Bueno, patrícios não vou fazer nenhuma retrospectiva do ano, ou coisa parecida. Simplesmente, porque passou: desencilhado, o cavalo velho é largado no campo pra que passe seus últimos instantes a pastar...
Cruzei por cá somente para desejar a toda família Capando Touro a Unha, ficou bonito isso, um FELIZ ANO NOVO e, como diz o cumpadre maneador, sucesso na carreira...
Porto Alegre, nova de dazembro.
Blogue grosso e taura uma barbaridade. Nele, além de cultura, literatura, música, payadas, vão nossos chasques e peçuelos. Reflexões feitas à beira dum fogo de chão escritas por quatro queras arinconados em Porto Alegre: Maneador, Castrador, Curador e Marcador.
domingo, dezembro 31, 2006
terça-feira, dezembro 19, 2006
O que ocorre no Rio Grande do Sul parece estar indicando que, atualmente, para os gaúchos, só se chega a ser nacional através do regional, ou seja, para eles só é possível ser brasileiro sendo gaúcho antes. A identidade gaúcha é atualmente resposta não mais nos termos da tradição farroupilha, mas enquanto expressão de uma distinção cultural em um país onde os meios de comunicação de massa tendem a homogeneizar a sociedade culturalmente a partir de padrões muitas vezes oriundos da zona sul do Rio de Janeiro. (Ruben Oliven, A Parte e o Todo: A Diversidade Cultural no Brasil Nação. p. 128)
domingo, dezembro 17, 2006
quinta-feira, novembro 23, 2006
Mas não é que o índio só precisa de um empuranzito pra começar a charlar de novo. E eu que pensei que a tigrada, como diz o nosso ilustre Maneador, tinha se bandeado deste espaço. Entonces, bamô combiná o seguinte: ustedes não reclamam mais e eu das vez em quando coloco um post. Alas fresca! Grossura pouca é bobagem!
Porto Alegre, nova de novembro.
Porto Alegre, nova de novembro.
sábado, novembro 18, 2006
A chuva miúda tomou conta de Porto Alegre nesta manhã de sábado. E achei bueno, umas quantas veiz. Depois daquela ressolana de quarta e quinta-feira, não hay índio que fique sem dizer uma meia-dúzia de impropérios. Tenho andado encerrado que nem macau pra engorda, sentadito e estudando que nem um loco, mas fazer o quê!? Por isso, é que me descuidei do Capando, mas como ninguém reclamou... entonces, patrícios é mais ou menos por aí.
segunda-feira, novembro 06, 2006
Cruz del sur
Daniel Drexler
cruz del sur, ya encontré la salida
descubrí, que es tan simple la vida
no hay problema ni dolor tan importante
que no sea un punto distante
en la inmensidad
cruz del sur
cruz del sur, siempre habrá una salida
si brillás tiene un norte mi vida
no hay problema ni dolor tan agobiante
que no sea un punto distante
en la soledad
cruz del sur
Mui bueno o espetáculo que vimos ontem no Santander Cultural, Daniel Drexler... recomendo!!!
Daniel Drexler
cruz del sur, ya encontré la salida
descubrí, que es tan simple la vida
no hay problema ni dolor tan importante
que no sea un punto distante
en la inmensidad
cruz del sur
cruz del sur, siempre habrá una salida
si brillás tiene un norte mi vida
no hay problema ni dolor tan agobiante
que no sea un punto distante
en la soledad
cruz del sur
Mui bueno o espetáculo que vimos ontem no Santander Cultural, Daniel Drexler... recomendo!!!
sábado, outubro 21, 2006
De Luz e Sombra
Foi quando a tarde se estendeu lenta e solita
Que o fim do dia entregou toda a sua luz
E se acendeu uma luz escassa, e seus candeeiros
Clareando o rancho, e os dois braços de uma cruz.
Ficaram inquietas e tão móveis sobras velhas
Deixando tudo num silêncio de lamentos
Que a luz da lua percorreu o rancho inteiro
Por rasgos claros, desquinchados pelos ventos.
Ficou a sombra habitando, e seus fantasmas
Qual vultos negros, nas paredes, lentamente
Se escondendo frente aos olhos assustados
De um menino, que fui eu, antigamente!
Assim por tudo a uma sobra transponível
Que só o tempo a decifra, por seus trilhos...
Por isso a cruz abriu seus braços ao menino
Feito um abraço, de uma mãe, cuidando o filho.
Então o rancho foi ganhando claridade
Que iluminou-se pela fé que nos traz calma
E explicou aos olhos claros, que um menino:
Não teme a sombra, quem tem luz dentro da alma!
Porto Alegre, nova de outubro.
Que o fim do dia entregou toda a sua luz
E se acendeu uma luz escassa, e seus candeeiros
Clareando o rancho, e os dois braços de uma cruz.
Ficaram inquietas e tão móveis sobras velhas
Deixando tudo num silêncio de lamentos
Que a luz da lua percorreu o rancho inteiro
Por rasgos claros, desquinchados pelos ventos.
Ficou a sombra habitando, e seus fantasmas
Qual vultos negros, nas paredes, lentamente
Se escondendo frente aos olhos assustados
De um menino, que fui eu, antigamente!
Assim por tudo a uma sobra transponível
Que só o tempo a decifra, por seus trilhos...
Por isso a cruz abriu seus braços ao menino
Feito um abraço, de uma mãe, cuidando o filho.
Então o rancho foi ganhando claridade
Que iluminou-se pela fé que nos traz calma
E explicou aos olhos claros, que um menino:
Não teme a sombra, quem tem luz dentro da alma!
Porto Alegre, nova de outubro.
quarta-feira, outubro 04, 2006
Capando Touro a Unha
Aponto na mangueira
Um maleva dum potro,
Inteiro no más,
O Maneador num pronto
Puxou do laço e das maneias:
Que pialo!
Foi num upa e o crinudo já tava maneado
No chão resfolegava
Num grito de ala pucha
Saltando por riba do alambrado
Se apresenta num sapucai.
O Castrador.
Que com habilidade de cirurgião
Desfaz o colhudo
O torna cavalo.
Nem bem a sanguera estancou,
Num upa e se bamô,
Com maestria dos que dominam a lida:
O Marcador
Põe na anca do malacara
As três letras das iniciais.
É quando aponta,
Curvadito no más,
Com jujos e manhas
Chega o Curador.
Estanca a sangria
Benzendo o maula, despoes.
Miram-se os quatro:
São trança do mesmo tento
Parceros pra toda lida.
E por isso que todo o dia
Teimam tanto em pelear.
Porto Alegre, nova de outubro.
Um maleva dum potro,
Inteiro no más,
O Maneador num pronto
Puxou do laço e das maneias:
Que pialo!
Foi num upa e o crinudo já tava maneado
No chão resfolegava
Num grito de ala pucha
Saltando por riba do alambrado
Se apresenta num sapucai.
O Castrador.
Que com habilidade de cirurgião
Desfaz o colhudo
O torna cavalo.
Nem bem a sanguera estancou,
Num upa e se bamô,
Com maestria dos que dominam a lida:
O Marcador
Põe na anca do malacara
As três letras das iniciais.
É quando aponta,
Curvadito no más,
Com jujos e manhas
Chega o Curador.
Estanca a sangria
Benzendo o maula, despoes.
Miram-se os quatro:
São trança do mesmo tento
Parceros pra toda lida.
E por isso que todo o dia
Teimam tanto em pelear.
Porto Alegre, nova de outubro.
segunda-feira, outubro 02, 2006
Una virtud de mi protector me fue revelada en las tranquilas pláticas de fogón. Don
Segundo era un admirable contador de cuentos, y su fama de narrador daba nuevos prestigios a su ya admirada figura. Sus relatos introdujeran un cambio radical en mi vida. Seguía yo de día siendo un paisano corajudo y levantisco, sin temores ante los riesgos del trabajo; pero la noche se poblaba ya para mí de figuras extrañas y una luz mala, una sombra o un grito me traían a la imaginación escenas de embrujados por magias negras o magias blancas.
Porto Alegre, nova de outubro.
Segundo era un admirable contador de cuentos, y su fama de narrador daba nuevos prestigios a su ya admirada figura. Sus relatos introdujeran un cambio radical en mi vida. Seguía yo de día siendo un paisano corajudo y levantisco, sin temores ante los riesgos del trabajo; pero la noche se poblaba ya para mí de figuras extrañas y una luz mala, una sombra o un grito me traían a la imaginación escenas de embrujados por magias negras o magias blancas.
Porto Alegre, nova de outubro.
sábado, setembro 30, 2006
Entocado em casa. Bombeando pela janela e achando que a lida não tem muita serventia as vezes. Nenhum verso novo, as músicas que oiço são as mesmas, também. Bueno, mas amanhã tem carne gorda mal-assada no rancho de Castrado e isso é macanudo. Bamo, colocar a conversa em dia e tomar uns trago, felizmente. No mais, ando tocando cavalo.
Porto Alegre, nova de setembro.
Porto Alegre, nova de setembro.
segunda-feira, setembro 25, 2006
Ando escrevendo poucas coisas de próprio punho no Capando, por faltar tempo, tanto quanto vontade. Mas algumas vezes bate uma saudade de trançar um tento e cá me ponho eu a charlar um pouquito. Nos últimos dias o tempo tem corrido largo, gostaria de saber quem foi que formou esse maldito parelheiro para correr tanto assim!? Bueno, outubro já está escarciando e eu tentando puxar o freio de setembro ainda. Mas como esse malacara não é bueno de boca, vai que é um tiro. Os contos do Silva Rillo têm sido a diversão que me tenho dado, embora eles sejam meu objeto de estudo para uma comunicação em uma jornada. No mais, os cavalos é que andam a me tocar... quem mandou encilhar um desdomado!?
Porto Alegre, nova de setembro.
Porto Alegre, nova de setembro.
domingo, setembro 24, 2006
Pedro Osório 2016 - Cidade Candidata
Kledir Ramil
Só porque vai sediar o Pan, o Rio quer também organizar os Jogos Olímpicos de 2016. Não sei quem toma essas decisões, mas gostaria de apresentar uma proposta: a candidatura da cidade de Pedro Osório. Nada mais justo do que homenagear esse município que traz na sua origem o nome de Vila Olimpo. É uma cidade predestinada.
Nós, os gaúchos, somos o povo mais preparado para sediar os jogos, se levarmos em conta alguns fatores. Por exemplo, a tocha olímpica. Ninguém sabe fazer um fogo como nós. Qualquer índio velho junta umas achas de lenhas, acende um fósforo e pronto. E aí, aproveita o braseiro, enfia um naco de picanha gorda no espeto... Não há dúvida, seria uma olimpíada inesquecível.
É claro, teríamos que fazer algumas adaptações. As modalidades de esportes precisariam incorporar jogos com características mais regionais, como a Bocha, o Truco e o Jogo do Osso. O espírito olímpico do Barão de Coubertain - "o importante é competir" - teria que ser alterado para alguma coisa do tipo "não te fresqueia, bagual".
O Boxe poderia ser substituído pela Briga de Baile, mais emocionante. Só termina quando alguém abre a cabeça do outro com uma garrafa de cerveja. Nas artes marciais temos a Queda de Braço e a Guerra de Bosta. Tênis de Mesa, o tal do Ping-Pong, pra nós é jogo de criança. Já que tem diversão pra gurizada, podiam incluir também Bolinha de Gude, Pandorga e Bodoque com Caroço de Cinamomo. Arco e Flecha é barbada, é coisa de índio. A gente mexe com isso desde o tempo dos guaranis. E esse negócio de Ciclismo é passeio de bici. Vamos botar as mulheres pra disputar com eles. Agora, aquela corrida esquisita em que os homens ficam se requebrando com passos de mulherzinha, está proibida.
Natação terá Nado de Costa com Poncho em Açude, esporte para poucos. Hipismo vamos manter, o que não falta é cavalo pra Cancha Reta. Tiro ao alvo também, mirando uns maçanicos do banhado. A Esgrima vai usar adagas de verdade e não aqueles arames fininhos, sem graça. E se tocarem uma rancheira, melhor, a coisa vira Dança dos Facões.
Futebol será o de Campanha - com bota e espora - para se adaptar às condições do estádio, que durante a semana funciona como pastagem para o gado. A Ginástica Olímpica será substituída, com vantagens, por Chula e Chimarrita. E vamos promover alguns esportes até então considerados menores, como Cuspe em Distância, Peteleco e Halterocopismo.
Tudo isso sem falar da festa de abertura: som de 300 bombos legüeros, apresentação de Gisele Bündchen... E por aí vai. Vamos amadurecer a idéia. Não quero cantar vitória antes do tempo.
Porto Alegre, nova de setembro.
Kledir Ramil
Só porque vai sediar o Pan, o Rio quer também organizar os Jogos Olímpicos de 2016. Não sei quem toma essas decisões, mas gostaria de apresentar uma proposta: a candidatura da cidade de Pedro Osório. Nada mais justo do que homenagear esse município que traz na sua origem o nome de Vila Olimpo. É uma cidade predestinada.
Nós, os gaúchos, somos o povo mais preparado para sediar os jogos, se levarmos em conta alguns fatores. Por exemplo, a tocha olímpica. Ninguém sabe fazer um fogo como nós. Qualquer índio velho junta umas achas de lenhas, acende um fósforo e pronto. E aí, aproveita o braseiro, enfia um naco de picanha gorda no espeto... Não há dúvida, seria uma olimpíada inesquecível.
É claro, teríamos que fazer algumas adaptações. As modalidades de esportes precisariam incorporar jogos com características mais regionais, como a Bocha, o Truco e o Jogo do Osso. O espírito olímpico do Barão de Coubertain - "o importante é competir" - teria que ser alterado para alguma coisa do tipo "não te fresqueia, bagual".
O Boxe poderia ser substituído pela Briga de Baile, mais emocionante. Só termina quando alguém abre a cabeça do outro com uma garrafa de cerveja. Nas artes marciais temos a Queda de Braço e a Guerra de Bosta. Tênis de Mesa, o tal do Ping-Pong, pra nós é jogo de criança. Já que tem diversão pra gurizada, podiam incluir também Bolinha de Gude, Pandorga e Bodoque com Caroço de Cinamomo. Arco e Flecha é barbada, é coisa de índio. A gente mexe com isso desde o tempo dos guaranis. E esse negócio de Ciclismo é passeio de bici. Vamos botar as mulheres pra disputar com eles. Agora, aquela corrida esquisita em que os homens ficam se requebrando com passos de mulherzinha, está proibida.
Natação terá Nado de Costa com Poncho em Açude, esporte para poucos. Hipismo vamos manter, o que não falta é cavalo pra Cancha Reta. Tiro ao alvo também, mirando uns maçanicos do banhado. A Esgrima vai usar adagas de verdade e não aqueles arames fininhos, sem graça. E se tocarem uma rancheira, melhor, a coisa vira Dança dos Facões.
Futebol será o de Campanha - com bota e espora - para se adaptar às condições do estádio, que durante a semana funciona como pastagem para o gado. A Ginástica Olímpica será substituída, com vantagens, por Chula e Chimarrita. E vamos promover alguns esportes até então considerados menores, como Cuspe em Distância, Peteleco e Halterocopismo.
Tudo isso sem falar da festa de abertura: som de 300 bombos legüeros, apresentação de Gisele Bündchen... E por aí vai. Vamos amadurecer a idéia. Não quero cantar vitória antes do tempo.
Porto Alegre, nova de setembro.
quarta-feira, setembro 20, 2006
Apenas por retoço...
Um dia, no pampa largo,
clarins de guerra tronaram
chamando à revolução.
Pelas estâncias e vilas
caudilhos juntavam gente
pra o entrechoque iminente
jogando irmão contra irmão.
João da Gaita, o andarengo,
mesmo pouco percebendo
qual o sentido da luta
também foi na reculuta
como vaqueano da tropa.
Quando os caudilhos gritavam
pela coragem dos tebas,
nas cargas de espada e lança
os cascos da cavalhada
multiplicavam tambores
no couro tenso do chão.
Era a luta - transformando
cada local de combate
num campo-santo onde as cruzes
eram o "esse" das adagas
espetadas contra o céu.
Nos fogões de acampamento,
pelos alces dos combates,
a velha gaita se abria
num responso varonil.
E a indiada lembrando bailes,
surungos de trocar passo,
ia marcando o compasso
na coronha do fuzil.
E João da Gaita pensava
olhando as mãos nas hileiras
que aquelas manoplas largas
por tempos de paz e guerra
tinham distinta função.
Pelos combates e encontros
empunhando adaga e lança,
semeando a destruição,
e nos descansos da luta
puxando a gaita manheira
nas comunhões de alegria
das rodas de chimarrão.
La fresca, não entendia
por que sina Deus lhe dera
duas funções tão distintas
para o mesmo par de mãos.
Porque a lo largo entendia
que pelear estava errado
quando no campo da luta
justava irmão contra irmão.
- Ah, se pudesse algum dia
ver a querência irmanada
sem que faltasse nenhum
num grande baile comum
à sombra de uma ramada
E ele de gaita estirada
que nem cobra em ressolana,
compassando a meia-canha
das polcas de relação...
Lá um dia percebeu,
para o seu entendimento
de índio meio bagual,
que o que chamavam "ideal"
era apenas, bem pensando,
ambição pura de mando
dos chefões da capital.
... daqueles que concitando
a gauchada ao combate
ficavam tomando mate
peleando só por jornal...
Cuê pucha e não é que os versos são do Rillo... que dirão os ortodoxos!!!
Porto Aelgre, nova de setembro.
clarins de guerra tronaram
chamando à revolução.
Pelas estâncias e vilas
caudilhos juntavam gente
pra o entrechoque iminente
jogando irmão contra irmão.
João da Gaita, o andarengo,
mesmo pouco percebendo
qual o sentido da luta
também foi na reculuta
como vaqueano da tropa.
Quando os caudilhos gritavam
pela coragem dos tebas,
nas cargas de espada e lança
os cascos da cavalhada
multiplicavam tambores
no couro tenso do chão.
Era a luta - transformando
cada local de combate
num campo-santo onde as cruzes
eram o "esse" das adagas
espetadas contra o céu.
Nos fogões de acampamento,
pelos alces dos combates,
a velha gaita se abria
num responso varonil.
E a indiada lembrando bailes,
surungos de trocar passo,
ia marcando o compasso
na coronha do fuzil.
E João da Gaita pensava
olhando as mãos nas hileiras
que aquelas manoplas largas
por tempos de paz e guerra
tinham distinta função.
Pelos combates e encontros
empunhando adaga e lança,
semeando a destruição,
e nos descansos da luta
puxando a gaita manheira
nas comunhões de alegria
das rodas de chimarrão.
La fresca, não entendia
por que sina Deus lhe dera
duas funções tão distintas
para o mesmo par de mãos.
Porque a lo largo entendia
que pelear estava errado
quando no campo da luta
justava irmão contra irmão.
- Ah, se pudesse algum dia
ver a querência irmanada
sem que faltasse nenhum
num grande baile comum
à sombra de uma ramada
E ele de gaita estirada
que nem cobra em ressolana,
compassando a meia-canha
das polcas de relação...
Lá um dia percebeu,
para o seu entendimento
de índio meio bagual,
que o que chamavam "ideal"
era apenas, bem pensando,
ambição pura de mando
dos chefões da capital.
... daqueles que concitando
a gauchada ao combate
ficavam tomando mate
peleando só por jornal...
Cuê pucha e não é que os versos são do Rillo... que dirão os ortodoxos!!!
Porto Aelgre, nova de setembro.
sábado, setembro 16, 2006
Essa é ótima...
Gaudérios fora da linha
Nem todos os integrantes do Acampamento Farroupilha seguem as rígidas normas estabelecidas pelo MTG
Espécie de prefeito do Acampamento Farroupilha, o coordenador de Nativismo da prefeitura de Porto Alegre, Nei Fagundes Machado, faz o diagnóstico: uma parcela dos tradicionalistas instalados nos piquetes no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho não observa as regras do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) quando veste os trajes gaúchos.
