de tela do seu PC ou Macintosh (fica mais bonita no Mac, mas é a vida). Pronto, teu computador está prá lá de macanudo! Pode chamar seus amigos para ficarem admirando juntos a tela do seu PC. Se não baixasse o Wallpaper da faca ainda, entonces aproveita agora, clique na imagem ao lado e complete a sua coleção!

Nessa época de desarmamento, casamento homoafetivo e outras frescuralhadas más, sempre é bom homenagear a velha amiga do gaúcho, que junto da adaga e da faca, foi a ferramenta com que se desenharam as fronteiras desse nosso chão. Esse singelo trabuco, fotografado em uma estância perto da divisa com o Uruguai, foi o sinal de alerta que avisava para muitos "hermanos orientales" que: "Daqui tu não passa vivente!" E assim foi sendo desenhando as tais fronteiras, que na prática impediram que se falasse espalhol nessa terra de Deus.

Que esse governo tome então vergonha na cara e deixe de querer assento na ONU em troca de objetos tão queridos e importantes para a soberania nacional.
Que reine a pistola na cintura, a faca na guaiaca, e o gaúcho no pampa!

Feliz um ano de vida, Capando Touro a Unha

sábado, maio 14, 2005

Um dia, dois sentimentos

Hoje é um dia de muita alegria para nós do Capando, há um ano que estamos no ar. Isso não é coisa pouca, julgando que os blogs na internet têm dois ou três meses de vida em média. São três mil e pico de visitas, muitos chasques, muitos amigos, que só não nomeio por que ia ser um post por demais de cumprido.
Patrícios ao mesmo tempo que estamos pra lá de faceiros, doe-nos o peito, pois hoje é aniversário de falecimento de nosso saldoso César Passarinho.
São, portanto, dois os sentimento que nos tomam neste dia e acho que ele bem ilustrou o que senti. Começou ensolarado quente e agradável; para findar nublado, mormacento e triste.
Felizes e nostálcos nos despedimos.
Até o próximo se Deus quiser.

Porto Alegre, nova de maio.

quarta-feira, maio 11, 2005

O gaúcho, ao SUL

Neste ano que passou por diversas vezes tentei perscrutar a alma do gaúcho, tentando saber dos seus sonhos, suas angústias e outros temas que pensava serem relevantes. Embora muitos na academia tentem dizer que o gaúcho como tal é concebido não passa de um conceito mítico. Citam, por exemplo, Cyro Martins e sua "triologia do gaúcho a pé" Érico Veríssimo e o seu conhecido romance "O tempo e o vento" como expressões dessa demitologização. O fato é que existem idealizações do gaúcho, de seus valores e da sua identidade, mas esse não é padrão que adotei durante o decurso deste ano. Intentei examinar minha identidade, primeiramente, para depois traçar um paralelo com as dos meus patrícios. Como não me concebo sendo um ser mítico, nem tão pouco um ideal percebo que a tarefa foi um tanto histórica, quanto real. Dizer que o gaúcho se descaracterizou por morar nas cidades é uma falácia, argumentar que as tradições e a cultura são produtos dela, também é uma inverdade. O fato é que nossa personalidade foi formada por fatores externos e internos: a situação de fronteira, a economia voltada para o modelo agropastoril, a imigração de livre (alemães, italianos, polacos entre outros) e a cativa (africanos principalmente), nosso forte vínculo com a América Latina, todos esses fatores foram formadores importantes dos fundamentos gaúchos. Daí dizer que o gaúcho perdeu sua identidade não pode ser possível. Mesmo aqueles que não tiveram suas vidas ligadas ao campo foram influenciados por ele, ainda que não sejam descendentes de imigrantes tiveram marcas da imigração. Por isso é que são nossos fundamentos. Não estou de forma alguma fazendo nenhum tipo de apologia a uma raça superior, apenas destacando nossas singularidades. Desses fatos expostos de forma bastante sintética concluo que o gaúcho existe, é real. Cabe ainda refletir sobre as idealizações do gaúcho, mas isso é matéria para outro post.

