Blogue grosso e taura uma barbaridade. Nele, além de cultura, literatura, música, payadas, vão nossos chasques e peçuelos. Reflexões feitas à beira dum fogo de chão escritas por quatro queras arinconados em Porto Alegre: Maneador, Castrador, Curador e Marcador.
quinta-feira, dezembro 30, 2004
O que tem de Novo no ano?
Mas bueno, feliz troca de numerozinho...
Quebra-costela
Do interior do Rio Grande...
terça-feira, dezembro 28, 2004
Já faz um tempito...
Porto Alegre, cheia de dezembro.
sábado, dezembro 25, 2004
Feliz Natal!
E o Nazareno que vem,
Das bandas de Nazaré,
Chasque divino da fé,
Rastreando a luz de Belém,
Ele que vai morrer também,
Pra cumprir as profecias.
É Natal - nasce o MESSIAS,
Salve o Menino Jesus!
Mas o que fogem da luz,
O matam todos os dias.
Presentes - "Papais Noéis",
Um ano esperando um dia,
Quando a grande maioria,
Sofre destinos cruéis.
O amor pesado a "mil-réis",
E mortos vivos que andam,
Instituições que desandam,
Porque esqueceram JESUS,
O que precisa, é mais luz,
No coração dos que mandam!
Que os anjos digam amém,
Para completar a prece,
Do gaúcho que conhece,
As manhas que o tigre tem.
Não jogo nenhum vintém,
Mesmo sendo carpeteiro,
Mas rezo um Te-Déum campeiro,
Nessa Catedral selvagem,
Pra que faça Boa Viagem,
O enteado do Carpinteiro!
Rio Grande, crescente de dezembro.
domingo, dezembro 19, 2004
Despedida
quinta-feira, dezembro 16, 2004
ARTIGOS DE FÉ DO GAÚCHO
"Muita gente anda no mundo sem saber pra quê: vivem porque vêem os outros viverem.Alguns aprendem à sua custa, quase sempre já tarde pra um proveito melhor. Eu sou desses.Pra não suceder assim a vancê, eu vou ensinar-lhe o que os doutores nunca hão de ensinar-lhe por mais que queimem as pestanas deletreando nos seus livrões. Vancê note na sua livreta:
1º. Não cries guaxo: mas cria perto do teu olhar o potrilho pro teu andar.
2º. Doma tu mesmo o teu bagual: não enfrenes na lua nova, que fica babão; não arrendes na miguante, que te sai lerdo.
3º. Não guasqueies sem precisão nem grites sem ocasião: e sempre que puderes passa-lhe a mão.
4º. Se és maturrango e chasque de namorado, mancas o teu cavalo, mas chegas; se fores chasque de vida ou morte, matas o teu cavalo e talvez não chegues.
5º. A maior pressa é a que se faz devagar.
6º. Se tens viajada larga não faças pular o teu cavalo; sai ao tranco até o primeiro suor secar; depois ao trote até o segundo; dá-lhe um alce sem terceiro e terás cavalo para o dia inteiro.
7º. Se queres engordar o teu cavalo tira-lhe um pêlo da testa todas as vezes da ração.
8º. Fala ao teu cavalo como se fosse a gente.
9º. Não te fies em tobiano, nem bragado, nem mela-do; pra água, tordilho; pra muito, tapado; mas pra tudo, tostado.
10º. Se topares um andante com os anelos às costas, pergunta-lhe - onde ficou o baio?...
11º. Mulher, arma e cavalo do andar, nada de emprestar.
12º. Mulher, de bom gênio; faca, de bom corte; cavalo de boa boca; onça, de bom peso.
13º. Mulher sardenta e cavalo passarinheiro... alerta, companheiro!...
14º. Se correres eguada xucra, grita; mas com os homens, apresilha a língua.
15º. Quando dois brincam de mão, o diabo cospe vermelho...
16º. Cavalo de olho de porco, cachorro calado e homem de fala fina? sempre de relancina...
17º. Não te apotres, que domadores não faltam...
18º. Na guerra não há esse que nunca ouviu as esporas cantarem de grilo...
19º. Teima, mas não apostes; recebe, e depois assenta; assenta, e depois paga...
20º. Quando 'stiveres pra embrabecer, conta três vezes os botões da tua roupa...
21º. Quando falares com homem, olha-lhe para os olhos, quando falares com mulher, olha-lhe para a boca... e saberás como te haver...
...................................................................................................................................................
Que foi?Ah! quebrou-se a ponta do lápis?Amanhã vancê escreve o resto: olhe que dá para encher um par de tarcas!... "
Dos interior da Provincia, dezembro de 2004
Uma mandinga das forte...
MANDINGA CONTRA OLHO-GRANDE
Banhos De Ervas:
- arruda macho (a arruda fêmea tem folhas negativas);- alfavaca-levante.
Pode-se comprar as folhas secas e botar em infusão na água quente. Deixar esfriar para tomar o banho de manhã cedo - da cabeça aos pés.Outro modo de preparar o banho é macerar as folhas com as mãos dentro d'água até a água ficar escura. Deixa-se descansar e toma-se o banho - sempre frio - dá cabeça aos pés - pela manhã.
No caso do Maneador, o negócio é toma banho com água escaldando...quebra-costela, hermano!
Dos interior da Provincia, dezembro de 2004.
Retovando as porvadeiras....
Depois de uns atrasos graças a um capão que se desgarrou, tamo aí de novo pra "bosteá" um chasque de fundamento. Queremo dizer que temo a crença de que o tal de mundo é uma porção de terra ao redor do Rio Grande, mas também arreglamo a idéia de que nasceram alguns gaúchos fora do Rio Grande. Em especial, aquela turma buena lá de Lages..um retovado quebra-costela...pra indiada, em especial pra Dna.Cláudia "Tirana", que aprecia a cachorrada aqui do Capando...
Dos interior da Provincia, Dezembro de 2004.