- Não exigimos, mas aconselhamos que os participantes respeitem as normas, porque o acampamento busca perpetuar nossas tradições - afirma.
A convite de Zero Hora, ele listou os principais pecados que observa pelas ruelas do parque. Também reuniu Maria Lucia Almeida dos Santos e Oscar Garrido, dois exemplos positivos, para apontar dicas de uso correto das indumentárias, conforme os princípios tradicionalistas.
Pecados ao vestir... qual será a próxima dos ortodoxos tradicionalistas!!!
Porto Algre, nova de setembro.
Gaudérios fora da linha
Nem todos os integrantes do Acampamento Farroupilha seguem as rígidas normas estabelecidas pelo MTG
Espécie de prefeito do Acampamento Farroupilha, o coordenador de Nativismo da prefeitura de Porto Alegre, Nei Fagundes Machado, faz o diagnóstico: uma parcela dos tradicionalistas instalados nos piquetes no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho não observa as regras do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) quando veste os trajes gaúchos.
- Não exigimos, mas aconselhamos que os participantes respeitem as normas, porque o acampamento busca perpetuar nossas tradições - afirma.
A convite de Zero Hora, ele listou os principais pecados que observa pelas ruelas do parque. Também reuniu Maria Lucia Almeida dos Santos e Oscar Garrido, dois exemplos positivos, para apontar dicas de uso correto das indumentárias, conforme os princípios tradicionalistas.
Pecados ao vestir... qual será a próxima dos ortodoxos tradicionalistas!!!
Porto Algre, nova de setembro.
terça-feira, setembro 12, 2006
Transcrevi o texto da música "Co´as espera torta" espero que seja assim mesmo...
quando eu chegar de volta
co´as espora torta e a tropilha mansa
trago um coração de freio
pronto pros arreio dessa moça
chega de domar tormentas
sesmarias pra enfrenar
tenho quem me aqueça o mate
quem não quer que eu vá
Porto Alegre, nova de setembro.
quando eu chegar de volta
co´as espora torta e a tropilha mansa
trago um coração de freio
pronto pros arreio dessa moça
chega de domar tormentas
sesmarias pra enfrenar
tenho quem me aqueça o mate
quem não quer que eu vá
Porto Alegre, nova de setembro.
quinta-feira, setembro 07, 2006
"Eu tinha uma vaquinha que se arrastava de pança, dava dez litros de leite e era flor de vaca mansa!" Foi esse o verso que eu larguei ontem durante a execução da música "Jogando Truco", no Solar dos Câmara. Grande apresentação - música de qualidade, com ótimos arranjos, ritmos e músicas incidentais bem usados e dissonâncias aplicadas na medida certa. Pirisca Grecco e seus três comparsas fizeram ontem algo que classifico como ímpar, como obra de arte. Desde as músicas intimistas até as mais largadas, àquelas de sapatear num bailado, todas muito bem tocadas e interpretadas. O público, com certeza, agradece. Eu, de lambuja, comprei um baita CD, Bem de Bem, que indico de oio fechado.
p.s. Visitem www.pirisca.com
Porto Alegre, cheia de setembro.
p.s. Visitem www.pirisca.com
Porto Alegre, cheia de setembro.
domingo, setembro 03, 2006
domingo, agosto 27, 2006
O Forasteiro
Vinícius Brum / Mauro Ferreira / Luiz Carlos Borges
Na sombra de um bolicho à beira estrada, daqueles que do mundo se perdeu
Encontra-se uma gente reunida, a espera de um chamado de seu Deus
Perfumes de bom fumo amarelido, paredes com suas almas penduradas
Paciências de um lugar envelhecido, e uma coragem de quem não tem nada
Apeia um forasteiro: o que é da vida responde o bolicheiro: está cansada
A gente de bombacha anda esquecida desiludida nos beirões da estrada
Buscamos nossa terra prometida um mundo pras crianças e pros velhos
O sul que nós sonhamos onde a vida devolva o que branqueou nossos cabelos
Mas cada ano a seca de janeiro, precede um novo inverno de asperezas
Parece que o destino do campeiro não pode pedir mais que pão na mesa
E aos poucos, o que diz o bolicheiro se multiplica em vozes pelo ar
E volta a se calar o forasteiro, junta o violão no peito pra cantar
Já vi quase de tudo em minha vida, a séculos que ando pela estrada
Vi a morte sobre a terra prometida, e a vida sobre a terra abandonada
Vi um homem pondo fogo na colheita, enquanto outro semeava num deserto
Já vi perto o que ontem era um sonho, e longe vi o que sempre fora certo
Um povo sonha Deus a sua imagem, e Deus devolve a terra a cada povo
Moldada no trabalho e na coragem que o povo usou pra levantar o sonho
Aqui é nosso inferno e paraíso, a vida é uma planta por cuidar
A que morrer por ela se preciso, o sul somente o sul pode salvar
Assim falou pro povo o forasteiro, depois montou e envolto num clarão
Sumiu emoldurado pela tarde, bem como o sol dissipa a serração
Uns dizem que mais altos que os cerros ele segue abençoando este rincão
Mas muitos acreditam que essa gente ouviu a voz do próprio coração
O certo é que um a um se foi às casas, por que havia uma planta por cuidar
Arar a terra a cada madrugada, para a semente que há de germinar
O homem faz seu Deus que faz o sonho, um sonho azul maior que este lugar
Na luz que vem dos olhos dessa gente, o sul um dia se iluminará
Porto Alegre, nova de agosto.
Na sombra de um bolicho à beira estrada, daqueles que do mundo se perdeu
Encontra-se uma gente reunida, a espera de um chamado de seu Deus
Perfumes de bom fumo amarelido, paredes com suas almas penduradas
Paciências de um lugar envelhecido, e uma coragem de quem não tem nada
Apeia um forasteiro: o que é da vida responde o bolicheiro: está cansada
A gente de bombacha anda esquecida desiludida nos beirões da estrada
Buscamos nossa terra prometida um mundo pras crianças e pros velhos
O sul que nós sonhamos onde a vida devolva o que branqueou nossos cabelos
Mas cada ano a seca de janeiro, precede um novo inverno de asperezas
Parece que o destino do campeiro não pode pedir mais que pão na mesa
E aos poucos, o que diz o bolicheiro se multiplica em vozes pelo ar
E volta a se calar o forasteiro, junta o violão no peito pra cantar
Já vi quase de tudo em minha vida, a séculos que ando pela estrada
Vi a morte sobre a terra prometida, e a vida sobre a terra abandonada
Vi um homem pondo fogo na colheita, enquanto outro semeava num deserto
Já vi perto o que ontem era um sonho, e longe vi o que sempre fora certo
Um povo sonha Deus a sua imagem, e Deus devolve a terra a cada povo
Moldada no trabalho e na coragem que o povo usou pra levantar o sonho
Aqui é nosso inferno e paraíso, a vida é uma planta por cuidar
A que morrer por ela se preciso, o sul somente o sul pode salvar
Assim falou pro povo o forasteiro, depois montou e envolto num clarão
Sumiu emoldurado pela tarde, bem como o sol dissipa a serração
Uns dizem que mais altos que os cerros ele segue abençoando este rincão
Mas muitos acreditam que essa gente ouviu a voz do próprio coração
O certo é que um a um se foi às casas, por que havia uma planta por cuidar
Arar a terra a cada madrugada, para a semente que há de germinar
O homem faz seu Deus que faz o sonho, um sonho azul maior que este lugar
Na luz que vem dos olhos dessa gente, o sul um dia se iluminará
Porto Alegre, nova de agosto.
quarta-feira, agosto 23, 2006
Eu até deixei as rinhas
Talvez por penalizado,
Ou talvez por espicaçado,
Que o remorso não perdoa,
Por que se a vida é tão boa.
É um banditismo da gente
Fazer de um bicho valente
Matar ou morrer à toa!!
Na rinha os puaços corriam soltos: o galo mais delgado, dono de esporas mui grandes, contava com a cara toda lanhada, enquanto seu adversário, menorzito um pouco, trazia o bico quebrado. Ninguém ousava intervir e o dinheiro corria solto... todos sabiam que, a bem da verdade, quem ganhava era o dono do rinhadeiro, mas, como diziam a maioria, era por diversão que faziam os bicho pelearem, não pelos cobres.
Bombeando de longe o bárbaro espetáculo, Onório sentia uma dor ingrata no peito. Maleva o homem que faz daqueles que consegue serviçais do seu divertimento. Não era diferente na estância, nos galpões, nas cidades... alguém sempre estaria a mercê do divertimento alheio. Será isso destino ingrato dos que não têm com quem contar!? Muitos dos que ali se encontravam serviam tanto, ou mais, a patrões muito mais cruéis, que não os obrigavam a brigar, mas a mendigar o pão, a existência. Via o Ramão aos gritos de ala pucha e pensava que a sina ingrata lhe fizera matar a própria filha, pois esta engravidara do filho do coronel. Largados no lançante, assim, os pensamentos lhe faziam concluir que, talvez, a dura sorte dos galos finos não fosse das mais injustas... O homem é um galo cego e sem puas lutando contra outro bem gordo, armado e empuado...
Nessa hora jazia morto o menorzito, lanhado e ensangüentado, enquanto os vencedores compravam mais canha com os trocos do prêmio.
Porto Alegre, nova de agosto.
Talvez por penalizado,
Ou talvez por espicaçado,
Que o remorso não perdoa,
Por que se a vida é tão boa.
É um banditismo da gente
Fazer de um bicho valente
Matar ou morrer à toa!!
Na rinha os puaços corriam soltos: o galo mais delgado, dono de esporas mui grandes, contava com a cara toda lanhada, enquanto seu adversário, menorzito um pouco, trazia o bico quebrado. Ninguém ousava intervir e o dinheiro corria solto... todos sabiam que, a bem da verdade, quem ganhava era o dono do rinhadeiro, mas, como diziam a maioria, era por diversão que faziam os bicho pelearem, não pelos cobres.
Bombeando de longe o bárbaro espetáculo, Onório sentia uma dor ingrata no peito. Maleva o homem que faz daqueles que consegue serviçais do seu divertimento. Não era diferente na estância, nos galpões, nas cidades... alguém sempre estaria a mercê do divertimento alheio. Será isso destino ingrato dos que não têm com quem contar!? Muitos dos que ali se encontravam serviam tanto, ou mais, a patrões muito mais cruéis, que não os obrigavam a brigar, mas a mendigar o pão, a existência. Via o Ramão aos gritos de ala pucha e pensava que a sina ingrata lhe fizera matar a própria filha, pois esta engravidara do filho do coronel. Largados no lançante, assim, os pensamentos lhe faziam concluir que, talvez, a dura sorte dos galos finos não fosse das mais injustas... O homem é um galo cego e sem puas lutando contra outro bem gordo, armado e empuado...
Nessa hora jazia morto o menorzito, lanhado e ensangüentado, enquanto os vencedores compravam mais canha com os trocos do prêmio.
Porto Alegre, nova de agosto.
sábado, agosto 19, 2006
Fragmento
Se no primeiro tiro de laço não se piala o cupinudo, entonces hay que empeçar nova lida.
Porto Alegre, nova de agosto.
Porto Alegre, nova de agosto.
quarta-feira, agosto 16, 2006
Alas fresca!!!
Será que o colorado ganha!?
Porto Alegre, nova de agosto.
P.S. No mês do cachorro-loco tudo é possível!
Porto Alegre, nova de agosto.
P.S. No mês do cachorro-loco tudo é possível!
segunda-feira, agosto 14, 2006
Ovelha não é pra mato
0 preparo da invasão de Santo Tomé não era segredo em São Borja. Além do pessoal do 14, que deveria cruzar o Uruguai à gaúcha por despiste, o Coronel Beijo andava a aliciar mais gente com promessas de recompensa. Conhecedor das situações individuais, sabia "chegar" em cada um conforme as necessidades. Com tal fim, abordou o comerciante J.A.:
- Escuta, Zequinha, sei que teu negócio não desenvolve. Por isso te proponho que tomes parte na invasão. Tu vais na segunda leva, só para fazer número, que isso impressiona e os castelhanos vão pagar por cabeça. Vai e te forra de mercadoria, que vão dar saque livre.
Zequinha pôs-se em brios. Miudinho e trêmulo, lá estava ele naquele fatídico 29 de dezembro de 1933. Cruzou o rio pensando na "venda" sortida. Porém, ao pôr pé em terra, sentiu que algo se atravessava em seus planos - a resistência dos gendarmes era maior que a esperada. Corria bala a torto e a direito! Um graduado da policia correntina varria a praça de Santo Tomé, encarapitado num telhado. Por pura "gala criolla" até tirava um trecho do "Zé Pereira" na metralhadora!
E agora?!
Zequinha se benzeu para agarrar coragem. Tirando partido de seu tamanho de pouca sombra, esgueirou-se no meio do tiroteio, chegou até a um bolichão e entrou. Atingira seu primeiro objetivo, mas as prateleiras estavam vazias! Só restara, no alto de uma delas, um belo e solitário par de botas... Num pulo, deu de mão, pô-las embaixo do braço e saiu rastejando por vielas desertas, até se por a salvo. Saltando para dentro da balsa, praguejou, fazendo figa para o chão estrangeiro:
- Não volto rico, seus bostas, mas este troféu vai provar a minha coragem!
No meio da noite, bateu em casa. Desvencilhou-se dos trajes guerreiros e acessórios de briga (um Nagant que engasgara com o medo do dono, uma língua-de-ximango com cabo de espiga e um bocozinho com vinte cartuchos), e foi provar as botas na frente da família. Caiu de queixo: havia trazido duas botas para o mesmo pé!...
Porto Alegre, nova de agosto.
- Escuta, Zequinha, sei que teu negócio não desenvolve. Por isso te proponho que tomes parte na invasão. Tu vais na segunda leva, só para fazer número, que isso impressiona e os castelhanos vão pagar por cabeça. Vai e te forra de mercadoria, que vão dar saque livre.
Zequinha pôs-se em brios. Miudinho e trêmulo, lá estava ele naquele fatídico 29 de dezembro de 1933. Cruzou o rio pensando na "venda" sortida. Porém, ao pôr pé em terra, sentiu que algo se atravessava em seus planos - a resistência dos gendarmes era maior que a esperada. Corria bala a torto e a direito! Um graduado da policia correntina varria a praça de Santo Tomé, encarapitado num telhado. Por pura "gala criolla" até tirava um trecho do "Zé Pereira" na metralhadora!
E agora?!
Zequinha se benzeu para agarrar coragem. Tirando partido de seu tamanho de pouca sombra, esgueirou-se no meio do tiroteio, chegou até a um bolichão e entrou. Atingira seu primeiro objetivo, mas as prateleiras estavam vazias! Só restara, no alto de uma delas, um belo e solitário par de botas... Num pulo, deu de mão, pô-las embaixo do braço e saiu rastejando por vielas desertas, até se por a salvo. Saltando para dentro da balsa, praguejou, fazendo figa para o chão estrangeiro:
- Não volto rico, seus bostas, mas este troféu vai provar a minha coragem!
No meio da noite, bateu em casa. Desvencilhou-se dos trajes guerreiros e acessórios de briga (um Nagant que engasgara com o medo do dono, uma língua-de-ximango com cabo de espiga e um bocozinho com vinte cartuchos), e foi provar as botas na frente da família. Caiu de queixo: havia trazido duas botas para o mesmo pé!...
Porto Alegre, nova de agosto.
quinta-feira, agosto 03, 2006
Depois que encerrou a correria eu achei que ia postar como fazia antes, ledo engano. E não foi por falta de assunto, tampouco por mermarem as tentativas: solo paro na frente deste teclado, começo a digitar e não saí nada que presta. Bueno, o jeito é recobrar o velho ritmo aos pouquitos, contando uma que outra mentira e cosa-e-tal... Ando lendo "Rodeio dos Ventos" do Barbosa Lessa, muito interessante, principalmente, o primeiro capítulo. No mais, tentado encontrar algo que valha apena ser escrito. Estive em Três de Maio, mas isso eu conto melhor outro dia, por enquanto é só...
Porto Alegre, nova de agosto.
P.S. Vai ver que é a influência má do mês do cachorro-loco que tem me tirado o prumo.
Porto Alegre, nova de agosto.
P.S. Vai ver que é a influência má do mês do cachorro-loco que tem me tirado o prumo.
quarta-feira, julho 19, 2006
Tche, quem diz que nós não fazemo fandango. Pois é, ontonte reuniu-se extraordinariamente o Capando Touro a Unha, tencionado ir assistir ao Show do César Oliveira e Rogério Mello. Bueno, acabamo se atrasando e decidimos ficar cá pelo rancho do marcador, degustando uma iguaria campeira de fundamento. Discutimos até a politica das meias do Getúlio...foi loco de especial. A foto ao ladoé só para ilustrar a cachorrada no dia dos parabenzo da senhora do marcador. Só para identificar, o gambá de copo na mão é o letrado curador. O japônes de braço cruzado é um indio loco de bueno, é o castrador. O maneador é aquele ao fundo de bege, grudado na Dna. Miriam...é o Maneador. E este indio de barbas e cuia em punho, é este que vos escreve, igual a um analfabeto, o Marcador.
Hasta.
Hasta.
sábado, julho 15, 2006
O Inverno
Segredou-me o vento sul que cabresteia o inverno
Cantando nas casuarinas rompendo folhas e cerne
Lãs que tenho, lenha pouca silêncios de quase um ano
Sabenças que armazenei insuficientes, bem sei
Para enfrentar o tirano
Qual general de campanha vai mandar o minuano
Virá com mil artimanhas intimidar o meu rancho
E eu silente mateando fogo de chão caprichado
No meu pala enrodilhado vou me quedar esperando
Nunca o temi, que o varal de charque era lotado
Cavalo bem amilhado vinho prá cem madrugadas
Erva mansa, quincha buena de Santa Fé, despontada
Violão para as insônias que por amargas e longas
Tinha a alma calejada
Já nem mais canto milongas temendo o embate fatal
Dá pena ver o varal sem a fartura das mantas
Não sei se ri, ou se canta o vento quando ultrapassa
Não estou chorando, senhores é o efeito da fumaça
Não estou chorando, senhores
É o efeito da fumaça
Porto Alegre, cheia de julho.
Cantando nas casuarinas rompendo folhas e cerne
Lãs que tenho, lenha pouca silêncios de quase um ano
Sabenças que armazenei insuficientes, bem sei
Para enfrentar o tirano
Qual general de campanha vai mandar o minuano
Virá com mil artimanhas intimidar o meu rancho
E eu silente mateando fogo de chão caprichado
No meu pala enrodilhado vou me quedar esperando
Nunca o temi, que o varal de charque era lotado
Cavalo bem amilhado vinho prá cem madrugadas
Erva mansa, quincha buena de Santa Fé, despontada
Violão para as insônias que por amargas e longas
Tinha a alma calejada
Já nem mais canto milongas temendo o embate fatal
Dá pena ver o varal sem a fartura das mantas
Não sei se ri, ou se canta o vento quando ultrapassa
Não estou chorando, senhores é o efeito da fumaça
Não estou chorando, senhores
É o efeito da fumaça
Porto Alegre, cheia de julho.
domingo, julho 09, 2006
Enfim, terminou. Redundante, mas verdadeiro. Depois de seis meses loqueando com semiótica literária e a obra do Jayme Caetano, a monografia foi entregue. Defendo-a na quarta... como diria meu amigo Maneador: "apliques mil". Assim, como prometido, volto a postar com mais assiduidade.
Por cá, ainda hay alguns atropelos por resolver.
Bueno, entonces por hoje é só.
Porto Alegre, cheia de julho.
Por cá, ainda hay alguns atropelos por resolver.
Bueno, entonces por hoje é só.
Porto Alegre, cheia de julho.
quarta-feira, julho 05, 2006
Achei este texto no jornal de hoje, muito interessante e, por isso, resolvi compartilhar com os patrícios. No mais ando tocando cavalo... semana próxima, volto a postar com "modos de gente".