Porto Alegre, nova de maio.

sábado, maio 07, 2005

Daqui uma semana, um ano

Buenas patrícios, parece que foi ontem que num domingo, de borracheira bárbara, três índios tacos resolveram empeçar um blog mui vaqueano. Assim nasceu o Capando. Esse não é o post que comemora essa data mui importante é apenas para preparar os patrícios.

Mudando de saco para mala, intentei de colocar na nossa comunidade no yogurte de fazer uma festança dos amigos do Capando. Sabe como é tudo é motivo para carne gorda e bailanta. Entonces, se agradar dos patrícios, que vivem em POA, de fazer tal bochincho que mandem um chasque.

No mais, ando tocando cavalo e a dê-lhe xote e dê-lhe trago a moda antiga até o dia clarear.

Porto Alegre, nova de maio.

Mas tche!

Bueno, despues de muito tempo sem bostea..tamos ai de novo.
Muito água correu debaixo da ponte...muito peleia se originou, cagamo muito indio a bala...mas é aquela história não tá morto quem peleia. Viva o Rio Grande do Sul, Viva a Revolução Farroupilha e pela ´Glória do Deus altissimo.
Quebra-costela a todos, repito tamos aí de novo, isto é vortemô!
Marcador

quinta-feira, abril 21, 2005

Num repente

Bueno, se foi a semana, o mês e o inverno vem assobiando a trotezito.
E quando se vive na cidade não se consegue perceber muito bem esse cambiar das estações e até do tempo. Esse é sempre urgente e imediato todo mundo correndo atrás dele e ele, por cabuloso, é quem corre deatrás dessa gentarama. Das estações nem se fala, o frio nunca é frio o suficiente e o calor sempre é demais, o porquê disso deixo para os meteorologistas explicarem. Mas, o que me impressiona é que num repente, no cair da folha do calendário se fez outono, já faz uns dias, nem pude contemplar as folhas amarelidas do cinamomo, as laranjas e bergamotas madurando... Cuê pucha! Tem coisas que a cidade me tirou e eu não consigo esquecer.
Porto Alegre, nova de abril.

sexta-feira, abril 08, 2005

Horas Silentes

Buenas patrícios. Ando meio relaxado com o Capando nos últimos tempos. Não é por falta de assunto, tampouco, porque este tenha deixado de ser uma das minhas alegrias. Ao certo não sei explicar exatamente o que está acontecendo, talvez esteja passando pelo mesmo problema que assolou o Érico, comparações à parte, eu acho que este tempo de silêncio possa ser um estado do espírito. É como quando no rancho ficamos bombeando de um lado para o outro para tentar encontrar o que fazer. Ou, quando, no alto de uma coxilha, numa mirada para o poente paramos sestrosos, tamanha a beleza da criação. Há ainda aqueles momentos de solitude e silêncio, na hora do mate, quando a única prosa que empeçamos é conosco mesmos. Hermanos, hay que endurecer, mas perder a ternura jamais. Esses espaços silentes são quando paro e sovo o lombilho recém comprado. No começo incomoda, contudo depois fica de mi flor e as idéias são assim: quando nascem dentro do peito demoram para tomar cancha. Penso que seja isso, tenho muitas delas querendo romper o alambrado. Por enquanto, fico madurando as que tenho comigo, para um dia talvez as escrever.

Porto Alegre, nova de abril

domingo, abril 03, 2005

Hasta Luego!

Ontem se foi rumo a estância do Céu, onde provavelmente o Patrão de nosotros todos estava a espera com um mate cevado, João Paulo II. Sentimos muito e nossa prece a Deus é de que ele console a todos os nossos irmãos e irmãs no mundo todo. Um grande líder, embora imperfeito, que soube unir a sabedoria à devoção, só pode ser admirado. Em nome do Capando fica esta singela homenagem a este homem. Hasta luego hermano!