Peçuelos Entesourados
O Sonho do Carreteiro
Luiz Menezes
Carreteou anos a fio.Conhecia palmo a palmoas estradas da querência;Sabia onde dava passo- no tempo das enxurradas -aquele arroio sotretacemitério de carretadisfarçado em água mansaVira nascer muitos ranchosnesse corredor sem fim.Sabia que na picadalogo depois do lagoão,o umbu do enforcadodera lenda prás estóriasdos bolichos, das ramadas.Sabia bem todo o causoda tapera do repecho:A maula traíra o guascae este sem dó nem piedade,cortara junta por juntao belo corpo morenodaquela indiazinha loucaque se engraçara num piá ...Mas além, no Passo-feiovira morrer um tal Juca.Eram três contra o rapaz.E como morrerra lindoaquele guasca sem medo ...A estória ficou em segredopois diz que o tal de mandanteera mui relacionado,e até contraparentede um graudaço do povo.Conhecia palmo a palmoas estradas da querência,sempre fora carreteiro.Envelhecera na lidasem conhecer outra vidasem ter outra ocupação.Tinha por seu ganha-pãoa velha carreta amigacompanheira de cantigadaquele piazinho vivoque era, alegria e motivode seu final de existência.Pois ficaram bem solitosmais amigos do que antesdes?que a finada se fora ...Por isso sempre de noitea meia luz do candieiroficava horas inteirasmostrando prá seu piazinhoas letras do ABC.E o piá com muita memóriadecorava uma por umaas letras que galopeava,ou por outra, engarupavanas palavras do jornal.Como era esperto o guri:Foi duas, três paletadasjá sabia mais que o pai ...E foi numa dessas noitesque o velho e bom carreteiroteve um sonho de repente.E quasi num gesto loucogritou prás quatro paredesenfumaçadas do rancho:Meu filho há de ser doutor!Não há de ser carreteiro,pois estas mãos calejadasdo peso-bruto, da enxada,hão de sangrar no trabalhoprá que este piazinho feioviva melhor do que eu ...Pura e santa ingenuidade!O arroio-sociedadeprá o pobre nunca dá vau!!No outro dia cedinhoenveredou para o povo ...Voltava a velha carretaA resmungar nas estradasna viajada da esperançacarregadinha de sonhos.E o pobre e bom carreteiroia falando de tudocom seu piazinho faceirodentro da bombacha nova.Não esquecia de nadanos seus conselhos de pai:Se lá no povo à tardinhao piá sentisse saudade,bombeasse prá o horizonte,que alguém solito decertomeio tristonho é verdade,mateando assim com saudadeestaria a lhe esperar ...Que importa se demorasse,pois nunca ouvira dizerque a tal saudade matasse.Mas nesse dia por certoQuando voltasse doutortudo havia de mudar.Até o céu com certezamorada das almas purasouviria com ternurauma indiazinha chorar.E as estradas da querênciaque conhecia demais,lhe viram passar felizcom novo brilho no olhar.Mas lá no povo - cuê-puxa! -Bateu em todas as portasclamou por todos os santosrecorreu todos os amigos- muitos dos quais ajudara -andou quase mendigando,Prá dar escola pra o filhomas ninguém quis lhe escutar... E a esperança foi mermandofoi mermando ... e se apagou.Botou a carreta na estradao Piazinho dentro delatocou de volta outra vez.A noite então já chegara.Naquela enrugada carade gigante das estradasuma lágrima teimosaveio molhar-lhe o nariz ...Olhou o filho com carinho,mas com muito mais carinhoCom mais amor do que antese uma queixa derramou:Quem nasce lutando buscaa morte por liberdade!Mentira! A tal de igualdadenão existe por aqui... Que adianta se amar aos outrosse os outros não dão amor?Pega a picana, piazinhoe acorda esse boi manheiro,pois filho de carreteironunca pode ser doutor!!
Porto Alegre, minguante de dezembro.
terça-feira, dezembro 14, 2004
Ginete
Com a cara vermelha, lambuzada pela terra que os corcovos levantavam e que no rosto se misturaram ao suor, parece até um índio ancestral. Desses que habitavam estes rincões antes de qualquer outro. Parecia que as gotas de suor que escorriam da testa e desprendiam-se do corpo na ponta do queixo eram sangue da terra, do homem e do cavalo. Foi quando num repente, o maula atracou-se na cerca da mangueira. Cuê Pucha! E o ginete olhos esbugalhados, veias saltadas pela força que empreendia, vira o malino atracar-se na cerca em desespero vira, também, o chão, a terra... e quando tentava levantar vira duas patas erguidas no ar, olhos como de um demônio e uma estocada na fronte. O céu tingiu-se de rubro e em meio a este rubror pode ver Maria Rita, na frente do oratório terço na mão, mãos mui brancas e delicadas, que virava para ele e lhe estendia os braços em abraço.
Desfaleceu sorrindo, os olhos abertos enquanto o patrão e a peonada se benziam.
segunda-feira, dezembro 13, 2004
Bonito umas quantas veis...
Se preparem que para o ano de 2005 teremos unas novidades...e entonces, hasta la vuelta, hermanos....
quinta-feira, dezembro 09, 2004
Retrato dos Bunitos

quarta-feira, dezembro 08, 2004
Envaretado
Porto Alegre, minguante de dezembro.
quinta-feira, dezembro 02, 2004
quarta-feira, dezembro 01, 2004
Letraiada Redonona
Porto Alegre, cheia de dezembro.
terça-feira, novembro 30, 2004
Carancho
Na madrugada campeira não foi T... que chorou mas o céu - morada das almas puras - que mandou água e esperança para este rancho de um carancho que cismava em acreditar e sonhar.
sábado, novembro 27, 2004
A Lua que posso tocar
Porto Alegre, cheia de novembro.
quarta-feira, novembro 24, 2004
Temô de Volta
Porto Alegre, crescente de novembro.
sexta-feira, novembro 19, 2004
Hemanos, loco de especial...
quinta-feira, novembro 18, 2004
Ainda não foi desta vez...
Porto Algre, nova de novembro.
sábado, novembro 13, 2004
Explicações aos patrícios
Empecei uma lida das mais vaqueanas e que tem exigido de mim muito esforço e tempo e por causa disto não tenho postado. Isso ainda vai durar mais umas duas semanas, se o Patrão de nossotros todos permitir, e daí a lida toma o seu rumo normal.
Mais uma coisa, agora o Capando possui uma comunidade no Orgurte querendo podem se filiar.
Porto Alegre, minguante de novembro.
quinta-feira, novembro 11, 2004
Na época em que os bichos falavam...
Num grande capão de mato bem próximo a um lagoão vivia uma família de bugios. Uma família não, uma comunidade de bugios. Todos eles viviam faceiros da vida com aguada e comida farta, poucas eram as preocupações e os desentendimentos. Quem comandava essa bugiozada toda era o mais velhos dentre eles chamado: Antenor "o inflexível". Era conhecido por este epíteto por causa de suas decisões sempre firmes e arbitrárias, as quais, todos acatavam com uma confiança infantil.
A vida ia as passo tranqüilo: Antenor mandava e os outros obedeciam. Um dia depois de uma forte tormenta de inverno, os bugios responsáveis por coletar a comida encontraram algo diferente no setor norte do capão. Eram bugios, também, só que de pelagem e cara negra. Voltaram a trote largo para a comunidade e foram relatar a notícia para o inflexível Antenor, este ficou mais do que preocupado e em uma reunião de emergência com o serviço de inteligência - que de inteligência não tinha nada, pois eram um bando de paus mandandos - resolveu-se que deveriam espionar o tal grupo.
Mais do que depressa montou-se a força tarefa e rumaram para o setor norte. Ficaram muito impressionados com o que viram: a comunidade dos bugios negros já estava muito adiantada em suas construções, viam-se escolas, igreja, uma espécie de estádio sem o campo no meio e menor, as famílias pareciam muito felizes e todos conversavam entre si amigavelmente. Como não eram bons espiões foram logo descobertos e ao invés de serem atacados, foram chamados para uma charla. De primeiro estes estavam sestrosos, mas entre um mate e outro, acabaram se tornando menos arredios. E entre uma conversa e outra descobriram que estes não possuíam chefe, tampouco um líder e que a comunidade era direcionada por um conselho e as propostas aprovadas em assembléia.
Voltaram para a sua comunidade abismados com tamanhas novidade e bem no fundo sentiram uma pontinha de inveja. Ao relatarem o visto para seu líder este baixou um decreto na mesma hora: "Todos estão proibidos de ir até o setor norte e de ter qualquer contato com os bugios daquele setor". A maioria acatou sem questionar, alguns dos que haviam estado entre os bugios da outra comunidade fugiram e passaram a morar com eles. Quando soube disso Antenor promulgou leis ainda mais severas e cerceando a liberdade de seus "súditos". Uma missão de paz, neste ínterim, foi enviada pelos bugios do norte, mas nem sequer foram recebidos. Diante de tal situação o povo acabou se dividindo em duas alas: os que eram pró diálogo e os que eram partidários do Antenor. Como eram a minoria os liberais - assim foram chamados mais tarde - foram facilmente calados ou apagados.