Bolinha de gude
Kledir Ramil
Na era paleolítica, quando eu era uma criança caminhando sobre a Terra e ainda não haviam inventado o Play Station, jogava-se bolinha de gude. A palavra gude vem do provençal Gode e quer dizer "pedrinha redonda, lisa". Em geral, as bolinhas de gude eram feitas de vidro transparente, com desenhos variados, uma mais bonita do que a outra.
A Bocha era uma exageradamente grande e proibida nas disputas, pois quebrava as pequenas. Assim como a Esfera de Aço, o terror dos terrenos baldios, onde eram montados os nossos campos de batalha.
Havia também bolinhas de osso, de madeira e até de cobre, mas eram raras. Com o uso, todas elas iam ficando meio lascadas. Perdiam em beleza, mas ganhavam em eficiência.
O jogo, também conhecido como Bulita, consistia basicamente em acertar, com a sua, a bolinha dos outros. A coisa podia ser "às brinca" ou "às ganha". Nesse caso, quem era acertado perdia a bolinha. Por isso, cada guri carregava um saquinho de pano, que ia enchendo ou esvaziando, conforme a destreza pessoal. Ou então o tamanho da mesada. É claro que as bolinhas compradas no armazém da esquina não tinham o mesmo valor daquelas conquistadas em campo. Cada uma dessas era um troféu, com sua história particular, nome do perdedor e algumas mentiras inventadas para valorizar ainda mais o feito.
A técnica usada para jogar era simples. Apoiava-se a bolinha entre os dedos polegar, do meio e indicador. Ou seja, o dedão, o pai de todos e o fura-bolo. Com uma leve pressão do polegar, a bolinha de vidro era arremessada em velocidade na direção do alvo, a coitada da bulita do outro. Quem não tinha muito estilo e elegância no trato do jogo usava uma técnica conhecida como cu-de- galinha. E virava motivo de gozação. Era preciso estar preparado para enfrentar a crueldade das ruas.
Lá em Pelotas, o tipo de jogo mais comum era o Imba. Um buraco cavado na areia, que funcionava como zona neutra, de onde se partia para acertar os concorrentes. O Triângulo era mais sofisticado. Desenhava-se no chão, com um pedaço de pau, um polígono de 3 lados. Em cada vértice era colocada uma bolinha. Quem conseguisse acertar e fazê-la sair para fora dos limites do desenho, levava.
Um dia, eu estava no campinho, jogando com alguns amigos. De repente, surgiu um marmanjo mais velho com cara de marginal e gritou: "Levante!". Roubou todas as bolinhas, botou no bolso e foi embora.
Foi aí que comecei a me dar conta que o mundo era injusto e que viver não ia ser fácil.
Porto Alegre, quarto-crescente de julho.
Bolinha de gude
Kledir Ramil
Na era paleolítica, quando eu era uma criança caminhando sobre a Terra e ainda não haviam inventado o Play Station, jogava-se bolinha de gude. A palavra gude vem do provençal Gode e quer dizer "pedrinha redonda, lisa". Em geral, as bolinhas de gude eram feitas de vidro transparente, com desenhos variados, uma mais bonita do que a outra.
A Bocha era uma exageradamente grande e proibida nas disputas, pois quebrava as pequenas. Assim como a Esfera de Aço, o terror dos terrenos baldios, onde eram montados os nossos campos de batalha.
Havia também bolinhas de osso, de madeira e até de cobre, mas eram raras. Com o uso, todas elas iam ficando meio lascadas. Perdiam em beleza, mas ganhavam em eficiência.
O jogo, também conhecido como Bulita, consistia basicamente em acertar, com a sua, a bolinha dos outros. A coisa podia ser "às brinca" ou "às ganha". Nesse caso, quem era acertado perdia a bolinha. Por isso, cada guri carregava um saquinho de pano, que ia enchendo ou esvaziando, conforme a destreza pessoal. Ou então o tamanho da mesada. É claro que as bolinhas compradas no armazém da esquina não tinham o mesmo valor daquelas conquistadas em campo. Cada uma dessas era um troféu, com sua história particular, nome do perdedor e algumas mentiras inventadas para valorizar ainda mais o feito.
A técnica usada para jogar era simples. Apoiava-se a bolinha entre os dedos polegar, do meio e indicador. Ou seja, o dedão, o pai de todos e o fura-bolo. Com uma leve pressão do polegar, a bolinha de vidro era arremessada em velocidade na direção do alvo, a coitada da bulita do outro. Quem não tinha muito estilo e elegância no trato do jogo usava uma técnica conhecida como cu-de- galinha. E virava motivo de gozação. Era preciso estar preparado para enfrentar a crueldade das ruas.
Lá em Pelotas, o tipo de jogo mais comum era o Imba. Um buraco cavado na areia, que funcionava como zona neutra, de onde se partia para acertar os concorrentes. O Triângulo era mais sofisticado. Desenhava-se no chão, com um pedaço de pau, um polígono de 3 lados. Em cada vértice era colocada uma bolinha. Quem conseguisse acertar e fazê-la sair para fora dos limites do desenho, levava.
Um dia, eu estava no campinho, jogando com alguns amigos. De repente, surgiu um marmanjo mais velho com cara de marginal e gritou: "Levante!". Roubou todas as bolinhas, botou no bolso e foi embora.
Foi aí que comecei a me dar conta que o mundo era injusto e que viver não ia ser fácil.
Porto Alegre, quarto-crescente de julho.
terça-feira, julho 04, 2006
Jayme Caetano...
"Cruza de um mestre-escola de origem alemã, o Prof. João Aloyzio Braum, e de uma formosa cabocla, crespa e jambo, dos Sete Povos das Missões, Dona Euclides Ramos Caetano, o poeta surgiu na região de Sepé Tiaraju e sugou no leite da infância e no churrasco da juventude, toda essa força telúrica do ancestralismo, com que pode, agora, transmudar em beleza e som e rima os motivos explorados e inexplorados da vida, da luta e do sofrimento do gaúcho.
(...)
Jayme Caetano Braun não é apenas um fazedor de versos. Tem personalidade definida. Encarna, com vigor e determinação a defesa das nossas tradições, seriamente ameaçadas por um processo degenerativo."
Porto Alegre, nova de julho.
(...)
Jayme Caetano Braun não é apenas um fazedor de versos. Tem personalidade definida. Encarna, com vigor e determinação a defesa das nossas tradições, seriamente ameaçadas por um processo degenerativo."
Porto Alegre, nova de julho.
quarta-feira, junho 28, 2006
segunda-feira, junho 26, 2006
Velha Faca
Um palmo e pico de aço,
rude e glorioso pedaço
da espada de um general.
Cabo de prata estrangeira
- velha faca brigadeira
que nunca me deixou mal.
Nesse tempo eu era moço,
não tinha o sangue tão grosso
nem a memória tão fraca.
Índio gaudério sem marca
era maior que um monarca
quando empunhava essa faca.
Mas não era compra-briga,
desses que enchem a barriga
em bochinchos de galpão.
Mui amigo do sossego
não arriscava o pelego
em "rolos" sem precisão.
Mas quando lá volta e meia
me entreverava em peleia
por honra ou obrigação,
afrontava qualquer risco
e essa faca era um corisco
brigando na minha mão.
Sei que há quem ria disso:
- a faca tinha feitiço,
coisa botada, sei lá!
Se escapava da bainha
e ia brigar sozinha
se eu deixasse ela brigar!
Mas Dom Tempo barbaçudo
que dá sumiço em tudo,
coisa viva e coisa morta,
foi-se chegando ronceiro,
cruzou sem pressa o terreiro,
passou depois pela porta.
Quantas vezes já nem lembro,
vi enfeitar-se setembro
com as flores roxas do ipé.
Do moço de antigamente
resta este trapo de gente
que mal e mal fica em pé...
E a velha faca amigaça
me acompanhou na desgraça,
me aparceirou na miséria.
- Extraviada da bainha,
ainda lá pela cozinha
nas mãos da negra Quitéria.
Porto Alegre, cheia de junho.
E viva o frio!!!
rude e glorioso pedaço
da espada de um general.
Cabo de prata estrangeira
- velha faca brigadeira
que nunca me deixou mal.
Nesse tempo eu era moço,
não tinha o sangue tão grosso
nem a memória tão fraca.
Índio gaudério sem marca
era maior que um monarca
quando empunhava essa faca.
Mas não era compra-briga,
desses que enchem a barriga
em bochinchos de galpão.
Mui amigo do sossego
não arriscava o pelego
em "rolos" sem precisão.
Mas quando lá volta e meia
me entreverava em peleia
por honra ou obrigação,
afrontava qualquer risco
e essa faca era um corisco
brigando na minha mão.
Sei que há quem ria disso:
- a faca tinha feitiço,
coisa botada, sei lá!
Se escapava da bainha
e ia brigar sozinha
se eu deixasse ela brigar!
Mas Dom Tempo barbaçudo
que dá sumiço em tudo,
coisa viva e coisa morta,
foi-se chegando ronceiro,
cruzou sem pressa o terreiro,
passou depois pela porta.
Quantas vezes já nem lembro,
vi enfeitar-se setembro
com as flores roxas do ipé.
Do moço de antigamente
resta este trapo de gente
que mal e mal fica em pé...
E a velha faca amigaça
me acompanhou na desgraça,
me aparceirou na miséria.
- Extraviada da bainha,
ainda lá pela cozinha
nas mãos da negra Quitéria.
Porto Alegre, cheia de junho.
E viva o frio!!!
sábado, junho 24, 2006
Mas ah mana véia...
Bueno, hoje além de ser dia de São João, alguém muito especial faz aniversário: minha irmã. Sempre foi pequenina, quando era criança meu pai a chamava de "roda baixa pneu de lambreta", e invocada, mas dona de um grande coração. Quando vim para o povo, ela, em seguida veio de atrás, o que me fez muito bem, pois ela sempe foi companheiraça. Lembro de quando erámos uns piá e faziamos arte a dá que um pau. Hoje, embora não tenha crescido muito, preserva a ingenuidade e a alegria da Didi que eu me lembro. Tem construído de forma responsável e com muito trabalho sua carreira, do que muito me orgulho. Mas acima de tudo, continua sendo a Mana que sempre foi, nunca faltando comigo em nada e, em todo o tempo, cuidando desse velho traste que insiste em ser desleixado consigo mesmo.
Mana, neste dia e em todos os outros, sejas mui feliz. Que o Patrão de nosotros todos continue a te mandar as cosas mais macanudas.
Um quebra costela do tamanho do Rio Grande.
Porto Alegre, cheia de junho.
Mana, neste dia e em todos os outros, sejas mui feliz. Que o Patrão de nosotros todos continue a te mandar as cosas mais macanudas.
Um quebra costela do tamanho do Rio Grande.
Porto Alegre, cheia de junho.
sexta-feira, junho 23, 2006
Negro, venta rasgada e músculos rijos
Se criou livre
Hoje, encilhas de prata, mora na estância
Vinagre, bueno de boca e companheiraço
Tão livre quanto o outro foi
É divertimento de uma guriazinha ruiva, também
Lobuno, arcado, anca de vaca
Filho bastardo de um matungo
Puxa carroça
Senão já virou salame.
Porto Alegre, cheia de junho.
Se criou livre
Hoje, encilhas de prata, mora na estância
Vinagre, bueno de boca e companheiraço
Tão livre quanto o outro foi
É divertimento de uma guriazinha ruiva, também
Lobuno, arcado, anca de vaca
Filho bastardo de um matungo
Puxa carroça
Senão já virou salame.
Porto Alegre, cheia de junho.
quarta-feira, junho 21, 2006
Bueno patrícios, tenho cá me atulhado de coisas para fazer: relatórios, monografias e afins, por esse motivo tenho sido relapso com o Capando. Quando a coisa garrar seu rumo normal volto a postar com a mesma assiduidade. O que posso adiantar e que a formatura está encaminhada e os trabalhos idem.
Como não poderia deixar de deixar de ofertar um regalo, já que meus posts andam pior que mondongo de ontonte, transcrevo este.
Desafio
Aparício da Silva Rillo
Há um potro dentro de mim, pedindo cancha.
Sinto-lhe o bater do coração inquieto
como um tambor a rufar em véspera de peleia braba.
No meu olhar o seu olhar de fogo se confunde
na ânsia de devassar a vastidão de todos os caminhos
que os seus cascos de bronze e asas não pisaram.
Potro de sangue ancestral,
telúrico em seu ímpeto selvagem,
maior porque contido no seu lance
como um cartucho que sente o gatilho pronto para o tiro.
Tudo o que fica além de meu passo de nômade prisioneiro,
tudo o que não alcança o meu braço de músculos dormidos,
tudo o que meu olhar não pressente na distância
- isso tudo a chamá-lo,
tudo a chamá-lo
como um toque de cincerro no silêncio da noite.
Seus ouvidos de animal selvagem
são sensíveis ao apelo da distância,
ao apelo da noite,
ao grito dos que rompem cancelas e aramados
para abrir a golpes de audácia o seu caminho de aventuras.
Há um potro dentro de mim, pedindo cancha...
No laço de chegada,
que fica sempre além,
e ainda mais além,
e sol não se põe nunca,
para vestir de ouro os que tiveram pata
para engolir todo o estirão da raia
que é um desafio de léguas pela frente.
Mas como custa arrebentar o laço
do andarível de partida desta cancha!
Porto Alegre, cheia de junho.
Como não poderia deixar de deixar de ofertar um regalo, já que meus posts andam pior que mondongo de ontonte, transcrevo este.
Desafio
Aparício da Silva Rillo
Há um potro dentro de mim, pedindo cancha.
Sinto-lhe o bater do coração inquieto
como um tambor a rufar em véspera de peleia braba.
No meu olhar o seu olhar de fogo se confunde
na ânsia de devassar a vastidão de todos os caminhos
que os seus cascos de bronze e asas não pisaram.
Potro de sangue ancestral,
telúrico em seu ímpeto selvagem,
maior porque contido no seu lance
como um cartucho que sente o gatilho pronto para o tiro.
Tudo o que fica além de meu passo de nômade prisioneiro,
tudo o que não alcança o meu braço de músculos dormidos,
tudo o que meu olhar não pressente na distância
- isso tudo a chamá-lo,
tudo a chamá-lo
como um toque de cincerro no silêncio da noite.
Seus ouvidos de animal selvagem
são sensíveis ao apelo da distância,
ao apelo da noite,
ao grito dos que rompem cancelas e aramados
para abrir a golpes de audácia o seu caminho de aventuras.
Há um potro dentro de mim, pedindo cancha...
No laço de chegada,
que fica sempre além,
e ainda mais além,
e sol não se põe nunca,
para vestir de ouro os que tiveram pata
para engolir todo o estirão da raia
que é um desafio de léguas pela frente.
Mas como custa arrebentar o laço
do andarível de partida desta cancha!
Porto Alegre, cheia de junho.
segunda-feira, junho 19, 2006
Esse excerto faz parte do poema "Canto de Adeus para o Peão de Estância", linda lírica de Aparício da Silva Rillo.
Não vou cantar teu vulto de legenda
perdido no impreciso dos tempos e das lendas.
Nas entrelinhas da História se retraça
à tintas de suor somado a sangue
a gesta que foste herói sem nome,
o bruto lutador temperado a minuano,
a fumos de cartucho e guascaços de sol.
Porto Alegre, cheia de junho.
Não vou cantar teu vulto de legenda
perdido no impreciso dos tempos e das lendas.
Nas entrelinhas da História se retraça
à tintas de suor somado a sangue
a gesta que foste herói sem nome,
o bruto lutador temperado a minuano,
a fumos de cartucho e guascaços de sol.
Porto Alegre, cheia de junho.
domingo, junho 18, 2006
Perdi a rima em algum lugar do caminho. As palavras ficaram sem aquela lógica que determina os versos rimados. Embora nunca tenha sido um grande versejador, este fato deu-me uma liberdade que muitas vezes, não obstante minha relutância, causa-me embaraço. Há um universo de sons, imagens e cores por descobrir e a cada novo escrito, sinto que este lugar, onde a palavra habita, é minha libertação e, ao mesmo tempo, minha prisão. Mas não é no dito que encontro abrigo, sossego, mas no indizível. O fato de que as coisas não estão definidas por completo é que possibilita a bendita insegurança que alguns chamam de fé. Não posso concordar com aqueles que precisam de uma norma para se agarrar, pois ela nos impede a descoberta, o desafio. Talvez, por isso, alguém há muito tempo tenha dito que com esperança se pode mover montanhas. Já que esses lugares "sólidos" podem se tornar mais do que um lugar de abrigo, mas um esconderijo e ninguém quer ver o seu ser descoberto, pois isso é sinônimo de vulnerabilidade. Agora, pensando melhor, não perdi a rima, apenas a deixei em algum lugar que durante muito tempo usei para me esconder.
Porto Alegre, cheia de junho.
P.S. Ainda peleando com Dom Jayme Caetano.
Porto Alegre, cheia de junho.
P.S. Ainda peleando com Dom Jayme Caetano.
sábado, junho 17, 2006
Repost
Tardezita, sabiás e bem-te-vis pulam de galho em galho cantado faceiros. Na porta do rancho, sentado na soleira um gaúcho, bombacha remangada traz numa mão a cuia e na outra um palheiro. É o fim de mais um dia de lida. Sobre a face ainda tem o sal do suor que se mistura, vez por outra, ao amargo do mate. Se estica para alcançar a cambona, serve mais um amargo e num pequeno assobio chama para perto o cusco ovelheiro, amigo e confidente. O cusco se vem manhoso, orelhas baixas e cola erguida, se senta aos pés do qüera e fica a lhe olhar. "É companheiro a vida anda braba" foi só o que disse. Mas o cão conhecia bem aquele jeito de dizer sentido e murchou ainda mais as orelhas. O céu que em matizes colorados dava lugar para a noite, parecia simplesmente ser um reflexo dos olhos daquele que sentado, teima em sentir saudades. E o mate já frio e lavado, deixava na boca um gosto de angústia. Deitou a cuia no pé da cambona, calçou as alpargatas e se foi para o rumo do lajeado. Tencionava que lavando o suor do dia lavaria sua alma e a água que correia entre suas mãos levaria para longe essa angústia matreira. No costado do lajeado tirou as alpargatas, a camisa e remangou as bombachas. Já se ia longe o sol e o último rubor escassiara, ficara ele e o cusco sob a lua clara que vinha repontada pela boieira. Deixou-se ficar por um tempo ouvindo o murmúrio da sanga, que num compasso marcado cantava serena para ele escutar. O cusco sestroso olhou bem no seus olhos e devagarito foi se chegando para junto da sanga querendo a sede matar. Um silêncio infinito embalado pela aguada e os grilos, seguia insistindo que era preciso pensar. Desistiu do seu primeiro plano e despido se atirou na sanga com gana, queria lavar a alma, os pensamentos...
Bem cedo, Nicácio cruzando no passo bombeou um cusco sentadito do lado de um corpo nu, que o mirava sentido como dizendo: "é companheiro a vida anda braba!".
Porto Alegre, cheia de junho.
Bem cedo, Nicácio cruzando no passo bombeou um cusco sentadito do lado de um corpo nu, que o mirava sentido como dizendo: "é companheiro a vida anda braba!".
Porto Alegre, cheia de junho.
terça-feira, junho 13, 2006
Don Jayme, na maioria das vezes, tem razão!
Esse ar de rebeldia
Que nós guascas ostentamos,
É uma tendência que herdamos
Dos índios da tolderia,
Na bárbara teimosia
De ser Brasil - sentimento
Arraigado no pensamento,
Arraigado no coração,
Espécie de certidão
Anterior ao nascimento.
Porto Alegre, cheia de junho.
Esse ar de rebeldia
Que nós guascas ostentamos,
É uma tendência que herdamos
Dos índios da tolderia,
Na bárbara teimosia
De ser Brasil - sentimento
Arraigado no pensamento,
Arraigado no coração,
Espécie de certidão
Anterior ao nascimento.