Porto Alegre, minguante de abril.

quinta-feira, março 24, 2005

Rancho

A luz da lua que entrava pelas frestas das paredes do rancho fazia enxergar o escasso mobiliário: uma mesa, dois mochinhos, algumas panelas de ferro e um chaleira enegrecida pela fuligem. Tudo era silêncio e calma, e a noite a desfiar sua cantilena. O teto de zinco com remendos aqui e ali que se tornavam goteiras nos dias de enxurrada. Porta e janelas rudes, sem pinturas e uma pequena varanda onde se viam estendidos sobre o cavalete as encilhas. Aquela morada simples abrigava seus segredos revelados em coplas embaladas ao assobiar do Minuano. Quando o frio era intenso seus esteios de curunilha pareciam tiritar acompanhando os de que nela viviam e, em tempo de ressolana, suavam sob o calor agreste. O ranchinho vira gerações inteiras nascerem e morrem como se o tempo, que castigava suas juntas e caibros, não era o mesmo daqueles. Amores, discórdias, guerras e revoluções todas as histórias contadas nas paredes furadas de bala. Embora as intempéries sobrevivera sereno, mas firme. A paisagem a sua volta cambiou, antes o que era apenas campo, ovelhas, gado e viventes; agora tomado por roncos, buzinas... Foi numa manhã de março que chegou-se junto dele a maior carroça que já vira, sem cavalos, mas fazendo um barulhão infernal. Dela apearam quatro qüeras, armados de pés de cabra e maretas. Não pode entender, de primeiro, no entanto quando lhe arrancaram uma das tábuas soube a que passava. Enquanto era consumido pela fúria de quatro covardes, mirava, pela derradeira vez, a pampa não esta que se fazia agora, mas aquela outra que sempre nas noites de lua lembrava a suspirar.

Porto Alegre, nova de março.

domingo, março 20, 2005

Feliz Cumpleaños!!!

"Pra conhecer gente buena,
Sempre fui muito sortudo
E dentre os amigos que tenho
Tem um flor de macanudo
E o grande Castrador
Índio véio muy taluto
A quem dou meu coração
com tripa, mondongo e tudo"

Què Dios te bendiga, què tujos años sejam muchos nesta pampa que é nuestra.

Quebra-costela.

Euclides da Cunha


"O gaúcho do sul, ao encontrá-lo nesse instante, sobreolhá-lo-ia comiserado." É assim que Euclides da Cunha começa seu relato sobre este habitante do Sul no seu livros Os Sertões.
"As suas vestes são um traje de festa, ante a vestimenta rústica do vaqueiro. As bombachas , adrede talhadas para a movimentação fácil sobre os baguais, no galope fechado ou no corcovear raivoso, (...) O seu poncho vistoso jamais fica perdido, embaraçado nos esgalhos das árvores garrachentas. E, rompendo pelas coxilhas, arrebatadamente na ,archa do redomão desensodrido, calçando as largas botas russilhonas, em que retinem as rosetas das esporas de prata; lenço de seda , encarnado, ao pescoço; coberto pelo sombreiro de enormes abas flexíveis e tendo à cinta, rebrilhando, presas pela guaiaca, a pistola e a faca ? é um vitorioso jovial e forte. O cavalo, sócio inseparável desta existência algo romanesca, é quase objeto de luxo. Demonstra-o arreamento complicado e espetaculoso. O gaúcho andrajoso sobre um pingo bem aperado, está decente, está corretíssimo. Pode atravessar sem vexames os vilarejos em festa."
Bueno, o texto deixa algumas coisas em suspenso, mas é belo apesar disso.