O setor norte acabou por se tornar para alguns sinônimo do inferno e para outros uma realidade inatingível. Como um sonho bom, ou uma daquelas velhas histórias que se contam em tardes de chuva onde há felicidade e liberdade para todos.
Porto Alegre, minguante de novembro.
sábado, novembro 06, 2004
Que bicho...
Porto Alegre, minguante de novembro.
quinta-feira, novembro 04, 2004
Chasquito
Patrícios faço compromisso de esta semana postar algo de serventia. No mas como diz meu patrício Maneador: "hasta la vuelta!"
Porto Alegre, cheia de novembro.
quarta-feira, novembro 03, 2004
Desbocado e sem costeio...
Mas tche daí, repenso em tudo o que me vem aos braços pelo Patrão Velho: esta buena vida no sagrado chão do Continente de São Pedro, o mate na roda lá do galpão com os patricios, parceiros pra toda a lida, os carinhos da percanta, mas ah...
Bueno, e bamo tocando la vida...
Porto Alegre, Dia dos Vivos e desbocados....Novembro/2004.
quinta-feira, outubro 28, 2004
Vidinha que é minha
A mim me gusta muito trançar lembranças e sonhos futuros. Principalmente aqueles que, por mais distantes que estejam, trago para bem pertito. Não são sonhos de riquezas, vida abastada, nem mesmo com uma estanciola sonho eu. Tenciono estar junto de minha bem-amada, um piazito, um ranchito, um cusco ovelheiro, cavalo bom... "vidinha que é minha só pro meu consumo". Se o Patrão de nosotros todos quiser me conceder tais coisas declaro-me o qüera mais satisfeito destas paragens. Pois como disse mui sabiamente Jesus, o Cristo: "Pra que juntar tesouros onde a ferrugem e a traça destroem!?", quero é guardar aquilo que vale de verdade. Que homem algum pode tirar e que por faceiro, no campo grande do céu vou continuar a mirar.
Porto Alegre, cheia de outubro.
terça-feira, outubro 26, 2004
Por um abraço
Deu saudade minha linda, deu saudade!
Pra dizer bem a verdade foi assim...
Era tarde e o meu rancho por solito
te encontro nessa lembrança junto a mim.
Repontou saudades doces, feito um beijo
No destino mais amargo que ela tem
Quem me dera, esse mate em outra tarde
Tomar um, e alcançar outro para alguém.
Só depois que desencilho e o dia acalma
Nas quietudes costumeiras da querência
Nos teus olhos cor de noite e domingueiros
Me transporto e conto os dias desta ausência.
Mês passado, minha linda, tu bem sabes
O temporal encheu o passo da cruzada
E o gateado que não sabe o que é saudade
Por cismado, não cruzou o vau da estrada.
Eu aqui, entre os mates faço uns versos
Desses largos pra enganar a solidão
Por que a alma tem razões desconhecidas
Que nos fazem ser por vezes solidão.
Quem sabe o tempo, soberano das esperas
Fim do mês, não abra o céu e eu cruze o passo
Pra matear, um fim de tarde no teu rancho
E trocar ausências sim!! Por um abraço!!
Porto Alegre, crescente de outubro.
domingo, outubro 24, 2004
Quem vive de changa não pode estar satisfeito com a sua dura sorte. Quem empeça um sonho e dá com os burros n'água sofre um suplício. E quem vive uma desilusão, não pode sonhar, nem experimentar aquilo que chamamos de esperança. Sem sonhos e esperança o taura vira bicho e o bicho vive de instinto.
Porto Alegre, crescente de outubro.
sexta-feira, outubro 22, 2004
Encambichado com a lida....
Pues que indiada, estamos encambichado novamente. Tenemos que pensar enquanto mateamos acolherado nos umbrais da casa. Um gaucho sem a percanta..mas tche, que desgraça! O fato é que o Patrão Velho cuida dos seus, e fez o minuano assobiar nos ouvidos campeiros, e logo nos fazemos auditar pela melodia daquela voz meiga e serena...
A mis amores, já dizia Dom Marenco, o pingo, a china e o pago...
Bueno que existas, Dna.Camila...Que o Patrão Velho providencie o ranchito pra que possamos nos acholherar....
Porto Alegre, Outubro de 2004.
quinta-feira, outubro 21, 2004
Saudades
Porto Alegre, crescente de outubro.
terça-feira, outubro 19, 2004
O bolicho do livro...
tamô abrindo mais um canto do galpão pra charlar sobre das coisas da terra! Lançamo o blog Taipa Livresca que é uma produção do Capando Touro a Unha by Marcador. Se quiseres escever una payada, una cantiga ou até das uns trancaços nos homenageados aparece por lá...
O endereço é http://taipalivresca.blogspot.com
Provincia de São Pedro, Outubro de 2004.
Pealando tropa...
Las emociones no grosso da "pel", todo dia enfrenando um mate bagual, enquanto na tábua do pescoço bamô aguentando o trancaço da lida...
Os gritos campeiros do Patrão em meio a gadaria, o criollo troteando como se fosse da cavalaria farroupilha, e chão estremece enquanto as patas do zaino arrebentam a terra, e os patricios Castrador, Curador e Maneador, vão apartando as vacas dos terneiros. Bueno...a lida continua...
o dia recém nasceu no poente, e se bamô de á cavalo que o mango grudado no cabo da faca tá coçando pra arrebentar a pau...
Á carga, indiada, viva a república rio-grandense, viva a liberdade...
Provincia de São Pedro do Rio Grande do Sul, Outubro de 2004.
E o gaúcho...
(Cyro Martins, Porteira Fechada p. 40)
O trecho foi extraído de um romance, mas a realidade não é diferente do relatado. O campo transformou-se, e muito. Hoje tratores, motos e colhedeiras fazem o que faziam homens, cavalos e peães. Contudo, o que mudou no campo não foram realmente as tecnologias e técnicas de produção. Na verdade a mudança aconteceu há muito tempo. Não foram as máquinas que tiraram o homem do campo, foi a ganância de uns em detrimento a liberdade de outros. Durante longos anos o gaúcho sentiu-se livre e senhor de si mesmo. Quando o patrão botou cerca e casa grande na campanha e a sua liberdade se tornou ainda mais virtual. E quando se precisou de mais espaço para o gado quem saiu não foi o patrão, é claro. Apinharam-se no povo, embretados nas vilas e changueando alguns trocados. Assim foi, assim é e assim será. E a liberdade!? Esta é cada vez menor, cada vez mais distante e cada vez mais virtual. E o gaúcho!? Bem, o gaúcho...
Porto Alegre, nova de outubro.
sábado, outubro 16, 2004
Amigos
Eu ouvi isso em algum lugar não me lembro bem onde foi, sei somente que é uma grande verdade. Tenho provado com os meus patrícios grandes gauchadas que são meu orgulho nesta existência. Não é só a prosa amiga, mas os momentos de silêncio em que, o que sabemos um do outro valem mais que mil palavras. E nessa convivência mateaça seguimos, um amadrinhando o outros na ventura e nas desventuras, certos de que nunca seremos deixados de lado por esses que temos um grande apreço. Estender a mão e prosiar é nossa filosofia, não julgando, apenas fazendo nossas as dores do amigo, as paixões dos amigos e as amarguras dos amigos. Retribuindo cada elogio e chorando junto em qualquer mágoa. E se empeça alguma peleia somos os primeiros a terceiar o ferro por causa de nossos patrícios.
Ao Patrão de nossotros todos agradeço pelos meus patrícios e pela vida que me é mui buena.
Porto Alegre, nova de outubro.
quinta-feira, outubro 14, 2004
A Estância, o Piá e a Percanta...