Porto Alegre, cheia de junho.
sexta-feira, junho 09, 2006
Retrato...
Um verso como retrato descolorido
É o que preciso
Deve ter uma casa grande
Velhos de braços dados
E crianças, muitas crianças
As mulheres de vestido acinturado
E os homens de bombachas
Todos sorriem
Porque parecem felizes
Pois, nos retratos
A felicidade pode ser perene.
Porto Alegre, cheia de junho.
É o que preciso
Deve ter uma casa grande
Velhos de braços dados
E crianças, muitas crianças
As mulheres de vestido acinturado
E os homens de bombachas
Todos sorriem
Porque parecem felizes
Pois, nos retratos
A felicidade pode ser perene.
Porto Alegre, cheia de junho.
quinta-feira, junho 08, 2006
Chacarera del triste
Patrícios, ouvi essa música outro dia e a achei buenaça. Por isso resolvi compartilhar.
Para qué quiero vivir
con el corazón deshecho,
Para qué quiero la vida
después de lo que me haz hecho.
Yo te di mi corazón
el tuyo vos me entregaste,
con engaños hacia el mío, prenda,
lo despedazaste.
Ay, ¿por qué fuiste tan cruel?
si tu franqueza esperaba,
¿por qué jugaste conmigo?, prenda,
si te idolatraba.
Yo del mundo olvidé
desengaños y amarguras
pero lo que vos me hiciste, prenda,
en mi alma perdura.
Cantando me pasaré
muy triste ésta chacarera.
Pueda ser de que me alegre
en el instante en que muera.
Seguí guitarra, seguí,
seguí como yo, llorando,
compañera hasta la muerte
seguí mi alma consolando.
No hay remedio, yo lo sé,
¿para qué voy a buscarlo?
tan deshecha tengo el alma,
que inútil será lograrlo.
Segui, guitarra, seguí,
prenda, por lo que me hiciste
'rabiando' toda la noche
la chacarera del triste.
Porto Alegre, cheia de junho.
Para qué quiero vivir
con el corazón deshecho,
Para qué quiero la vida
después de lo que me haz hecho.
Yo te di mi corazón
el tuyo vos me entregaste,
con engaños hacia el mío, prenda,
lo despedazaste.
Ay, ¿por qué fuiste tan cruel?
si tu franqueza esperaba,
¿por qué jugaste conmigo?, prenda,
si te idolatraba.
Yo del mundo olvidé
desengaños y amarguras
pero lo que vos me hiciste, prenda,
en mi alma perdura.
Cantando me pasaré
muy triste ésta chacarera.
Pueda ser de que me alegre
en el instante en que muera.
Seguí guitarra, seguí,
seguí como yo, llorando,
compañera hasta la muerte
seguí mi alma consolando.
No hay remedio, yo lo sé,
¿para qué voy a buscarlo?
tan deshecha tengo el alma,
que inútil será lograrlo.
Segui, guitarra, seguí,
prenda, por lo que me hiciste
'rabiando' toda la noche
la chacarera del triste.
Porto Alegre, cheia de junho.
quarta-feira, junho 07, 2006
Agora empecei com gana a monografia que há alguns meses tenho enrolado. Bueno, espero que o resultado seja macanudo. Fora isso, aulas nas escolas, disciplinas na pós e por aí vai... o pouco tempo que me sobra serve para postar alguma bobagem. Como eu e o Don Jayme andemô tomando mate diariamente, vou deixar para ustedes uma coisa que ele me disse outro dia.
Meu orgulho de gaúcho
É ser guasca Missioneiro
E o velho Santo Padroeiro
Que levo por onde andar...
Meu Templo é qualquer lugar,
Pois para chiru que se preza
Lombilho é banco de reza
E o peito tábua de altar!
(De fogão em fogão, 1958, p. 28)
Porto Alegre, cheia de junho.
Meu orgulho de gaúcho
É ser guasca Missioneiro
E o velho Santo Padroeiro
Que levo por onde andar...
Meu Templo é qualquer lugar,
Pois para chiru que se preza
Lombilho é banco de reza
E o peito tábua de altar!
(De fogão em fogão, 1958, p. 28)
Porto Alegre, cheia de junho.
terça-feira, junho 06, 2006
E eu cá...
Bueno, patrícios eu cá ando entertido com uma pesquisa que parce não ter fim... Agora além da bendita estética tive que me "inlhar" com história e sociologia, la pucha! Só espero que o Don Jayme não me mande um raio na minha cabeça, sabem como é, ele deve ser achicado com o Patrão lá de riba.
Porto Algre, cheia de junho.
P.S. Que baita frio hoje, tá de regueá cusco.
Porto Algre, cheia de junho.
P.S. Que baita frio hoje, tá de regueá cusco.
quarta-feira, maio 31, 2006
segunda-feira, maio 29, 2006
Bueno, eu não sou muito de ficar falando sobre os acontecimentos da nossa ilustre entidade tradicionalista, o MTG, mas, hoje, me chamou a atenção uma notícia que li no jornal. Digo, o que prendeu mesmo foi a afirmação do nosso Papa, quero dizer, patrão, Manoelito Savaris que, poupando os ortodoxos da afronta, ou não, foi a mais genuína expressão do fundamentalismo que tomou conta da instituição. "O que importava era a capacidade de argumentação e expressão, não a opinião da prenda" - diz o presidente do MTG, Manoelito Savaris. O contexto dessa pérola é o concurso de prendas do MTG. Em resumo, para ele pouco importa se as prendas sabem pensar, desde que, elas repitam o discurso correto. Em mim isso causa ojeriza. E é por isso que o movimento continua falando de algo que não existe mais, ou nunca existiu. Por isso, continua-se cantando as mesmas ladainhas sem significado, salvo as escassas expressões que podemos chamar de artísticas. Patrícios, será que o MTG ainda não percebeu o seu lugar na sociedade? As últimas notícias dizem que não, já que não se cansam de olhar para o próprio umbigo e o achar extremamente atraente...
Bueno, sei que estas palavras vão desagradar muitos leitores do Capando e, já que o blog não tem um editor chefe, eu mesmo coloco a nota.
As afirmações acima contidas são de responsabilidade única e exclusiva do autor.P
P.S. Rezo todos os dias para que o Capando não entre na lista dos blogorum proibitorum do MTG.
Porto Alegre, nova de maio.
Bueno, sei que estas palavras vão desagradar muitos leitores do Capando e, já que o blog não tem um editor chefe, eu mesmo coloco a nota.
As afirmações acima contidas são de responsabilidade única e exclusiva do autor.P
P.S. Rezo todos os dias para que o Capando não entre na lista dos blogorum proibitorum do MTG.
Porto Alegre, nova de maio.
domingo, maio 28, 2006
Xucro Espetáculo
Se um maneia
O outro castra
Vem aquele e marca
E por último alguém
Para curar
Que sobra para os outros
Senão assistir
Esse xucro espetáculo
Porto Alegre, nova de maio.
O outro castra
Vem aquele e marca
E por último alguém
Para curar
Que sobra para os outros
Senão assistir
Esse xucro espetáculo
Porto Alegre, nova de maio.
Marvada Pinga
Com a marvada pinga
É que eu me atrapaio
Eu pego no copo e já dou meu taio
Eu chego na venda e dali não saio
Ali memo eu bebo
Ali memo eu caio
Só pra carregar nunca dei trabaio
Oi lá
Sempre bebo a pinga
Porque gosto dela
Bebo da branquinha,
Bebo da amarela
Eu bebo no copo, bebo na tigela
Bebo temperada com cravo e canela
Seja em qualquer tempo vai
Pinga na goela
Oi lá
Venho da cidade
Já venho cantando
Trago um garrafão
Que venho chupando
Venho pro caminho,
Venho trupicando
Chutando o barranco
Venho cambetiando
No lugar que eu caio
Já fico roncando
Oi lá
Não largo da pinga
Nem que eu tome pito
Que é de inclinação eu acho bonito
O cheiro da pinga fico meio aflito
Bebo uma garrafa e já quero um litro
Já fico babando crio dois espírito
Oi lá
Pinga temperada eu não modifico
Quem manda no bule
Eu chupo no bico
Vou rolar na pueira
Que nem tico-tico
Vou de quatro pé destripando o bico
Junta a mosquiteira
Mas eu não implico
Oi lá
A muié me disse
Ela me falou
Largue dessa pinga
Peço por favor
Prosa de muié
Nunca dei valor
Bebo no sol quente
Pra esfriar o calor
E bebo de noite pra fazer suador
Oi lá
A muié me disse
Largue de beber
Pois eu com essa pinga
Hei de combatê
Você fique quieto largue
De tremer
Depois que se embriaga
Não levanto ocê
Vô deixá das pinga só quando eu morrer.
Porto Alegre, nova de maio.
É que eu me atrapaio
Eu pego no copo e já dou meu taio
Eu chego na venda e dali não saio
Ali memo eu bebo
Ali memo eu caio
Só pra carregar nunca dei trabaio
Oi lá
Sempre bebo a pinga
Porque gosto dela
Bebo da branquinha,
Bebo da amarela
Eu bebo no copo, bebo na tigela
Bebo temperada com cravo e canela
Seja em qualquer tempo vai
Pinga na goela
Oi lá
Venho da cidade
Já venho cantando
Trago um garrafão
Que venho chupando
Venho pro caminho,
Venho trupicando
Chutando o barranco
Venho cambetiando
No lugar que eu caio
Já fico roncando
Oi lá
Não largo da pinga
Nem que eu tome pito
Que é de inclinação eu acho bonito
O cheiro da pinga fico meio aflito
Bebo uma garrafa e já quero um litro
Já fico babando crio dois espírito
Oi lá
Pinga temperada eu não modifico
Quem manda no bule
Eu chupo no bico
Vou rolar na pueira
Que nem tico-tico
Vou de quatro pé destripando o bico
Junta a mosquiteira
Mas eu não implico
Oi lá
A muié me disse
Ela me falou
Largue dessa pinga
Peço por favor
Prosa de muié
Nunca dei valor
Bebo no sol quente
Pra esfriar o calor
E bebo de noite pra fazer suador
Oi lá
A muié me disse
Largue de beber
Pois eu com essa pinga
Hei de combatê
Você fique quieto largue
De tremer
Depois que se embriaga
Não levanto ocê
Vô deixá das pinga só quando eu morrer.
Porto Alegre, nova de maio.
quinta-feira, maio 25, 2006
Num sonho...
Num sonho
Um tropel
Entre todos os fletes
Uma égua moura
Crinas negras
Olhos negros
Profundos
Cruzam
Fica a poeira vemelha
Grudada no suor
Do rosto
Porto Alegre, nova de maio.
Um tropel
Entre todos os fletes
Uma égua moura
Crinas negras
Olhos negros
Profundos
Cruzam
Fica a poeira vemelha
Grudada no suor
Do rosto
Porto Alegre, nova de maio.
quarta-feira, maio 24, 2006
Essa é a minha segunda semana como docente/estagiário numa turma do EJA. Meus alunos são de vários lugares, muitas vivências e histórias de vida. A maioria trabalha o dia todo e à noite vem para a escola. Bueno, muitos universitários fazem isso também, então onde está o mérito!? Acredito que esteja no fato de grande parte deles ter mais de 25 anos e estar na 8ª série do ensino fundamental. Eu espero, sinceramente, que consiga passar-lhes algo que seja de serventia, pois a mim eles já deram grandes lições.
Como é lindo colar grau
num salão de faculdade,
embora essa qualidade
não transforme o bom em mau,
o Jayme Caetano Braun,
dessa linha não se afasta,
a inspiração não se gasta
nem me torna mais cruel,
eu conquistei um anel
o de gaúcho - e me basta!
Porto Alegre, nova de maio.
Como é lindo colar grau
num salão de faculdade,
embora essa qualidade
não transforme o bom em mau,
o Jayme Caetano Braun,
dessa linha não se afasta,
a inspiração não se gasta
nem me torna mais cruel,
eu conquistei um anel
o de gaúcho - e me basta!
Porto Alegre, nova de maio.
terça-feira, maio 23, 2006
Fugindo da ortodoxia
Sei que as vezes, para muitos, tenho fugido da ortodoxia gaudéria e proposto temas para os pots que podem soar heréticos. Felizmente, ou infelizmente, tenho uma tendência a descumprir regras. Bueno, e como nunca fui desacatado aqui no Capando, continuo minha tarefa, ora mais ao sul, ora bem longe daqui.
"No entanto, do fundo do coração te agradeço o desespero que me causas, e detesto a tranqülidade em que vivi antes de te conhecer"
Sóror M. Alcoforado
Porto Alegre, cheia de maio.
"No entanto, do fundo do coração te agradeço o desespero que me causas, e detesto a tranqülidade em que vivi antes de te conhecer"
Sóror M. Alcoforado
Porto Alegre, cheia de maio.
domingo, maio 21, 2006
Carancho
Que dia bem atrapaiado esse de hoje... cuê pucha! Bueno, largo mais um tento antigo, de novembro/04, espero que gostem...
T... tinha a incerteza na alma daqueles que plantam e espera mui larga daqueles que colhem. Mirava a ressolana que castigava a lavoura. Um campito detrás do rancho meia dúzia de pés de milho, mas que eram muito importantes. Havia galinhas no pátio cacarejando pedindo bóia, um matungo judiado que também ganhava milho, filho e a mulher. Nem imaginava ter que pedir de novo uns cobres pro coronel. Por causa dessa sandice perdera o campo do fundo no começo do mês. O que mais lhe sangrava no peito eram os piazitos mui magros que tenteavam de bodoque as perdizes no capoeral. Essa safra o Patrão do céu vai ser bueno comigo, deve mandar a chuva para a lavoura vingar. Pura e santa ingenuidade. A chuva não veio, o campo se fez morte e não vida e um dos piazitos, por fraqueza, não cruzou o inverno brabo. Uma mágoa queixosa bateu-lhe nos olhos e a chuva que não veio, nas lágrimas se mostrou. E o sal que lhe molhava o rosto, deixando a boca em fel lhe fez erguer os olhos e clamar para o céu. Que Deus olhasse para sua desgraça e mandasse ventura, ou lhe dizimasse a raça.
Na madrugada campeira não foi T... que chorou mas o céu - morada das almas puras - que mandou água e esperança para este rancho de um carancho que cismava em acreditar e sonhar.
Porto Alegre, cheia de maio.
P.S. Que bueno esse invernito.
T... tinha a incerteza na alma daqueles que plantam e espera mui larga daqueles que colhem. Mirava a ressolana que castigava a lavoura. Um campito detrás do rancho meia dúzia de pés de milho, mas que eram muito importantes. Havia galinhas no pátio cacarejando pedindo bóia, um matungo judiado que também ganhava milho, filho e a mulher. Nem imaginava ter que pedir de novo uns cobres pro coronel. Por causa dessa sandice perdera o campo do fundo no começo do mês. O que mais lhe sangrava no peito eram os piazitos mui magros que tenteavam de bodoque as perdizes no capoeral. Essa safra o Patrão do céu vai ser bueno comigo, deve mandar a chuva para a lavoura vingar. Pura e santa ingenuidade. A chuva não veio, o campo se fez morte e não vida e um dos piazitos, por fraqueza, não cruzou o inverno brabo. Uma mágoa queixosa bateu-lhe nos olhos e a chuva que não veio, nas lágrimas se mostrou. E o sal que lhe molhava o rosto, deixando a boca em fel lhe fez erguer os olhos e clamar para o céu. Que Deus olhasse para sua desgraça e mandasse ventura, ou lhe dizimasse a raça.
Na madrugada campeira não foi T... que chorou mas o céu - morada das almas puras - que mandou água e esperança para este rancho de um carancho que cismava em acreditar e sonhar.
Porto Alegre, cheia de maio.
P.S. Que bueno esse invernito.
quinta-feira, maio 18, 2006
Copie esse do blog so cumpadre Castrador, lindos versos, espero que gostem.
No mais... ando tocando cavalo.
Hasta siempre.
Quando Sopra o Minuano
Barbosa Lessa
Minuano tá soprando, assobiando nesta noite
tropeando seus fantasmas, tropeando
e as almas vão passando galopando redomões
fantasmas do passado no tropel das tradições.
Levanta gaucho, todos precisam andar
Minuano tá chorando e o Rio Grande precisa cantar
Venham comigo voar com o minuano
na galopada destas almas pelo-duro
neste tropel em que se unem gerações
e as velhas tradições dão o rumo do futuro
e o minuano vai correndo doidamente
e o próprio frio aquece o coração da gente
e o coração todo abre e se expande
pra que entre em nosso sangue
o próprio sangue do Rio Grande.
Porto Alegre, cheia de maio.
No mais... ando tocando cavalo.
Hasta siempre.
Quando Sopra o Minuano
Barbosa Lessa
Minuano tá soprando, assobiando nesta noite
tropeando seus fantasmas, tropeando
e as almas vão passando galopando redomões
fantasmas do passado no tropel das tradições.
Levanta gaucho, todos precisam andar
Minuano tá chorando e o Rio Grande precisa cantar
Venham comigo voar com o minuano
na galopada destas almas pelo-duro
neste tropel em que se unem gerações
e as velhas tradições dão o rumo do futuro
e o minuano vai correndo doidamente
e o próprio frio aquece o coração da gente
e o coração todo abre e se expande
pra que entre em nosso sangue
o próprio sangue do Rio Grande.
Porto Alegre, cheia de maio.
terça-feira, maio 16, 2006
Sob o telhado desse galpão
"Que culto estranho, que pampeano rito,
vivem em tais vultos que divergem tanto
é a liberdade que fundiu num grito
todas as vozes do Rio Grande santo"
Tem coisas que só o nativismo faz, unir os quatro qüeras que formam esse blog é uma delas. E já faz dois anos que estamos juntos, não dividindo quase nada além dessa paixão que bombeia o coração e circula por debaixo de cada palmo da pele que nos cobre. A paixão pelas coisas do Rio Grande, pelo povo que compõe essa nação dentro de uma nação, pela natureza rude e crua na qual o gaúcho brotou e cresceu imponente.
Paixão pelo assovio do minuano, que soa triste entre as árvores, pelo grito do quero quero, ecoando pelas coxilhas em busca de resposta, pelo barulho do capincho, sisudo, mergulhando na sanga, e a visão do pampa que se desenrola no horizonte despertando no gaúcho ao mesmo tempo a pequenez de sua própria existência, assim como a grandeza inegável de tem por fazer parte daquela paisagem.
O Rio Grande nos uniu, e nos mantêm unidos apesar de todas as outras cousas que nos mantêm diferentes, visões políticas, teológicas, metodológicas, étnicas e etárias, são logo postas de lado quando a cuia passa de mão em mão, quando a carne gorda assa na brasa e se assunta os últimos "causos" na beira do fogo.
Me lembro do primeiro templo dessa estranha religião, foi num galpão montado, imagine só, no coração da grande Porto Alegre. Um oásis bagual no meio da selva de pedra, onde nos reuníamos fugindo dos rostos frios e sem expressão, das regras sem significado nem calor humano que regem as relações dos gaúchos urbanos. Não apenas fugíamos, mas nas nossas idas ao galpão voltávamos para o lugar de onde saímos sem nunca o ter de fato deixado para trás. Voltávamos para a simplicidade nas relações, para o sorriso largo e generoso, para o cheiro de carne meio crua pingando no chão batido, para as conversas sem compromisso, para alegria de encontrar no outro, a mesma paixão que pulsa dentro do nosso peito.
O galpão, já não existe mais, mas até hoje permanece como um símbolo daquele outro, igualmente rústico, que carrego dentro desse meu coração velho.
domingo, maio 14, 2006
Mais um ano...