Porto Alegre, nova de março.

quarta-feira, março 16, 2005

Bueno, hoje o dia foi bastante atípico. Não por causa do tempo que alternou períodos de sol e chuvisqueiro. Tampouco pelas notícias que os periódicos trouxeram nas suas páginas. Foi diferentes por minha causa, somente. Empecei o dia sestroso e desesperançado e ao seu final já estava como em dia claro, como o clima.

Na semana passada fiz uma entrevista de estágio em uma editora aqui de Porto Alegre. A resposta, desta, deveria vir na segunda e não veio, então, já pensava que o negócio ia gorar. Mas apesar do meu pessimismo hoje recebi a resposta positiva e amanhã a lida começa. Para mim o trabalho vai ser bastante proveitoso por que é uma área que eu tencionava conhecer, a revisão de textos. Então patrícios, a partir de amanhã sou assistente de revisão.
No mais, ando tocando cavalo.

Porto Alegre, nova de março.

quinta-feira, março 10, 2005

Lua Nova

Se os patrícios ainda não perceberam mesmo não sendo lua nova eu insisto que seja. Como assim!? É que embora as fases da lua tenham seu ciclo normal continuo a camperiar na nova. No breu da noite escura, onde não se vê um palmo diante dos olhos, tenteando encontrar algum ponto onde me guiar no rumo pras casa. Meu lubuno vai sestroso pisando que nem passarinho, orelha erguidas e olhar atento. Desde que a lua se foi a noite é sempre assim e parece que nunca irei chegar ao meu destino. Vez por outra cerro os olhos e vejo a lua clara, redonda no céu como que num aceno, então encho o peito de esperança e me ponho a trotear. Quando vem a alvorada percebo que não sai do lugar, que estive a noite toda a vagar sem chegar a lugar algum. Então é hora de parar desencilhar e descansar. Para outra noite que vai chegar, quando quem sabe a lua não esteja nova, mas cheia e bela como eu a conheci.

Porto Alegre, nova de março.

quarta-feira, março 09, 2005

Cantiga

A busca por uma cantiga de ninar que seja conveniente para o meu guri chega finalmente ao seu fim. Depois de uma repassada pelo cancioneiro nacional, de ver cucas e bois da cara preta, me recordei que em minhas lembranças de infância tinha uma música que era sido de especial significado para mim, me lembrei dessa excelente canção que, antes de mais nada, vai lembrar ao Caleb uma das melhores coisa que Deus, ja ao nascer, lhe presenteou. O privilégio de ter nascido Gaúcho.

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Céu, Sol, Sul, Terra e Cor

Eu quero andar nas coxilhas sentindo as flexilhas das ervas do chão
Ter os pés roseteados de campo ficar mais trigueiro que o sol de verão
Fazer versos cantando as belezas desta natureza sem par
E mostrar para quem quiser ver um lugar pra viver sem chorar

(É o meu Rio Grande do Sul Céu, sol, sul, terra e cor Onde tudo que se planta cresce E o que mais floresce é o amor)

Eu quero me banhar nas fontes e olhar o horizonte com Deus
E sentir que as cantigas nativas continuam vivas para os filhos meus
Ver os campos florindo e crianças sorrindo felizes a cantar
E mostrar para quem quiser ver um lugar pra viver sem chorar

(É o meu Rio Grande do Sul Céu, sol, sul, terra e cor Onde tudo que se planta cresce E o que mais floresce é o amor)
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O Guri aprovou

Dia Internacional da Mulher

Bueno, eu sei que o post está atrasado, mas é que eu não poderia deixar de fazer referência a esta data importante. Nào é para ser politicamente correto e tão pouco para apenas constar, a verdade é que nossas prendas são parte de nossas vidas e por isso, não só por isso, merecem nosso muchas gracias. Deixo para todas as mulheres que visitam o Capando os belos versos do tio Nico Fagunde: "Mulher Gaúcha".

Bendita mulher gaúchaque sabe amar e querer!
Esposa e mãe, noiva e amante que espera o guasca distante
e acaba por compreenderque a vida é um poço de mágoa
onde cada pingo d'águasó faz sofrer e sofrer.