Porto Alegre, 14 de Outubro de 2004
Esperança
Tenho nos últimos dias pensado bastante sobre o futuro, principalmente o meu futuro e o de minha Florecita. E mesmo sendo translúcido o horizonte que miro conservo a esperança, não aquela sega que torna os homens visionários, mas a sadia que consegue, mesmo sem ter os pés no chão, sentir segurança. É como o guri que pela vez primeira arruma os avios de pesca e sai faceiro já pensando na volta, nos peixes, nos causos para os amigos. Ou que tateia no horizonte estrelas sonhando com um mundo encantado. A esperança é de muitas formas, de muitas cores e sentidos contudo, é uma em intensidade de espera: cautelosa e sorridente. Aos que desesperançados vivem sugiro um esforço, principalmente agora quando a pampa renasce, olhe na volta contemple a criança, o nascer do sol, a lua... quem sabe ela brote dentro do teu peito deixando raízes no coração.
quarta-feira, outubro 13, 2004
"E a melodia de tua voz, meiga e serena...."
Uma pergunta pertinente seria o que é do xirú pampeano quando retorna de uma tropeada e não encontra a guaina amada e santinha, limpando os peçuelos no costado do ranchito?
E quando a guria é campeira, uma barbaridade, e acompanha o taludo de à cavalo pelas invernadas...
Mas tche, felizes são Dom Tiago e Régis, por que já acharam duas flores do rincão véio bagual. E yo e Dom Josué, estamos campereando solito, por enquanto.... Mas gurias se preparem que tamôs chegando, porque em matéria de mulher bonita nós somo que nem alpargata, servimo tanto para um pé como pro outro....Mas tche...
Quebra-costela....

segunda-feira, outubro 11, 2004
Buenos Dias

Buenas indiada nossa primeira postagem no tal do blogi.
Pra começar os apresentamento, yo soy o marcador.
Diretamente da capital de todos os gauchos para o interior mais bagual e campeiro, tamo chegando para marcar a ferro as paletas de qualquer tubiano que se enveredava defronte os óio. Enfim, chegamô pra se instalar...bueno tamô mais facero que mosca em tampa de xarope...
Muchas gracias
sexta-feira, outubro 08, 2004
Nicácio ainda dormia quanto Maria fez a trouxa, roupa mesmo não tinha apenas alguns trapos que o Nicácio lhe dera, e sem bombear para trás seguiu pelo trilho que ia dar no lajeado. Caminhando sentiu-se tão distante de seu rancho, como se estivesse a léguas dali, nem uma lembrança mais restara daquele lugar... ilusão, pura e simples ilusão. De repente o que vem a sua mente são seus dezesseis anos quando Nicácio fora buscá-la na casa de seu pai, depois os filhos o aborto... Lembranças, e a cada passo a frente parecia que voltava dois para trás. Só voltou a si quando pisou na água fria do lajeado.
Nicácio acordou suado, esgualepado por causa da borracheira, lavou o rosto e no pátio foi entrar Maria que dava comida para as galinhas e os galos que cacarejavam.
Porto Alegre, minguante de outubro.
quinta-feira, outubro 07, 2004
Matutando
A tarefa torna-se mais árdua quando se escreve sobre coisas que se gosta muito. Pois temos a tendência de idealizar o que gostamos, e não poderia ser diferente quando escrevo este post ou outro qualquer que já tenha escrito. Na verdade este são reflexos do que imagino ser a realidade, que não é nem real nem i-real, apenas única e especial para mim. Comunica apenas na minha existência pois, é concebida a partir de mim. Não quero que pensem, patrícios, que estou sendo buliçoso apenas falo que experiências são únicas para cada indivíduo, e comunicativas e perceptíveis de forma única também. Bueno, mas essa não era a intenção deste post... o pior é quem nem me lembro do que ia escrever por primeiro. Sendo assim, me despeço ainda procurando o que queria escrever antes de começar, quem sabe amanhã saí.
Porto Alegre, minguante de outubro.
terça-feira, outubro 05, 2004
Barreiro
Mas a paz se foi e a tristeza veio tomar conta daquele ranchinho e o barreiro não mais cantava soluçando solito. Sua prenda numa noite em que saíra para caçar minhocas, fora levada por uma coruja e os filhotes sozinhos acabaram por cair do ninho e não tiveram sorte diferente da mãe.
Sem família, sem a amada, sem os filhos. Ficou parado a mirar o ranchinho, e a lua bem cheia no céu parecia com ele chorar bem mansinho. E a vida, que tinha lhe dado um pealo, deixara-lhe tristonho sem ter rumo, nem norte. Apenas a dura sorte de ser solito e gaudério.
sábado, outubro 02, 2004
Eleições 2004
quarta-feira, setembro 29, 2004
Chuva Miúda
É patrícios teimo em ser nostálgico, principalmente nestes dias de garoa miúda. Quem sabe um dia devolta ao meu interior sinta completa essa alegria que anseio. E nas noites de chuva sinta o cheiro do campo molhado por ela. Enquanto isso meus olhos é que molham, de saudade, meu interior.
Porto Alegre, lua cheia de setembro.
terça-feira, setembro 28, 2004
Prece Sinuela
Pedindo que repontes amadrinhando
Os gaúchos do meu estado
Pra que o olhar do piazito tenha mais esperança
E a madre que segue com as crias na ilharga
Possa olhá-los e ver futuro certo
Que o peão no campo cuidando do gado
Possa sentir-se ajudado na lida bruta do dia
Certos que não foram largados a la cria nos fundões do meu estado
Peço menino Jesus que transformes do meu peito, rancho tapera
Em bela morada pra ti habitar
Que meus dias prolongues junto de ti
Pra que eu viva guri de novo a brincar
Correndo contigo nas asas do bem-te-vi
E durma sorrindo, por certo sonhando
Menino Jesus
Com um mundo tão lindo e tão puro que
Enquanto durmo não queira acordar.
Porto Alegre, crescente de setembro.
sábado, setembro 25, 2004
É companheiro a vida anda braba!
Bem cedo Nicácio cruzando no passo bombeou um cusco sentadito do lado de um corpo nu, que o mirava sentido como dizendo: "é companheiro a vida anda braba!".
quinta-feira, setembro 23, 2004
Felicidades Florecita
"Permita, morena, que eu sonhe contigo
Num rancho onde abrigo meus dias de frio
Permita, morena, que eu veja teus olhos
Buscando os meus alhos nas águas do rio".
Felicidades Florecita, morena linda que é o meu bem-querer.
terça-feira, setembro 21, 2004
Privilegiados

Falam muito em privilegiados nesses dias de gaúchos de bombacha estreita, e o que antes era um termo honrado, que nada denotava sobre o caráter do vivente dito priveligiado, a não ser a sua sorte, acaba se tornando pejorativo. Quem têm privilégio, boa gente não é, afinal, se eu não tenho privilégios, ele não pode ter também. E no fim das contas, o que é um privilégio? É aquilo que o próximo tem que eu não tenho.
Bueno, nem por isso me sinto menos faceiro por considerar a mim, e aos hermanos do Capando, um bando de privilegiados, vejam bem, quantas pessoas que moram na zona metropolitana de Porto Alegre podem dispor de um Galpão de chão batido, um fogo de Chão para esquentar a água do chimarrão e assar o churrasco na melhor moda campeira? E ainda uma roda de amigos para tratar de assuntos nativos, cantar musicas campeiras e declamar payadas até altas horas da noite? Enquanto a magrinhagem se mete nos buracos escuros da cidade para encher as guampas com os tais dos tóchicos ao embalo de músicas frias dos sintetizadores eletrônicos, me reuno com os amigos do Capando para cevar a amizade firmada em valores mais antigos que os torrões deste chão.