Amanhã o Capando faz dois anos. Queria, entonces, fazer uma pequena retrospectiva, pena que não a possa o fazer juntamente com meus cumpadres que cá escrevem comigo. Bueno, são 273 posts: muitos causos, música e poesia, alguns desabafos e uma que outra rusguinha. Também figuraram por aqui declarações de afeto as prendas, aos amigos e parentes mais chegados. E pensar que tudo começou num domingo à tarde em meio a uma borracheira bárbara... Lembro o início quando cada visita era contada com alegria de piá que recebeu bombacha nova, depois veio a comunidade no orkut e algumas reuniões, tencionando planos empreendedores que nunca deram em nada, digo, nada não, pois rederam algumas fotos que ainda nos fazem rir largo. Quando iniciamos éramos três, como no livro e na novela, depois se juntou a nosotros o Marcador, índio da pura cepa que dispensa apresentações. Engraçado, três ontonte parei e reli alguns posts... quanta coisa já passou, quanta carne gorda mal-assada, tantos mates e prosa boa... mas o que me impressiona em tudo isso é o quanto mudamos: filhos, ideais, inquietações... dois anos não é muito tempo podem os patrícios pensar, concordo, no entanto, as datas do calendário nem sempre nos dão uma noção exata do que se passa. Mas não posso deixar de salientar algo que não cambiou e, assim espero, nunca irá mudar - a amizade. Embora o maleva do ofício de cada um, impeça nossos encontros que já foram semanais, abraço a cumadre Camila sei que ela sente saudades do carreteiro, continuamos a cada camperiada que travamos juntos, sentindo a mesma faceirice de antanho. Digo sem pestanejar que o Capando se tornou uma família, unida por laços indeléveis que nem o tempo, tampouco a distância poderão romper.
Agradeço muito a Patrão de todos os que vivem cá em baixo, por essa bendição esse lenitivo, utilizando uma palavra que D. Jayme gosta muito, que são os meus fiéis e buenaços amigos do Capando - Castrador, Maneador e Marcador, muy gracias meus amigos, muy gracias meus irmãos e feliz cumpleaños Capando Touro a Unha.
Porto Alegre, cheia de maio.
Agradeço muito a Patrão de todos os que vivem cá em baixo, por essa bendição esse lenitivo, utilizando uma palavra que D. Jayme gosta muito, que são os meus fiéis e buenaços amigos do Capando - Castrador, Maneador e Marcador, muy gracias meus amigos, muy gracias meus irmãos e feliz cumpleaños Capando Touro a Unha.
Porto Alegre, cheia de maio.
sexta-feira, maio 12, 2006
Tormenta - Repost
"Maria, chama os guris que vem tormenta!" gritou Nicácio da porta do rancho para Maria que estava no pátio recolhendo a roupa. Ela voltou o olhar por cima do ombro e continuou sua tarefa despreocupadamente. O esposo, ao ver que mulher não dera importância para o seu conselho, saiu a procurar a gurizada. "Esses malevas! Devem estar por aí fazendo arte e eu aqui me importando com eles." Enquanto Nicácio campeava pelos filhos, uma barra negra e densa vinha mui ligeira do lado chovedor. "La pucha! Ou eu encotro logo esse piazedo, ou tomo essa chuva no lombo." Pensava contrariado. Preferia estar em casa meteando, onde já se viu ele o homem da casa ter que correr atrás dessa piralhada, o pior é que Maria nem fizera causo do que dissera. "Essa mulher!" "De uns tempos para cá finge que não me ouve. Primeiro aquelas rusguinhas por minhas idas ao comércio de carreira, agora esse silêncio que as vezes me tira do sério. Qualquer dia eu perco a paciência e, aí, ela vai ver o que é bom prá tosse." E o tempo véio fechando, tronando alto, fazendo da meia tarde, tardezinha. "Onde se meteram aquelas pragas!" "Quando é para ir à escola é aquela ladainha, mas pro retouço não tem ruim." Nicácio ia nesse passo, um pouco praguejava, outro pouco bombeava as nuvens gordas sobre sua cabeça. "O pior é que saí sem chapéu, agora essa maldita tormenta empeça e eu quero vê." "Fulano!, Betrano!" "Quem sabe quando eu voltar a mulher esteja mais mansa. Pode ser que até me regale com algum carinho por ter ido atrás dos guris." "Bah! Já faz um tempito que ela nem me olha. Se deita vira pro lado e pronto. E eu loco de brabo. Tenteio ainda algum carinho, mas a bicha faz que tá dormindo e fico chupando o dedo." De repente, um clarão dali a pouco um estrondo. "Esse foi perto!" "Melhor eu achar os piás loguito" Apertou o paço rumo ao capão, gotas pesadas e mornas já lhe batiam no rosto. Parou, chamou e nada dos filhos. "Já devem ter voltado pra casa, numa altura dessas." Vez meia volta e a trotezito garrou o rumo do rancho. "De hoje a Maria não passa, ou ela cumpre com seu papel de esposa, ou me mudo pra zona." Por um instante parou, silente, e reparou na bobagem que pensara. Onde já se viu ele um homem de bem ir morar na zona...
Quando chegou perto da morada, os meninos já estavam coma mãe à porta. Entrou, cabeça baixa, tirou a roupa encharcada tomou um trago e foi se deitar. Enquanto, lá fora a tormenta já tinha cruzado e, agora, uma chuva mansinha caia.
*Bueno é mês de aniversário do Capando, entonces, vou repostar alguns dos antigos. A Lua é cheia hoje, muy linda...
Porto Alegre, cheia de maio.
Quando chegou perto da morada, os meninos já estavam coma mãe à porta. Entrou, cabeça baixa, tirou a roupa encharcada tomou um trago e foi se deitar. Enquanto, lá fora a tormenta já tinha cruzado e, agora, uma chuva mansinha caia.
*Bueno é mês de aniversário do Capando, entonces, vou repostar alguns dos antigos. A Lua é cheia hoje, muy linda...
Porto Alegre, cheia de maio.
quinta-feira, maio 11, 2006
No Céu dos Canarinhos...
Bueno, indiada, venho por meio deste post comunicar o falecimento do passarinho Felício. Este fantástico espécime da família dos canários, que desde Janeiro de 2006 residia cá no rancho do Marcador. Seus primeiros meses foram de pura alegria, canções e assovios. Mas nos últimos dias sofria com problemas respiratórios. Muitas vezes o encontramos com falta de ar, arfando gaiola afora. Contudo, as últimas imagens do Felício foram de uma passarinho alegre, enquanto se refestalava diante do calor do Sol, imponente como um General Farroupilha.
Com certeza está no Céu dos Canarinhos!
Hasta siempre....
terça-feira, maio 09, 2006
Eu ia postar algo hoje mais elaborado, mas... bueno não tem desculpa, entonces patrícios fiquem com mais um verso rimado.
Na vila dos borracho tem de tudo um pouco
Só não tem fundamento esse bando de lôco
Essa sede doentia, esse espírito de porco
Lá ninguém chega inteiro e quem quiser chegar
Vá rumo ao exagero, ao limiar do insano
Não existe perda...no fim de tudo, à esquerda.
Porto Algre, nova (pelo menos para mim) de maio.
Na vila dos borracho tem de tudo um pouco
Só não tem fundamento esse bando de lôco
Essa sede doentia, esse espírito de porco
Lá ninguém chega inteiro e quem quiser chegar
Vá rumo ao exagero, ao limiar do insano
Não existe perda...no fim de tudo, à esquerda.
Porto Algre, nova (pelo menos para mim) de maio.
segunda-feira, maio 08, 2006
Uma verdade, somente...
Nunca devias ter saído donde saíste. Disse-lhe D. A vida lá fora, distante do pago é difícil e tu sabias bem, no entanto te enveredaste por esse caminho... e agora? Eu te pergunto: E agora!? No fundo T sabia que aquilo era verdade, mas a ilusão da cidade - suas luzes, suas mulheres, seus... - contudo, intuía também que não poderia voltar, tornara-se tão diferente que acabara por não ser de lugar nenhum. No campo estava feliz, mas sentia falta de algo e, no povo, não era de outra forma. Perdera a conta de quantas vezes entrouxou seus peçuelos... mas nunca tinha coragem suficiente para partir. Imaginava a vergonha que sentiria ao voltar derrotado, seria caçoado, mal visto... um perdedor. Pensava nos cobres que o pai gastara com a sua educação, do orgulho que o velho tinha ao contar aos amigos, no bolicho, que o filho seria doutor. E, agora, deparava-se com aquela verdade novamente, de ser um estranho onde quer que estivesse. O pior é que há tempos era um estranho para si, não reconhecia seus pensares e viveres tão diversos daqueles de outrora. Quando parava, refletindo quanto tudo começara a cambiar só encontrava cenas esparsas: livros, pessoas... Sentava-se por horas em sua sala de estudos a olhar uma das paredes brancas e nada, nada de entender o que se passava. Será esse meu destino, a dúvida... Se ao menos ainda tivesse alguma certeza, poderia agarrá-la com unhas e dentes e por ela viveria, talvez. Olhando fixamente para o amigo, ergueu os ombros e disse: quem sabe não devêssemos nunca ter saído mesmo de lá... mas, sua voz saiu tão fraca, quase um soluço, que o companheiro pensou que delirava...
Porto Alegre, nova de maio.
Porto Alegre, nova de maio.
domingo, maio 07, 2006
O inverno começa a apontar por cá e eu ando loco de faceiro com isso.
Hoje fui ver minha afilhada linda e me regalar com a buena companhia do meu cumpadre Marcador e da cumadre Camila, personas boníssimas. Tchê, não tenho do que reclamar mis amigos son los mejores, comnheiros pra toda lida... sou eu que as vezes rateio com ellos, mas eles compreendem meu mutismo na maioria das vezes...
Quanto ao resto, bueno anda como os ventos sopram - ora degavar uma barbaridade, outras mais de pressa um pouquito... Entonces, me despeço de ustedes. Que tenham uma semana muy buena.
Porto Alegre, nova de maio.
Hoje fui ver minha afilhada linda e me regalar com a buena companhia do meu cumpadre Marcador e da cumadre Camila, personas boníssimas. Tchê, não tenho do que reclamar mis amigos son los mejores, comnheiros pra toda lida... sou eu que as vezes rateio com ellos, mas eles compreendem meu mutismo na maioria das vezes...
Quanto ao resto, bueno anda como os ventos sopram - ora degavar uma barbaridade, outras mais de pressa um pouquito... Entonces, me despeço de ustedes. Que tenham uma semana muy buena.
Porto Alegre, nova de maio.
sábado, maio 06, 2006
O copo que trazia já pela metade a canha amarelida que bebericava aos pouquitos, atirado na cadeira de palha bombeava o bolicho: pobre, sujo, enfumaçado... Levantava-o à altura dos olhos e ficava a ver o tosco lugar através da canha... impressionava-se como tudo cambiava de cor e forma, não que estivesse borracho, somente faceiro depois daquele trago. Ficou a rir de si, não lembrava da desgraça que lhe assaltara dias antes, agora tudo se tornara amarelado e disforme sob as "lentes" que utilizava. Como seria bueno se o mundo, a vida, fosse assim simples - quando quiséssemos vê-la de outra forma teríamos que somente trocar de mirada, de óculos... e seriam vários, de muitas cores e formas, permitindo inúmeras combinações: lentes de bem-querer, lentes de paz, de desejo... que colocadas uma pós outra produziriam novas e inimagináveis sensações.
Recostado na cadeira o copo erguido à altura dos olhos... um cusco late e sucumbe seu devaneio. Sou só um borracho que insiste em querer ver o mundo através de um copo de canha... e baixando o copo até os lábios tomou num gole o que ainda restava da cachaça.
Recostado na cadeira o copo erguido à altura dos olhos... um cusco late e sucumbe seu devaneio. Sou só um borracho que insiste em querer ver o mundo através de um copo de canha... e baixando o copo até os lábios tomou num gole o que ainda restava da cachaça.
sexta-feira, maio 05, 2006
Patrícios, lá se vão uma penca de post´s, dos quais pouco se aproveita, mas como vocês continuam a visitar o Capando, eu cá, continua a escrever quase que diariamente. No começo apenas por exercício, ahora, por necessidade. Quando não posto parece que deixei de falar com alguém muito querido. Muitas vezes penso ser um tanto quanto estranho, já que a maioria das pessoas que nos visitam, sequer conheço. E, embora sejam poucos os coments, tenho um apreço, e acredito que os companheiros do Capando sintam o mesmo, conto cada visita como uma criança que conta as bulitas. Sei que nesse blog já passou tanto de mim que quando leio não consigo acreditar, muitas vezes.
Bueno, de novo nada - a mesma correria...
Porto Alegre, nova de maio.
Bueno, de novo nada - a mesma correria...
Porto Alegre, nova de maio.
quarta-feira, maio 03, 2006
Três de Maio...
Hoje, num rincão distante da capital, uma pequena querência completa mais um ano. Não posso falar do seu grande legado à humanidade, pois além de Charles Kiefer, pouco se produziu de bom neste local, mas seria injusto eu não mencionar o aniversário da terra que me pariu - do lugar onde aprendi a gostar do campo, da boa música, onde moram meus pais e avós... onde o frio enregela no inverno e no verão o sol escalda, onde os galos cantam nas madrugadas e o pôr-de-sol é dum vermelho que nem lhes conto...
Muitas vezes senti saudades, muitas vezes quis estar lá....
A minha querida Três de Maio os meus mais sinceros e devotos parabéns, pois sou filho desta terra e não nego a minha procedência.
Porto Alegre, nova de maio.
Muitas vezes senti saudades, muitas vezes quis estar lá....
A minha querida Três de Maio os meus mais sinceros e devotos parabéns, pois sou filho desta terra e não nego a minha procedência.
Porto Alegre, nova de maio.
segunda-feira, maio 01, 2006
Chacarera del Olvido
Chaqueño Palavecino
Se acabó el querer
luego la pasión
se llenó de olvido
el montanar del amor.
Como imaginar
que la libertad
no tiene sentido
si a mi lado no estas.
Cuando caiga el sol
al atardecer
echaré de menos
el calor de tu piel.
Llevaré en mi pecho
todo lo vivido
y aunque con olvido
hayas pagado mi amor.
Intenté olvidar
todo entre los dos
pero no se tapa
con las manos el sol.
Late corazón
no calles tu voz
largo es el camino
pa'l que carga un dolor.
Sueños de un amor
vivimos los dos
ya se ha vuelto polvo
dentro del corazón.
Porto Alegre, nova de maio.
Se acabó el querer
luego la pasión
se llenó de olvido
el montanar del amor.
Como imaginar
que la libertad
no tiene sentido
si a mi lado no estas.
Cuando caiga el sol
al atardecer
echaré de menos
el calor de tu piel.
Llevaré en mi pecho
todo lo vivido
y aunque con olvido
hayas pagado mi amor.
Intenté olvidar
todo entre los dos
pero no se tapa
con las manos el sol.
Late corazón
no calles tu voz
largo es el camino
pa'l que carga un dolor.
Sueños de un amor
vivimos los dos
ya se ha vuelto polvo
dentro del corazón.
Porto Alegre, nova de maio.
domingo, abril 30, 2006
En Blanco y Negro
"Em blanco y negro
Esta cancion
Quedó em blanco y negro
Con el corazón"
Houve um tempo quando escrever para o Capando era muito mais simples: lá se vão quase dois anos, duas centenas de posts e com isso, redigir algo aos patrícios foi ficando complicado, cansativo...
Por já ter pintado, em muitas histórias anteriores, com inúmeras cores, hoy decidi fazê-lo em branco y negro... Simplesmente porque os extremos sempre prendem minha atenção - a tenção, o movimento para ambos os lados, as forças contrárias que perdem o significado na ausência da outra... analogias para tantas coisas... Contudo, a modernidade tardia, como alguns chamam o nosso tempo, não vê nestas cores mais do que monotonia, pois seus olhos já estão encantados pelos êxtases sensoriais provocados por milhares de tons e matizes que encontram todos os dias... bueno, como poderiam perceber duas expressões tão básicas neste universo policromático em que vivem...
Não sei se tem muito fundamento isso que escrevo, tampouco a mim importa se alguém vai achar algo que preste aqui... somente pensei nas possibilidades de repensar a realidade que essas tão desprezadas cores, eu sei que o preto é ausência de cor..., e, por isso, resolvi compartilhar com os patrícios...
"Pero ustes saben, señores, muy bien cómo és esto; No nos falló la intencion, pero si el pressupuesto..."
Inconcluso novamente... meus pensares andam cheios de lacunas, rengos ao caminhar...
Porto Alegre, nova de abril.
Esta cancion
Quedó em blanco y negro
Con el corazón"
Houve um tempo quando escrever para o Capando era muito mais simples: lá se vão quase dois anos, duas centenas de posts e com isso, redigir algo aos patrícios foi ficando complicado, cansativo...
Por já ter pintado, em muitas histórias anteriores, com inúmeras cores, hoy decidi fazê-lo em branco y negro... Simplesmente porque os extremos sempre prendem minha atenção - a tenção, o movimento para ambos os lados, as forças contrárias que perdem o significado na ausência da outra... analogias para tantas coisas... Contudo, a modernidade tardia, como alguns chamam o nosso tempo, não vê nestas cores mais do que monotonia, pois seus olhos já estão encantados pelos êxtases sensoriais provocados por milhares de tons e matizes que encontram todos os dias... bueno, como poderiam perceber duas expressões tão básicas neste universo policromático em que vivem...
Não sei se tem muito fundamento isso que escrevo, tampouco a mim importa se alguém vai achar algo que preste aqui... somente pensei nas possibilidades de repensar a realidade que essas tão desprezadas cores, eu sei que o preto é ausência de cor..., e, por isso, resolvi compartilhar com os patrícios...
"Pero ustes saben, señores, muy bien cómo és esto; No nos falló la intencion, pero si el pressupuesto..."
Inconcluso novamente... meus pensares andam cheios de lacunas, rengos ao caminhar...
Porto Alegre, nova de abril.
sexta-feira, abril 28, 2006
Tio Anastácio
Autoria: Jayme Caetano Braun
Entre a Ponte e o Lajeado
Na venda do Bonifácio
Conheci o tio Anastácio
Negro velho já tordilho;
Diz que mui quebra em potrilho,
Hoje, pobre e despilchado,
De tirador remendado
Num petiço douradilho...
Quem visse o tio Anastácio
Num bolicho de campanha
Golpeando um trago de canha
Oitavado no balcão,
Tinha bem logo a impressão
Que aquele mulato sério
Era o Rio Grande gaudério
Fugindo da evolução!
A tropilha dos invernos
Tinha lhe dado uma estafa,
E aquela meia garrafa
Dentro do cano da bota
Contava a história remota
Do negro velho curtido
Que os anos tinham vencido
Sem diminuir na derrota!
Mulato criado guacho
Nos tempos da escravatura
Aquela estranha figura
Na vida passara tudo;
Ginetaço macanudo
Já desde o primeiro berro
Saia trançando "ferro"
No potro mais colmilhudo!
Carneava uma rês num upa
Com toda calma e perícia!
Reservado e sem maílicia,
Negro de toda a confiança,
Bemquisto na vizinhança,
Dava gosto num rodeio,
De pingo alçado no freio
Pialando de toda a trança.
Tinha cruzado as fronteiras
Da Argentina e do Uruguai;
Andara no Paraguai,
Peleando valentemente,
E voltara humildemente
Como tantos índios tacos
Que foram vingar nos Chacos
A honra de nossa gente.
Caboclo de qualidade
Que não corpeava uma ajuda,
Na encrenca mais peleaguda
Sempre conservava o tino,
Garrucha boca de sino
Carregada com amor
E um facão mais cortador
Do que aspa de boi brasino!
Porém depois que os janeiros
Foram ficando à distancia,
Andou de estância em estância
E foi vivendo de changa:
Repontando bois de canga,
Castrando com muita sorte,
E em tempos de seca forte
Arrastando água da sanga ...
Ficou sendo um desses índios
Que se encontra nos galpões
E ao derredor dos fogões
Fala aos moços com paciência
Do que aprendeu na existência,
Ao longo dos corredores,
Alegrias, dissabores,
Curtidos pela experiência!