Porto Alegre, nova de março.

terça-feira, março 08, 2005

Compadres

Têm coisas que são do meu agrado e creio que também sejam dos meus patrícios. Ontem pude ter uma destas coisas: estar com meus compadres, Maneador e o Castrador. Prosa buena, um baita fejão carregado que o Castrador preparou e uma gelada. Estar com estes amigaços é para lá de especial, é pena que nem sempre nos encontremos. É pena também que o compadre Marcador não esteve presente. Parece-me que nossas reuniões já estão plantando semente, é o pequeno Caleb que esteve conosco, mui atento as figuraças que o cercavam naquela tardezita de Domingo. Aos meus compadre um quebra-costela .

Porto Alegre, nova de março.

sábado, março 05, 2005

Gaúcho pelo Mundo


Sexta-feira ouvi na Rural o Luiz Antonio de Assis Brasil falando sobre a literatura gaúcha em terras estrangeira. Esse grande escritor, assim como o Tabajara Ruas e o Luis Fernando Veríssimo têm vendido muito bem na Europa, o curioso é que os dois primeiros escrevem uma literatura extremamente regionalista. Com vocabulário, temas, costumes e cenários bem gaúchos. Não me surpreende o fato de nossa literatura ser apreciada nestes lugares, mas sim, que nossos autores pensem assim. Em um mundo sem fronteira aqueles que preservam sua identidade são sempre admirados, por aqueles que já perderam as suas há tantos anos. S e os patrícios não conhecem, ainda, a obra destes autores recomendo.

Porto Alegre, nova de março.

sexta-feira, março 04, 2005

Saudade Sotreta

Buenas patrícios, tenho que confessar uma coisa: essa semana ando encimesmado. O que passa e que minha Florecita teve que voltar para a cidade do Rio Grande, e eu cá fiquei em Porto Alegre. O pior de tudo é a maldita distância. Ando já vesgo de saudade, loco por um abraço e um cheiro. À minha Florecita que está em Rio Grande meu coração, minha saudade, meu pensamento... Até breve.

Porto Alegre, nova de março

quarta-feira, fevereiro 23, 2005

Patrícios, minha vontade era de dar uma de Maneador - saudar a todos, e mandar aquele quebra-costela - também pudera, com as novidades escassiando e o ritmo dos posts mais ainda, sinto que não desenvolvo como antigamente os temas que proponho. Quando disse que não tenho novidades me esqueço de duas coisas: a primeira é que já estou de casa nova, e que indiada uma manhã inteira carregando a mudança, a outra é que a comunidade do Capando no Ingurte já conta com 35 viventes e a cada dia mais patrícios se juntam a essa tão profícua comunidade... Bueno, quando não tem o que se dizer acabasse por dizer nada, ou melhor, acolherar uma monte de letras e não fazer nem cisco. Acho que a seca que assola o estado tem me assolado as idéias, pode ser. Entonces, fico por aqui.

Porto Alegre, crescente de fevereiro.

domingo, fevereiro 13, 2005

Martin Fierro

Aquí me pongo a cantar
Al compás de la vigüela,
Que el hombre que lo desvela
Una pena estraordinaria
Como la ave solitaria
Con el cantar se consuela.
Pido a los Santos del Cielo
Que ayuden mi pensamiento;
Les pido en este momento
Que voy a cantar mi historia
Me refresquen la memoria
Y aclaren mi entendimiento.

Vengan Santos milagrosos,
Vengan todos en mi ayuda,
Que la lengua se me añuda
Y se me turba la vista;
Pido a Dios que me asista
En una ocasión tan ruda.


Este épico latino americano está disponível no site: wwww.literatura.org. Cuzem lá e regalem-se com este belo livro.