Me contento com pouco, um naco de carne bem gorda, uma mate amargo, as estrelas do céu sobre a cabeça e vozes rústicas que entoam cânticos, poesias e confidências.
É muito pouco para se invejar? -- penso cá solito, serei mesmo um privilegiado ou apenas um loco que valoriza demais o pouco que tem?
E quando penso na simplicidade das minhas exigências, vejo que na verdade não sou nada comedido, pois peço para as minhas noites de sábado o maior dos tesouros que percorre esse rincão debaixo do céu. Porque essas coisas, por serem por demais simples para a alma irrequieta do homem moderno, são por isso mesmo, as mais raras e difíceis de se achar além de ser as mais necessárias.
segunda-feira, setembro 20, 2004
Ao Rio Grande, o meu abraço
O gaúcho se define como tipo ainda na primeira metade do século XVIII. Não é um tipo racial, fruto de mestiçagem étnica, mas a resultante natural de uma necessidade econômica - o aparecimento do homem capaz de se aventurar nas vacarias, para caçar o gado chimarrão (selvagem, como o mate e o cachorro do campo).
De lá pra cá se vão dois séculos. Não há mais gado solto sem dono e nem teatinos para dar-lhes um alce. Aliás, durante longos anos a identidade cultural do gaúcho sofreu grande depreciação fruto, principalmente, dos estrangeirismos que influenciaram toda a nação brasileira.
Contudo, a chama tradicionalista nunca se apagou nos galpões gaúchos. E lá por meados de 47 uma gurizada se juntou, para que tudo aquilo que era crioulo - nativo - não fosse esquecido. Destes que iniciaram o processo de estruturação e normatização das ditas tradições gaúchas podemos destacar: Ciro Martins, Ciro Gavião, Barbosa Lessa, Paixão Cortes, entre outros. É muito interessante se pensarmos que nesta época todos eles não contavam com mais de vinte anos de idade.
E a roda da carreta do tempo continuou ringindo e chegamos até nossos dias, com o movimento gaúcho organizado e institucionalizado, que se espalhou pelo mundo todo. Existem CTGs na China, no Japão, na Rússia... Contudo, muitos gaúchos vivem "alheios" a este movimento. Gaúchos de nascimento não cultivam nem prezam por suas tradições. Mas sentem, com certeza, uma pontinha de orgulho por terem vingado aqui neste torrão.
É uma época de celebrar nossa história, nosso gauchismo e seus ideais. Mais do que isso, é época também de recolutar o que temos feito por este pampa sulino, de bombear o passado com os olhos no futuro para que a nossa terra bravia possa ser um lugar muito mais macanudo do que já é hoje, para que nossa herança não seja só de palavras mas, como nos dizem as Escrituras de atos de justiça.
"Rio Grande véio que hoje eu canto emocionado na semana farroupilha". Por ti vai minha oração e meu agradecimento por teres feito tanto pela pátria verde-amarela.
sábado, setembro 18, 2004
Ala Mira!
Pro patrício Castrador que não pode ir vai o recado: "Ah seu tocador de rádio eu queria tanto mandar este recado para o meu cumpadre Castrador que está aquerenciado na alma do meu violão" .
Hoje tem ensaio as sete, churrasqueada e amanhã já tocamos de novo. Não é fácil a vida de gaiteiro.
Porto Alegre, nova de setembro.
quinta-feira, setembro 16, 2004
Desde guri
Simples são essas lembranças mas que marcaram minha vida de forma indelével. E isso que se faz no colégio nessa época é uma das atitudes mais louváveis. Pois, dá a essas crianças uma identidade, uma pátria, uma raiz. Mais do que uma simples festa como as outras, a semana farroupilha nos colégios rio-grandeses é um marco na vida de muitas crianças. Só tem uma coisa que me tapa de nojo. É quando nossas escolas suprimem datas como esta e função de hallowins da vida.
Mas para aqueles que ainda insistem em preservar o que temos de nosso, nossas raízes culturais, vai meu mais sincero cumprimento e agradecimento. Já que, sem as crianças a tradição não tem futuro. Mil gracias meus patrícios, mil gracias meus ermãos!
quarta-feira, setembro 15, 2004
Mas que troço bem gaúcho
No domingo voltei para o Harmonia pra guitarrear com os irmãos Abadie: Juliano e Gustavo, lá no Piquete Negrinho do Pastoreio, foi um negócio da mas pura cepa crioula. No mais dê-lhe fandango e dê-lhe baile.
Ontem e hoje estive a mercê do tempo, quer dizer, nublado. Não sei porque cargas d'água estive bastante encimesmado. Mas são coisas da vida, nem sempre se esta a preceito e de vez enquando uma rusguinha consigo mesmo é loco de especial.
Não poderia deixar de registrar meu abraço aos patrícios Gustavo e Juliano Abadie pela parceriada que nós fizemos no domingo.
Porto Alegre, nova de setembro.
sábado, setembro 11, 2004
Tic-tac
Menos de uma hora para a tão esperada reunião, menos de uma hora para a desgraça total de sua carreira política. Carreira que nunca almejara, lembrava muito bem do dia que disse para o coronel Siqueira, seu pai, que preferia a música as reuniões cheias de bajulações e discussões infindáveis. Apanhara tanto que desse dia em diante nunca mais tocara na guitarra. Quantas e quantas vezes quis tê-la novamente junto do peito fazendo tinir as seis cordas bordoniando solito alguma copla mui mansa, estas simples e singelas lembranças trouxeram-lhe algum alento mas nada tirava o tic-tac do relógio da mente.
sexta-feira, setembro 10, 2004
Como figueira
Porto Alegre, minguante de setembro.
quinta-feira, setembro 09, 2004
Retorno
Bueno, patrícios se aportarem por Rio Grande não deixem de visitar a Ilha dos Marinheiros além de uma linda paisagem vão encontrar gente mui amiga.
segunda-feira, setembro 06, 2004
De férias
Amanhã é dia de churrasqueada e charla buena junto com os patrícios daqui.
Rio Grande, cheia de setembrto.
sexta-feira, setembro 03, 2004
Guitarra
Desde quando aprendi com meu avô os primeiros acordes nunca mais larguei o violão. Já cruzou muita água por debaixo da ponte e continuo apaixonado pela guitarra. Lamento muito por estar um pouco enferrujado e lembro com galhardia os meus tempos áureos de violeiro. É pena que agora a tenho apenas como regalo nos momentos de solitude. Contudo, consigo me emocionar e encher de garbo quando aquela peça mui querida sai a contento.
Por fim, como regalo para ustedes deixo estas estrofes do poema Guitarra, do ilustre Dom Jaime:
Velha guitarra pampeana
Que meus penares acordas,
Neste alambrado de cordas,
Espichado na coxilha
Boto na forma a tropilha
De antigas evocações,
Desde as velhas reduções
Aos combates farroupilhas
E bem junto do meu peito
Eu sinto quando ponteio
Que vou parando rodeio
No invernadão da saudade
Quando guascas de outra idade
Nos entreveros de guerra
Fizeram da nossa terra
O templo da liberdade!
[...]
Ó velho traste andarengo
Que ninguém sabe a querência
Porque és a mesma na essência
Inglesa, Russa, Espanhola
Guitarra, violão ou viola
Tenhas o nome que for,
Para este guasca cantor
A ti não faltam virtudes
E mesmo em linguagem rude
Balbuciada, enrouquecida,
Velha guitarra querida
Permite que eu te saúde!!!