Tio Anastácio p'ra aqui;
Tio Anastácio p'ra lá...
Mandado mesmo que piá
Por aquela redondeza;
Nos remendos da pobreza,
Entrava e passava inverno,
Como um tronco, só no cerno,
Pelegueando a natureza!
Por isso é que nos bolichos
Só se alegrava bebendo,
Como se cada remendo
Da velha roupa gaudéria
Fosse uma sangria séria
Por onde o sangue do pago
Se esvaísse, trago a trago,
Por ver tamanha miséria!
E até parece mentira
- Negro velho de valor -
Morreste no corredor
Como matungo sem dono;
Não tendo nesse abandono
Ao menos um companheiro
Que te estendesse o baixeiro
Para o derradeiro sono!
E agora que estás vivendo
Na Estância grande do Céu
Engraxando algum sovéu
P'ra o Patrão velho buenacho,
Não te esquece aqui de baixo
Onde a 'lo largo- inda existe
Muito xiru velho triste
Como tu, criado guacho!
Porto Alegre, nova de abril.
Autoria: Jayme Caetano Braun
Entre a Ponte e o Lajeado
Na venda do Bonifácio
Conheci o tio Anastácio
Negro velho já tordilho;
Diz que mui quebra em potrilho,
Hoje, pobre e despilchado,
De tirador remendado
Num petiço douradilho...
Quem visse o tio Anastácio
Num bolicho de campanha
Golpeando um trago de canha
Oitavado no balcão,
Tinha bem logo a impressão
Que aquele mulato sério
Era o Rio Grande gaudério
Fugindo da evolução!
A tropilha dos invernos
Tinha lhe dado uma estafa,
E aquela meia garrafa
Dentro do cano da bota
Contava a história remota
Do negro velho curtido
Que os anos tinham vencido
Sem diminuir na derrota!
Mulato criado guacho
Nos tempos da escravatura
Aquela estranha figura
Na vida passara tudo;
Ginetaço macanudo
Já desde o primeiro berro
Saia trançando "ferro"
No potro mais colmilhudo!
Carneava uma rês num upa
Com toda calma e perícia!
Reservado e sem maílicia,
Negro de toda a confiança,
Bemquisto na vizinhança,
Dava gosto num rodeio,
De pingo alçado no freio
Pialando de toda a trança.
Tinha cruzado as fronteiras
Da Argentina e do Uruguai;
Andara no Paraguai,
Peleando valentemente,
E voltara humildemente
Como tantos índios tacos
Que foram vingar nos Chacos
A honra de nossa gente.
Caboclo de qualidade
Que não corpeava uma ajuda,
Na encrenca mais peleaguda
Sempre conservava o tino,
Garrucha boca de sino
Carregada com amor
E um facão mais cortador
Do que aspa de boi brasino!
Porém depois que os janeiros
Foram ficando à distancia,
Andou de estância em estância
E foi vivendo de changa:
Repontando bois de canga,
Castrando com muita sorte,
E em tempos de seca forte
Arrastando água da sanga ...
Ficou sendo um desses índios
Que se encontra nos galpões
E ao derredor dos fogões
Fala aos moços com paciência
Do que aprendeu na existência,
Ao longo dos corredores,
Alegrias, dissabores,
Curtidos pela experiência!
Tio Anastácio p'ra aqui;
Tio Anastácio p'ra lá...
Mandado mesmo que piá
Por aquela redondeza;
Nos remendos da pobreza,
Entrava e passava inverno,
Como um tronco, só no cerno,
Pelegueando a natureza!
Por isso é que nos bolichos
Só se alegrava bebendo,
Como se cada remendo
Da velha roupa gaudéria
Fosse uma sangria séria
Por onde o sangue do pago
Se esvaísse, trago a trago,
Por ver tamanha miséria!
E até parece mentira
- Negro velho de valor -
Morreste no corredor
Como matungo sem dono;
Não tendo nesse abandono
Ao menos um companheiro
Que te estendesse o baixeiro
Para o derradeiro sono!
E agora que estás vivendo
Na Estância grande do Céu
Engraxando algum sovéu
P'ra o Patrão velho buenacho,
Não te esquece aqui de baixo
Onde a 'lo largo- inda existe
Muito xiru velho triste
Como tu, criado guacho!
Porto Alegre, nova de abril.
terça-feira, abril 25, 2006
Bueno, outro dia fui tachado de urbano por tentar fazer uns versos rimados, pois agora entonces: nada de versos. Tenho pouco a dizer - a lida anda bruta e os remédio cada vez mais caros... Estou trabalhando em algo que a tempos queria fazer: uns versos pro Capando, acho que vão ficar de mi flor...
No mais ando tocando cavalo.
Novidades!? Nenhuma. Fora a vontade que eu tenho de mandar tudo para longe, mas isso faz dias.
Patrícios, este post é mais para constar do que qualquer outra cosa, entonces buenas noches y hasta la vueta.
Porto Alegre, nova abril.
No mais ando tocando cavalo.
Novidades!? Nenhuma. Fora a vontade que eu tenho de mandar tudo para longe, mas isso faz dias.
Patrícios, este post é mais para constar do que qualquer outra cosa, entonces buenas noches y hasta la vueta.
Porto Alegre, nova abril.
segunda-feira, abril 24, 2006
Verso antigo
Bueno patrícios, estes versos têm uns 4 ou 5 anos, acabaram se tornando música. Espero que gostem, pois a mim agradam bastante.
Acolherando as loncas do pensamento
Todo verso galdério há de ser lamento
A china foi-se embora
E saio campo fora para lida retomar
O ferro a marca em brasa deixa um sinal perene
Embora só o couro queime o cicatriz é no coração
Nem a brisa que agora acaricia
A tez curtida do guapo
Que sussura desvelo e afeto
Acalma o peito caborteiro e inquieto
Porto Alegre, nova de abril.
Acolherando as loncas do pensamento
Todo verso galdério há de ser lamento
A china foi-se embora
E saio campo fora para lida retomar
O ferro a marca em brasa deixa um sinal perene
Embora só o couro queime o cicatriz é no coração
Nem a brisa que agora acaricia
A tez curtida do guapo
Que sussura desvelo e afeto
Acalma o peito caborteiro e inquieto
Porto Alegre, nova de abril.
domingo, abril 23, 2006
Heranças
Um dia já fui um "desgarrado do pago", já trilhei "mil caminhos" e um desses me levou para longe, por muito tempo, do Rio Grande querido.
Naqueles dias de tardes sombrias e manhãs tristes, uma música me ajudou a manter vivo esse tigre charrua que eu, assim como todo gaúcho, carrega dentro do peito.
Já se passaram 15 anos desde que pela primeira vez soei essa canção no mais distante rincão que um quéra pode chegar, e não me lembro o autor, nem o nome da música, mas a letra trago marcada a ferro no meu coração desde então. Hoje ela ainda me ajuda a lembrar do que é importante, e gostaria de partilhar-lha com vocês.
Meus cabelos têm a cor
dos gelos das madrugadas.
Meus pés que quebraram geadas
mal conseguem me apoiar.
Sei que Deus vai me chamar
em seguida pro seu lado.
Vou feliz por ter deixado
uma herança à partilhar.
Não tenho um palmo de terra
Criação só o cusco amigo
que talvez siga comigo
até a última morada.
O rancho à beira da estrada
não é meu é do patrão
os arreios também são.
Na guaiaca fica nada.
*Quem quiser ser meu herdeiro
que siga a sina de peão
Não vai viver com dinheiro
mas vai morrer com a razão.
Mas deixo a marca das mãos
no couro gasto do laço.
Deixo a força do meu braço
nos arames que estiquei.
Deixo as cordas que trancei
deixo aberto mil caminhos.
Deixo o gosto dos carinhos
nos lábios de quem amei.
Deixo eu sangue no sangue
de algum piazito atrevido.
Deixo meu suor espremido
fertilizando este chão.
Deixo a sombra do galpão
prá algum andejo cansado.
E deixo o açude para o gado
matar sede no verão.
Naqueles dias de tardes sombrias e manhãs tristes, uma música me ajudou a manter vivo esse tigre charrua que eu, assim como todo gaúcho, carrega dentro do peito.
Já se passaram 15 anos desde que pela primeira vez soei essa canção no mais distante rincão que um quéra pode chegar, e não me lembro o autor, nem o nome da música, mas a letra trago marcada a ferro no meu coração desde então. Hoje ela ainda me ajuda a lembrar do que é importante, e gostaria de partilhar-lha com vocês.
Meus cabelos têm a cor
dos gelos das madrugadas.
Meus pés que quebraram geadas
mal conseguem me apoiar.
Sei que Deus vai me chamar
em seguida pro seu lado.
Vou feliz por ter deixado
uma herança à partilhar.
Não tenho um palmo de terra
Criação só o cusco amigo
que talvez siga comigo
até a última morada.
O rancho à beira da estrada
não é meu é do patrão
os arreios também são.
Na guaiaca fica nada.
*Quem quiser ser meu herdeiro
que siga a sina de peão
Não vai viver com dinheiro
mas vai morrer com a razão.
Mas deixo a marca das mãos
no couro gasto do laço.
Deixo a força do meu braço
nos arames que estiquei.
Deixo as cordas que trancei
deixo aberto mil caminhos.
Deixo o gosto dos carinhos
nos lábios de quem amei.
Deixo eu sangue no sangue
de algum piazito atrevido.
Deixo meu suor espremido
fertilizando este chão.
Deixo a sombra do galpão
prá algum andejo cansado.
E deixo o açude para o gado
matar sede no verão.
Sobre angústias...
Com as duas patas do potro no peito,
A garganta é o freio que ele mastiga
Seus olhos injetados de sangue
Há ódio, dor...
Sem reação, inerte
Entregue ao triste destino...
Sorvendo um último gole
Do tinto vinho
No sangue das minhas artérias...
Porto Alegre, nova de abril.
A garganta é o freio que ele mastiga
Seus olhos injetados de sangue
Há ódio, dor...
Sem reação, inerte
Entregue ao triste destino...
Sorvendo um último gole
Do tinto vinho
No sangue das minhas artérias...
Porto Alegre, nova de abril.
sábado, abril 22, 2006
Sobre Distâncias...
Por que um reencontro não é como uma despedida?
Por que as cicatrizes não são como as feridas?
É porque o perto nunca foi tão longe...
E a as marcas não doem mais...
Porto Alegre, nova de abril.
Por que as cicatrizes não são como as feridas?
É porque o perto nunca foi tão longe...
E a as marcas não doem mais...
Porto Alegre, nova de abril.
sexta-feira, abril 21, 2006
Discussão à Quatro Mãos
Ontem, em um dos jornais gaúchos, noticiou-se o desligamento do primeiro CTG, dentre os 1.456 filiados ao MTG, por razões "disciplinares". O motivo alegado pelo então presidente do movimento, Manoelito Savaris, é o descumprimento da carta de princípios da entidade tradicionalista. Bueno, em resumo, a gurizada ficou se atracando no maxixe, naquele esfrega-esfrega dos inferno e o MTG, que é mais conservador que embalagem de Maizena, mandou que parassem - segundo o noticioso foram várias advertências verbais, uma por escrito para, por fim, concretizar-se no desligamento junto a entidade.
Conversando com o compadre Marcador decidimos por fazer uma pequena discussão, apontando nossas opiniões - nem tão divergentes assim - sobre o assunto.
Curador: Bueno, do que eu penso sobre maxixes e afins todos sabem, mas não custa nada reforçar, a saber, uma bosta. Quanto ao assunto do desligamento do CTG em Canoas, acredito que a atitude do MTG não é a mais adequada, justamente por pensar que a cultura, não somente a nossa, deve ser inclusiva e não excludente. Uma atitude tão rígida e extrema parece a mim um autoritarismo desmedido. O MTG não pode continuar se comportando como um pai-carrasco que se prende a uma cartilha, que de original e histórica tem muito pouco, fazendo dela sua bíblia. Será que tanta normatização, tantos preceitos e regras não engessaram nossa cultura? Não fomos sempre livres? Não pechamos todos aqueles que quiseram nos aprisionar? Enquanto a entidade que é o sumo pontífice da tradição expulsa seus fiéis maxixeros, por serem hereges, importa carnavalescos do Rio de Janeiro para produzir carros alegóricos no 20 de setembro... se isso não é um contra-senso, então não sei o que é.
Marcador: Bueno... ao contrário do meu nobre amigo, eu discordo. Creio que cada caso é um caso e vice-versa. O fato é o seguinte, a maioria dos CTGs se tornaram clubinhos de tradicionalistas. Cada um a revelia faz o curso de formação e deseja abrir o "seu" CTG. Depois da abertura das portas descobrem que custa caro manter uma entidade cultural. Entretanto para mantê-las resolvem sacrificar o que ela tem de mais importante, seus princípios folclóricos e tradicionais em prol do sustento. É bem verdade que o MTG e seu "ordenamento jurídico" não buscou auxiliar o CTG em suas necessidades, mas pelo que vejo está se importando não com a sobrevivência da entidade, mas sim com a quantidade de jovens pagantes que vão ouvir o baile do maxixe. A que custo, a que preço...
Curador: Não posso deixar de concordar com o compadre, essas questões de sustento dos CTGs e a sua relação com a música comercial é muitas vezes, senão na maioria, um dos motivos que faz com que nossos bailes se tornem uma pouca vergonha. Contudo, hoje são os maxixeros, amanhã os boleteros e assim por diante: a questão é simples, por que não admitimos que a cultura gaúcha é plural, por exemplo eu não ouço vaneiras, e aceitamos os reboladores de salão, ou, então, continuamos trancando o pé e querendo viver numa época que nem certeza que existiu temos. Patrícios, não estou cá a defender os que gostam de dar uma requebrada, somente quero refletir uma outra possibilidade que não seja tão extrema quanto uma exclusão.
Marcador: O meu questionamento, cumpadre, é se de fato foi a decisão mais certa excluí-los. Creio que o mais correto seria manter o referido CTG mais dias de suspensão, com a ressalva dos mesmos perderem os direito de associado ao MTG. Isto é, suspender suas participações em regionais, eliminatórias, etc. A idéia seria abrir mais tempo para o diálogo, para a conversa com fins de buscar uma resolução de conflito de uma forma mais serena. Não basta enviar cartas, nem fazer reprimendas em público, há que ser mais dialogal, mais compreensivo. Quanto à música, eu sou contra por razões de lógica musical. Mas isso é outra discussão.
Conversando com o compadre Marcador decidimos por fazer uma pequena discussão, apontando nossas opiniões - nem tão divergentes assim - sobre o assunto.
Curador: Bueno, do que eu penso sobre maxixes e afins todos sabem, mas não custa nada reforçar, a saber, uma bosta. Quanto ao assunto do desligamento do CTG em Canoas, acredito que a atitude do MTG não é a mais adequada, justamente por pensar que a cultura, não somente a nossa, deve ser inclusiva e não excludente. Uma atitude tão rígida e extrema parece a mim um autoritarismo desmedido. O MTG não pode continuar se comportando como um pai-carrasco que se prende a uma cartilha, que de original e histórica tem muito pouco, fazendo dela sua bíblia. Será que tanta normatização, tantos preceitos e regras não engessaram nossa cultura? Não fomos sempre livres? Não pechamos todos aqueles que quiseram nos aprisionar? Enquanto a entidade que é o sumo pontífice da tradição expulsa seus fiéis maxixeros, por serem hereges, importa carnavalescos do Rio de Janeiro para produzir carros alegóricos no 20 de setembro... se isso não é um contra-senso, então não sei o que é.
Marcador: Bueno... ao contrário do meu nobre amigo, eu discordo. Creio que cada caso é um caso e vice-versa. O fato é o seguinte, a maioria dos CTGs se tornaram clubinhos de tradicionalistas. Cada um a revelia faz o curso de formação e deseja abrir o "seu" CTG. Depois da abertura das portas descobrem que custa caro manter uma entidade cultural. Entretanto para mantê-las resolvem sacrificar o que ela tem de mais importante, seus princípios folclóricos e tradicionais em prol do sustento. É bem verdade que o MTG e seu "ordenamento jurídico" não buscou auxiliar o CTG em suas necessidades, mas pelo que vejo está se importando não com a sobrevivência da entidade, mas sim com a quantidade de jovens pagantes que vão ouvir o baile do maxixe. A que custo, a que preço...
Curador: Não posso deixar de concordar com o compadre, essas questões de sustento dos CTGs e a sua relação com a música comercial é muitas vezes, senão na maioria, um dos motivos que faz com que nossos bailes se tornem uma pouca vergonha. Contudo, hoje são os maxixeros, amanhã os boleteros e assim por diante: a questão é simples, por que não admitimos que a cultura gaúcha é plural, por exemplo eu não ouço vaneiras, e aceitamos os reboladores de salão, ou, então, continuamos trancando o pé e querendo viver numa época que nem certeza que existiu temos. Patrícios, não estou cá a defender os que gostam de dar uma requebrada, somente quero refletir uma outra possibilidade que não seja tão extrema quanto uma exclusão.
Marcador: O meu questionamento, cumpadre, é se de fato foi a decisão mais certa excluí-los. Creio que o mais correto seria manter o referido CTG mais dias de suspensão, com a ressalva dos mesmos perderem os direito de associado ao MTG. Isto é, suspender suas participações em regionais, eliminatórias, etc. A idéia seria abrir mais tempo para o diálogo, para a conversa com fins de buscar uma resolução de conflito de uma forma mais serena. Não basta enviar cartas, nem fazer reprimendas em público, há que ser mais dialogal, mais compreensivo. Quanto à música, eu sou contra por razões de lógica musical. Mas isso é outra discussão.
quarta-feira, abril 19, 2006
Pensamentos Guachos
Hoje tive a tentação de postar algo que já tinha escrito, primeiro por preguiça e, segundo, por pensar que algumas coisas que já escrevi antanho são deveras interessantes. Bueno, mas não o faço, já que sou mais teimoso que nem gringo quando empeça a discutir. Certamente não trarei nenhuma novidade, fora a vontade louca que eu ando de me largar a la cria para algum fundão de campo, embora isso, para aqueles que me conhecem, não tenha nada de novo.
Parei agora, reli o que escrevi acima, percebendo que mais uma vez a tal da novidade vêm me espezinhar... que fazer se sou nostálgico!? Se tenho um dos pés fincados num tempo que nem sequer vivi... Poderia muito bem recorrer as páginas dos jornais e trazer para ustedes essas coisas que o noticioso apresenta todos os dias: morte, assalto, corrupção... acho importantíssimo que eles o façam, contudo neste pequeno espaço que tenho aqui, prefiro ficar alheio a tanta desgraças e, confesso, que não é nem um pouco fácil fazê-lo. Muitas vezes tive vontade de esmurrar, gritar, espernear ante tanto banditismo e, se não o fiz abertamente, realizei de forma velada, simbolicamente.
E a roda de carreta da existência continua girando e ringindo, para que não nos esqueçamos de que ela está a passar. E como corre ligeira às vezes, cuê pucha! Passo os olhos por essa folha, descubro que, apesar das letras, ela está vazia, provavelmente, um reflexo de minha figura nos últimos dias. Penso que talvez o poeta tenha razão "a vida é um poço de mágoa onde cada pingo d'agua só faz sofrer e sofre."
Porto Alegre, cheia de abril.
Parei agora, reli o que escrevi acima, percebendo que mais uma vez a tal da novidade vêm me espezinhar... que fazer se sou nostálgico!? Se tenho um dos pés fincados num tempo que nem sequer vivi... Poderia muito bem recorrer as páginas dos jornais e trazer para ustedes essas coisas que o noticioso apresenta todos os dias: morte, assalto, corrupção... acho importantíssimo que eles o façam, contudo neste pequeno espaço que tenho aqui, prefiro ficar alheio a tanta desgraças e, confesso, que não é nem um pouco fácil fazê-lo. Muitas vezes tive vontade de esmurrar, gritar, espernear ante tanto banditismo e, se não o fiz abertamente, realizei de forma velada, simbolicamente.