Porto Alegre, nova de fevereiro.

sexta-feira, fevereiro 11, 2005

Mudança

Enfim, hoje, consegui encontrar um novo rancho para morar. Não tão novo porque é no mesmo prédio, na mesma rua... só não é no mesmo andar. Troteei uma barbaridade para vir cair no mesmo lugar. Pareço até uma rês atolada que chafurda no banhadal e nada de sair do lugar. Os problemas serão menores com a mudança, contrato... e nem vou precisar me acostumar com nova vizinhança - aliás este que tenho nem conheço muito bem - sendo assim, nada mudou, embora tenha mudado de rancho. E é isso que mais preocupa. Sabe quando antes de um temporal o vento para e parece que a tormenta não vem, é esse o problema, estou esperando a dias a tormenta e ela não vem. Porque se já tivesse vindo, agora, estaria em bonança. Mas como ela não veio ainda, fico bombeando pras bandas dos castilhanos pra ver se o tempito se enfeia. Además, continuo tocando essa vidinha que é minha e é só pro meu consumo, como já disse o poeta.

Porto Alegre, nova de fevereiro.

quarta-feira, fevereiro 09, 2005

Aos Amigos

Paisagens Perdidas

Jayme Caetano Braun

A tarde recolhe o manto,
carqueja e caraguatá;
na corticeira um sabiá
floreia o último canto!
Alargando o gargarejo,
da sanga que se desmancha,
há um eco pedindo cancha
no primitivo falquejo!

A lua nasce num beijo,
prateando o lombo do cerro
e um grilo acorda um cincerro,
do meu retiro de andejo!

Paisagens de campo e alma
perdidas no vem e vai,
soluços do Uruguai
que bebe lua e se acalma:
a noite passa à mão salva,
com ela vem a saudade,
olfateando a claridade
das brasas da Estrela D?Alva!

Nascem rugas no semblante,
paisagens da natureza
que a força da correnteza
não pode levar por diante;
então exige que eu cante
quando me encontro desperto,
mas sempre que chego perto
meu sonho está mais distante!

Paisagens de sombra e luz,
como é que pude perdê-las?
Ficaram as 5 estrelas
fazendo o ? sinal da cruz ? !

Esta eu dedico aos amigos Renato, Leda, Camila e Jorge pela excelente acolhida no finl de semana. Quebra-costela patrícios, mil gracias.


Porto Alegre, nova de fevereiro.


quarta-feira, fevereiro 02, 2005

Ser Potro

Ficou somente um esteio em meio a cinzas e fumaça. O incêndio destruiu todo o rancho e o pobre Juca, parado mirando o triste quadro, sentiu-se muito mais invalido, cocho e velho. Por não poder fazer nada enquanto o fogo crepitava, matando toda as lembranças que o rancho guardava. Quem podia pensar que coronel Belarmino tomaria tal atitude para com ele, posteiro há décadas, pensava num repente. Contudo, o mesmo coronel que muitas vezes pedira-lhe favores, que fora padrinho dos guris, que fizera a desgraça da Marianita... era o mesmo homem que mandara incendiar o rancho desde qüera, que num jeito de velho umbu, trancara o pé no momento em que foi mandado embora. Maldito Belarmino! Maldita justiça, que não cobra do rico e faz com que o pobre viva solito peleiando pra sobreviver. O fumo que levantava do que fora rancho, misturava-se com o vapor que levantava da grama naquela manhã que nascia. E o velho Juca cansado da vida, da sua desgraça sonhava pensando um futuro melhor. Onde ele seria um potro solto num campo sem aramado, sem marca, nem dono, correndo faceiro por plainos e cainhadas livre de verdade. Pensava que somente se nascesse potro poderia viver tal liberdade, pois aos homens foi legado um jugo de obediência servil ao patrão chamado Ganância. Sendo potro não haveria esta herança, esta desgraça. Lembrava-se direitito quando na madrugada seis soros chegaram de madrugada, num galope louco, atearam fogo nos quatro cantos do rancho e se bandearam pros lados do povo tão depressa quanto chegaram. Depois disso só lhe vinha a memória o momento em que o telhado desabou e ele, sem saber como, estava de pé bombeando tudo do lado de fora. Será favor de nosso Senhor!? Ou o destino que lhe dera cancha!? Quem sabe? E a fumaça e o vapor continuam subindo para um céu azul que negaceou para Seu Juca melhor sorte nesta vida e ele que só queria ser potro continua a ter dono, marca e buçal.