Porto Alegre, cheia de setembro.
quinta-feira, setembro 02, 2004
Aos mestres
Para aqueles que buscam a cada dia um novo acorde, uma nova rima fica meus mais sinceros agradecimentos, já que é por elas que passa a alma e a essência do povo gaúcho.
Porto Alegre, cheia de setembro.
quarta-feira, setembro 01, 2004
A lua que me lembro
Mas ao mesmo tempo me lembro das noites enluaradas na campanha, quando as coxilhas, o umbu, a gadaria eram os vultos que ela destapava. Ali é onde os luares são mais verdadeiros. Só quem cruzou coxilhas em noite de lua cheia sabe do que falo. Só quem viu seu reflexo no lagoão entende o que digo. E é desta lua que sinto saudade. Saudade das pescarias sob sua luz difusa, saudade da barriga branca dos jundiás, reveladas por ela, ferrados na sanga rasa. Quantas e quantas vez me deixei ficar na beira do fogo, só mirando aquela que ao longe parceriada pelas estrelas compunha milongas sem precisar cantar. Quanto mais a saudade se aquerencia em meu peito, mais distante ela fica de minha morada.
Um dia quem sabe de volta ao campo, que é meu lugar, não sinta mais saudade da lua que sempre teimei em mirar.
Porto Alegre, cheia de setembro.
terça-feira, agosto 31, 2004
Expointer
Quanto ao espetáculo do Rogério e do César posso dizer que foi lindo. Boa música, boa companhia o que posso dizer a mais é que foi macanudo. Pena é que aqueles gauchinhos estavam brincando de lutinha bem perto donde eu estava com minha prenda, deplorável ver um bando de marmanjo se agarrando. O pior é que quem vem de fora do estado bate o olho nestes tabacudos e sai por aí espalhando que gaúcho é tudo fresco, já que é chegado num agarramento com a gurizada, façam-me o favor pelo menos na frente das visita não me façam fiasco.
Nesta semana talvez o pessoal todo do Capando apareça no show do Mano Lima pra tapa de grito a Expointer.
Porto Alegre, cheia de agosto.
sábado, agosto 28, 2004
Me tapo de quero-quero
Finalmente, além de estar muito contrariado, estou revoltado! Não nos farão abandonar nossas tradições e costumes com desagravos deste tipo. Além do preconceito que essa atitude denota, estão nos condenando mais uma vez ao exílio para fora das cidades onde, por não compreenderem, julgam-nos rudes e brutos demais para o convívio urbano. A esses, por fim, dirijo as palavras do velho Jaime: "não vou matar meus avós para ficar de bem com os netos."
Porto Alegre, crescente de agosto.
quinta-feira, agosto 26, 2004
Trocando Orelha
E, patrícios, esse ciclo de dúvidas e respostas não me entediam, ainda paro na beirada de uma sanga e me deixo ficar só por vê-la correr, e que meteia na sobra da figueira grande bombeando o campo, o gado, as ovelha... Se não paramos as vezes para nos fazermos algumas perguntas, e que só nós podemos responder e mais ninguém, talvez passemos por esta campereada sem perceber qual o sentido da vida.
Seguindo nesta sina de andejo, repontado meus pensamentos rumo a estância que me tem preparado o Patrão de nossotros todos que habitamos cá em baixo, troteio com esperança e da esperança tiro o sonho.
Porto Alegre, crescente de agosto.
quarta-feira, agosto 25, 2004
Solito no mas
Foi uma manhã de mi flor, só ouvi pardais e canários nada de carros ou sirenes. E neste silêncio é mui fácil ouvir aquela vozinha que charla dentro da gente. Contando coisa, que não são novidades, mas que muito me fazem faceiro. Para quem se criou na cidade, no meio deste turumbamba, pode não entender muito bem do que falo: a dádiva do silêncio. E não se trata apenas do silêncio que se faz no ambiente, e sim, aquele que vem de dentro. Quando conseguimos escutar os sussurros da alma, dos recuedor e peçuelos que são só nossos. Patrícios, e como é linda a melodia que embala o silente, não fiquei maluco, é que no silêncio uma coplita mui faceira ilumina as idéias, os sonhos. Se não sabes do que falo, é pena, pois se não a ouviste ainda talvez teus intentos tenham muito do ronco matraqueiro dos motores.
Porto Alegre, lua nova de agosto.
terça-feira, agosto 24, 2004
Esses doutores...
O pior é que alguns nutrem tal admiração por estes "doutores" que a crítica acaba sendo esquecida, ou fica calada pois, afinal de contas, o alimal é um doutor. Patrícios, fico me perguntando até quando vamos olhar primeiro para o quanto de gado que tem o nosso semelhante é só depois, então, vamos dizer o quanto ele vale!?
Prefiro ficar com as palavras do Nazareno, o andarengo, como dizia Aparício da Silva Rillo.
" - Pobres de bens e espírito vos chamam
os poderosos sempoder nenhum...
mas há um reino que é vosso e vos espera
numa terra que herdareis, por nada terdes,
senão, as carnes que vertem vossos ossos
e essa esperança que vos mata a fome...
- a vós pertence essa estância
de léguas de sesmaria.
a braço algum há de faltar serviço,
nem haverá patrão para cobrar-vos
o ouro de vosso suor com que seus bois engordam,
a força de vossas mãos a embandeirar espigas.
- sem que o possais entender, sois venturosos
em vossas aflições, vossas angústias.
e porque a mansitude e a humildade vos reveste,
herdareis outros bens que não aqueles
que vedes nas mãos de garra, da usura...
- vossa fome de igualdade e de justiça
será saciada, como a do faminto
que encontra à mesa posta, vinho e pão...
e por misericordiosos, flui de vós
a água limpa da felicidade
que vos dará mesericórdia por beber.
por puros de coração vereis a deus
e sereis chamados seus filhos,
meus irmãos !...
- porque a pregação da paz é vosso canto,
vossa cordeona de espantar pesares
para reunir irmãos em baile de ramada.
e porque vos persegue a injustiça da justiça,
havereis de reguer um dia vosso rancho
no sítio que escolhereis em sua estância,
essa, que o pai destinou aos ofendidos,
aos caluniados por me acreditarem
e ouvirem minha voz, com a um cincerro
timbrando bronzes pela madrugada...
- imaginai os rincões onde ireis estanciar:
trevais e sombras, sanga cantadeira,
leite de apojo, pão de forno e mate
bordões de brisa a salmodiar toadas,
dessas que falam de ternura e paz !...
- há de ser essa avossa recompensa,
a vós, despionados da fortuna
que nada tendes mais que vosso corpo.
mas sois, sem que o sabais, o sal da terra,
a luz do mundo na chamados candieiros
a iluminar o caminho, porque vindes
a escutar minha palavra, timbre e eco
do verbo de meu pai, de que sois rama !...
- e não vos preocupeis com vossas penas,
nem com vosso exterior, que apenas vale
o que levais no íntimo e por dentro !...
- assim, vos vê meu pai e há de prover-vos
e amar-vos tanto como a mim, - seu filho,-
feito a vossa figura e vosso irmão..."
Porto Alegre, lua nova de agosto.
sábado, agosto 21, 2004
Disse o poeta...
Disse o poeta "fiz um mate mais cumprido porque sei que ela não vem".