E a roda de carreta da existência continua girando e ringindo, para que não nos esqueçamos de que ela está a passar. E como corre ligeira às vezes, cuê pucha! Passo os olhos por essa folha, descubro que, apesar das letras, ela está vazia, provavelmente, um reflexo de minha figura nos últimos dias. Penso que talvez o poeta tenha razão "a vida é um poço de mágoa onde cada pingo d'agua só faz sofrer e sofre."
Porto Alegre, cheia de abril.
terça-feira, abril 18, 2006
POTREIRO VAZIO
Lembrei dessa música hoje à tarde e, até, tenteie pontear na guitarra seus acordes. Muy linda! Uma ótima metáfora, com uma melodia muito bem construída. Meus mais sinceros cumprimentos aos autores.
(Túlio Urach / Duca Duarte)
Int. Ângelo Franco
Domador de ofício
Pela vida veio
Fosse o potro mais chucro
Ele amansava pro freio
Tinha tanto ensinamento
Guardado em seu abandono
Cavalo feito por ele
Pedia bênção pro dono
Diz que falava com bicho
Que domava só com prosa
Mas nunca podo domar
O coração da Maria Rosa
Bebeu da desilusão
Nunca mais olhou pra outra
Escolheu a solidão
Pra amansar a vida potra
(Arde o peito
Potreiro vazio
Há no vento um relincho
Que nunca se ouviu
Nos olhos de um domador
Há um amor aporreado
Com nome de flor.)
P.S. No mais, ando tocando cavalo.
Porto Alegre, cheia de abril.
segunda-feira, abril 17, 2006
O mais difícil de tudo é parar e sentar em frente ao computador para redigir algo. É nesse momento que as idéias tomam caminho bem diferentes daqueles que eu quero - umas se prancham contra a cerca, outras se largam em direção ao açude, outras, ainda, se bandeiam para o capão de mato, o pior é sempre estas que são as melhores... as que ficam na minha volta tenteando um afago já são velhas conhecidas e de tão antigas e tão íntimas, já nem mais as percebo, sei que, simplesmente, estão ali e pronto. Bueno, mas também por não as notar volto sempre a elas como se fossem novidade: como aquela bugiganga que encontramos depois de anos perdida. O jeito é vez por outra tomar o laço, enrodilhar no lombo do maula e se largar a la cria para ver se encontro àquelas que fugiram, contudo enquanto não as acho, bueno, continuo com as minha companheiras que, imagino eu, já são de vós também.
Porto Algre, cheia de abril.
Porto Algre, cheia de abril.
domingo, abril 16, 2006
Prelúdio de um Beija-Flor
Prelúdio de um Beija-Flor, uma obra musical de tamanha sensibilidade e telurismo que não posso deixar de dizer das impressões que tenho quando a escuto.
A suavidade dos acordes, o manso ronronar da gaita: um dia frio n´algum lugar da campanha, um entardecer muy rubro... quero-queros, algum brasino ao longe a mugir solitário, no fogo puro cerne de angico a crepitar. Mate, amigos y uma guitarrita muy sola a chorar. Uma milonga, um cusco amigo y um borreguito guacho... Sou tirado de dentro desse apartamento no centro da capital, graças a Gilberto Monteiro e sua música. Gracias patrício por me devolveres o campo enquanto tu tocas.
Porto Alegre, cheia de abril.
A suavidade dos acordes, o manso ronronar da gaita: um dia frio n´algum lugar da campanha, um entardecer muy rubro... quero-queros, algum brasino ao longe a mugir solitário, no fogo puro cerne de angico a crepitar. Mate, amigos y uma guitarrita muy sola a chorar. Uma milonga, um cusco amigo y um borreguito guacho... Sou tirado de dentro desse apartamento no centro da capital, graças a Gilberto Monteiro e sua música. Gracias patrício por me devolveres o campo enquanto tu tocas.
Porto Alegre, cheia de abril.
sexta-feira, abril 14, 2006
"A cruz? onde já foi!... mas a roseira baguala, lá está! Roseira que nasceu do talo da rosa que ficou boiando no lodaçal no dia daquele cardume de estropícios?
Vancê está vendo bem, agora?
Pois é... coloreando, sempre! Até parece que as raízes, lá no fundo do manantial, estão ainda bebendo sangue vivo no coração da Maria Altina..." (Simões Lopes Neto, Contos Gauchescos)
Tentei lembrar de algo na literatura gaúcha que lembrasse esse dia sacrífico... Maria Altina não é a analogia que quero, mas a roseira. Pois foi daquela rosa já morta que nasceu uma nova planta viva, cheia de viço: da desgraça brotou um renovo, da miséria algo que enfeita e trás beleza.
É assim que eu quero lembrar esse dia, mas não somente hoje....
Porto Alegre, cheia de abril.
Vancê está vendo bem, agora?
Pois é... coloreando, sempre! Até parece que as raízes, lá no fundo do manantial, estão ainda bebendo sangue vivo no coração da Maria Altina..." (Simões Lopes Neto, Contos Gauchescos)
Tentei lembrar de algo na literatura gaúcha que lembrasse esse dia sacrífico... Maria Altina não é a analogia que quero, mas a roseira. Pois foi daquela rosa já morta que nasceu uma nova planta viva, cheia de viço: da desgraça brotou um renovo, da miséria algo que enfeita e trás beleza.
É assim que eu quero lembrar esse dia, mas não somente hoje....
Porto Alegre, cheia de abril.
terça-feira, abril 11, 2006
E a Lua cheia voltou. Pode parecer um contra-senso, mas sempre que ela volta para mim é como novidade. Sempre a miro novamente com um olhar de quem a nunca vira antes. Por isso, quem sabe, que nestes dias em que Ella se encontra redonda me atrevo a empeçar a recoluta dos viveres que tenho, saboreando cada lembrança com a mesma gana com que comia moganga com leite quando piá. Os patrícios que lêem o Capando a mais tempo devem pensar: "que diacho sempre a mesma coisa, passado, Lua, lembrança", eu mesmo me pergunto se não seria mais prudente olhar para diante apenas, como cavalo posto em charrete... exatamente porque tem viseiras não sei assusta e não perde o rumo, assim sendo, vejo que estas em mim não cabem. Sou desconfiado, cabuloso e difícil de embuçalar. Se tenho comigo algo de bom, ainda, é o fato de que consigo me surpreender com as coisas do cotidiano, como se fossem novas ? da mesma que forma faço com a Lua cheia.
Ficam mais perguntas que respostas, no ar é verdade e, ustedes já devem estar acostumados, meus posts têm a tendência de deixarem grandes lacunas de pensamento. Provavelmente para que os lendo ustedes tenham a sensação de algo ainda precisa ser escrito, dito... bueno, e isso, fica justamente a cargo de cada um de vós.
Porto Alegre, cheia de abril.
Ficam mais perguntas que respostas, no ar é verdade e, ustedes já devem estar acostumados, meus posts têm a tendência de deixarem grandes lacunas de pensamento. Provavelmente para que os lendo ustedes tenham a sensação de algo ainda precisa ser escrito, dito... bueno, e isso, fica justamente a cargo de cada um de vós.
Porto Alegre, cheia de abril.
segunda-feira, abril 10, 2006
Ala pucha...
Bueno, patricios hoy estivemos eu mais o cumpadre Marcador e o Maneador no Teatro Dante Barone da assembléia legislativa para assistir o show do César Oliveira e do Rogério Mello. Cosa linda, de mi flor... além da boa música campeira, podemos ver o quanto a arte, principalmente a música, pode transportar a alma do índio para longe, nalgum fundão de campo.
Sapucais a parte, e foram muitos, mando um forte abraço para esses grande músicos do Rio Grande.
Porto Alegre, quarto-crescente de abril.
Sapucais a parte, e foram muitos, mando um forte abraço para esses grande músicos do Rio Grande.
Porto Alegre, quarto-crescente de abril.
sábado, abril 08, 2006
"Es tan igual a mim que soy llevado a creer que sueña mis proprios suemos."
Prima, bordão, terça... arranjo simples, sem dissonâncias, ritmo forte e marcado, cheio de vigor, sangue e alma. Não se via o rosto do tocador, pois tinha a cabeça baixa bem próxima a guitarra, creio que ali havia algo que somente ele ouvia. As mãos rudes convertidas em pássaros, bordoneavam. Pernas alçadas, o corpo caído por sobre bojo do pinho e a noite longa e aquele rosto que não se via... Não posso dizer a vós que a Lua e as estrelas pararam a escutar, pois intuíam que nada daquele canto lhes era dirigido, mas a uma outra que muy longe também estava, tanto quanto as outras, talvez. Digo-vos que não vemos a sua face porque não a mais possuí. Sim, a perdera, ou melhor, a doara àquela Dona que para longe se foi. Desde esse dia suas feições perderam a cor, o brilho, até que se tornaram como que transparentes, inexistentes. Todos os seus sorrisos, os seus prantos se foram junto com aquela Dona. É provável que ela não os tenha guardado e se o fez, devem estar tão abandonados que é possível considerá-los perdidos. Pobre e vil guitarreiro... enamorar-se por quem não devia. A beleza, o garbo daquela Dona... ah! Como poderia evitar! Ele que embora rude, sabia que o amor é o mais puro dos sentimentos, fez versos, teceu suspiros e de tanto seus olhos implorarem aquela Dona, ela consentiu, contudo não o queria-bem. Veio o inverno e a geada secou o campo, numa noite ela dormiu na estância para no outro dia não estar mais ali... partiu esquecendo de devolver ao nosso guitarreiro o que ele lhe tinha dado...
Quando chega a noite cumpre com seu ritual: um cepo, uma guampa de canha, a guitarra e um rosto vazio.
Prima, bordão, terça... e um rosto vazio, somente.
Porto Alegre, quarto-crescente de abril.
Prima, bordão, terça... arranjo simples, sem dissonâncias, ritmo forte e marcado, cheio de vigor, sangue e alma. Não se via o rosto do tocador, pois tinha a cabeça baixa bem próxima a guitarra, creio que ali havia algo que somente ele ouvia. As mãos rudes convertidas em pássaros, bordoneavam. Pernas alçadas, o corpo caído por sobre bojo do pinho e a noite longa e aquele rosto que não se via... Não posso dizer a vós que a Lua e as estrelas pararam a escutar, pois intuíam que nada daquele canto lhes era dirigido, mas a uma outra que muy longe também estava, tanto quanto as outras, talvez. Digo-vos que não vemos a sua face porque não a mais possuí. Sim, a perdera, ou melhor, a doara àquela Dona que para longe se foi. Desde esse dia suas feições perderam a cor, o brilho, até que se tornaram como que transparentes, inexistentes. Todos os seus sorrisos, os seus prantos se foram junto com aquela Dona. É provável que ela não os tenha guardado e se o fez, devem estar tão abandonados que é possível considerá-los perdidos. Pobre e vil guitarreiro... enamorar-se por quem não devia. A beleza, o garbo daquela Dona... ah! Como poderia evitar! Ele que embora rude, sabia que o amor é o mais puro dos sentimentos, fez versos, teceu suspiros e de tanto seus olhos implorarem aquela Dona, ela consentiu, contudo não o queria-bem. Veio o inverno e a geada secou o campo, numa noite ela dormiu na estância para no outro dia não estar mais ali... partiu esquecendo de devolver ao nosso guitarreiro o que ele lhe tinha dado...
Quando chega a noite cumpre com seu ritual: um cepo, uma guampa de canha, a guitarra e um rosto vazio.
Prima, bordão, terça... e um rosto vazio, somente.
Porto Alegre, quarto-crescente de abril.
quinta-feira, abril 06, 2006
Hoje lembrei dum verso....
Hoje lembrei dum verso. Não o transcrevo aqui, pois fala de distâncias largas, de saudades imensas... Hoje lembrei dum verso. Tão longo e curto, cheio de metáforas e imagens que confundiram e elucidaram muita coisa... Hoje lembrei dum verso. Falava de amor e ódio, de guerra e paz, de amantes e inimigos... Hoje lembrei dum verso. De tanto que falou acabou dizendo só de mim... das saudades que tenho... que seria impossível transcrever, já que fala de mim somente. Hoje lembrei dum verso. Mas era só um verso, apenas...
Porto Alegre, quarto-crescente de abril.
Porto Alegre, quarto-crescente de abril.
terça-feira, abril 04, 2006
Podcast nº 1
O Capando Touro a Unha já possui sua página própria de Podcast que vai ser adicionada nos links desse blog. No ar o segundo episódio do 'Pode Castrá" do Capando Touro a Unha, se tiver boa conexão, e souber a diferença entre um cavalo baio e um lobuno não perca, clique no link.
PodCast bagual barbaridade!
PodCast bagual barbaridade!
segunda-feira, abril 03, 2006
Sumo de Mim
Túlio Urach e Ângelo Franco / Pirisca Grecco
Eu sou escravo das patas do meu cavalo
Onde elas batem também bate o meu destino
Vou feito a luz rompendo auroras do futuro
Meu canto é puro, meu galope um desatino.
A fé que trago embandeirada no peito
Torna meu jeito abagualado mais sereno
E o meu sorriso se concebe a cada passo
Quando me alço e de horizontes me enveneno
E hei, vida vê, que sina de louco
Eu falo pouco, paro tanto, que conheço
E tenho visto tanta coisa nesse mundo
Que sei ao fundo o que sou e o que pareço
Pareço o vento sem saber pra onde vou,
Mas chego sempre onde preciso me achegar,
Talvez por força de algum Deus
Peregrino como eu
Ou pelo tino, sumo e volto a me encontrar
Porto Alegre, nova de abril.
Eu sou escravo das patas do meu cavalo
Onde elas batem também bate o meu destino
Vou feito a luz rompendo auroras do futuro
Meu canto é puro, meu galope um desatino.
A fé que trago embandeirada no peito
Torna meu jeito abagualado mais sereno
E o meu sorriso se concebe a cada passo
Quando me alço e de horizontes me enveneno
E hei, vida vê, que sina de louco
Eu falo pouco, paro tanto, que conheço
E tenho visto tanta coisa nesse mundo
Que sei ao fundo o que sou e o que pareço
Pareço o vento sem saber pra onde vou,
Mas chego sempre onde preciso me achegar,
Talvez por força de algum Deus
Peregrino como eu
Ou pelo tino, sumo e volto a me encontrar
Porto Alegre, nova de abril.
quarta-feira, março 29, 2006
"E no entanto ela estava ali, como um moirão fincado, parado, querendo ser o que ela queria que eu fosse. Ficaria, sim. Por meu coração eu ficaria. havia dito que um escritor precisava compreender as pessoas, gostar delas. Não, não devia generalizar, não devia falar senão por mim mesmo. Compreender, amar, no meu amor jamais coubera uma retirada, ainda que em nome de alguma consciência." (Semaria do urutau mugidor, Sérgio Faraco)
Vir do campo para a cidade não fora fácil. Deixar pai e mãe, primos, vizindário, amigos, bicharedo... Não, não fora fácil. Solito, ali naquela quarto de pensão, bombeando pro teto, tentando encontrar algum bom motivo para não voltar. O emprego era ruim, pagava pouco. Amigos, ainda não possuía. Contudo, não eram motivos para ficar que procurava, pois o tinha, mas para partir. O que o fazia ficar!? Era uma mocita mui triste que mal-e-mal lhe dirigia a palavra. Sabia que tinha trocado o campo por outro, mais verde e mais triste que lhe inspirava, redimia. Lembrava-se bem, fora num domingo de manhã que a vira pela primeira vez: cabeça baixa, ombros arqueados e um vestido de chita simples, os cabelos eram de um negror de noite e a pele branca, dos olhos, quase sempre baixos, saiam trevais. Achara que ela era bela e pura. As semanas foram passando e os encontros não passavam de experiências fortuítas. Contudo, cada vez que a via um misto de satisfação e melâncolia lhe abatia alma. Nunca até então a vira sorrir, no entanto, no catre, imaginava mil vezes sorrindo e sorria também. Numa manhã à mesa, sentaram-se perto um do outro e, ao passar o bule de café, suas mãos se tocaram. Sentiu um calor correndo pelo corpo e um calafrio, ela se fechou ainda mais para fugir dali, pouco tempo depois. Não fazia idéia do porquê desta fuga, mas conjeturava: medo, vergonha... não sabia ao certo. Os dias passavam lentos como carretões carregados e ele ali, silente e solito, bastavam para si os olhares roubados, os rubrores do rosto e as fugas inesperadas. Os dias naquele lugar começaram se tornar pesados, incomodos. Até que, numa manhã, decidiu, ia embora - arrumou as troxas, vestiu as botas e o chapéu e se dirigiu até o escritório, onde D. Maria recebia os inquilinos. A conversa fora seca e curta, disse-lhe que precisava partir, mas que não era nada com a casa ou com alguém da pensão, seus motivos eram pessoais. A senhora tentou demovê-lo do intento, contudo não obteve sucesso. Feito o acerto, lavrado os recibos, enfiou o chapelão na cabeça, baixou-a e foi rumo a porta, o que justamente nãp queria era olhar para lado algum, não conseguiu. Quando saia do escritório, pode ver o mais verde dos campos e a lua mais branca parada ali, a poucos metros. Ela lhe mirava com candura e sentimento, parecia implorar algo que ele não entendia, não escutava, pois era sussuro de vento, brisa de inverno. Por segundos tudo se moveu devagar. Olhou nos olhos, via-os vermelhos, baixou a cabeça e saiu. Dizem que num fundão de campo ele ponteia uma guitarra e que em noites de lua cheia, soluça baixo uma copla singela que ninguém nunca entendeu.
Porto Alegre, nova de março.
Vir do campo para a cidade não fora fácil. Deixar pai e mãe, primos, vizindário, amigos, bicharedo... Não, não fora fácil. Solito, ali naquela quarto de pensão, bombeando pro teto, tentando encontrar algum bom motivo para não voltar. O emprego era ruim, pagava pouco. Amigos, ainda não possuía. Contudo, não eram motivos para ficar que procurava, pois o tinha, mas para partir. O que o fazia ficar!? Era uma mocita mui triste que mal-e-mal lhe dirigia a palavra. Sabia que tinha trocado o campo por outro, mais verde e mais triste que lhe inspirava, redimia. Lembrava-se bem, fora num domingo de manhã que a vira pela primeira vez: cabeça baixa, ombros arqueados e um vestido de chita simples, os cabelos eram de um negror de noite e a pele branca, dos olhos, quase sempre baixos, saiam trevais. Achara que ela era bela e pura. As semanas foram passando e os encontros não passavam de experiências fortuítas. Contudo, cada vez que a via um misto de satisfação e melâncolia lhe abatia alma. Nunca até então a vira sorrir, no entanto, no catre, imaginava mil vezes sorrindo e sorria também. Numa manhã à mesa, sentaram-se perto um do outro e, ao passar o bule de café, suas mãos se tocaram. Sentiu um calor correndo pelo corpo e um calafrio, ela se fechou ainda mais para fugir dali, pouco tempo depois. Não fazia idéia do porquê desta fuga, mas conjeturava: medo, vergonha... não sabia ao certo. Os dias passavam lentos como carretões carregados e ele ali, silente e solito, bastavam para si os olhares roubados, os rubrores do rosto e as fugas inesperadas. Os dias naquele lugar começaram se tornar pesados, incomodos. Até que, numa manhã, decidiu, ia embora - arrumou as troxas, vestiu as botas e o chapéu e se dirigiu até o escritório, onde D. Maria recebia os inquilinos. A conversa fora seca e curta, disse-lhe que precisava partir, mas que não era nada com a casa ou com alguém da pensão, seus motivos eram pessoais. A senhora tentou demovê-lo do intento, contudo não obteve sucesso. Feito o acerto, lavrado os recibos, enfiou o chapelão na cabeça, baixou-a e foi rumo a porta, o que justamente nãp queria era olhar para lado algum, não conseguiu. Quando saia do escritório, pode ver o mais verde dos campos e a lua mais branca parada ali, a poucos metros. Ela lhe mirava com candura e sentimento, parecia implorar algo que ele não entendia, não escutava, pois era sussuro de vento, brisa de inverno. Por segundos tudo se moveu devagar. Olhou nos olhos, via-os vermelhos, baixou a cabeça e saiu. Dizem que num fundão de campo ele ponteia uma guitarra e que em noites de lua cheia, soluça baixo uma copla singela que ninguém nunca entendeu.