Porto Alegre, cheia de fevereiro.

segunda-feira, janeiro 31, 2005

Bueno patrícios, desde que eu cheguei aqui em Porto Alegre não postei ainda. Tudo porque estou a procurar um ranchito novo para morar. É que o infeliz do aluguel do lugar aonde eu moro passou a ser caro demais para meu soldo. Outro motivo, talvez, seja que ando meio enferrujado por não ter me dedicado tanto ao Capando como deveria. Desculpas esfarrapadas à parte, cruzei pra deixar este pequeno chasque e desejar aos patrícios uma semana macanuda.

P.S. Hoje vi um programa, acho que no SBT, com intenções tradicionalistas e penso que ele não passou mesmo das inteções, porque os novos talentos que eles apresentaram de novo só tinham o nome e o apresentador que deve pensar que para ser gaúcho, capeiro e preciso cometer erros de pronúcia e gramatica da nossa língua . É pena que se façam tantas coisas aqui no estado, nas coxas ao invés de produzir algo um pouco mais aleborado. Fica o meu sentimento e protesto.

Porto Alegre, cheia de janeiro.

domingo, janeiro 23, 2005

Final de Férias

Pois é patrícios, as férias terminaram. Duas semanas de carne gorda, sol quente e muita coisa para não fazer. Sentado na sombra tomando mate, prosiando com a minha Florecita os dias passaram num Vu. Agora a correria começa de novo, o pior não é nem a correria é a cidade grande. Fumaça, ambulâncias, assaltos uma beleza. Pra trás hoje vou deixar mais uma vez o meu interior, o que faço grande pesar. A minha família, meus avós e pais e a carne de ovelha a sete reias o quilo, tudo isso vai ficar. Mas e preciso seguir minha sina entonces, ao meu interior eu digo: hasta la vuelta!

Três de Maio, cheia de janeiro.

quinta-feira, janeiro 13, 2005

Bueno patrícios, já é sabido de todos com que ressalva eu encaro esse movimento chamado tchê music. Este que tem tomado conta de nossos salões de fandango e que tem cativado muito patrícios deste rincão. Quanto a mim, enquanto eles tocavam: "pega na colher e vai mexendo o panelão" ou " a gang da vaneira chegou"? eu ainda fazia vistas grossas e pensava que, por ser um modismo, este movimento não duraria e logo a campanha tornaria a ser o que era antes. Mas hoje eu ouvi o cumulo do absurdo! Estes animais transformaram uma das músicas da banda Cidade Negra ? Amor igual ao teu ? em vaneira ou algo da espécie. Pouco me importa se esse pessoal usa bombacha estreita, se usa brinco, guitarra elétrica ou bateria eletrônica, aliás não me importo com esse movimento por ser supérfluo e de pouco fundamento. Agora além de transformarem a música de fandango em um punhado de banalidades querem importar bobagens alheias. Daqui a pouco vamos cantar as letras dos grupos de axé e funk em nossos CTGs tudo com uma "nova roupagem". Alguns dizem que temos que modernizar, ampliar horizontes e estarmos abertos a novas experiências. Isso é coisa de fresco! Cantamos a décadas as coisas aqui do pago e o tema não se extinguiu, existem festivais quase que quinzenais por todo o estado e isso sem falar nas centenas de cds lançados todos os meses onde se vê que o tema não precisa de um "nova roupagem". "Falsos tchês estrangeirismos desprovidos de raiz" me lembrei desses verso que resume bem o que é esse movimento. Termino como já terminei alguns posts aqui, om os versos do D. Jaime: "não vou matar meus avós para ficar de bem com os netos"