Dessas coisas de distância sei bem, mas se mateio solito não quer dizer que esteja solo. Outro poeta disse algo que parafraseio. Porque desesperar na ausência da bem-amada se o mesmo céu que vejo, o mesmo ar que respiro e o mesmo chão que piso são os que ela vê, respira e pisa. Algo une os amantes que não compreende os que não o sentem, não vivem e não sofrem. A saudade sofreno, embuçalo e a tenho junto de mim. Mas, sem desespero. Tenho na saudade minha esperança, meu sonho. De que minha Florecita junto de mim um dia ira matear, por dias e dias de infinda faceirice. E se hoje mateio solito é por pouco tempo, e o tempo num trote chasqueiro vai chegando mais perto das casas. E nas casas me espera aquela que é meu bem querer.
sexta-feira, agosto 20, 2004
Certa vez escrevi para minha Florecita, que escrever era como um dia nublado; nem todos os dias são nublados como nem todos dias são propícios para se escrever. Bueno, esse é um desses dias. Mas como disse o homê das ciência, que a tal inspiração era só uma parte pequenita das coisas que fazemos me atraco a rabiscar.
Lembro do Verso do Mauro Moraes: "eu escrevo com o violão no colo enchendo os olhos de sinuelo."
O que vem sinuelando meus pensamentos de hoje são mesmas e corriqueiras cousas. São os meus peçuelos engarupados um a um, os quais cuido e preservo. Talvez por aporreado que seja teimo em amadrinhar minhas esperanças. E para não discorrer sobre a mesmice atraco um verso que considero flor de especial. Entonces patrícios, quem sabe amanhã se faça nublado, de novo, em meu rancho.
"É meu vizinho de porta
Um casal de quero-quero,
Por isso, embora índio pobre,
Bem rico me considero:
Tendo china, pingo e cusco
Do mundo nada mais quero!"
Jayme Caetano Braum
Porto Alegre, lua nova de agosto.
quinta-feira, agosto 19, 2004
Laçador
Não só porque foi a Paixão Cortes que cumprimentei mas, porque este homem traz um ideal antes de si mesmo. O ideal de não entregar-se culturalmente quando as pressões externas ditam quais são as modas que prestam. O ideal de ter um rumo, um norte que conduzirá aos que vem de atras. O ideal de que aquilo que é nosso, terunho, deve ser preservado e cultivado pelas gerações vindouras.
Porto Alegre, Lua Nova de Agosto.
quarta-feira, agosto 18, 2004
Hospitalidade
Foi assim que me senti lá no Raízes, como um amigo recém chegado que num grito de passe pra diante, já recebe a cuia e um aperto de mão.
Mil gracias, patrícios. Mil gracias meus ermão.
Porto Alegre, minguante de agosto.
segunda-feira, agosto 16, 2004
Peçuelos
se acalmem gurizada medonha, que logo tem novidade despontando.
domingo, agosto 15, 2004
Amigos
sexta-feira, agosto 13, 2004
Aquerenciar
Conheço muitas paisanos que trocaram de pago e sentem-se mui bem aqui no estado, só que o fato de eles morarem aqui não os torna gaúchos (pelo menos de nascimento) assim como há muito gaúcho de nascimento que não poderia ser considerado como tal.
Mas o que é ser gaúcho então!?
Pouco se fala em ideologia em nossos tempos, nos anos 80 foi muito comum o seu uso, hoje comumente fala-se em estilo de vida. E é isso, exatamente que é ser gaúcho um estilo de vida; que tem pouco a ver com pilchas e fandangos, mas tudo com valores e princípios. E isso tenho tentado transmitir através destes pequenitos chasques que regalo a ustedes. Campeio na alma do paisano seus peçuelos, suas amarguras e curo. Por isso Curador.
Lembro de um verso que parcereia bem o que escrevo: "tem o que é gaúcho da boca prá fora; mas tem o que é do coração prá dentro". A cultura vem de lambuja pois, somos o que somos pela evolução e preservação cultural.
Porto Alegre, minguante de agosto.
quinta-feira, agosto 12, 2004
Se foi com Deus pra outra campereada!
O olhar torna-se nevoento.
Torrente de inverno em meu rosto
Tenho um turvo mirar, e uma lembrança
Clara como uma manhã de Maio.
Não são ecos de uma tropiada longínqua
Tampouco, um vulto a sumir na distância.
São sim, como a marca do quente ferro
Como figueira na porta do rancho.
Reponto-as para junto de mim
Tão perto que posso tocá-las.
As redomonas trago a cabresto
As mansas pastam ao meu redor
São parceiras para os dias de festa
E o conforto na solidão.
Lembranças de tempos remotos:
Consolo para os que virão.
Os matizes do entardecer colorem minhas lembranças
E o sentinela do pago em um silvo breve anuncia que elas estão chegando
São cambichos entesourados que habitam em mim
São lembranças de saudades que não tem fim
E na noite sem lua do pago, a única estrela é o rancho
O ponteio da guitarra faz dueto com os grilos, e algum pio de coruja
A perder-se no frio, e a saudade que maltrata este peito bravio
Acolhedoras como meu catre são minhas lembranças
Simples e singelas mas tapadas de esperança.
E a nova manhã que destapa o negror da noite, trazendo raios e luzes.
E neste clarão eu medito, nas minhas lembranças de outrora.
Nas coisas que ainda acredito.
Porto Alegre, minguante de agosto.
quarta-feira, agosto 11, 2004
Sem sonhos não há esperança!
Mas isso não deve importar para a maioria das pessoas que lêem nuestro blogle.
Hoje recebi um cartão, mui lindo, de dia dos pais. Embora, eu mesmo ainda não o seja, explico, é que para algumas crianças tenho sido como um pai, talvez não tão pai assim, mas um bom amigo posso vos garantir. E o que mais me faz ficar trocando orelha é que essa gurizada cresce em um ambiente tão ruim que o menor sinal de bondade os faz tão faceiros.
Quero continuar soltando pandorga, e pião, e bulita brincando com estes meus pequenos. Porque vejo que um futuro melhor pode apontar lá onde a boieira se esconde no final da manhã.
segunda-feira, agosto 09, 2004
Meu Rancho
Meu rancho cidadino não é meu com certeza
E na aspereza destas palavras é que residem meus sentimentos
Que no recondido de meu peito
Sonham verdes e terrunos momentos.
O momento da volta é este que anseio
Quando eu avistarei a mangueira , o rancho
As coisas d eminha infância
A sanga e o quero-quero
Relinchos e potros na pampeana estância
Ah, meu rancho quantos segredos tu tens
Segredos que só minh'alma campeira sabem bem.
Que desejam de fato recordar o passado.
Porto Alegre, minguante de agosto.
sábado, agosto 07, 2004
Nosotros
Bueno, e não é por acaso que usamos estes pseudônimos - apelidos. A princípio a idéia surgiu de uma das músicas do Mano Lima, mas pensando um pouco mais sobre o assunto percebo que há alguma coisa de nossas personalidades em cada uma das alcunhas. E com permiso de meus ermãos tranço um pouquito deste tento hoje tentado explicar o porquê de tais apelativos.
De primeiro, o nosso ilustre Maneador. Como é sabido de todos que convivem com as lides gaudérias o maneador é quem põe as maneias quando de uma castração, ou doma. Pois bem, nosso companheiro Maneador é assim, quem sempre empeça a lida por seu temperamento mais explosivo - poderia se apelidar espoleta - dono de um pavio curto não se achica frente ao potro mais maleva e cabresteador. É também aquele que por primeiro sai em defesa do que acredita e presa.
Do Castrador posso afirmar que possui a ciência de "castrar" sem provocar sangria. Menos espraiado que o Maneador possui a fibra guerreira dos que lidam com a adaga. Nem tão ao norte, nem tão ao sul é o ponto de equilíbrio entre o Maneador e o Curador. Sempre bem disposto e faceiro é o Castrador que, como disse, tem a ciência no tal dos computador.