Porto Alegre, nova de março.
terça-feira, março 28, 2006
Hay aqueles sabem muy bien o que estão a hacer. Resolutos tomam decisões que, ao seu ver, são sempre as mais acertadas. Sin embargo, hay otros que não tem certeza de quase nada... ou de pouca coisa, estes são chamados pelos primeiros de levianos, volúveis. Não ter certezas pode ser um grande problema em alguns casos, no entato, noutros pode ser um grande regalo. Pois, o espaço para a dúvida, a busca é permitida. Uma incerteza pode valer muito mais que muitas arbitrariedades impostas. Aos duvidosos sobra o ônus da descoberta, do fracasso e da frustração. Aos resolutos... pouca coisa sobra. Há muito mais encanto em um desdomado do que num cavalo velho, montado por crianças.
Porto Alegre, nova de março.
Porto Alegre, nova de março.
domingo, março 26, 2006
Bueno, um domingo como qualquer outro... aliás quem disse que os dias tem que ser diferentes, conter novidades. Poes, eu acredito que essa tal ânsia seja um dos grandes problemas contemporâneos. Lancei a provocação, mas não vou desenvolver o raciocínio, isso fica por conta dos patrícios hoy. Vou deixar-lhes uma marca muy linda. Uma buena semana.
Cuanto más bella es la vida
más feroces sus zarpazos,
cuantos más frutos consigo
más cerca estoy de perder,
por una caricia tuya
toco el cielo con las manos
pero sé que si te marchas,
besaré el suelo otra vez.
Grita al mundo, rompe el aiere
hasta que muera tu voz,
que el amor es un misterio
y que importa sólo a dos,
correremos por las calles,
grataremos tu y yo
que el amor es un misterio
y que importa sólo a dos.
Yo no quiero cusar pena
sólo por mi condición
de mujer rota en esencia
y herida en el corazón
no habrá un hombre en este mundo
que me vuelva a hacer caer,
porque sé que si se marcha
besaré el suelo otra vez.
Cuando llegue el huracán,
que segruro ha de venir,
por marcharte de mis brazos,
por escaparte de mí
pensaré que fuimos grandes,
pensaré que fuimos dos,
tú en tu cuerpo, yo en el mío
y un sólo corazón.
Porto Alegre, nova de março.
Cuanto más bella es la vida
más feroces sus zarpazos,
cuantos más frutos consigo
más cerca estoy de perder,
por una caricia tuya
toco el cielo con las manos
pero sé que si te marchas,
besaré el suelo otra vez.
Grita al mundo, rompe el aiere
hasta que muera tu voz,
que el amor es un misterio
y que importa sólo a dos,
correremos por las calles,
grataremos tu y yo
que el amor es un misterio
y que importa sólo a dos.
Yo no quiero cusar pena
sólo por mi condición
de mujer rota en esencia
y herida en el corazón
no habrá un hombre en este mundo
que me vuelva a hacer caer,
porque sé que si se marcha
besaré el suelo otra vez.
Cuando llegue el huracán,
que segruro ha de venir,
por marcharte de mis brazos,
por escaparte de mí
pensaré que fuimos grandes,
pensaré que fuimos dos,
tú en tu cuerpo, yo en el mío
y un sólo corazón.
Porto Alegre, nova de março.
Zambita Nueva
Junto a mi casa hay un rio
Que lleva todo el dolor
Como manos de un amigo
Caricia llena de amor
Entre abrazos y canciones
Dejamos el dia pasar
Las horas se despetalan
Como la voz al cantar
Una zambita nueva
Que marca el Compasso Taipeiro
Una zambita que lleva
El amor al mundo entero
Junto a mi casa hay un rio
Que lleva todo el dolor
Como manos de un amigo
Caricia llena de amor
Y una ponchada de hermanos
Todos ellos muy felices
Que cuando empieza el año
Cierran sus cicatrices
Una zambita nueva
Que marca el Compasso Taipeiro
Una zambita que lleva
El amor al mundo entero
Porto Alegre, nova de março.
Que lleva todo el dolor
Como manos de un amigo
Caricia llena de amor
Entre abrazos y canciones
Dejamos el dia pasar
Las horas se despetalan
Como la voz al cantar
Una zambita nueva
Que marca el Compasso Taipeiro
Una zambita que lleva
El amor al mundo entero
Junto a mi casa hay un rio
Que lleva todo el dolor
Como manos de un amigo
Caricia llena de amor
Y una ponchada de hermanos
Todos ellos muy felices
Que cuando empieza el año
Cierran sus cicatrices
Una zambita nueva
Que marca el Compasso Taipeiro
Una zambita que lleva
El amor al mundo entero
Porto Alegre, nova de março.
sexta-feira, março 24, 2006
Quando nasceu, mirado, descolorido e careca seus pais já traçaram seu destino: ser mais um... Cresceu entre os bons, os bonitos, os tauras e ele se contentava em ser mais um, apenas mais um. Chegada a idade de entrar para a escola foi matriculado: sentava-se no meio da sala e, até hoje, nenhum dos seus colegas lembra o seu nome. E, então, foi ficando rapazote soltando os curnio e foi, também, a essa época que começou a nutrir um sonho, seu único sonho: ser ginete. Decidira-se por essa carreira, pois vira o respeito e a notoriedade que esses indivíduos tinham com os homens e, principalmente, com as mulheres. Observava os trejeitos, a linguagem, porte e o garbo com que os ginetes da estância se portavam. Estando sozinho tentava imitar e sentia-se medíocre, extremamente medíocre. Cuidava para que ninguém soubesse do seu intento, o que, por sinal, não lá muito difícil, já que com ninguém falava. Numa manhã cedito tomou coragem, pegou aperos, vestiu as botas, a bombacha e foi ao potreiro. Montou e caiu, montou e caiu, montou e caiu... até que exaustou e machucado, desistiu. Isso se repetiu por semanas a fio, até que um dia um dos peões o flagrou. Pobre guri, achincalhado por todos. Tanto sofreu com as desfeitas que lhe faziam que numa manhã tomou uma resolução: calçou as botas, esporas e tirador, não se esquecendo do lenço encarnado e se boleou para o potreiro. Escolheu logo o malacara mais maleva de toda a tropilha, tanto tentou que conseguiu montar - foram dois corcovos e o tombo e as patas do malacara vindo de encontro ao seu peito. Ali, no chão, viu o céu tingir-se de rubro! Sozinho, sentindo que se ia desta vida, soltou um grunido, misto de gemido e cólera, aos céus que lhe tinham sido tão injustos: Não consegui, eu não consegui.
Porto Algre, nova de março.
Porto Algre, nova de março.
quarta-feira, março 22, 2006
Tenho sentido saudades de coisas que nunca tive. Paradoxal!? Sim, mas é a única forma de descrever essa ausência que sinto. O nunca pode parecer trágico e a posse egoísta, contudo esse nunca prescinde um sempre, chama por essa constância, já a posse, não a conjugo num ter aprisionante, mas, em outro repleto de ausências, vazios... como aquela imagem refletida nalguma sanga que está lá, para dali a pouco não estar mais ao ser dissipada pelo vento, ou folha que venha a movimentar a espelho d'água. Todavia, patrícios, não julguem complexo de mais eu meu sentir, esse meu pensar, pois não são de palavras complexas, idéias extraordinários que são feitas as saudades: mas de singelas esperanças e medos pueris. "Tenho uma velha saudade que guardo comigo por ser companheira" diria o poeta e, já que falamos em simplicidade, lembro daquelas coisas que só um guri, ou uma guria guardam e escondem, apesar da relutância dos adultos a isso. São esses "tesouros" que trazem a melhor das analogias ao que eu chamo de saudade. Pois só quem consegue observar além da forma, onde essa se ausenta e ao mesmo tempo trás o distante de volta em forma de símbolo, entende o que é bem-querença.
Tenho saudades de coisas que nunca tive... embora as tenha guardadas numa caixa de quinquilharias.
Porto Alegre, nova de março.
Tenho saudades de coisas que nunca tive... embora as tenha guardadas numa caixa de quinquilharias.
Porto Alegre, nova de março.
domingo, março 19, 2006
Enfim ela veio....
Enfim ela veio: a chuva. Foram dias e dias de ressolana braba e o pior, patrícios, é que não tinha nem uma sanga, ou lajeado para mim poder me banhar. Tive que agüentar no osso do peito! Mas, enfim, ela veio! Buena e intensa, como foram os dias de calor. A chuva faz-me rememorar fatos e histórias muy belas: bolo de chuva ao pé do fogão à lenha, banhos de chuva nas ruas de Três de Maio, colhendo pêra nas árvores, os causos do meu avô... Os dias em que chove aqui em Porto Alegre são sinônimos, na maioria das vezes, de leitura, conversas, mate solito e de acolherar os pensamentos pera dentro do galpão, já que podem se molhar. O que para eles é proteção para mim muitas vezes é desventura: como todos estão sob o mesmo teto empeçam a resmungar, brigar por comida e água. Êta bicharedo... e não há trança de oito, balaço de trinta e oito que acalme-os depois que se atracam numa rusga dessas.
Chove, e sinto que hoje a bagunça vai ser feia. Deus queira que não estraguem o galpão!
Porto Algre, cheia de março.
Chove, e sinto que hoje a bagunça vai ser feia. Deus queira que não estraguem o galpão!
Porto Algre, cheia de março.
sábado, março 18, 2006
Zamba del Olvido
Olvídame,
esta zamba te lo pide.
Te pide mi corazón
que no me olvides,
que no me olvides
Deja el recuerdo caer
como un fruto por su peso.
Yo sé bien que no hay olvido
que pueda más que tus besos.
Yo digo que el tiempo borra
la huella de una mirada,
mi zamba dice: no hay huella
que dure más en el alma.
Porto Alegre, cheia de março.
esta zamba te lo pide.
Te pide mi corazón
que no me olvides,
que no me olvides
Deja el recuerdo caer
como un fruto por su peso.
Yo sé bien que no hay olvido
que pueda más que tus besos.
Yo digo que el tiempo borra
la huella de una mirada,
mi zamba dice: no hay huella
que dure más en el alma.
Porto Alegre, cheia de março.
sexta-feira, março 17, 2006
Esgualepado, somente essa palavra pode me definir hoje. Depois de estar de manhã em São Leopoldo, à tarde em Porto Alegre e à noite em Canoas, não hay como o índio ainda ter um pouquito de energia. E como sempre ocorre nestes dias de correria, questiono se vale mesmo à pena tudo isso, justamente, porque ouvi hoje uma vez mais a afirmação que já tem sido uma constante: "Poderias ser o que quisesses, por que escolhestes o mais difícil?" Não sei... tem sido a resposta mais corrente. Vocação, talvez, ou, quem sabe, instinto de autodestruição... não sei... quem saberá... eu mesmo não tenho uma resposta convincente. Solo sei que após topar uma parada, não há como volver atrás e, por isso, sigo, mesmo que duvidando muito que tudo isso vá me trazer algum benefício verdadeiro.
Porto Alegre, cheia de março.
Porto Alegre, cheia de março.
quarta-feira, março 15, 2006
Entordilhei-me sem, no entanto, ganhar um cabelo branco. Não é o passar dos dias que me deixa mais velho, que faz o contar desses. Mas os sonhos que ganho e perco pelo trilho que troteio. Eram muitos na infância, tema recorrente nos últimos postes, ahora são mais escassos e menos cheios de cor e ingenuidade. Posso dizer que, como o gosto comum, a primavera da vida já se me foi. Não possuo mais aquela amenidade e fecundidade doutros tempos. Embora não me tenham caído todas as folhas, conquanto isso seja mui útil para o reflorescer da existência, prefiro comparar esse período ao inverno que trás consigo o descanso para novas floradas... desse fato não estou completamente certo disso pois, como noutras coisas, o transcurso dessas não seguem seu sentido lógico e comum. Vou do verão à primavera e volto a esse, para mais tarde me encontrar num inverno que parece nunca terminar. De agora posso dizer que a geada tardia de agosto, que causa muitos mais estragos, bateu queimando o que tinha de sobrado da planta, do campo. É provável que nos próximos dias tenha de gastar muita energia para rebrotar, contudo, talvez não rebrote e, então, nova lavoura tenha de ser feita. Agradeço ao campo por ter me dado além de lembranças, fundamentos para metaforzear a existência.
Sigo pois, neste caminho dos que sempre renascem, dos que sempre precisam do morrer de uma idéia para ganhar outras novas. Ainda que esse não seja o mais simples e fácil labor, prefiro ficar com as palavras do sábio homem: "é preciso morrer para germinar".
Porto Alegre, cheia de março.
Sigo pois, neste caminho dos que sempre renascem, dos que sempre precisam do morrer de uma idéia para ganhar outras novas. Ainda que esse não seja o mais simples e fácil labor, prefiro ficar com as palavras do sábio homem: "é preciso morrer para germinar".
Porto Alegre, cheia de março.
terça-feira, março 14, 2006
Se acaso a lua fosse sempre cheia
Hoje a noite está muito clara, pois há uma bela e redonda lua cheia no céu, poucas são as estrelas. Penso que essas observam desconfiadas a beleza da outra e, somente, as mais cheias de garbo e de si, aventuraram-se sair a passear.
Lembro-me de um fato que aconteceu quando tinha quatro ou cinco anos e, por algum motivo, senti medo. Estava no carro com meus pais e era noite. Uma esplêndida lua brilhava no céu redonda e clara, quando sua luz encheu meus olhos com a sua claridade não pude mais temer, não quis mais temer nada, sua presença naquele momento era conforto e consolo.
Hoje a lua não é mais tão clara e meus medos são outros, muito distintos dos de outrora. Quem dera se olhando-a a boiar no céu "imensa e amarela" sentisse tal consolo. Quem dera todos os dias a lua fosse cheia.
Porto Alegre, cheia de março.
Lembro-me de um fato que aconteceu quando tinha quatro ou cinco anos e, por algum motivo, senti medo. Estava no carro com meus pais e era noite. Uma esplêndida lua brilhava no céu redonda e clara, quando sua luz encheu meus olhos com a sua claridade não pude mais temer, não quis mais temer nada, sua presença naquele momento era conforto e consolo.
Hoje a lua não é mais tão clara e meus medos são outros, muito distintos dos de outrora. Quem dera se olhando-a a boiar no céu "imensa e amarela" sentisse tal consolo. Quem dera todos os dias a lua fosse cheia.
Porto Alegre, cheia de março.
domingo, março 12, 2006
Domingaço
Patrícios neste domingo estiveram aqui no meu humilde rancho os cumpadres Maneador e Castrador, para um baita churrasco. Charla boa empeçada com meus companheiros aqui do Capando. Carne gorda e um bueno dum trago.
No mas, ando tocando cavalo.
Prometo postar algo de fundamento outro dia.
Boa semana a ustedes.
Porto Alegre, nova de março.
No mas, ando tocando cavalo.
Prometo postar algo de fundamento outro dia.
Boa semana a ustedes.
Porto Alegre, nova de março.
sábado, março 11, 2006
quinta-feira, março 09, 2006
terça-feira, março 07, 2006
Algumas coisas podem ser ditas e, por isso, o são. Outras, no entanto, são silentes porque se ditas perdem seu vigor, sua forma e significado. Quando saem da boca murcham como planta na ressolana da tarde, como taipa em tempo de seca - estéril, cindida, morta... Quem alguma vez ousou pronunciá-las sentiu o arrepio que vem nas noites de inverno, onde a coruja pia agourenta. Esses não são corajosos, tampouco destemidos, mas imprudentes que não sabem o valor de uma palavra não dita, do silêncio. Não são malditas essas palavras, mas bendição para aqueles que ouvem seus silenciosos sussurros; há alguns que as escutam tão bem que guardam algo de loucura no olhar, um brilho suspeito, incomodo, de quem guarda um segredo, um sortilégio. Param solitos, na frente do fogo, olhando para o nada - nada!? - na luz da retina vê-se o estranho brilho e se pode saber, então, que esse não-lugar, somente não está cá embaixo. Vez por outra movimentam os lábios em prece, talvez. Difícil de compreender: como podem não-estar, estando; como podem ouvir o indizível; como... como...
Segredos, mistérios, distâncias: coisas que o aos bons, aos doutores foi escondido.
Silêncios...
Ausência...
Na porta do rancho miro um piazito que brinca com um barro e gravetos, de repente ele pára, escuta, sorri e segue brincando.
Porto Alegre, nova de março.
Segredos, mistérios, distâncias: coisas que o aos bons, aos doutores foi escondido.
Silêncios...
Ausência...
Na porta do rancho miro um piazito que brinca com um barro e gravetos, de repente ele pára, escuta, sorri e segue brincando.
Porto Alegre, nova de março.
quinta-feira, março 02, 2006
Caso a lua fosse cheia...
Há um sorriso de lua, ?quarto-crescendo? no céu
Se escondendo no chapéu, de ventos já desabado
Frente as olhar que retorna, que é um vistaço no dela
Mirando desde a cancela, um sonho do mês passado
Mais uma vez me entrego, de alma e de coração
Dando rédeas pra razão, que às vezes bota maneia
Preparo trança de doze, bombilhas de prata e ouro
Pra ir luzindo no couro, caso a lua fosse cheia
Amar é desencilhar, quando se chega em visita
Depois soltar as desditas, pra um fundo de invernada
Tomar um mate cevado, com poejo e boas vindas
Olhar os olhos da linda, matar a sede da estrada
Quem ama de alma estradeira, ?às vez? se perde de si
Por isso que hoje parti, bombeando a lua de perto
Direito a um rancho ?nas lavras?, onde mora o bem querer
Motivo pra se estender, num trote de rumo certo
Sabe Deus que me conhece, faz um punhado de anos
Que eu tenho feito meus planos, e a coisa já andou feia
Que ia ser bem bonito, eu mostrando a noite bela
Pra minha linda na janela, caso a lua fosse cheia
Amar buscar mais lenha, pra o fogo na madrugada
Depois de mate e estrada, de sonho e alguma razão
E entregar toda alma, sem rédeas e sem aviso
Acostumando um sorriso, às baldas do coração.
Porto Alegre, quarto-crescente.
Se escondendo no chapéu, de ventos já desabado
Frente as olhar que retorna, que é um vistaço no dela
Mirando desde a cancela, um sonho do mês passado
Mais uma vez me entrego, de alma e de coração
Dando rédeas pra razão, que às vezes bota maneia
Preparo trança de doze, bombilhas de prata e ouro
Pra ir luzindo no couro, caso a lua fosse cheia
Amar é desencilhar, quando se chega em visita
Depois soltar as desditas, pra um fundo de invernada
Tomar um mate cevado, com poejo e boas vindas
Olhar os olhos da linda, matar a sede da estrada
Quem ama de alma estradeira, ?às vez? se perde de si
Por isso que hoje parti, bombeando a lua de perto
Direito a um rancho ?nas lavras?, onde mora o bem querer
Motivo pra se estender, num trote de rumo certo
Sabe Deus que me conhece, faz um punhado de anos
Que eu tenho feito meus planos, e a coisa já andou feia
Que ia ser bem bonito, eu mostrando a noite bela
Pra minha linda na janela, caso a lua fosse cheia
Amar buscar mais lenha, pra o fogo na madrugada
Depois de mate e estrada, de sonho e alguma razão
E entregar toda alma, sem rédeas e sem aviso
Acostumando um sorriso, às baldas do coração.
Porto Alegre, quarto-crescente.
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