Três de Maio, nova de janeiro.

quarta-feira, janeiro 12, 2005

Cheguei hoje em Três de Maio, serão duas semanas respirando os ares do interior. É sempre bom voltar a terra onde se nasceu e passou a maior parte da sua vida. Os prédios e os lugares são cheios de lembranças: naquela esquina jogava-se bolita, naquela outra era onde capeávamos namoro, a escola quantas lembranças e o campo de futebol. Parece que enquanto caminho por essas ruas que minha infância não está tão distante de mim. Que meus amigos - agora espalhados por esse mundo véio - ainda estão na suas casas esperando a hora em que poderemos brincar. Nem todas as memórias daqui são boas, assim como nem todos os reencontros são bem quistos, mas essa são as que moram mais longe de mim e que não visito tão seguidamente. Serão duas semanas andando por ruas que me viram crescer, vendo pessoas que me viram crescer e lembrando de um tempo em que não pensava outra coisa, a não ser, crescer. Hoje bombeio o passado e penso que talvez crescer não fora a melhor opção, mas como essa é inevitável, vivo galopeando rumo ao horizonte certo que depois deste, há outros e mais outro que não me fazem, de maneira alguma, esquecer do primeiro.

Três de Maio, nova de janeiro.

sábado, janeiro 08, 2005

Só para informar...

Hoje me presenteou com sua visita o cumpadre Maneador, estamos churrasquenado, falando da vida alheia e tomando umas que ninguém é de ferro. Para nos puxar as rédeas e não deixar a cosa garra pra borracheira a minha Florecita stay acá. Para todos os patrícios nosso abraço e um buenaço final de semana e para o restante dos cumpadres do Capando uma baita quebra costela'
Hasta.

Porto Alegre, nova de janeiro.

quinta-feira, janeiro 06, 2005

La luna

Patrícios, já faz alguns dias que não posto nada no Capando é que a seca que assola o sul do continente também, ao que parece, bateu nas idéias. As novidades são poucas e não muito boas e talvez por isso não as queira contar para ustedes.
Sei que é mais difícil escrever quando se perde o ritmo de produção, principalmente eu que escrevia posts diários, mas para empeçar esta lida basta organizar uma ponchada de idéias e botá-las acolheradas aí no blogue. Quem lê o Capando há mais tempo sabe que as coisas ali variam, mais ou menos, como as estações do ano ou como as fazes da lua. Isso tem lá os seus benefícios, contudo nem sempre se consegue ser constante este cambiar de las lunas. Penso que já faz um tempo que a lua é nova: escura, monótona e triste por estas bandas. E me pego as vezes pensando; porque não mudar!? Ora, se fosse tão fácil alterar as coisas nesta vida, a vida não seria vida, seria - como diz o Maneador - um pacote de quisuco. Mas o lua nova tem de passar, assim como passam as tempestades e as estações das secas, e quando chegar este dia será mui bueno. E enquanto espero preparo as coisas para quando este dia vier. É como se guardasse um par de botas ansiando pelo dia do baile onde iria calça-las, ou aquele baú cheio de bugigangas que não se usa normalmente, mas que se tira o pó e da uma mirada de quando em quando para no momento certo não falharem ou estarem estragadas. Assim então espero que a lua cheia chegue de novo no meu rancho. Trago a guitarra bem afinada e o mate sempre novo, para que quando ela chegar se sinta em casa e queira se aquerenciar. E, quem sabe, de tão faceira convide as estrelas para por aqui também ficar. E sempre haverá lua, e estrelas, e milongas numa noite eterna feita somente para cantar e sonhar.
Porto Alegre, minguante de janeiro de 05.