E yo, Curador é aquele que por último se chega na castração para tratar da ferida do alimal. E é assim que me sinto, por perceber um pouco das desgraças da alma dos outros ajoujadas com as minhas eu as medico. Sal grosso, creolina e um bocado de charla podem resolver muita coisa.
É rasa como sanga minha descrição e carece matutar mais sobre isto, quis apenas fazer um breve relato prá mode não haver mais confusão. Se não clareou nada, bueno, aí fica pra próxima.
Porto Alegre, lua cheia de agosto.
sexta-feira, agosto 06, 2004
Sexta-feira...que fandango que nada
quinta-feira, agosto 05, 2004
Um Mate Recém Cevado...
Conversando ontem a noite com um dos meus ermãos - Binni - eu tive um estalo.
Este ermão está escrevendo seu trabalho de conclusão de curso sobre o gaúcho, suas origens valores e outras cositas más. E nesta buena charla chegamos ao mate, sua importância e simbolismo dentro do gauchismo.
E dessa conversa surgiu o seguinte: que há no mate um forte aspecto relacional e este se divide em três formas: o relacionamento intra-pessoal, o extra-pessoal: este se subdivide em fraterno e amoroso.
O intra-pessoal é aquele de quem mateia sólito, é o momento de solitude de bombear para dentro de si mesmo e deixar que o pensamento, sem rédeas nem cabresto, galope longe onde só consigo mesmo nós podemos chegar.
O extra-pessoal fraternal se dá quando junto com os amigos numa roda fraternal trocamos de mão em mão ao cuia, não só a cuia mas nossos sonhos, frustrações, desejos e esperanças. É quando miramos para o lado e vemos que a mão que está estendida não busca só a cuia mas o abraço, a ajuda o companheirismo. "Um mate recém cevado silencia o galpão grande".
Quanto ao amoroso... vários versos vem a minha mente: "na bomba do mate ficaram teus lábios" ou ainda "Antes de te abraçá Erondina com a mais crioula emoção. Vou sorver teu beijo doce na bomba de chimarrão" e mais "o amargo representa uma saudade e o doce coração que ela não tem." Só quem teve um amargo cevado pela bem amada entende o que digo, pois o mais doce dos mates não é o de mel ou o de leite. Mas, aquele que é feito por aquela que bem queremos.
Alcançar um mate é mais que um hábito ou um ritual, é um símbolo de nossos diferentes relacionamentos. Queira Deus que nossos mates nunca sejam só amargos ou lavados, mas sempre novos e encilhado a preceito.
Porto Alegre, lua cheia de agosto.
quarta-feira, agosto 04, 2004
Peçuelos Antigos por Demais
Abraços com calor de mate e beijos doces como mel de mirim
Senti, como sentem os príncipes
Imaginei, como o fazem as crianças
Aquele era o meu castelo e a china minha rainha
Num reino cercado pelo mais verde dos verdes
Dádiva do Eterno
Calados tentado ouvir os pensamentos um do outro
Bombeando na volta a chuva a empeçar
Gotas de vida renovada, crescendo ao passo da mansa garoa
Pra minha Florecita, "china linda que é meu bem-querer".
Porto Alegre, lua cheia de agosto.
terça-feira, agosto 03, 2004
Que semana bem braba!
Por esso, postarei alguns peçuelos esta semana.
Minha pandorga, meu saco de bulitas
A boneca de sabugo e a bruxinha de panos
São minhas coisas queridas bunititas
Que carrego neste tenros anos
Correr atrás dos meus amigos no pega-pega
Subir na árvore, comer pitanga
Correr descalço brincando de cabra-cega
Fazer com ossos pequenos boizitos de canga
Brinquedos do passado que ficaram na lembrança
Dos meus avós e dos meus pais
Que eu não guardei por herança
O que foi ontem hoje não é mais
Hoje não me "interto" como eles faziam
Dos brinquedos do passado não ficou nem o cheiro
O vídeo game e os desenho que na TV se animam
São as coisas que me fazem faceiro
sábado, julho 31, 2004
Getuliano
Mas foi uma época muito boa da minha vida. Quando conheci bons amigos dos quais lembro até hoje: Vesgo, Chacal, Psicopata, Berne e outros tantos. Foi nessa época também onde aprendi que o ser humano pode ser maleva, traiçoeiro como os sorros.
Das tardes de aulas práticas eu levo boas lembranças: as guerras com bergamotas e torrões de barro, das paneladas de milho verde e do pão recém saído fogo com um bom melado batido.
Bom tempo, quando se trabalha por diversão e era mais fácil sonhar.
Porto Alegre, lua cheia de julho.
sexta-feira, julho 30, 2004
Contos da Fronteira- Historia veridica de fato
Zé Manco ganhava a vida com fretes e quando sobrava tempo, investia seu salário no passatempo preferido, beber cachaça, e quanto mais forte, melhor!
Quando sai para praticar seu hobbie deixava a carroça em casa. Era quase um esporte de tanto que caminhava de bar em bar em busca da canha perfeita, a saber, aquela que não perde o gosto, mesmo depois do 7º copo.
Pois bem, não é uma atividade fácil, geralmente se pratica em duplas, pois pode ser que precise de ajuda para voltar para casa, Zé Manco tirava por companheiro um moreno que chamaremos de João Tição.
Dia desses, despontava a figura dessa dupla descendo a av. Santa Tecla, a principal via de acesso a cidade de Bagé. Voltavam de mais uma inclusão pelos bolichos da vida, só que desta feita traziam mais um companheiro. Era uma ovelha, bem esfaqueada, tão cheia de furos que se enfiassem uma jarra d'água goela abaixo da bicha, ela se transmudava em garota-propaganda das Duchas Corona.
E iam os três ziguezagueando avenida abaixo, Zé Manco e João Tição a pé, e a nova companheira na garupa da bicicleta.
Pois bem que lá passava a camioneta da brigada, e o brigadeano logo desconfiou daquele trio, não teve dúvidas, arrastaram os três para a Delegacia de Combate ao Abigeato. Abigeato, para quem não está acostumado, é roubo de animal, principalmente gado.
Na hora do interrogatório, o delegado foi direto ao assunto que nem porco nas batatas.
--Me explique sr. José, o que o sr. estava fazendo com uma ovelha esfaqueada na garupa do seu veículo?
Então o Zé Manco inicia a sua explicação que ficou famosa na cidade. Proferia o arrazoado com o a pronúncia inconfundível de quem tinha bebido demais, algo como um padre falando com duas batatas quentes na boca.
-- Pois é sr. delegado, para o sr. ver como é que são as cousa... Nóis uns home de bem, trabalhador honesto, nunca fizemo mal a ninguém... estavamo atravessando um campo quando veio essa ovelha braba que deixaram solta querendo nos mordé. Ai tivemos que matar a bicha para nos defender.
Zé Manco não pode praticar seu esporte preferido naquela noite, pois passou ela na cadeia. De qualquer forma, já teve o bastante para aquele dia, só com muita cachaça mesmo para acreditar que ovelha mordia, ou que o delegado iria acreditar numa história dessas.
Procura-se

Pedro Ortaça
Mui linda noite, na voz de timbre de galo de Pedro Ortaça ainda encontro matizes guerreiros. De um tempo que não se embuçalava, e nem quebrava o topete de nenhum dos nossos valentes.
Porto Alegre, crescente de julho.
Regalo
Bom proveito gurizada, basta clicar na figurinha abaixo e baixar a imagem para o seu computador e vão ter o "Papel de Parede" mais campeiro do universo.